Capitulo 4
Capitulo 4
Gina terminou o café de manhã e o garçom levou o carrinho, deixando uma garrafa de café fresco e o jornal que havia pedido.
Degustara o desjejum no terraço, sob o calor agradável do sol matutino, e deveria estar completamente tranqüila.
Mas não estava!
Seu celular começou a tocar e ela apanhou-o sobre a mesa.
- Gina?
O som inesperado da voz do padrinho tirou-a de sua introspecção.
- Como estão indo as coisas com seu avô? - quis saber.
- Não estão. - Gina informou, desanimada. - Ainda não estive com ele. Parece que ele não está bem de saúde.
- Gina, não estou conseguindo ouvir. - interrompeu o padrinho, cuja voz mal se distinguia. - A linha vai cair. Preciso desligar. Vou estar incomunicável nas próximas semanas. Assunto de governo...
Uma série de ruídos distorceu-lhe a voz de tal forma que Gina não pôde entender o que ele dizia; no entanto, pareceu-lhe algo como "eu te amo". Antes que ela pudesse dizer alguma coisa a ligação foi cortada.
Triste, ela fitou o visor em branco. Não havia sentido em tentar retornar a ligação, pois não sabia onde ele se encontrava e não possuía nenhum número para contato.
Infelizmente não conseguira implorar para que o padrinho lhe mandasse o passaporte! Agora só podia contar com a ajuda de Harry para escapar a esse casamento.
Uma rápida onda de excitação passou perigosamente pelo corpo de Gina, avisando-a para tomar cuidado. Como pôde permitir que Harry manobrasse a situação e a levasse para jantar num restaurante caríssimo quando, na verdade, seu intento seria atingido com maior facilidade se eles flertassem na praia?
Olhou para o celular. Quem sabe deveria ser educada e ligar para saber a respeito da saúde do avô. Nervosa, Gina discou o número da casa dos parentes.
Uma voz desconhecida atendeu deixando Gina confusa. Hesitante, indagou por sua tia, e perguntaram seu nome. Vários segundos mais tarde, ela deu um suspiro de alívio ao ouvir a voz conhecida.
Um tanto sem jeito, perguntou sobre o avô:
- Ele passou bem a noite. - a tia informou. - Mas ainda está muito fraco. Ele insiste em ir à missa de manhã, mesmo não podendo. Infelizmente pediu ao seu secretário para levá-lo e quando me dei conta ele não estava mais aqui. Eu estou tão contente por você ter ligado, Gina. Ele ficará muito feliz com sua preocupação.
A sinceridade na voz da tia fez com que Gina sentisse mais desconforto e culpa, apesar de tentar convencer-se de que não havia motivos para arrependimentos.
- Você está sendo maravilhosamente compreensiva. - continuou a tia. - Eu prometo que em breve poderá vê-lo. Eu ia telefonar para convidar você para passear na feira de artesanato amanhã cedo e depois almoçar.
- Eu... Parece interessante. - Gina aceitou insegura. Sentindo-se ainda mais culpada, ela rapidamente encerrou a ligação.
Precisava encontrar Harry, pensou decidida, para reafirmar que ela estava no comando da situação. Ele disse que a procuraria, mas sentia-se fortemente dominada por uma ansiedade inexplicável.
Ela queria... precisava ver Harry imediatamente!
Meia hora mais tarde encontrava-se na praia, lutando contra a frustração de explicar ao salva-vidas e ao jovem instrutor de windsurf o que queria. Porém, eles não reconheceram Harry pela descrição de Gina, deixando-a desolada.
Que poderiam fazer se não o conheciam? A culpa era dela por não ter como encontrá-lo. Agradeceu aos dois funcionários muito eficientes e solícitos e voltou para o hotel.
Era hora do almoço, mas não sentia fome. O vazio que lhe invadia o corpo não podia ser preenchido com comida! Ela ficara enfurecida com as brincadeiras de Harry sobre sua virgindade, e extremamente atordoada com sua reação desmedida. É claro que ela não quis de fato ser beijada por ele, estava apenas supondo que, se ele o fizesse...
Rapidamente Gina apertou o botão do elevador, torcendo para que ninguém notasse seu rosto corado ou o intenso tremor involuntário que lhe percorria o corpo.
O que estava acontecendo, afinal? Gina sentia-se desprezível dentro do elevador que subia tranqüilamente. Ela era virgem, mas isso não significava que era reprimida sexualmente, tão ingênua e vulnerável que o simples olhar de um homem experiente e predador bastaria para excitá-la!
Mas, se Harry a tivesse beijado... Se ele o fizesse, Gina certamente teria tido o bom senso de rejeitá-lo e mandá-lo às favas, garantiu para si. Eles tinham uma relação comercial e era assim que as coisas deveriam permanecer!
O elevador parou. Ela caminhou até seu quarto e abriu a porta prendendo a respiração. Dessa vez não havia nenhum homem nu deitado em sua cama. Que alívio! Disse para si mesma.
Meia hora mais tarde ainda tentava decidir o que faria durante o resto do dia. Deu uma volta a esmo no terraço. Não estava com ânimo para ir à praia. O guia que comprara sugeria diversas caminhadas pelos pontos turísticos da cidade. Folheou-o rapidamente, na certeza de que logo encontraria algo interessante.
Um dos passeios levava às construções antigas da cidade, incluindo a casa de um de seus fundadores que foi transformada em um museu destinado à preservação da memória cultural e religiosa da região.
Decidida, Gina disse a si mesma que lhe faria muito bem se ocupar com algo que não fosse seu avô ou os problemas que ele representava. Após vestir uma calça leve de linho é uma confortável blusa de algodão, Gina deixou o quarto.
O sol da tarde obrigou-a a usar óculos escuros, que procurou em sua bolsa enquanto um funcionário providenciava um táxi.
Pelo canto do olho viu uma reluzente limusine preta estacionar a alguns metros dela.
Reparou com curiosidade num bando de funcionários se apressando a abrir as portas e vários homens de aparência importante saírem do veículo. Observou-os discretamente e por um instante assustou-se, mas logo relaxou balançando a cabeça tristemente.
Por um segundo imaginou que um dos homens de manto fosse Harry! Que ridículo! Não era só por causa do avô que precisava espairecer, disse para si com ironia ao caminhar em direção do táxi que a aguardava.
Gina passou tanto tempo no museu que não percebeu que já escurecera. Ela deixou o prédio antigo inspirando profundamente o ar da noite, a cabeça fervilhando com as imagens que vira no seu interior.
Não era apenas o passado de Zuran que estava lá dentro, mas também a história de sua família, motivo pelo qual ficara tão entretida. Dentro do museu ela pôde sentir pela primeira vez suas raízes beduínas. Pela primeira vez em sua vida sentiu a necessidade de conhecer mais sobre aquele país, não apenas pela memória da mãe, mas pela sua própria.
O sutil aroma da brisa fez com que Gina virasse a cabeça na direção do deserto. Naquela brisa estava a essência de seu passado, de seu destino. Ela fazia parte de um povo orgulhoso que percorreu aquelas terras nos tempos de Cleópatra e quando Marco Pólo realizou sua épica jornada pela estrada de seda.
Sem pensar no que fazia, Gina encheu a mão de areia e observou os grãos escorrerem lentamente pelos vãos de seus dedos. Seu país...
Seus olhos se encheram de lágrimas que ela espantou ferozmente.
Um grupo de pessoas passou apressado, e o esbarrão acidental com seu corpo quebrou o encanto. O céu escurecera completamente e ela tinha fome. Acenou para um táxi e deu-lhe o endereço do hotel.
No saguão do hotel, Gina olhou hesitante ao seu redor. Reservara uma mesa no restaurante italiano, e o fato de ser a única mulher desacompanhada quase a fez mudar de idéia. Zuran, porém, era um país extremamente cosmopolita e seguro, pensou com coragem, e afinal, o hotel estava preparado para satisfazer todas as necessidades dos turistas, mesmo as de uma mulher sozinha como ela.
Naquela noite vestira algo menos sofisticado, um vestido de linho preto abotoado na frente. O decote recatado ressaltava os ossos delicados na base do pescoço e a pulseira de ouro no pulso evidenciava seu braço esguio. A pulseira pertencera a sua mãe, e Gina a tocou em busca de confiança.
Não estava habituada a jantar sozinha em um restaurante, mas recusou-se a comer solitariamente em sua suíte!
O recepcionista do hotel informou-a de que o restaurante italiano ficava no átrio perto dali e que poderia ser alcançado a pé ou de gôndola.
A gôndola seria perigosa demais, pois poderia trazer lembranças da noite anterior e, principalmente, de Harry! Uma sombra passou-lhe sobre o rosto. A expectativa de vê-lo outra vez a deixara tensa o dia todo, mas ele não a procurou. Teria ele arranjado alguém mais lucrativa para passar o tempo, financeira e sexualmente? Pelo que percebera, havia diversas mulheres querendo sua companhia.
Parada na escada, Gina afirmou para si mesma que o curioso aperto em seu peito nada tinha a ver com ciúme. Ela?
Com ciúme das outras mulheres de Harry? Ridículo!
O funcionário acertara ao dizer que o restaurante não era distante. Gina dobrou uma esquina e se encontrou no átrio que ele mencionara.
O jardim era repleto de fontes com jatos de água realizando complexos desenhos no ar. De repente, um jorro fortíssimo jogou a água para muito alto arrancando o aplauso de um grupo de crianças.
Sorrindo, Gina caminhou até o restaurante.
Pela experiência da noite anterior, no restaurante francês, esperava que este fosse tão autêntico quanto o outro e certamente era, a musica típica dominava o ambiente e um garçom genuinamente italiano a conduziu a uma mesa e entregou-lhe o menu.
Meia hora mais tarde, quando Gina tranqüilamente bebia uma taça de vinho e petiscava a entrada de frutos do mar que pedira, a porta do restaurante se abriu e deu passagem a um grupo de jovens rapazes extremamente barulhentos.
A reação dos garçons a fez perceber que não estavam satisfeitos com a atitude dos recém-chegados. Para ela, acostumada ao comportamento de certos homens na Europa, estava claro que haviam bebido. Sua atitude com os funcionários era quase agressiva, e mesmo que nenhum garçom aparentasse medo, eles eram muitos e transmitiam uma sensação de imprevisibilidade e perigo.
Em inglês eles ordenavam que lhes arrumassem uma mesa grande o bastante para todos, recusando-se a ouvir o maitrê explicando que todas estavam reservadas.
- Não me vem com essa, parceiro. - um deles retrucou. - Eu posso ver muito bem que existem várias mesas vazias.
Discretamente, Gina fingiu não perceber o que acontecia quando o garçom retirou o prato vazio a sua frente e serviu a refeição principal. Porém, quando agradeceu, escutou um dos homens dizer:
- Hei, olhem aquela princesa sentada sozinha. Nós vamos sentar ali, parceiro. - avisou, apontando para a mesa vazia ao lado de Gina.
Ela estremeceu. Percebeu que o maitre tentava convencê-los a partir, mas obviamente eles não estavam dispostos a atendê-lo.
Procurou não demonstrar desconforto quando eles se aproximaram e sentaram em três mesas a sua volta, tão perto que se viu praticamente cercada.
Eles pediram mais bebidas enquanto faziam comentários vulgares e olhavam deliberadamente para ela, esperando que se voltasse em sua direção.
Gina não estava exatamente apavorada, pois, afinal, vivera em Londres e se considerava relativamente acostumada a isso. Mas em Londres ela nunca estaria jantando sozinha ou em uma situação que a deixasse tão vulnerável.
Notou, preocupada, que os clientes de duas outras mesas, casais com crianças, levantaram e partiram, enquanto o comportamento do grupo a sua volta tornava-se mais desagradável.
Apesar de não ter acabado seu jantar, Gina considerou impossível ficar ali. Aparentemente, os recém-chegados não tinham intenção de comer nada e se tornavam cada vez mais turbulentos. Uma fatia de pão voou por cima de sua cabeça, seguida por outra quando dois dos homens sentados em mesas diferentes começaram uma pequena guerra.
- O primeiro que acertar uma dentro do vestido dela ganha uma rodada grátis! - um deles gritou.
Foi o bastante para Gina.
Levantou-se o mais calmamente possível, mas para seu horror, em vez de deixá-la passar eles a cercaram fazendo comentários sexuais explícitos sobre ela, enfurecendo-a.
Percebeu que o gerente estava ao telefone e o maitrê fazia o possível para ajudá-la, implorando para que os homens se afastassem.
- Quem de nós você vai querer, meu anjo? - o mais bêbado grunhiu para Gina. - Ou nós devemos escolher para você?
- Quem vai ser o primeiro? - gritou para os amigos.
- Por favor, meus senhores, tenho que pedir que saiam. - protestou o maitrê.
- Nós não vamos a lugar algum, parceiro. - retrucou o que perturbava Gina.
- Ah, mas vocês vão sim...
A voz de Harry interrompeu a gritaria, sua aparição um choque maior para Gina do que para o bando.
Instintivamente, ela virou-se em sua direção, um misto de surpresa e medo em sua expressão.
- Na verdade, eu posso dizer que vocês não vão só deixar o restaurante, como vão deixar o país.
Um deles começou a rir.
- Corta essa, parceiro. Você não pode fazer nada com a gente! Você está sozinho contra todos nós e além do mais... Nós estamos aqui pra isso, percebe?
- O gerente acabou de chamar a policia. - Harry informou imperturbável. - Temos leis neste país que condenam tal atitude com mulheres.
Gina ouviu a chegada da polícia, que também não passou desapercebida ao grupo de desordeiros.
Repentinamente, eles se calaram. Harry estendeu a mão para ela e Gina passou no meio do grupo e foi ao seu encontro.
Neste instante a porta do restaurante se abriu e diversos policiais uniformizados adentraram o recinto.
- Venha. - Harry chamou Gina, tomando-a pelo braço. - Vamos sair daqui...
Gina não podia estar se sentindo melhor. Estava feliz em ter aquela mão firme e protetora amparando-a e conduzindo-a de volta para o hotel.
Observou-lhe a expressão séria, e a maneira que mantinha a boca cerrada dava-lhe um ar austero e severo.
Uma vez dentro do hotel, Gina pensou tê-lo visto acenar com a cabeça para o recepcionista, mas ao caminharem depressa até o elevador se convenceu de que tudo não passava de fruto de sua imaginação.
O elevador subia e Gina suspirou, aliviada.
- Você não sabe como estou feliz em vê-lo. - ela começou, mas Harry interrompeu-a com uma expressão severa.
- Que diabos você estava fazendo? - indagou com fúria. - Por que não foi embora? Você deve ter percebido que...
A dureza de suas palavras fez Gina calar-se.
O elevador parou e ambos saíram. As pernas de Gina estavam bambas e ela sentia-se levemente enjoada.
Em frente ao quarto tentou abrir a bolsa para apanhar a chave, mas suas mãos tremiam tanto que ela a deixou cair.
Quando se abaixou para apanhá-la, Harry a impediu, pegou a bolsa e a abriu. Distraída, Gina reparou como ela era pequena nas mãos dele. Harry mantinha as unhas bem-aparadas, imaculadamente limpas, e seus dedos eram longos e finos.
Uma pequena parte dela reconhecia que provavelmente estava em choque, mas essa consciência era muito tênue e vaga, de modo que não pôde compreendê-la. No entanto, aceitava o fato como uma explicação para os tremores que percorriam visivelmente seu corpo e para a dor aguda que lhe travava a garganta e a impedia de se defender.
- Você tem idéia do que poderia ter lhe acontecido se o gerente não...
- Eu tentei ir embora. - Gina disse com dificuldade. - Mas eles não deixaram.
Encontravam-se na suíte e a porta estava fechada. Seu estado de choque intensificou-se de repente e lágrimas encheram-lhe os olhos e seu corpo tremia violentamente.
- Gina!
A voz de Harry já não estava carregada de raiva.
- Gina!
Quando repetiu seu nome, a voz de Harry pareceu-lhe um sussurro, algo semelhante a um gemido, e então ele a tomou nos braços.
Gina conteve suas lágrimas com valentia. Podia sentir as mãos de Harry afagando-lhe os cabelos. Inclinou a cabeça para trás, encarou-o por alguns segundos, mergulhando no brilho metálico daqueles olhos. Sua boca abriu-se ligeiramente e então sua cabeça repousou no braço que a envolvia.
- Gina...
Pôde sentir quando ele abaixou a cabeça e o calor agradável de seu hálito roçou seus lábios. Desejara isso desde o dia em que entrou naquele quarto e o encontrou deitado em sua cama, admitiu atordoada, enquanto inspirava profundamente e sentia a pressão da boca dele na sua.
Paixão! Essa era a palavra que resumia tudo o que sentia, tudo de novo que vivia, a emoção que latejava dentro dela quando a boca dele se movia contra a sua, transportando-a para um mundo de prazer proibido.
Nada a alertou quando todas as barreiras que erguera para defender-se dele desmoronaram. Nada havia que impedisse o delírio que a dominava, o clamor pela liberdade de expressar seus desejos que percorria seu corpo.
- Você está em choque, Gina, e isso não é... - ele murmurou, movendo os lábios em direção ao seu ouvido.
Freneticamente, Gina ignorou o que ele tentava dizer, acariciou-lhe o queixo e tornou a cobrir-lhe os lábios com sua boca, mostrando com avidez o que desejava.
Ela sentiu a rigidez do corpo dele e sua respiração pesada, repentinamente consciente da hesitação dele. Quando Gina se aconchegou a ele, o corpo trêmulo de receio que ele a abandonasse, encarou-o e percebeu o olhar faminto e viril e sentiu um sabor doce de vitória.
Beijou-o devagar, parou, e olhou fixamente para seus lábios.
Como se estivesse num sonho, percorreu as curvas do rosto dele com a ponta dos dedos e, ao senti-lo estremecer, instintivamente mordeu o próprio lábio.
- Isso não é uma boa idéia. - Harry murmurou enquanto lhe tomava a mão e a beijava com sensualidade. O olhar dele passeava pelo seu rosto e seu corpo, acelerando seu coração e aquecendo o sangue em suas veias.
- Por que não? - ela murmurou provocante.
- Porque - ele disse com firmeza - se eu tocar em você agora... Aqui... desse jeito...
Gina estremeceu quando a mão dele apalpou com delicadeza seu seio e a ponta de seu polegar maliciosamente acariciou-lhe o mamilo.
- Então. - Harry prosseguiu com a voz rouca. - Eu vou ter que fazer isso de novo, e depois de novo, e então eu vou ter que...
Gina sentia-se arder, e Harry fazia com que ela desejasse cada vez mais sentir-lhe as mãos... o corpo... contra seu próprio corpo nu.
O gemido que escapou da garganta de Gina foi abafado pelo beijo ardente de Harry. Os sons de suas respirações dominaram o quarto e então, abruptamente, o som do fax interrompeu o encanto. Automaticamente eles estancaram. Harry soltou-a e deu um passo para trás.
- Isso não pode acontecer. - Gina ouviu-o dizer enquanto voltava as costas para ela. - Isso não faz parte de nosso acordo.
Não faz parte do acordo! Desprezo, vergonha e humilhação, todos esses sentimentos a invadiram como uma onda de gelo que a trazia de volta à realidade.
Mecanicamente ela se dirigiu ao fax, mais com a intenção de fazer algo do que ler a mensagem que acabara de chegar.
Quando finalmente conseguiu focar as letras no papel, descobriu que era apenas o folheto de uma empresa de turismo que oferecia uma de suas promoções.
Enquanto fixava o olhar na folha de papel, lutando para não se virar e encarar Harry, ouviu o barulho da porta de sua suíte abrir e fechar em seguida.
Apesar de continuar com os olhos presos na mensagem, Gina sabia que Harry se fora.
Algum dia, talvez, ficaria feliz por isso ter acontecido, disse para si friamente. Ela se alegraria por terem sido interrompidos e por ele a ter deixado! Algum dia. Mas não agora!
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