A Proposta. (07/09/09)






“Minha força está na solidão. Não tenho medo nem se chuvas tempestivas nem de grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite...”.


 (C.Lispector.)


 


 Capítulo 1 - A Proposta.


 


Harry Potter caiu de joelhos assim que viu o corpo de Tom Servolo Riddle virar cinzas diante de seus olhos. Finalmente o Lord havia caído, mas não sem antes deixar danos irreparáveis. Harry não precisava olhar ao redor para saber que estava cercado de corpos. Pessoas que haviam lutado bravamente para que ele ter chegado aonde chegou. Pessoas que deram suas vidas para proteger a dele. Ele fechou os olhos com força e se atirou no chão. Não queria olhar para o lado e encontrar um rosto de um amigo sem vida. Por que justo ele tinha que está vivo? Por que ele também não se foi junto com sua família e seus amigos? Durante a batalha ele viu quando muitos de seus amigos morreram, viu e não pode fazer nada para ajudar.


O céu começou a escurecer rapidamente, como se Dementadores estivessem por perto. Para Harry pouco importava. Seria até bom se fossem mesmo Dementadores, quem sabe eles seriam capazes de diminuir a dor que estava sentindo. Mas para seu desgosto não eram as criaturas das trevas. Aos poucos ele sentiu pingos de água cair em seu corpo. Chuva. Parecia que ela veio para purificar, para lavar o sangue que corria pelas ruas de Hogsmeade.


Harry não saiu de onde estava. A chuva começava a dar sinais de que se transformaria em uma tempestade, mas ele não dava a mínima para aquilo. Não queria sair dali, mesmo se tivesse forças para aquilo não o faria. Com um esforço tremendo ele ergueu a cabeça e olhou para o céu coberto por nuvens negras. No mesmo instante ele escutou um barulho atrás de si. Com movimentos lentos virou-se e seu coração quase parou quando viu quem era.


Hermione estava escorada perto de um dos escombros de uma casa. Seu rosto coberto de sangue. Ela estava agarrada a alguém ou alguma coisa. Harry não conseguiu saber o que ou quem era.


- Hermione – chamou, mas a garota pareceu não ter escutado.


Ele tentou levantar para ir ate a amiga, mas não tinha mais forças. Voltou a se sentar e olhou mais uma vez para onde Hermione estava. Agora ele conseguiu ver o que ela tinha nos braços. Ele reconheceria aquela cabeça ruiva em qualquer lugar. Ronald Weasley.Seu melhor amigo. Ele não podia acreditar. Havia perdido Rony também.


- É duro perder as pessoas que a gente ama – ele escutou uma voz vinda do seu lado – Eu sei como é difícil.


Harry desviou seu olhar de Rony e Hermione para ver quem havia falado. Esperava ver tudo, menos aquilo que estava diante de seus olhos.


Ali parado ao seu lado estava um homem alto, loiro, cabelos compridos até a cintura, com uma calça e uma blusa branca. Em meio ao cinza e ao vermelho, ele era uma figura notável.


O homem desconhecido desviou os olhos de Hermione e Rony e, só então, olhou para Harry. Ele tinha os olhos de um dourado impressionante e trazia neles uma tristeza profunda.


- Você não pode saber mais do que eu – disse Harry friamente.


- Eu não diria isso, jovem Potter – falou o homem – Eu conheci muito do sofrimento para poder fazer essa afirmação, no entanto eu não vim aqui para fazê-lo acreditar nisso.


Harry desviou o olhar do homem e voltou a fixá-los em seus amigos. Algo logo chamou sua atenção. Hermione parecia ter congelado, aliás, tudo ali parecia ter congelado. Percebeu que não chovia mais. Olhou para o chão e notou que o sangue que escorria pelas ruas também parecia estava congelado. Virou-se para o homem desconhecido e notou que ele observava o céu.


- Não tenho tempo para explicar isso – falou ele.


- Veio para me matar? – perguntou Harry de repente – Então o faça logo, mas poupe a minha amiga Hermione. Ela já sofreu demais.


- E, não seria mais um sofrimento para ela saber que seu amigo, aquele que ela tem como um irmão, está se entregando tão facilmente? – questionou o homem para o espanto de Harry.


- Não tenho mais forças para lutar – disse Harry se justificando - Não quero mais lutar.


- Levante-se, Harry Potter – falou o homem com a voz rude – O nosso tempo é curto.


Harry pensou em dizer que não, que se ele quisesse matá-lo teria que ser daquele jeito. Ao menos aquilo não podia ser negado a ele. Porém, antes que pudesse dizer algo, uma força desconhecida o fez ergue-se. Ele olhou para o homem que devolveu o olhar com determinação.


- Agora eu posso dizer o que vim fazer aqui – falou ele – Eu não vim matar você nem ninguém. Eu venho lhe fazer uma proposta. Algo que jamais foi proposto para alguém e creio que essa será a primeira e a última vez.


Harry não entendia muito bem o que o homem queria dizer com aquilo. Para dizer a verdade, não achava que estava aberto a propostas. Não em uma hora daquelas.


- Primeiro, devo me apresentar – disse o homem – Todos me conhecem como Merlin, o Grande Feiticeiro.


Harry se espantou ao ouvir aquilo. Merlin? O Merlin que todos viviam falando e chamando? Não era possível. Merlin estava morto. Bem, a não ser que ele, Harry, também estivesse morto. Caso contrário, só podia ser brincadeira.


- Não vamos nos apegar a detalhes – disse Merlin – Eu vim lhes fazer uma proposta e o tempo é curto. É algo extremamente perigoso e peço que preste bastante atenção antes de dizer qualquer coisa.


Harry procurou por sua voz, mas ela havia o abandonado. Então ele fez um sinal positivo com a cabeça. Não acreditava que aquele homem era mesmo Merlin, mas também não tinha mais nada a perder se o escutasse.


- Muito tempo atrás um grupo de feiticeiros fez uma reunião para decidir o rumo do mundo mágico. Naquela época o caos reinava. Era uma época parecida com essa. Pessoas inocentes morriam, ninguém era poupado pelos seguidores das trevas – disse Merlin com rapidez – O grupo de feiticeiros, denominados Guardiões de Luz, decidiu, na reunião, unir seus poderes. Era uma magia nunca utilizada. Os Guardiões abriram mão do poder que tinham em nome de um jovem pupilo que seria capaz de destruir o Rei das Sombras. Várias lutas foram travadas e o jovem finalmente conseguiu derrotar o senhor das Trevas. Depois de restaurar a paz no mundo, o jovem decidiu seguir seus mestres e também abriu mão dos seus poderes mágicos. Ele criou um encantamento para guardar o seu poder e o poder dos Guardiões da Luz. Da união dos poderes dos Grandes nasceu a Magia Profunda.


Harry prestava atenção em cada palavra dita por Merlin. A voz dele e a entonação utilizada faziam com que a história ficasse envolvente.


- Você não precisa saber mais do que isso – falou Merlin – O que vou te propor não é simples. Eu despertarei a Magia Profunda para isso. Você, jovem Potter, foi digno de ter o direito de se mover no tempo e no espaço.


Se, antes Harry não estava entendendo muita coisa, agora mesmo é que ele não entendia absolutamente nada. Sua cabeça doía levemente, suas pernas pareciam que desabariam a qualquer momento. Aliás, nem sabia como estava se mantendo em pé.


- Não compreendo – falou Harry.


- Eu venho propor-lhe, filho da Luz e da Escuridão, que volte no tempo. Não é uma viagem qualquer. Não usaremos qualquer tipo de magia conhecida. Nós iremos mexer com o tempo e com o espaço. Isso pode implicar em sérias consequências. Mudaremos dezessete anos de história, a vida das pessoas. Faremos com que as coisas aconteçam de outra maneira – falou ele olhando diretamente nos olhos de Harry – Porém, devo alertar que quando digo que as coisas acontecerão de uma outra maneira, elas realmente acontecerão de outra maneira. O quão diferente tudo pode ficar eu sinceramente não sei dizer.


Merlin olhou intensamente para Harry a espera de algum comentário, porém nada foi dito pelo garoto. Parecia que ele havia entrado em choque. Seus olhos verdes estavam assustados e sua boca abria e fechava várias vezes.


- Jovem, nós realmente não temos tempo... – falou Merlin.


Harry desviou seus olhos do de Merlin e analisou tudo em sua volta. Pessoas que não deveriam ter morrido estavam ali sem vida. Aquilo não era para ter acontecido de forma alguma. Certamente, daria tudo para puder mudar aquilo. Ele daria sua vida se fosse preciso. Mas pelo que ele conhecia da magia, não era possível mudar os fatos, os acontecimentos. Não da forma tão direta como o homem ao seu lado estava propondo.


- Isso é impossível –disse ele – Não se pode mudar as coisas, não do jeito que está sugerindo.


- Só quero que me diga sim ou não – disse Merlin – Não tenho tempo e nem posso dar explicações – falou ele – Jovem Potter, você seria capaz de suportar mais sofrimento? Talvez mais do que já sofreu até hoje?


- Se for para ver os que amo bem e o mundo em paz novamente, eu poderia passar o resto de minha vida ardendo no fogo do inferno – respondeu Harry sem hesitar.


- Realmente está disposto a passar por coisas que não podemos se quer prever? Faria isso pelo mundo? Faria isso em nome das pessoas que quer bem?


 - Sem dúvida alguma – respondeu novamente.


- Para mim isso é suficiente – disse ele – Harry Potter, como eu disse antes, mexeremos com o tempo. A Magia Profunda irá fazer com que você volte para o momento em que se encontrou com Voldemort pela primeira vez. Será exatamente nesse momento que as coisas mudarão – dizendo isso segurou nos ombros de Harry e o fez ficar de frente para ele –Você será responsável por escolher o que fará com a oportunidade que te dão – ele deu um pequeno passo para trás e olhou para o céu– Em nome dos Guardiões da Luz, em nome daquele que destruiu as Trevas pela primeira vez, eu peço que a Magia Profunda seja despertada e faça com que as coisas mudem de rumo.


Quando ele terminou de dizer isso imagens se formaram entre Harry e ele. As imagens passavam rapidamente. No começo Harry não conseguiu acompanhá-las, mas logo seus olhos foram se acostumando e ele pode ver com facilidade o que elas mostravam. Aquilo quase o fez ir ao chão. Era tecnicamente impossível de ser real. Ele não podia acreditar. Diante dele se passava imagens de toda sua vida. Era como se tivessem colocado um filme de trás para frente, mas muito mais rápido. Ele conseguiu captar coisas que aconteceram semanas atrás, cenas que aconteceram meses atrás, anos atrás, ele se viu no Ministério, no torneio Tribruxo, viu tia Guida virar um balão, ele na Câmara Secreta com Gina em seus braços, ele com o Chapéu Seletor em sua cabeça, Hagrid aparecendo para tirá-lo dos tios, viu quando ele fez magia pela primeira vez, viu coisas da sua infância que havia se esquecido há muito tempo, presenciou o momento em que Dumbledore parou na porta da casa dos seus tios com um embrulho nas mãos, viu Hagrid tirando um bebê das ruínas de uma casa, viu um clarão verde, um homem apontando uma varinha para um bebê, uma mulher ruiva sendo amaldiçoada pela maldição da morte, a mesma mulher chorando e segurando firme o bebê em seus braços, viu o momento em que um outro homem pediu que a  mulher ruiva subisse correndo com o bebê e nesse exato momento a cena congelou.


- É a partir daí que as coisas mudam – falou Merlin.


Quando ele disse essas palavras as imagens voltaram a se mexer, mas não mais de trás para frente. Naquele momento Harry teve a impressão de que alguém pegou outro filme e estava passando os capítulos rápido demais. Ele viu quando Lord Voldemort e Rabicho invadiram sua casa e o duelo com seu pai, viu quando um Sectusempra  acertou em cheio seu pai e ele voou longe, viu Voldemort entrando em seu quarto, viu quando ele lançou um feitiço em sua mãe, viu o momento em que ele lançou um feitiço no bebê. Harry não piscou um segundo sequer. Ele viu que quando o feitiço bateu na barreira que sua mãe havia feito para protegê-lo e estava prestes a acertar o Lord Voldemort, Rabicho lançou-se na frente e recebeu o feitiço no lugar. Voldemort olhou espantado para a criança que só tinha um corte na testa e a pegou do berço.


- Estamos quase lá – comentou Merlin.


As cenas a seguir deixaram Harry mais chocado ainda. Ele viu o bebê sendo cuidado por dois elfos domésticos, viu algumas imagens dele quando criança sentada próxima a um lago com outro garoto mais ou menos de sua idade, viu a si mesmo treinando feitiços quando não devia ter nem seis anos, viu-se sentado em uma mesa com diversos livros ao seu redor, ele se viu com uma máscara no rosto duelando com outra pessoa encapuzada, viu o sorriso satisfeito de Voldemort quando Harry derrotou dois comensais quando ainda tinha mais ou menos doze anos. Outras cenas se seguiram até a imagem congelar novamente, dessa vez mostrando alguém deitado em uma cama. Harry olhou melhor e notou que era ele.


-Filho da Luz e da Escuridão – disse Merlin – O tempo e espaço foram alterados. Chegou a hora de você seguir um novo rumo.


Ao terminar de falar isso estendeu os braços na direção de Harry e fez com que a força que o sustentava em pé jogasse ele para dentro da imagem.


Harry sentiu como se tivesse caindo dentro de uma penseira. Aos poucos foi se aproximando do seu outro eu deitado na cama e quando achou que colidiria com ele, algo estranho aconteceu. Ele levantou rapidamente. Sentiu como se estivesse sentado em algo extremamente fofo. Notou que estava em uma cama, coberto com lençóis de tons verdes. Batidas na porta fizeram com que ele se sobressaltasse. Não sabia se deveria responder ou não, mas para seu espanto a sua voz saiu automaticamente.


- Entre - disse ele com uma voz sem emoção.


- Príncipe Salazar – falou um elfo doméstico – O mestre supremo, o senhor seu pai espera pelo senhor na sala de reuniões. Não se atrase, meu senhor.


 


 


 


 


Longe dali, um grupo se reunia em torno de um objeto parecido com uma penseira e observava o diálogo do menino de cabelos negros e despenteados com um elfo doméstico.


 - Está feito – disse o mestre.


- Eu tenho grande receio quando a isso – disse Marcus.


- O que tanto te incomoda, Marcus? – perguntou Helena.


- Ele sendo o filho da Luz e da Escuridão, pode ter grandes chances de escolher o caminho mais fácil para conseguir chegar aonde pretende – falou ele olhando para a imagem no menino.


- Está dizendo que o garoto pode seguir as Trevas? – questionou Vinícius.


-Sejamos realistas – falou Marcus olhando para o rosto dos irmãos – O poder é tentador. Nós, mais do que ninguém, podemos dar total certeza disso – ao dizer isso voltou a olhar para a imagem.


- Marcus – disse o mestre colocando a mão no ombro do rapaz – Nós sabemos disso. E é por isso que demos a chance para o garoto. Nós temos alguns bons exemplos de que a Luz sempre prevalece.


- Como pode ter certeza que com o garoto será igual? – perguntou Marcus ao mestre.


- Não tenho – respondeu ele sorrindo –Eu somente torço para que seja. O destino do mundo mágico está nas mãos dele. Não podemos mais interferir. O que nos resta é torcer e confiar que tudo dará certo – concluiu olhando para a imagem no objeto.


 


 


 


 


 


 


Bem, ta ai o primeiro capítulo!
Espero que gostem e comentem.


Beijos!


 


 


 


Kaos StoneHange : O primeiro a comentar! Obrigada, Marcus! Espero que goste do capítulo!
Um, Tia? Rsrs! Nova demais pra ser tia, mas ta valendo! :P
Até mais...E não deixe de comentar! Mesmo se for pra dizer que não gosto, ok?


 Evandro Brozulatto Lourenção : Obrigada moço! Fico feliz que tenha gostado do Prólogo! Espero que goste também do primeiro capítulo. Não deixe de comentar!


Rosana Franco : Bem, ta ai o capítulo.Obrigada por comentar. Vou fazer o máximo para não demorar para atualizar, blza? Torço para que goste!  


Luc Dragon : Olha o capítulo ai! Obrigada por comentar! Não deixe de dizer o que achou do capitulo!

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