Decisões



“Viam-se escombros voando em inúmeras direções. O salão enchia-se de fortes batidas e combatentes fazendo de tudo para não acertar seus companheiros de batalha. As pessoas minimizavam-se a meros borrões escuros em meio os claros coloridos que espalhavam-se pelo salão.
Draco, manchado de fuligem travara uma luta mental para pesar por qual dos lados deveria ele lutar. Foi então que a viu. Hermione, uma Hermione de cabelos desgrenhados e arranhões, duelava com dois comensais de feições impiedosas. Decidiu-se pois pelo lado de sua amada e correu em seu auxilio. Como que tomado por um mal pressentimento virou-se de súbito em tempo de ver Bellatrix Lestrange balbuciar palavras que ele conhecia perfeitamente. Abraçou Hermione pelas costas para protegê-la e deixou seus olhos fecharem-se.
- Mas o quê? – Gritou ela entre os risos, quase uivos, de Bellatrix.
Draco sentiu o corte aberto em suas costas, experimentou a sensação do pulsar da carne exposta e o jorrar do sangue fresco aquecendo cada parte que o liquido rubro umedecia. Esperou que a majestosa impressão de paz o cobri-se, porém só o que parecia sentir era uma dor lacerante percorrendo seu corpo e quando suas pálpebras fecharam-se viu o rosto de Hermione próximo ao seu e pensou que aquilo era o suficiente pra morrer em paz.


Um zumbido ensurdecedor ressonava em sua cabeça, levantou as pálpebras e mirou o ambiente à sua volta. As paredes era escuras e reluzentes , um cheiro de limpo que invadiu as suas narinas e a brisa que varria sua face. Draco estava na ala hospitalar de Hogwarts  e tornou a fechar os olhos quando ouviu 2 vozes estranhamente familiares aproximando-se.
- Ele não vai, ele não precisa ! – dizia a de Hermione.
- SE ELE MORRER AQUI É A VOCÊ QUE IREI MATAR LOGO DEPOIS! – Draco não teve dificuldades para reconhecer a de sua mãe, Narcisa.
Seus berros vieram acompanhados de passos rápidos de Madame Pomfrey .
- Por favor, se acalmem, não quero gritos para acordar meus pacientes – dizia ela com um leve toque de amargura na voz. – Agora, a menina está certa, senhora. Ele já esta bem e poderá ir para casa pela manhã, o corte nas costas já foi curado e as mãos igualmente. Viraram cicatrizes. Tudo que ele precisará será tomar um Tonico para ficar forte.
Narcisa fitou Hermione com desprezo e retirou-se emitindo somente o som do farfalhar de sua capa às costas.  A enfermeira fez menção de convidar a menina a também sair, está, porém sentou-se na cadeira ao lado da cama de Draco.
- Vou ficar – sussurrou.
O menino virou o rosto em direção a ela e deixou que seus olhos cinzentos aparecessem.
- eu achei que tinha morrido – Disse ele. Sorriu. – Mas o céu teria um cheiro mais agradável.
- Bem você quase morreu. Muito obrigada, Draco, você salvou a minha vida.
- Era o mínimo que eu poderia fazer. – Tornou a fechar os olhos e ajeitou-se em seu travesseiro. – Porque você e minha adorável mãe estavam esganiçando-se?
- Ela não confia em Madame Pomfrey e diz que ficara com seqüelas . Mas é ótimo saber que está bem, que está vivo.
A menina segurara suas mãos e lançou-lhe um sorriso exausto, ele abriu os olhos e de repente a enxurrada de fatos transbordou em sua mente, cegando-o.
- Há quanto tempo estou aqui? – indagou com aflição.
- Sete dias. – Respondeu Mione. – A guerra acabou, nós vencemos.
- O que aconteceu aos outro? Como estão?
- Bem... – começou ela. – Depois que você foi atacado seu pai matou Bellatrix olhando em seus olhos, antes de morrer ela havia lançado um feitiço que passou raspando por nós e atingiu Gina. Enterramos ela à 3 dias. Muitos outros morreram, mas isto eu lhe contarei amanhã. Eu contei para os seus pais sobre a gente. Eles não acreditaram até ver você gritar por mim na terceira noite.
Ele sorriu e apertou ainda mais a sua mão. Um longo silencio caiu entre os dois, Draco ficou a observa-lhe e notou que estava mais pálida e mais magra e estudou seus olhos, eles aparentavam inchaço.
- Você chorou? – Perguntou ele perplexo.
- Cada noite que passava sem acordar, cada momento em que lhe tocava a pele, cada vez que gritou meu nome. Eu disse que cuidaria de você. – Quando ela terminou ele tentou inutilmente puxá-la para si, mas ela o impediu.
- Corta essa Mi, deita aqui comigo.
- Tem mais uma coisa.
- O que? – Enrijeceu-se.
- Depois que a batalha terminou, Percy veio falar comigo. Ele pediu pra voltarmos, para fazer com que dê certo.
Ele mirou o chão e sentiu o ardor das lágrimas que marejavam seus olhos, mesmo assim, foi com a voz controlada e firme que seguiu a conversa.
- Compreendo perfeitamente que queira seguir a sua vida. – soltou-lhe a mão. – Vá.
Para a sua surpresa a menina riu.
- Não seja idiota Draco, eu vou ficar com você, eu amo você.
Desta vez, ela não protestou ao ser puxada, deixou-se enlaçar por seus braços e não fugiu de suas carícias. E em uma pequena cama com as cortinas fechadas escondendo-lhes de sua doce travessura, ela entregou-se ao seu amor, vencida pela saudade e pelo desejo e banhada pela luminosa claridade lunar que os cobria de um majestoso brilho. "

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