Algumas descobertas (09/01/201
Capítulo 3
“O que vale na vida não é o ponto de partida e sim a caminhada. Caminhando e semeando, no fim terás o que colher”.
(Cora Coralina)
Ele saiu da sala do trono a passos largos. Não poderia ficar mais tempo ali sem denunciar seu verdadeiro estado. Passou pelo saguão vazio e subiu as escadas rapidamente. Não queria correr o risco de ser chamado para permanecer na presença dele por mais tempo naquelas circunstâncias.
No instante em que entrou no quarto e bateu a porta atrás de si, retirou aquela máscara horrível que tinha sido obrigado a usar e se jogou na poltrona que tinha em frente à lareira.
As primeiras horas naquele novo mundo não haviam sido nem um pouco agradáveis. Mal havia “chagado” e recebeu a missão de invadir a fortaleza que a prisão Azkaban é. Mas o que mais perturbava Harry naquele momento não era aquela missão. Não mesmo. O que mais o perturbava foi o comunicado que Voldemort havia dado apos a reunião. Pensar naquilo fazia seu estômago revirar. Talvez pudesse se sair bem na missão em Azkaban. Ele tinha que se sair bem naquela missão, mas ter sucesso no que Voldemort planejava fazer depois que a fortaleza fosse invadira era impossível. Ele, sob circunstâncias nenhuma, faria aquilo.
Ele tinha que arrumar um jeito de fazer com que os planos de Voldemort não saíssem do papel. Refletindo um pouco sobre o que foi dito pelo Lord das Trevas, era até bom ter ele, Harry, no centro dos próximos acontecimentos. Assim ficaria a par de todos os possíveis acontecimentos.
Ele foi tirado de seus devaneios quando uma coruja negra entrou pela janela de seu quarto e pousou no braço da poltrona em que estava. O animal carregava uma carta amarrada na pata e o olhava com curiosidade. Harry fitou os olhos da coruja e estendeu a mão para pegar a carta. Antes que ele pudesse fazer algo, a coruja levantou voo e pousou no parapeito da janela. Harry acompanhou o voo da coruja e esperou para ver a reação dela de onde ele estava. Foi como se o animal sentisse que algo estava errado com ele. O comportamento da coruja o deixou inquieto.
- Orik – disse ele ao se lembrar o nome da coruja – Venha cá.
A coruja, depois de alguns minutos, levantou voo novamente e pousou no braço da poltrona. Antes de estender a pata para que Harry pegasse a carta o fintou mais um pouco.
- Você sabe que há algo diferente, não é mesmo? – perguntou Harry enquanto passava a ponta dos dedos na cabeça da coruja.
O animal piou alto, como se confirmasse o que Harry perguntou, e esticou a pata para que ele pegasse a carta.
Harry olhou atentamente para o envelope dourado que acabara de tirar das patas da coruja. Pegou a varinha do bolso e passou pela carta antes de abri-la. Depois de ter passado pelo que passou na outra vida, aprendeu a ser cauteloso até com as pequenas coisas. Após verificar que não havia nada de errado com a carta, a abriu.
“Salazar, gostaria de falar com o senhor por um momento. Não tomarei muito o seu tempo. Estarei no lago assim que a mansão esvaziar.
DM“.
Harry não levou muito tempo para deduzir quem mandara a carta. Parece que teria que se acostumar com o fato de ser amigo de infância de Draco Malfoy. Não conseguiu deixar de sorrir ao pensar naquilo. Ele teria que se acostumar com muitas coisas, ser amigo de Draco Malfoy certamente era uma das coisas mais fáceis que teria que aturar em sua nova condição. Foi em direção à grande janela do quarto e olhou para o lago. Pelo visto era verão. O sol batia diretamente no lago. Era uma visão bonita, mas Harry não tinha tempo para ficar ali observando aquele belo espetáculo da natureza. Tinha que agir. Não sabia o que fazer ainda, mas tinha certeza que parado não podia ficar.
Uma movimentação do lado oposto ao lago chamou a sua atenção. Olhou para lá no momento em que várias pessoas mascaradas saiam da mansão e aparatavam. Esperou um tempo para ter certeza que a casa já estava vazia para só então sair do quarto. Iria se encontrar com Malfoy, como o mesmo havia pedido. Poderia ser um bom começo conversar com ele, assim talvez lembrasse de algo mais.
Pegou sua máscara e saiu do quarto sorrateiramente. Não queria esbarrar com alguém. Não sabia qual reação poderia ter ao deparar-se com um comensal longe das vistas de Voldemort, onde tinha que se conter. Chegou até as escadas e a desceu rapidamente. Atravessou o grande salão quase correndo e no momento em que segurou a grande porta de madeira para abri-la ouviu passos atrás de si. Respirou fundo e virou-se lentamente.
- Senhor – disse um homem se curvando – Um belo dia,não?
Harry não conseguiu ver o rosto do homem quando se virou porque este havia se curvado, mas quando ele se levantou agradeceu mentalmente por estar com a máscara, só teve que controlar a respiração para que está não o denunciasse.
- Creio que sim – falou Harry encarando o homem parado à sua frente.
- Com sua licença – falou o homem passando na frente e abrindo a porta para que Harry passasse.
Ainda encarando o homem, Harry passou pela porta e esperou que o mesmo passasse também. Harry desviou o olhar para que o homem não percebesse que estava sendo encarado.
- Régulos – uma mulher loira, a mesma das lembranças de Harry, postou-se ao lado do mesmo sem ele ter percebido – Como vai?
- Muito bem, Cissa. Muito bem – respondeu ele – Se me dão licença – completou se curvando e aparatou em seguida.
- Bom dia, Harry – falou a senhora Malfoy – Não tivemos chance de conversarmos depois da reunião.
- Sabe como sou – disse Harry com uma voz arrastada – Odeio estar em lugares cheios de gente.
- E quando é o centro das atenções, odeia mais ainda – falou a mulher sorrindo.
- Certamente – confirmou.
- Bem, com sua licença – ela disse antes de entrar na mansão.
Harry esperou a porta ser fechada para continuar seu caminho. Então naquela vida Régulos Black estava vivo. Vivo e muito parecido com Sírius, seu padrinho. Quer dizer, padrinho na outra vida, nessa ele não tinha tanta certeza. Pois bem, se o Black caçula estava vivo, ele sabia sobre as horcruxes? Merlin havia dito que as coisas mudariam no momento em que Voldemort invadiu sua casa e tentou matá-lo. Será que Black tinha achado a horcruxe antes ou depois daquilo? Ele teria que descobrir o quanto antes.
- Salazar? – ele ouviu alguém chamá-lo.
- Malfoy – falou assim que o avistou sentado nas margens do lago – Pediu que eu viesse?
- Sim, agradeço por ter vindo – falou se levantando.
- E para que me chamou? – ele estava tentando ser agradável, mas o fato de terem sido inimigos na outra vida não estava ajudando muito.
- Gostaria de falar a respeito da missão – disse ele – A de Azkaban. Eu quero acompanhá-lo
- Você vem junto? – perguntou. Desejou que não tivesse soado como uma surpresa.
- Sim, se me permitir, senhor – falou ele – Eu gostaria de estar ao seu lado nessa missão também.
- Somos dois – disse alguém atrás de Malfoy – Se me permitir, Salazar, eu gostaria de participar dessa missão também.
Harry olhou atentamente para a pessoa que havia chegado. Aquele rosto não lhe era estranho. Já tinha visto alguém muito parecido com ele, só não se recordava se era naquela vida ou na outra, mas aquilo não era importante no momento. Naquele instante ele teria que se lembrar quem era ele.
- Pietro – disse Draco – Imaginei que você pediria o mesmo.
- Imaginou e não me chamou para pequena reunião, não? – falou.
- E eu perderia a chance de ficar a sós e, quem sabe, ganhar mais a confiança do nosso príncipe aqui? – questionou sorrindo. Pietro também sorriu e os dois voltaram-se para Harry – Então, podemos acompanhá-lo?
- Se assim desejam – falou Harry lembrando-se quem era o tal Pietro.
- Sentimos honrados pela confiança, Salazar – disse Pietro sério.
- Então espero sinceramente não me desapontar – falou Harry, ele mesmo não sabia de onde tirou aquelas palavras – Essa missão precisa ser bem sucedida.
- E certamente será – falou Draco.
As duas semanas que se seguiram foram movimentadas na mansão. Os preparativos para a missão estavam deixando os comensais a mil por hora Harry só saía de seus aposentos quando sua presença era exigida por Voldemort. Não gostava de ficar andando pelos corredores. Não depois de ter usado todas as forças que tinha para não atacar Belatriz Lestrange nos jardins há quatro dias.
Havia descoberto uma passagem secreta, no banheiro de seus aposentos, que dava em uma sala repleta de livros e jornais velhos, e era ali que passava a maior parte do tempo. Quando pisou ali pela primeira vez logo se lembrou de Hermione. Ela iria simplesmente amar aquele lugar. A lembrança de sua amiga fez com que doesse a alma. Ele até o momento não havia pensado na possibilidade de jamais vê-la.
Naquele instante se encontrava sentado em um dos sofás daquela sala rodeado de jornais. Nos últimos dias havia descoberto várias coisas sobre aquela dimensão. Ficou surpreso ao descobrir que Dumbledore, além se ser diretor de Hogwarts, também era o Ministro da Magia, ficou espantado quando leu que Gringotes passou a ser gerenciada por Guilherme Weasley já que os duendes agora faziam parte do exercito do Lord das Trevas, ficou chocado quando viu que os trouxas viam Voldemort como um terrorista que matava várias pessoas por todo o mundo. Viu várias fotos de pessoas procuradas pelo ministério, umas por terem desaparecido misteriosamente e outras por serem comensais da morte. Não havia notícias de pessoas próximas a ele, fora o fato de Gui ser o gerente do Gringotes. Mas as notícias nos jornais velhos haviam ajudado ele a recordar-se de várias coisas que tinham acontecido naquele lugar.
Quando já não aguentava mais ler, decidiu voltar para seu quarto. Ao entrar no aposento o cheiro de comida chegou até ele. Olhou para a pequena mesa e deparou-se com um belo banquete. Olhou para a janela e espantou-se quando viu que já havia escurecido. Deixou um livro que havia trazido da sala em cima da poltrona e foi tomar um banho. Saiu do banheiro ainda enrolado na toalha e antes que pudesse pensar em se trocar, sentiu uma presença no quarto.
- Salazar – falou uma voz já tão conhecida dele.
- Pai – falou Harry fechando a mente e pegando uma roupa – Desculpe-me recebê-lo com esses trajes, mas o senhor acabou de me pegar saindo do banho.
- Não há problemas – falou ele – Vá se trocar, então conversamos.
- Com sua licença – falou indo a direção ao banheiro.
Toucou-se rapidamente. Voldemort não era bem uma pessoa que alguém poderia deixar esperando. Quando voltou encontrou ele sentado à mesa esperando por ele.
- Mandei o elfo trazer nosso jantar – falou ele indicando a cadeira para que Harry se sentasse.
Ele, sem desviar o olhar de Voldemort, sentou-se na cadeira.
- E a que devo a honra? – falou tentando ser o mais natural possível.
- Não posso mais querer jantar com meu herdeiro? – perguntou o Lord.
- Sempre que o senhor desejar – respondeu.
Um elfo começou a servi-los. Voldemort não desviava o olhar de Harry em nenhum instante, mas não estava tentando invadir sua mente.
- Impressão minha ou você anda mais sumido do que o costume?
- O senhor nunca tem impressões – falou – Sempre com a razão – tentou parecer normal para Voldemort.
- Você está certo – falou sorrindo – E então?
- Eu tenho ficado mais em meus aposentos – respondeu – Desejo está bem preparado para a missão.
- Agrada-me ouvir isso – falou Voldemort – Amanhã mostraremos a eles quem realmente somos e eu ficarei imensamente satisfeito por essa vitória ser conquistada por você.
Harry tentou sorrir e voltou sua atenção para o seu jantar. Comeram em silêncio e lentamente. Harry estava consciente que seus movimentos eram todos acompanhados por Voldemort. O elfo serviu a sobremesa e foi dispensado pelo Lord.
- Amanhã cedo receberá a lista de pessoas que irá acompanhá-lo nessa missão.
- Se o senhor me permite, gostaria que Malfoy e Peterson me acompanhassem também – falou – Preciso saber como são em missão, já que estarão comigo na próxima.
- Como achar melhor – falou Voldemort – A missão é sua.
- Certo – falou.
- Sugiro que vá se deitar – falou Voldemort levantando-se – Amanhã será certamente um belo dia.
-Certamente – concordou Harry.
Antes que saísse do quarto, Voldemort olhou uma última vez para Harry. Esse retribuiu o olhar e esperou que o Lord fechasse a porta para levantar-se. Foi em direção à janela e a abriu. O vento da noite fez diminuir a vontade que ele tinha de acabar com Voldemort ali mesmo. Não agiria por impulso. Haviam lhe dado uma chance de fazer tudo diferente e não iria desperdiçá-la.
Ahhhhhh...
Ta ai, finalmente, o capítulo!
Eu peço desculpas pela grande demora...
O próximo capítulo não vai demorar tanto para sair! (:
Beijo
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