CAPÍTULO CINCO



CAPÍTULO CINCO


 


- Quero que vocês fechem os olhos e se recordem da melhor coisa que já comeram. Não importa se foi a mais fantasiosa ou a mais cara, e sim a melhor.


Sentado sobre o tampo de uma das mesas, Harry observou as três pessoas acomodadas nas cadeiras à sua frente, todas de olhos fechados. O cenho de Danny estava franzido, o rosto de Jennifer, levemente oprimido. E Hermione, como sempre, estava bonita. Embora só a visse duas vezes por semana, ele vivia aquele rosto em sua mente por 24 horas, todos os dias, nas últimas quatro semanas.


Não ficava tão entusiasmado por nada desde que descobrira que era capaz de cozinhar. E não sentia esse desejo ardente desde a adolescência.


Ela era terrivelmente sexy, mesmo que fizesse o possível para não demonstrar isso. Ele a cortejava quando os garotos não estavam olhando e Hermione nunca correspondia. E o jeito que atirava os cabelos para trás, o balanço dos quadris, os lábios sensuais e o desafiante brilhos dos olhos, tudo isso o excitava muito.


Harry continuou olhando-a, observando-lhe as feições, o nariz delicado, a pele acetinada. Um leve sorriso aflorou nos lábios dela e ele sabia que estava se lembrando da melhor coisa que já comera.


Esperava que tivesse sido o morango que lhe dera. Apesar de saber que ela não mencionaria isso na frente das crianças. Era uma profissional escrupulosa.


- Tudo bem, podem abrir os olhos. - disse ele. - Danny?


Sempre começava por Danny. O menino tinha uma necessidade compulsiva de ser notado, um sentimento que Harry reconhecia em si mesmo. Na verdade, havia muito do menino que reconhecia em si.


- Eu tinha um amigo, Azhar. - disse Danny. - Uma noite, ele me convidou para jantar. A mãe dele era uma cozinheira maravilhosa. Fez cordeiro com arroz e lentilhas. Eu nunca tinha experimentado esse prato e, com os temperos, foi a coisa mais maravilhosa que já comi.


Hermione murmurou:


- Conheço Azhar. Não sabia que eram amigos.


- Deixamos de ser amigos quando vim para esta escola. - replicou Danny com tristeza.


Harry entendeu logo. A comida favorita de Danny tinha gosto de inocência, dos dias em que era um garotinho e seus amigos podiam ser de qualquer raça, pertencer a qualquer grupo. De um tempo que lhe era permitido expressar-se livremente. Percebendo o olhar de Hermione, viu que ela havia entendido também. Oh, céus, quando seria capaz de comunicar-se daquela maneira com uma mulher?


- E você, Jennifer?


- Canja. Com macarrão. Quando eu ficava gripada, minha mãe fazia canja para mim. Isso foi antes de ela morrer.


- E como era a canja? - incentivou Hermione.


- Deliciosa e dourada. Com macarrão e legumes. - Ela ergueu os olhos para Hermione. - Só tomei essa canja duas ou três vezes.


- Deve ter sido realmente deliciosa. - disse Hermione, e Harry podia ouvir suas palavras não-ditas. "Você deve sentir muita saudade de sua mãe."


Ele tinha de planejar o que iria dizer para adquirir a confiança das crianças. Uma espécie de estratégia. Contudo, Hermione parecia fazer isso com naturalidade. Tinha magnetismo pessoal para cativar as pessoas e entendê-las.


Meu Deus, como gostava dela. E gostava de quem era quando estava a seu lado. Por causa de Hermione, estava dedicando seu tempo e empenho para conhecer Danny e Jennifer, e pensar em como ajudá-los.


- Qual é a sua favorita, Hermione? - perguntou ele.


- Biscoitos de aveia.


- Quem fazia os biscoitos?


- Srta. Wood, uma vizinha da época em que morávamos em Calgary. Eu tinha uns doze anos quando ela me pegou roubando seus lírios.


- Senhorita! - exclamou Danny. Hermione sorriu e deu de ombros.


- Meus pais acreditavam que apanhar flores no jardim alheio era roubo. Eu não achava que ela iria sentir falta de um ramalhete de lírios. De qualquer modo, a Srta. Wood pegou-me antes que eu pudesse cortá-los.


- Espero que você tenha ficado envergonhada. - disse Harry, zombando com seriedade.


- Fiquei muito envergonhada, sim. Mas a Srta. Wood disse que me daria os lírios se eu lhe pedisse, depois do chá. E convidou-me para entrar. Mostrou-me os livros que possuía. Era professora de inglês aposentada, e era inglesa. Eu nunca tinha visto tantos livros na vida. Ela me contou que nunca tomava chá sem ler um pouco de Shakespeare. Assim, leu um trecho de Romeu e Julieta. Depois disso, deu-me biscoitos de aveia com legítimo chá inglês.


- Ela foi a razão de você ter vindo para a Inglaterra e tornar-se professora?


- Uma das razões. A Srta. Wood, seus biscoitos e Shakespeare. Lemos juntas todas as comédias e metade das tragédias antes de eu ter de me mudar outra vez.


Com essas palavras, o sorriso de Hermione feneceu e ela consultou o relógio.


- Vamos cozinhar hoje? - perguntou, num claro sinal de que queria mudar de assunto.


- Talvez. - respondeu Harry. - Mas primeiro quero que Danny e Jennifer comecem a escolher os menus que irão apresentar no concurso.


- Oba! - exclamou Danny feliz. - Então por que estamos falando? Vamos prepará-los.


- Calma, companheiro. O que estivemos falando é importante. Cozinhar não é apenas técnica e ingredientes. Alimento é memória e experiência. Alimento é emoção. Portanto, se você estiver criando um menu, tem de captar o sentimento certo. Tem de doar-se a isso.


- Você quer que eu faça curry? - perguntou Danny.


- Quero que você faça o que gostar.


- Mas não sou indiano.


- Não faz diferença. Se você puser a si mesmo no que está fazendo, as pessoas lhe responderão. - Ele desceu da mesa e tocou o ombro do menino. - É mais fácil mostrar o que quero dizer do que explicar. Por isso, reservei uma mesa para nós quatro nesta sexta-feira, no Chanteclér.


- Chanteclér? - indignou-se Hermione. - Não é um dos restaurantes mais caros de Londres?


- E também um dos melhores. - respondeu ele sorrindo. - O chef, Damien Virata, é meu amigo. Ninguém pagará nada. É por minha conta.


- Mas...


- Tenho condições de pagar, se é o que a preocupa.


- Não é isso. Apenas...


Ele adorava ver a professora sem palavras.


- Discuti isso com Joanna Graham e ela concordou que experimentar uma cozinha inovadora poderia ajudar as crianças a aprender. Ela já obteve permissão dos pais deles, contanto, é claro, que você venha também.


Hermione o fitou atônita.


Finalmente, depois de quatro semanas tentando, ele havia agendado um convite que ela não podia recusar.


- Reservei a mesa para as seis horas. Joanna disse que leva vocês. Terminaremos o jantar por volta das oito ou nove, no caso de você ter outros planos para depois. - acrescentou ele, olhando-a significativamente.


- Sr. Potter, você é o homem mais teimoso do mundo.


- Obrigado, Srta. Granger.


Um pacote a esperava na soleira da porta de sua casa quando chegou da escola na sexta-feira à tarde. Hermione reconheceu a caligrafia da mãe na etiqueta.


Não estava perto de seu aniversário, mas seus pais nunca haviam sido muito organizados acerca de datas. Se vissem um presente para ela, enviariam. Quando era garota, raramente tinha uma festa no dia de seu aniversário. Seus pais davam suas festas em qualquer ocasião, surpreendendo-a, de modo que Hermione não sentia falta de nada, exceto do prazer da antecipação, e de poder convidar as amigas. De qualquer maneira, nunca tinha muito tempo para fazer amigos antes que sua família se mudasse de cidade novamente.


Ela preparou uma xícara de chá e sentou-se com o pacote e o telefone, discando o número dos pais. Sua mãe atendeu ao primeiro toque.


- Como vai?


- Radiante! Recebeu o presente?


Era evidente que a mãe estava ao lado do telefone, esperando a ligação. Hermione sorriu, apreciando o entusiasmo de Poppy Granger. Adorava aquela característica infantil da mãe e sua generosidade. Ela começou a desembrulhar o pacote.


- Aposto que está abrindo com cuidado, sem rasgar o papel, não está? - perguntou a mãe.


- Sim. - respondeu Hermione com um sorriso.


- Rasgue-o. Rápido. Você vai adorar o presente.


Hermione continuou desembrulhando o pacote com cuidado, porém mais rápido.


- Estou levantando a tampa agora.


Então encontrou um longo colar de contas de vidro. Cada conta num tom de verde, todas do mesmo tamanho. Brilhavam como luz através das folhas numa floresta.


Era um dos gostos que ela e a mãe compartilhavam... uma peça incomum de joalheria de extrema beleza. Fazia-a lembrar-se de um dos lugares onde haviam morado no Canadá. Resplandecia beleza e paz.


- E maravilhoso.


A mãe suspirou de prazer.


- Você não tem muita selva aí na Inglaterra. Precisa de um pouco de verde a seu redor.


- Realmente lembrou-me as árvores. Adorei o presente, mamãe.


- Eu costumava detestar que você me chamasse assim. Agora gosto. É peculiar.


- Bem, você é minha mãe. - disse Mione, experimentando o colar.


- Sim. E me pergunto se no passado agi como mãe. Tratava você mais como amiga. Eu e seu pai estávamos tentando começar um novo mundo, sabe? Sem hierarquias, sem obrigações. Mas você foi embora. Está ajudando pessoas. Estamos orgulhosos disso.


Sim, ser professora era como a busca de seus pais para salvar o mundo, supunha. Não precisava se atirar diante de escavadoras de terraplenagem ou acorrentar-se a caminhões carregando mísseis nucleares, mas, ao ensinar, sentia-se importante. Especialmente nos dias em que trabalhava com Jennifer, Danny e Harry. Era mais seguro fisicamente, mas não menos emocionalmente perigoso.


- Herdei isso de vocês. - disse ela, e pela primeira vez sabia que era verdade. Sua louca educação dera-lhe algo mais que inseguranças e desejos selvagens. Dera-lhe algo precioso.


- Você está se saindo bem, criança. Será uma boa mãe, quando acontecer novamente. Melhor do que eu.


Ela brincou com as contas do colar para se distrair do que a mãe estava dizendo, e pensou na alegria simples de Poppy Granger em lhe dar o presente. Muitas alegrias de Poppy eram simples. Seria tão tentador viver daquela maneira por uma vez, desistir de ver as implicações de tudo e apenas ser. Tentara fazer isso com Draco. No fundo, era muito parecida com os pais.


- Vocês dois me amaram, mamãe. Isso é o que conta.


 


- Joanna, por favor, pode ir mais devagar?


- O quê? - perguntou Jô baixando o rádio do carro.


- Mais devagar. Há crianças no carro.


- Adolescentes adoram velocidade. Não é verdade, crianças?


- Sim, senhorita. - disse Danny ao lado de Jennifer, no pequeno assento traseiro do conversível.


- Vê? - disse Jô, transferindo o som para os alto-falantes traseiros, de modo a distrair os garotos e garantir privacidade para conversar. - Pensei que você estivesse impaciente para chegar.


- Saiba que recusei meia dúzia de encontros com Harry Potter no mês passado. O que a faz pensar que estou ansiosa para vê-lo esta noite?


- Vestido. Salto alto. Colar. Batom. - Jô virou uma esquina em velocidade. - Você está fantástica.


- É um restaurante chique. - Mione sabia que esta não era a razão pela qual se vestira com esmero, mas não iria admitir isso para Jô.


- Se ele oferecer levá-la para casa hoje depois do jantar, levarei as crianças comigo. Não se preocupe.


- Já lhe disse. Não preciso de Harry Potter.


- Digo o mesmo sobre chocolate todo dia. Mas, algumas vezes, temos de buscar o que queremos, e não o que precisamos. - Ela parou no sinal vermelho. - E você não me engana, queridinha. Adora correr nesse carro tanto quanto eu.


- Não adoro.


O farol abriu e Jô arrancou num impulso violento. Hermione foi atirada para trás no assento e ouviu Jennifer gritar.


- Que tal isso? - gritou Jô, acelerando ainda mais.


- Eu...


- Coração disparado? Como se estivesse realmente viva?


Hermione pôs a mão sobre o peito. O coração estava frenético e a adrenalina percorria-lhe as veias. Ela riu.


- Sim, estou.


- Ótimo.


Jô parecia tão contente que Mione riu novamente.


- Tudo bem. Contarei a você meu maior segredo. Estou ansiosa para passar uma noite com Harry.


- Ah! Sabia. - Jô golpeou a direção em triunfo.


- Mas nada vai acontecer. As crianças estarão lá o tempo todo.


- Não conte com isso. Harry parece um homem que faz tudo o que quer. - Ela parou o carro em frente ao restaurante. - Aqui estamos!


O vestido de Hermione subiu ao descer do conversível e ela sentiu o frio ar da primavera em suas pernas e braços nus.


Exceto pelas jóias, normalmente se vestia de modo conservador. Anos de roupas feitas de retalhos a haviam ensinado a apreciar vestidos simples e bem-feitos. Mas pensou em Harry quando escolheu aquele vestido curto de decote ousado. E os sapatos de saltos altíssimos eram sedutores. Não se sentia uma professora solteira, mas uma mulher atraente, prestes a ter um encontro amoroso.


Ela tocou o colar de vidro verde e recordou-se da conversa que tivera com a mãe. Se você nunca pensa no futuro, torna-se vítima de impulsos passageiros.


Mas falar com a mãe a fizera rever aquela filosofia. Pode-se, sim, parar e aproveitar o presente. E isso pode lhe dar a coragem de fazer o que tem vontade.


Pensou no que acontecera na quarta-feira... Como Harry a incitara a revelar algo de seu passado. E fora bom.


Agora estava feliz por ele ter trapaceado e arranjado aquele encontro. Olhou a fachada do Chanteclér. Sabia que o restaurante possuía a mais inovadora cozinha da Grã-Bretanha, mas nunca esperara estar ali. O lado de fora era simples: tijolos à vista, estilo georgiano, com enormes janelas envidraçadas. Não havia letreiro com o nome do estabelecimento, apenas a estátua de um galo, em bronze, perto da porta de entrada. A intenção do proprietário era fazer a clientela lembrar-se que Chanteclér era o nome do galo de uma lenda popular, recontada no famoso livro Contos de Canterbury.


Contudo, aquilo dava prosseguimento ao tema da galinha que Harry lhe apresentara quando o conhecera. Perguntou-se se ele a estava provocando novamente e sorriu.


- Nossa, é incrível. - comentou Danny, impressionado.


Ela piscou-lhe. Sabia que ele iria portar-se muito bem ali.


- Fique tranqüilo. E acho que deveríamos usar o garfo errado só para ver o que acontece.


- Sim, mas desafio você.


Hermione pôs a mão no ombro de Jennifer. A garota estava tensa.


- Sente-se perto de mim, no caso de Harry e Danny começarem a falar de futebol.


Tão logo entraram, um homem usando um terno impecável cumprimentou-os.


- Srta. Granger? O Sr. Potter os espera.


O restaurante era magnificamente bem decorado, mas ela parou de observar os detalhes quando avistou a figura impecável numa mesa ao canto. Harry levantou-se quando os viu. Estava usando um terno cor de chocolate, bem talhado, com uma camisa branca aberta no pescoço. Uma mecha dos cabelos escuros caía sobre a testa. Estava bem barbeado, enfatizando a linha da mandíbula e a covinha no queixo.


Hermione pensou que, sem sombra de dúvida, aquele era o homem mais lindo que já vira.


O restaurante inteiro, as mesas, as flores, os dois adolescentes a seu lado, tudo desapareceu. Os olhos acinzentados se fixaram em seu rosto, e então no vestido, nos braços nus, pernas e sapatos.


A inspeção levou apenas alguns segundos, mas o desejo que viu nos olhos dele tirou-lhe o fôlego.


- Estou feliz por terem vindo. - Harry puxou uma cadeira para ela e Hermione se sentou enquanto o observava fazer o mesmo para Jennifer, e indicar para que Danny se sentasse à sua direita. - Invejo vocês três. Estão prestes a ter uma experiência diferente de tudo que conhecem. Damien Virata é o mais extraordinário chef da Grã-Bretanha hoje. Vocês têm de deixar todas as suas pré-concepções para trás e apoiar-se somente em seus sentidos. Olhem, cheirem, sintam e saboreiem. Não pensem.


Ele sentou-se ao lado de Hermione e ofereceu-lhe uma taça de champanhe, roçando-lhe os dedos no processo. O contraste entre o vidro gelado e a pele quente de Harry era excitante.


- Obrigado por vir. - murmurou ele. - Estou ansioso por isso há dias.


- Saúde. - Ela brindou com ele, depois com todos os outros. No primeiro gole, o líquido borbulhante pareceu eletrificar seu corpo. Os sentidos estavam aguçados por estar perto de Harry.


- Deixo Damien escolher nosso menu. - disse Harry. - Jennifer, você está com um vestido muito bonito.


Jennifer usava um vestido azul-celeste. Sem uniforme, parecia mais velha e menos assustada que a garotinha da escola. Ela enrubesceu diante do elogio.


Ela sente atração por Harry, percebeu Hermione e sorriu. Não podia culpar a menina.


Danny usava sua camisa casual e uma gravata azul, frouxa no pescoço.


Hermione, influenciada pelo ambiente, pensou neles quatro como um estranho pensaria: um adolescente esperto, uma garotinha no limiar da maturidade, um homem feliz, bonito e atencioso, e uma mulher muito bem vestida, divertindo-se.


Um cenário que consideraria impossível apenas um dia antes.


Um prato foi colocado à sua frente. Ela piscou diante da porcelana branca com lascas de algo rosa e verde, cobertas com molho amarelo.


- Parece mais arte do que comida. O que é?


Os olhos de Harry brilharam.


- Não vou dizer. Experimente.


Ela deu uma garfada. A textura era sedosa, e o sabor entre doce e salgado. Era peixe, mas não tinha idéia do que o acompanhava. Os sabores fundiam-se, um dominando o outro.


Hermione olhou para os garotos e pôde ver sua própria expressão refletida nos rostos deles. Perplexidade, imaginação e prazer.


- Gostou? - perguntou Harry observando-a.


- É algo que nunca provei.


- Mas gostou?


Ela provou outro pedaço.


- Sim.


Harry bateu palmas de alegria, parecendo uma criança.


- Absolutamente genial.


Aquele prato foi acompanhado de vinho rosado e seguido por outros dois pratos. Todos em porções pequenas, mas o equilíbrio de texturas e sabores era sempre uma surpresa.


Hermione não entendia nada sobre comida. Fora criada num regime de grãos naturais e estranhos chás de ervas, mas sabia apreciar pratos exóticos. E sabia que seu paladar nunca havia sido tão sutilmente seduzido.


Harry, com aquele riso gostoso, explicava às crianças detalhes do preparo, da mesma forma que ela podia interpretar um poema. A mão pousava sobre o pulso de Hermione cada vez que lhe fazia uma pergunta.


Ela observava cada expressão dele, sentindo o poder de seu deleite. O olhar intenso sobre a sua pele. As perguntas íntimas, os comentários quase sussurrados, hipnotizando-a.


A cada garfada, sentia seu lado racional escapar.


- Ouça, - disse-lhe ele - você não pode comer cada parte separadamente, tem de comer junto, a fruta, o carneiro, o purê e o molho. Tente. - Harry estendeu-lhe um garfo, balanceado com diferentes partes do prato.


Sem pensar, Hermione inclinou-se e abriu a boca. Então viu os olhos esverdeados fixos em sua boca quando aproximou os lábios da ponta do garfo.


- Você está gostando? - soou uma voz masculina atrás dela, fazendo-a virar-se.


O dono da voz era baixo e forte, com cabelos escuros. Usava um avental branco de chefe calça xadrez.


- Damien! - Harry levantou-se da cadeira e apertou a mão do chef. - Fantástico, como sempre.


O famoso chef sorriu.


- Fico feliz em ter a próxima geração aqui. Gostariam de visitar a cozinha antes da sobremesa?


Jennifer arregalou os olhos e Danny abriu um sorriso, dizendo:


- Adoraria.


Quando entraram na cozinha, a mão de Harry descansava nas costas de Hermione, provocando calor pelo corpo dela. Todavia, foi um choque entrar na cozinha do Chanteclér, cheia de pessoas, barulho e correria. Era naquele lugar frenético que Harry se sentia em casa?


Ela viu Damien falando com Jennifer e Danny e apontando para diferentes áreas da cozinha.


Harry a tomou pela mão.


- Venha cá. - murmurou em seu ouvido, conduzindo-a.


Ele abriu uma porta de aço na parede e adentrou um compartimento repleto de prateleiras com caixas de plástico. Pelo frio, parecia uma câmera refrigerada.


Harry fechou a porta.


 


 


 


Agradecimentos especiais:


 


Lúh. C.P.: Realmente a cena do morango foi demais. Como deu pra ver nesse capitulo, as coisas começam a esquentar cada vez mais. Beijos e até o próximo.


 


Mah.Potter: A Hermione não parece conseguir mais resistir, quem sabe o que acontece no próximo capitulo. A Hermione tem sim um passado um pouco ruim, que em breve ela irá revelar. Que bom que gostou da adaptação. Beijos.


 


 

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