Sábado de manhã. 

A casa trouxa da família Evans estava irreconhecível. Segundo Petúnia nunca vira tanta gente... estranha... de uma só vez. Nem naquela estação anormal de trem onde gente anormal como Lílian ia praquela escola de anormais.

Eram os bruxos e bruxas que arrumariam Lily e os pais para a cerimônia. Roupas, cabelos, unhas, tudo feito da melhor maneira possível para Lily: através de Mágica.

A Única que preferiu rolinhos e acetonas foi a Petúnia, mas Lily preferiu não reclamar. Já era milagre ela estar indo ao casamento ao lado do seu gordo noivo, o tal de Válter, não é?

Mas ainda assim continuava a afirmar que preferiria que Lily e seu marido estranho não ousassem a aparecer na igreja no dia de seu casamento daí a dois meses.

A cerimônia seria na igrejinha de Godric’s Hollow por que os Potter achavam que seria mais glamoroso. A igrejinha atrás da qual haviam tantos ancestrais bruxos importantes sepultados. Claro que conseguir o local deu trabalho, pois precisaram enfeitiçar o padre trouxa e o fazer crer que precisava imediatamente visitar seu irmão que era também padre (e também trouxa) na pequena paróquia do interior onde ele vivia. Mas tudo acabou se tornando viável por causa de uma sutil interferência de Dumbledore, que fizera questão de ajudar no que pôde. Estava marcada para as quatro e meia da tarde, e já era quatro e quinze. Todos na casa dos Evans estavam em alvoroços, menos Petúnia é claro, sentada ao lado de Válter, ambos de cara emburrada, com a postura de quem está sendo encaminhado para uma longa, monótona e desinteressante palestra sobre um tema que não lhes causava nada além de repugnância. Mas Lily estava obstinada a não se incomodar nem reclamar, estava satisfeita com a presença da irmã. O alvorosso era intenso, mas as quatro e vinte conseguiram iniciar as desaparatações acompanhadas que levariam a família até o local da cerimônia, claro que mais uma vez não sem protestos gritados por uma Petúnia aterrorizada e seu noivo pálido e amedrontado. Foi preciso petrificá-los para conseguirem. Mas as quatro e cinqüenta e cinco a noiva entrava pelo corredor central da igreja, entre os bancos abarrotados de amigos. Ela caminhou na direção de um Tiago Potter extremamente nervoso e visivelmente radiante. Mal ouvira o que foi dito durante a cerimônia, somente se tocou que alguém presidia o casamento quando o homem magro diante deles disse "então pode beijar a noiva senhor Potter...".

Devido aos inúmeros abraços de congratulações que normalmente sucedem a cerimônia, Tiago acabou sendo carregado pelos amigos para o lado esquerdo da igrejinha, enquanto as amigas quase arrancavam as bochechas de Lílian de tantos beijinhos de felicitação que lhe davam, quando despretensiosamente a moça olha pro fundo da igrejinha e vê ninguém menos que Severo Snape sentado na última fileira de bancos.

Meio desconcertada ela pede licença às amigas e segue na direção do homem, muito sem graça, sem saber o que dizer.

_Então agora você é a Senhora Lílian Potter?!

_Severus, não...

_Só vim parabenizá-la e desejar felicidades e... me despedir.

_Como assim?

_ Não sei o que vai ser do meu destino daqui pra frente. Mas a decisão já esta tomada e já fiz o que tinha de fazer. Agora dependo das ordens que me forem dadas.

Com um frio no estômago, Lílian olha inquisidoramente para o ex-amigo e sua voz soa trêmula:

_Do que está falando?

E o homem todo trajado de preto apenas levanta as mangas da camisa por alguns segundos. Os olhos da moça turvam-se e ela tem a nítida sensação de que vai desmaiar.

_Isso mesmo Lílian, agora sou um deles, e estou sob as ordens do Lord Negro. Só queria que soubesse que nunca mais vai me ver. Adeus.

E Severus Snape vira-se farfalhando ameaçadoramente sua longa e negra capa que se assemelhava à asas de morcego e em segundos estava fora da pequena igreja.

Lílian tenta o seguir. Sai correndo na sua direção tentando gritar o nome do amigo sem ser notada, o que era decisivamente impossível. Estava disposta a dizer a ele que o perdoava, que desejava mais que tudo ser novamente sua amiga, desde que ele desistisse e arrancasse fora aquela tatuagem horrível, mas... já era tarde. Só teve tempo de ver o homem desaparatando de uma maneira que ela nunca vira, deixando atrás de si uma espessa nuvem de fumaça negra.

As lagrimas escorreram quentes e grossas de seus olhos quando sentiu braços suaves e solícitos a volvendo pela cintura. Era Tiago:

_Eu vi tudo Lily. Eu sinto muito.

E virando a moça para si, deu-lhe o mais apaixonado beijo que um homem apaixonado poderia. Enxugou-lhe as lágrimas e começou a caminhar com a recém esposa rumo à sua antiga casa, para festejarem a tão sonhada união.