A outra vida (25/09/09)
“Esquecer é uma necessidade. A vida é uma lousa, em que o destino, para escrever um novo caso, precisa de apagar o caso escrito.”
(Machado de Assis)
Capítulo 2 – A outra vida.
Ficou imóvel por algum tempo. Tentava entender o que se passava. Imagens vinham em sua mente de forma confusa. Eram cenas que ele não sabia se havia mesmo vivido. Estava muito mais do que desnorteado. Não conseguia organizar seus pensamentos. Não sabia exatamente onde estava.
O Elfo havia dito que seu “pai” estava esperando por ele na sala de reuniões. Pai. Desde quando ele tinha um pai que pudesse esperar por ele? Outras imagens invadiram sua mente. Cenas dele quando criança na companhia de um homem. Imagens dele conversando com dois garotos e uma mulher. Aquilo estava deixando-o tonto. Algo estava extremamente errado.
Levantou-se da cama devagar. Pouco reparou no grande quarto onde se encontrava. Mal pisou no chão, lembrou-se que estava faltando algo. Sua varinha. Onde estava sua varinha? Olhou para a cabeceira da cama e não a encontrou ali. Correu os olhos pelo quarto. Nada. Não estava em lugar nenhum onde ele pudesse ver. Outra lembrança veio à sua mente. Uma caixa dourada em cima de uma penteadeira. Ele olhou para o canto mais afastado do aposento e avistou o objeto da imagem. Andou a passos rápidos até lá e pegou a caixa. Não havia fechadura. Como ele abriria aquela porcaria? Algo lhe dizia que sua varinha estava ali. Segurou a caixa com uma mão e a outra apontou para o objeto. Aquilo era patético. Ele sabia que não conseguia fazer magia sem uma varinha, mas mesmo assim tentou.
- Alorromora – disse e sua voz soou um tanto diferente.
Para seu espanto, um feitiço foi lançado na caixa, porém esta não abriu. Ele ficou mais desnorteado depois aquilo. Poucas horas atrás, pelo que se lembrava, não sabia fazer nem um simples feitiço sem a varinha e agora tinha acabado de lançar uma Alorromora sem o auxílio de uma.
Olhou para a penteadeira novamente a procura de algo que pudesse ajudar a abrir a caixa, mas não achou nada ali. Segurou o objeto mais próximo de seu rosto para analisá-lo melhor. A caixa era de um dourado fortíssimo. Ele podia apostar que aquilo era ouro puro pelo peso que tinha. Havia também alguns detalhes verdes e alguns desenhos de cobras. Ele fixou seus olhos nos desenhos. Outras imagens vieram a sua mente.
- Abra – disse após ter fixado ao máximo as imagens da caixa.
Com satisfação ele notou que a caixa começou a se abrir. Sorriu ao constatar que sua varinha realmente estava ali. Voltou a olhar os desenhos das cobras e sorriu novamente. A língua das cobras abrira a caixa. Pegou sua varinha e a analisou. Aquela não era a varinha que ele usou por anos, mas algo o fez sentir que essa, como a outra havia feito, o tinha escolhido também.
Voltou-se para observar o quarto. O local era um aposento espaçoso, a cama era enorme, havia uma lareira na parede que ficava de frente para cama, um sofá próximo à uma janela, um guarda-roupa e uma porta que certamente levava ao outro aposento. Aquilo tudo era estranho e ao mesmo tempo muito familiar para ele. Seguiu em direção à cama e sentou-se. Precisava colocar seus pensamentos em ordem.
A última coisa de que se lembrava com detalhes foi de estar indo à Hogsmeade para a batalha. Foi recordando aos poucos os acontecimentos. Sua luta com o Lorde das Trevas, Hermione abraçada ao corpo sem vida de Rony, um homem tentando confortá-lo. Um homem tentando confortá-lo. Levantou-se da cama rapidamente. Era aquilo. Agora havia se lembrado da conversa que tiveram. Recordava-se de tudo. De todas as cenas.
- Menino Salazar – ele se assustou ao escutar batidas na porta – Príncipe, o senhor sabe como o mestre fica irritado quando se atrasa, meu senhor.
- Entre, Phill – Harry disse para seu próprio espanto.
- Perdoe-me pelo meu atrevimento, meu senhor – era o mesmo elfo que havia o acordado antes – Prometo que irei me castigar, mas o senhor não pode se atrasar. O senhor seu pai disse que tinha algo de muito importante para dizer e mandou avisar que sua presença é indispensável. Os servos do Lorde já estão chegando. O Príncipe sabe que vosso pai odeia quando o senhor fica andando pelos corredores quando o castelo está cheio.
- Porque ele faz tanta questão assim de minha presença? – perguntou Harry sem conseguir se conter. Parecia que não era exatamente ele quem falava.
- Não sei, meu senhor – falou o elfo- Prepararei o banho do senhor – falou se dirigindo para a outra porta que tinha no quarto.
Harry fechou os olhos para poder se controlar. Ele não podia deixar transparecer absolutamente nada do que pensava e sentia. Ali naquele lugar ele era Salazar, filho do Lorde das Trevas, portanto teria que se comportar como tal. Teria que controlar a vontade de avançar em Voldemort assim que o visse. Não poderia perder o controle. Antes de tudo precisava saber de muitas coisas para só então poder agir.
Colocou a varinha no bolso da calça de dormir e passou as mãos no rosto e pelos cabelos. Parou ao notar que algo estava fora do lugar ali. Seus cabelos, que antes estavam quase batendo nos ombros, agora estavam curtos. Procurou por um espelho e logo encontrou um no canto do quarto. Ao chegar perto levou um baita susto. Definitivamente, aquilo que o espero refletia não era ele. Não mesmo. Talvez alguém parecido, talvez. Porque ele não era tão alto, não tinha um corpo tão definido e os cabelos, apesar de serem ainda rebeldes, não estavam tão curtos. As únicas coisas que ainda estavam do mesmo jeito eram a cicatriz, que apesar de ser pequeno o cabelo conseguia esconder e os seus olhos de um verde impressionante.
- Algo errado, meu senhor? – perguntou o elfo.
- Não – disse ele ainda olhando para o espelho – Não há nada de errado.
- Seu banho já está pronto, meu senhor – falou o elfo – O Phill vai voltar para cozinha antes que o senhor seu pai sinta muita falta do Phill lá em baixo – ao dizer isso sumiu.
Harry ficou mais alguns minutos em frente do espelho. Ele estava de fato muito diferente. Notou que estava sem os óculos e que enxergava muito bem sem eles. Desviou os olhos do espelho e olhou para o guarda-roupa que tinha ali perto. Dirigiu-se para lá e abriu as portas. Como ele pensou, todos as peças ali eram pretas e bem arrumadas. Pegou a primeira peça de roupa e um dos muitos pares de sapatos que havia ali e se encaminhou para o banheiro. Deu pouca importância ao imenso local e foi direto para a banheira. A água estava quente. Teve vontade de ficar mais tempo ali, mas sabia que não era momento para aquilo.
Vestiu-se e estava prestes a sair do quarto quando outra lembrança veio à sua mente.
-Por que eu tenho que usar isso? –perguntou um garoto de cabelos negros bagunçados para uma mulher loira.
- Ordens de seu pai, Salazar – respondeu ela com paciência e entregou a ele uma máscara – Só terá que usar quando for participar das reuniões. Segundo ele, você começará a frequentá-las em breve.
- Ele vive dando ordens –falou mal humorado pegando a máscara da mão da mulher – E jamais diz o porquê de tudo isso.
- Talvez seja porque você ainda não tem idade para saber – falou a mulher.
- Eu tenho dez anos – falou – Tenho idade suficiente para duelar com os amigos do papai, mas não tenho idade para saber o porquê, tenho que usar essa coisa horrorosa. Muito legal – completou com sarcasmo – Por acaso os outros vão ter que usar isso também?
- Não – disse ela – Eles não participarão das reuniões ainda.
- Perfeito – falou com o humor pior ainda – Vou ser motivo de piada agora.
- Não reclame – ela falou sorrindo e bagunçando os cabelos já rebeldes dele – Você tem cinco minutos. Os outros já vão chegar e logo começaremos a aula. Vá pegar suas coisas.
Ele precisou de um tempo para compreender a lembrança. Uma máscara. Voldemort o fez usar uma máscara nas reuniões. Recordava-se disso e de quando Voldemort apresentou o tão famoso filho que tinha, O Herdeiro das Trevas, para uma legião de Comensais da Morte.
Fechou os olhos para afastar as lembranças. Iria se encontrar com ele agora e mesmo sentindo repulsa em relação àquele ser asqueroso, precisava controlar-se. Respirou fundo e abriu os olhos. Voltou-se para o guarda-roupa e o abriu. Afastou as roupas e achou, no fundo do guarda-roupa, algumas máscaras. Pegou a primeira, colocou no rosto e se olhou no espelho. Constatou com desgosto que parecia com um dos inúmeros Comensais da Morte com quem lutou na outra vida. Não pôde deixar de rir com aquele pensamento. Outra vida. Não teve ainda nenhuma oportunidade de refletir sobre aquilo. Agora ele vivia uma outra vida. Era uma outra pessoa e teria que se acostumar e aguentar as consequências daquela escolha. Respirou fundo e saiu do quarto.
Ao fechar a porta atrás de si deparou-se com um longo corredor. Suas pernas o guiaram. Ele virou à direita e entrou em outro corredor, virou à direita novamente e encontrou as escadas que levavam ao andar de baixo.Antes de descer, Harry percebeu que na entrada havia algumas pessoas que estavam mascaradas assim como ele. Apertou as mãos com força e respirou fundo. Ele tinha que manter a calma e procurar fechar sua mente o máximo possível. Se os Comensais daquela dimensão fossem iguais aos Comensais do lugar de onde ele veio, todo cuidado era pouco.
Devagar foi descendo os degraus. Algumas pessoas notarem sua presença e se curvavam conforme ele ia passando. Notou que duas das pessoas se aproximaram dele e ficou cada uma de um lado enquanto ele se dirigia para o salão onde tinha percebido que havia algumas poucas pessoas.
- Parece que hoje teremos grandes revelações – disse a pessoa que estava de seu lado direito.
Harry olhou disfarçadamente para ela. Conhecia aquela voz. Tinha certeza que conhecida. Mas não conseguia ligar a voz à pessoa.
- Não tenho dúvidas – disse a que estava do seu lado esquerdo – Olhe só quem o Lorde convocou.
- Só a elite das Trevas e... Algum problema, Salazar?- perguntou.
Harry havia parado no meio do caminho assim que a pessoa voltou a falar. Agora ele sabia quem era. Voz baixa e arrastada que o perturbou durante anos em Hogwarts. Não tinha como não se esquecer daquela voz.
- Malfoy? – perguntou tentando parecer o mais natural possível.
- Sim – falou olhando para ele – Desculpe-me pela perguntar, mas o senhor achou que poderia ser quem? Merlin?
Harry olhou para aqueles olhos azuis acinzentados e percebeu um traço de riso neles. Malfoy? Ele não podia acreditar. Era só o que faltava. Malfoy parecia manter uma relação amigável com ele. Definitivamente, ele teria que tentar se acostumar com tudo aquilo.
As pessoas que estavam ali começaram a entrar no grande salão. Harry as seguiu sobre o olhar de Malfoy e do outro que estava com eles.
As pessoas começaram a formar um grande círculo na sala. Ele desviou os olhos delas que estavam se acomodando e olhou para frente. Teria se espantado se já não tivesse visto em suas lembranças daquela vida o ser que estava sentado em algo que lembrava um trono observando seus servos o rodearem. Ele estava mesmo diferente. Completamente diferente. Sua fisionomia não se assemelhava nem nada com aquele que Harry matou na outra vida. Esse era alto, cabelos negros e não havia vestígio dos olhos vermelhos. Ao ver Harry parado na porta, ele sorriu e fez sinal para que Harry se aproximasse. Mantendo a mente fechada e as mãos dentro do bolso, ele se aproximou devagar. As conversas haviam cessado de vez.
- Como sempre ao meu lado, Salazar – falou, porém mais um sibilado.
Harry logo percebeu que ele havia falado em língua das cobras. Postou-se ao lado direito de Voldemort.
- Meus súditos – começou Voldemort e todos se curvaram e levantaram ao mesmo tempo – Reúno o meu mais competente exército aqui hoje para anunciar que está na hora. Depois de muito analisar, decidi que resgataremos alguns dos nossos amigos – sorriu – Invadiremos Azkaban em breve. Invadiremos e destruiremos o local que aqueles imundos dizem que é impenetrável, que é um dos lugares mais seguros do mundo. Mostraremos a eles que não existe um só lugar onde o poder do Lorde das Trevas não chegue.
O alvoroço foi total. Todos comemoravam a decisão do Lord. Harry observou a reação de cada um ali. Conseguiu reconhecer alguns, mas certamente havia pessoas ali que não chegou a combater na outra vida.
- Senhores – falou o Lorde e todos se calaram no mesmo instante –Infelizmente não serão todos que participarão dessa nossa... Excursão – completou sorrindo – O comandante dessa operação não será nenhum de vocês, tão pouco.
- Como assim, meu Lorde? – questionou o Comensal que estava ao lado esquerdo de Voldemort. Harry logo reconheceu a voz sendo a de Lúcius Malfoy.
- Meu querido Lúcius – falou Voldemort – Não quero que nada dê errado nessa operação, então colocarei o meu homem de maior confiança para realizá-la.
Foi difícil passar despercebido quando todos os olhares da sala se voltaram para ele. Harry manteve a sua surpresa somente para si. Não podia ter mudanças no comportamento sem que Voldemort ou qualquer outro Comensal de alto nível percebesse.
- Isso mesmo, senhores – falou ele se levantando e postando-se frente a frente com Harry – O meu filho irá liderar a missão. A honra dessa batalha será do filho do Senhor das Trevas.
As pessoas ali presentes se ajoelharam assim que o Lorde disse aquelas palavras. Harry fechou os punhos com força, manteve a mente fechada e sustentou o olhar de Voldemort. Notou que ele não tentou invadir sua mente de forma alguma.
- Convocarei os escolhidos em breve – falou ele ainda ao lado de Harry, mas agora voltado para os Comensais ajoelhados – Por enquanto, vão espalhar o terror pelo mundo. Faça do meu nome a coisa mais temida entre bruxos e trouxas.
- Sim, meu Lorde – falaram todos ao mesmo tempo.
Os Comensais se levantaram e começaram a sair aos poucos. Voldemort voltou para seu trono e sentou-se.
- Salazar, fique – falou ele antes que Harry desse um passo - Assim como os Malfoy e os Peterson saíram - Harry notou que o garoto que estava com Malfoy e uma outra mulher haviam permanecido na sala – Tenho algo mais a tratar com vocês – completou com um sorriso maléfico.
Capítulo betado e postado.
Peço desculpas pela demora!
Ah, e devo dizer também que brincadeiras como “capítulo sequestrado” eu faço sempre...
Não é para enrolar vocês ou coisa do gênero...Longe disso!
Se eu pudesse, postaria um capítulo a cada semana, mas é difícil...=/
Essa semana eu deveria ter postado mais cedo, mas tanto eu quando a Ártemis tivemos uma semana cheia!
E não podemos esquecer tb que além de fazer o favor de betar essa fic, a Ártemis tem as fics dela para escrever...Que ,apropósito, são realmente ótimasss. (:
GENTE, COMENTEM...OBRIGADA! (:
Beijão.
Biank Potter : Ta ai o capítulo, querida. Demorou um tantinho, mas ta ai! Espero que goste.
Rosana Franco : Que bom que gostou! Bem, espero que este capítulo agrade ao menos um pouco também rs.
Deusa Potter : Não se preocupe com o descontrole ( só tenha calma com a nossa demora rs...Semana corrida essa )...É bom as vezes rs. Poxa, que ótimo que está gostando da fic. Ah, sim sim...Ele demorou, mas se lembrou. Hum, quanto a dizer que lado o Harry vai seguir, não posso falar nada a respeito se não perde a graça td da fic rs...Mas logo vc vai saber. Espero que goste tb desse capítulo.
Josy Chocolate : Amigaaa, que bom ver você por aqui! (: Fico feliz que tenha gostado!.
Toddy : Valeu! Espero que goste desse aqui tb!
Kaos StoneHanger : Ta ai o capítulo. Com um pouco de atraso devido à correria dessa semana, mas ta ai betado e postado. Espero que goste moço!
Deco : Gostei do nome : Deco rs. Mas respondeu aqui o comentário...Obrigada mesmo moço. Fico feliz que tenha gostado e espero que suas dúvidas sejam tiradas nesse capítulo...Caso não tenham sido, espere pelos outros que tenho certeza que elas serão. (:
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