Capitulo 08



Capitulo 08


 


- Obrigado pela carona...


Gina observou o jovem guia agradecer a Harry antes de descer do carro.


Quando todos se preparavam para deixar o resort o jipe do guia quebrou.


Lugares foram arranjados para seus companheiros em outros veículos, mas, infelizmente, não sobrara espaço suficiente para ele. Dessa forma, Harry se prontificou a dar-lhe uma carona de volta ao hotel.


Evidentemente, a presença do rapaz impediu-os de conversar sobre assuntos pessoais. No entanto, Gina suspeitava que isso não incomodava Harry.


Ele provavelmente estava satisfeito por ela não poder dizer nada sobre a noite passada, Gina reconheceu com tristeza.


Afinal, se Harry nutrisse algum tipo de sentimento por ela, mesmo que fosse apenas um pequeno percentual do amor que Gina sentia, teria se declarado na noite passada em vez de levá-la ao seu quarto e tratá-la de manhã como se ela não significasse nada para ele!


Ela até poderia não representar nada para ele, mas com certeza, ele era tudo que ela queria!


Pelo menos, disse para si com uma coragem cínica, alguma coisa tinha dado certo na noite passada.


Potter, com certeza, não se casaria com ela nessas condições.


Não quando descobrisse que sua pretendente passara a noite com outro homem e se entregara a ele completamente! Um homem que, além do mais, não a ama e não a deseja!


Lágrimas amargas queimavam os olhos de Gina. Haviam chegado ao hotel e, sem dar a Harrya oportunidade de falar qualquer coisa, ela abriu a porta do carro e saiu.


Afastou-se mesmo quando escutou Harry chamar seu nome.


Talvez fosse tarde demais para deixar de amá-lo, mas não era tarde para recuperar o orgulho e a auto-estima!


Se ela tivesse significado alguma coisa para ele... qualquer coisa... ele assim o teria dito na noite passada.


 


Uma hora mais tarde, após esgotar todas as razões e motivos possíveis e imagináveis para o comportamento de Harry, e reconhecer que fora apenas usada, Gina escutou alguém bater na porta de sua suíte.


Apesar de tudo que acabara de pensar, seu coração imediatamente teve um sobressalto. Era Harry! Tinha de ser! Ela estava enganada! Havia uma explicação racional para a distância que ele criara entre ambos e ele viera explicar tudo a ela, desculpar-se por tê-la magoado e dizer o quanto a queria, o quanto a amava.


Com o coração cheio de amor e felicidade, correu até a porta.


Porém, não era Harry que estava lá, e sim, seu primo Saud.


Desapontada, Petra não conseguiu proferir nenhuma palavra.


- Você está pronta? - ele perguntou.


- Pronta?


- Eu avisei a minha mãe que ela deveria ter ligado antes para confirmar se você estava pronta!


Pronta! Somente então Gina lembrou-se de que combinara ir para a mansão de sua família. Ficara tão absorta em seus pensamentos sobre Harry que esquecera completamente o que estava planejado.


- Eu... eu estou um pouco atrasada, Saud. - confessou. Afinal, não deixava de ser verdade. - Desculpe-me.


- Tudo bem. - ele garantiu calmamente. - Eu não estou com pressa. Você aproveitou sua viagem para o deserto com Potter? Eu vi vocês juntos no carro. - ele comentou.


Gina o fitou atordoada, totalmente imóvel.


- Potter? - perguntou incrédula. Sentiu a boca secar e o coração bater descompassadamente. - Você me viu com Potter?


- Sim, em uma das caminhonetes do hotel. - Saud confirmou.


- Mas eu não estava com... - Gina ia protestar, mas foi interrompida pelas palavras animadas do primo.


- Minha mãe já está planejando o casamento. Ela acha...


- Potter. - Gina murmurou com dificuldade enquanto tentava assimilar o que Saud acabara de lhe dizer. - Mas...


Mas o quê? Perguntou-se aturdida. Mas ela não estivera com Potter, e sim com Harry! Harry não era Potter... Não poderia ser Potter...


- Acho que agora ele está trabalhando na Suíte Presidencial. - ele informou com um sorriso no rosto. - Ele já lhe mostrou a sua nova vila? A que ele acabou de comprar perto do oásis? - perguntou, entusiasmado. - Ele lhe mostrou seus cavalos? E seus falcões? Eu queria um para mim, mas meu pai disse que está fora de cogitação, especialmente se eu for estudar nos Estados Unidos.


- Saud, eu ainda... eu ainda não estou pronta. Você poderia voltar mais tarde, digamos, daqui a uma hora? - pediu, de repente, interrompendo-lhe a fala agitada.


- Claro!


Gina olhou a porta que se fechava sem vê-la.


Saud disse que a vira com Potter, mas ela estivera com Harry. O que significava que Saud estava enganado ou...


Uma sensação de náusea invadiu seu estômago. Uma suspeita pairava sobre sua cabeça.


A Suíte Presidencial ficava no último andar. Com o rosto pálido, Gina abriu a porta do quarto, decidida.


O que se passava por sua cabeça não podia ser verdade! Saud tinha que estar errado e ela precisava ter certeza!


Apenas um elevador conduzia à cobertura, e quando abriu a porta e pisou no andar da Suíte Presidencial, Gina estremeceu violentamente, não sabia dizer se de espanto, medo ou raiva.


Harry não podia ser Potter. Era completamente inconcebível eles serem a mesma pessoa! Mas, de alguma maneira que não podia explicar, os argumentos que lhe passavam pela cabeça não eram fortes o bastante para ela ter certeza.


No hall em frente à suíte um elegante tapete felpudo abafava-lhe os passos, mas não as batidas descompassadas de seu coração.


O que fazia ali? Harry era um garanhão da praia, um aventureiro que vivia de favores e do dinheiro de outras pessoas, um homem sem valor moral. Potter, pelo que ouvira, era um executivo bem sucedido, um homem com objetivos claros na vida, um homem que se preparava para se casar com uma mulher que não conhecia exclusivamente para alcançar maior prestígio.


Eles não podiam ser a mesma pessoa. Era impensável. Obviamente Saud cometera um engano.


Ligeiramente mais calma, Gina tocou a campainha, esperou e a porta se abriu.


- Sim? - atendeu uma voz masculina.


A voz era a mesma, mas não a frieza comercial que a acompanhava.


Sentiu-se gelar quando viu o rosto de Harry. Só que não se tratava de Harry. Era...


Ignorando o braço de Harry que fechava a passagem, Gina entrou na suíte.


Obviamente atrapalhava Harry, ou melhor, Potter, pois notara, pela toalha presa à cintura, que ele se encontrava em meio ao banho.


- Com você pôde? - indagou, sentindo-se sufocada. - Como teve coragem? Por que você fez isso? Por que... Me solte. - Ela tentou libertar o braço quando Potter o agarrou. - Me solte! - repetiu quando Harry, Potter, corrigiu-se amargamente, a arrastou para a sala de estar.


Ele não parecia surpreso com a situação.


- Não até que você se acalme e ouça meus motivos. - Potter disse tranqüilo. - Sente-se aqui que eu vou lhe preparar um drinque.


Um drinque! Gina tentou se desvencilhar, mas não conseguiu.


- O que eu preciso - ela vociferou rangendo os dentes. - é de uma explicação de... sobre o que está acontecendo... Ou do porquê você fingiu ser uma pessoa que obviamente não é...


- Eu ia lhe contar. - Potter interrompeu. - Mas...


- Mentiroso! - Gina gritou. - Você está mentindo para mim. Assim como fez desde o começo! Me largue. - exigiu com raiva. - Eu não suporto que você me toque. Eu...


- Não foi isso que você me disse ontem à noite. - Potter lembrou com ironia.


Incapaz de reagir àquelas palavras, e também aos próprios sentimentos, Gina estremeceu.


- Na verdade, pelo que me lembro, você pareceu gostar muito da noite passada, não é mesmo?


Como Gina recusou-se a responder, Potter a provocou:


- Quer que eu a ajude a lembrar?


Potter puxou-a de encontro a si e ela estremeceu ao sentir sua pele molhada. Em seu íntimo sabia que ele havia cometido um erro imperdoável, mas, no entanto, para o seu corpo ele ainda era seu amante, seu amor.


- Se eu a beijasse agora... - ele murmurou com suavidade junto à boca de Gina.


Ele parou de falar e olhou para trás quando a porta da suíte se abriu de repente e um homem alto de barbas grisalhas entrou.


Ele certamente era uma pessoa importante, Gina pensou consigo.


- Nosso novo projeto nos Estados Unidos... quanto tempo você acha... - e calou-se ao deparar-se com aquela cena de intimidade.


Um olhar agudo e fulminante atingiu Gina.


- Sua Alteza, permita-me apresentar-lhe a Srta. Gina Weasley.


Alteza!


Gina engoliu em seco, sentindo a censura no recém-chegado quando o olhar dele ia de Potter a Gina e voltava a Potter.


- Ah, sim... Seu padrinho vai bem, Srta. Weasley? Nós estivemos juntos em Ilton. - ele disse, após uma breve pausa.


- Ele... Ele está na China. - Gina murmurou, com a intenção de dizer que ele também estava com seu passaporte, do qual ela precisava muito naquele momento.


- Eu entendo. - A cabeça do príncipe inclinou-se em sua direção. - Ele é um político muito eficiente, assim como seu avô. Diplomatas que enxergam longe são muito necessários nesses tempos turbulentos.


Com o rosto em chamas, Gina afastou-se enquanto o príncipe conversava com Potter.


Apesar da educação do príncipe, Gina sentiu-se incomodada com seu olhar de desaprovação.


No momento em que ele deixou o quarto, ela caminhou até a porta. Nesse instante Potter apressou-se em impedi-la de sair e disse sério:


- Você sabe o que isso significa, não sabe? O que vai ter de acontecer, uma vez que o príncipe me viu aqui sozinho com você?


- Foi você que nos apresentou. - Gina se defendeu, ignorando a pergunta.


- Porque eu não tive outra opção. - Potter disse com a voz grave. - Se eu não a tivesse apresentado, estaria admitindo que não podia fazer isso, devido a minha honra... por você ser uma prostituta. Agora não há outra coisa a fazer. Você vai ter que se casar comigo. Só isso pode salvar a sua reputação e a reputação de sua família!


Gina olhou para ele estupefata e incrédula.


- O quê? - gaguejou. - Nós não podemos!


- Não só podemos como vamos. - Potter garantiu sombrio. - Na verdade, não temos outra opção, graças a você!


- Graças a mim? - Gina o fitou. - Graças a mim? O que quer dizer? Não fui eu quem...


- Uma vez que o príncipe viu você aqui no meu quarto, desacompanhada, agora não tenho outra opção senão casar-me com você. Ele certamente pensa assim.


- O quê? Isso é... ridículo! - Gina protestou. - Por que não contou a verdade a ele?


- Que verdade? - Potter zombou. - Que na noite passada você se entregou para mim? Na noite passada...


- Pare... Pare. - Gina ordenou, angustiada, antes de acusá-lo: - Você fez tudo isso de propósito, não é mesmo? Só para me forçar a casar-me com você! Por motivos financeiros! O que você vai ganhar com esse casamento, Potter? - ela bradou enfurecida. - Mais que alguns camelos, eu tenho certeza! Um hotel... Dois... Um prédio comercial e, quem sabe, mais uma dúzia de resorts espalhados por aí?


- Você está exagerando. - Potter interrompeu-a bruscamente. - Se você me deixasse explicar...


- Explicar o quê? - Gina indagou irritada. - Explicar que você mentiu intencionalmente para mim e... me usou para realizar seu objetivo?


- Eu... usar você. Não fui eu quem entrou no seu quarto. - Potter retrucou com frieza. - Na sua cama! Se alguém é culpado da situação em que nós nos encontramos agora, esse alguém é você, Gina. Você e sua curiosidade de virgem! E, ao contrário do que se passa por essa sua cabeça infantil, é por esse motivo que não tenho outra opção a não ser casar-me com você.


- Porque eu era virgem! Isso é loucura!


- Não. Você é louca se pensa que há alguma outra saída. Nós devemos nos casar agora. Sem falar que você pode estar grávida.


Gina arregalou os olhos.


- Mas... isso é impossível. - ela gaguejou. - Você... você... tomou as precauções...


Seu corpo endureceu quando escutou ele suspirar profundamente. .


- É verdade, mas só na primeira vez! - ele confessou. - Não na segunda vez, quando, aliás...


- Você planejou isso tudo, não foi? - Gina repetiu furiosa, irritada com a expressão cínica de Potter. - Você mentiu para mim de propósito e...


- Você realmente pensa que eu gosto dessa situação? Acho que você não está me escutando, Gina. Foi você quem invadiu a minha cama! Foi você quem implorou...


Emitindo um gemido de aflição, Gina tentou conter as lágrimas que lhe saíam dos olhos.


- Quantas vezes preciso lhe dizer que se não nos casarmos, sua fama de mulher fácil irá se espalhar e seu avô e toda sua família serão humilhados? - Potter perguntou em tom cortante. - E, além de sermos flagrados aqui, sozinhos, em uma situação comprometedora, você realmente acha que ninguém percebeu que passamos a noite juntos? Você não percebeu a forma como a olharam esta manhã?


- Não! Não vou mais escutar você. - ela protestou.


Cada palavra que ele disse foi como uma punhalada em seu coração. Tinha dificuldades de assimilar o que se passava e o que ele estava dizendo. Para ela fora suficiente descobrir que Harry não era quem pensava que fosse. Sem contar com o problema adicional que ele lhe apresentava!


- Nada disso teria acontecido se você tivesse sido honesto comigo naquele dia na praia. - ela disse com mágoa. - Se você tivesse me contado...


- Quando você me procurou, eu não tinha a mínima idéia de quem você era. Eu tinha acabado de voltar de uma viagem de negócios, quando descobri que um professor de windsurf imbecil, com quem eu já tinha falado sobre seu comportamento com as turistas, foi pego na cama com a esposa de um hóspede. Obviamente eu tive de demiti-lo, e depois fui andar na praia pra pensar.


- Então você estava no lugar de um professor. - ela murmurou com pesar.


Potter deu de ombros.


- É um hábito. Quando eu estudei na Califórnia, eu trabalhei como instrutor numa praia...


- Você podia ter dito quem era! Me impedido de... - Gina falou. - Você pode até pensar que foi muito esperto agindo assim, mas eu não vou me casar com você, Potter.


- Você não tem escolha. - disse-lhe severamente. - Nem eu, nem você! Não depois disso! Eu não posso...


- Você não pode o quê? - Gina indagou, recusando-se a escutar o que ele iria dizer. - Então ofender a família real é um pecado capital? Tudo bem! Mas eu não vou me casar com você para... salvar sua reputação...


- Minha reputação? - ele a interrompeu cínico. - Você não escutou nada do que eu disse? É com a sua que você deveria se preocupar! Com a sua e a de sua família. Porque o que eu não posso fazer, Gina, a não ser que me case com você, é protegê-la do falatório que está prestes a acontecer. E não somente por sua causa! Eu tenho muito respeito por seu avô para humilhá-lo publicamente não aceitando esse casamento.


- Está certo! Então você está com a consciência tranqüila! Você me pediu em casamento! E eu estou recusando!


- Mesmo com a possibilidade de estar carregando um filho meu?


Por um momento eles se fitaram. Gina sentia-se enfraquecer... Começou a lembrar... Mas então enfrentou a realidade.


Ele havia mentido para ela. Sem o mínimo remorso, ele a enganara. .


- Também é possível que eu não esteja carregando um filho seu! Eu não vou me casar com você, Potter. - reiterou.


- Infelizmente, eu tenho reuniões de negócios até depois de amanhã e não posso cancelá-las. Mas fique certa, Gina, que então vou pedir formalmente sua mão em casamento.


O sentimento de fúria e frustração era tão grande dentro de Gina que ela não conseguiu falar. Encarou Potter com raiva e caminhou até a porta.


Para seu alívio ele não tentou impedi-la de sair.


Pedir sua mão em casamento ao avô. Nunca ouvira nada tão antiquado! Bem, dentro em breve, ele saberia que sua proposta era inaceitável!


 


 


Agradecimentos especiais:


 


tukinha weasley: Que bom que está gostando da fic. Abraços.


 


nath krein: Espero que tenha gostado do capitulo oito,. Abraços.


 


 

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