Expresso de Hogwarts
“Para Draco Malfoy as férias foram meses exaustivos de estudos pesados e reuniões com o seu Lord. Foram noites encobertas por um veludo negro em que o menino afundava-se em devaneios proibidos temperados de amor, devaneios estes que o faziam fugir da realidade deprimente que habitava. Foram incontáveis cartas bobamente escritas até que se conformasse com a sua posição.
Draco agora tinha 16 anos, carregava um ar arrogante e devia ter aumentado muitos centímetros, sua inocência e seu ar infantil tinham dilatado-se e acabara por se tornar um homem demasiado cedo.
Já haviam se passado incontáveis horas desde que embarcara na locomotiva, e não a vira. Nem pelos corredores e nem no vagão dos monitores. Ele encontrava-se recostado à janela poeirenta de seu vagão, dentre as suas responsabilidades não incluía um caso de amor infundado com Hermione Granger. Afinal, sua posição se tornara cada vez mais séria e o seu amor cada vez mais forte. Nada poderia tê-lo chamado atenção naquele dia, o tédio iminente expelia de cada um de seus poros pálidos e nem mesmo quando ouviu as trancas metálicas da sua cabine moverem-se muito rápido, a contragosto inclinou sua cabeça na direção oposta, mas mirou uma juba castanha que o fez levantar-se de um salto. Por debaixo de suas madeixas haviam lágrimas recentes marcando a face de porcelana da grifínda.
A menina então, ao ver quem ocupava o vagão virou-se e fez menção de sair, mas foi empeça, pois o louro acabara de segurar seu braço.
- Solte-me! – Protestou.
- Porque está chorando? O que aconteceu?
- Isto não é da sua conta, Malfoy. – Mas suas tentativas eram inúteis o garoto era visivelmente mais forte e não a deixaria partir.
- A partir do momento em que entras na minha cabine se torna da minha conta, - e largou-lhe, suavemente, o braço. – podemos conversar agora?
Ela não partiu, sentou-se em um dos acentos e deixou que suas lágrimas corressem livremente pela face já muito vermelha.
- Bem, - começou ela. – eu tive um relacionamento... Ou sei lá, com o Percy durante o verão, mas nós decidimos que não daria certo um ano todo longe, somos amigos, claro. Porém, Ron não quer falar comigo, qualquer palavra que solto a ele transforma em uma desavença que não deveria de existir. É meu amigo, não quero magoá-lo, pelo menos não queria.
- Weasley’s... – murmurou, mas calou-se ao ver o olhar gélido que Hermione lançava-lhe.
- Mas agora, Lilá Brown anda espalhando por todo o trem que eu não vou deixar escapar nenhum dos Weasley, e que não sou boa o suficiente pra nenhum, que sou... Somente uma víbora devoradora de garotos. Não é verdade, não quero nenhum outro Weasley, são meus amigos, somente isto. – As lágrimas dela haviam cessado e ele achou que ficava muito melhor assim.
- Olhe Hermione, - Vacilou ao dizer seu nome. – as pessoas vivem em um eterno jogo de cão e gato, num dia você caça e no outro vira à caça. Não se importe com o que as pessoas distantes dizem de você. Somente abale-se quando for alguém que tem tanto conhecimento sobre você que quando falar não estará dizendo bobagens. - Tirou uma mexa que escodera até ali seu olho, possuía um brilho fora do comum que o cegava de amor.
- Porque me diz isto? Tu nem ao menos tenta manter um relacionamento de paz comigo. – Sua matiz insegura transparecia a cada palavra solta.
Ele não vacilou o olhar, apalpou-lhe a mão e tocou suavemente seu rosto, era tão quente. Ela ao simples toque cortês arrepiou-se.
- Engana-te. – Respondeu Draco, - eu admiro-a, admiro a sua coragem e lealdade, sua frágil emoção. – corou. - Então... Porque terminaram?
- B-bem...- Disse voltando a realidade. – Eu percebi que não era o dele o nome que meu coração gritava.
Fitaram-se então, deixando um longo silencio cair entre eles. Malfoy sentou-se ao seu lado e trouxe-lhe para seu peito, passando suas mãos leves sobre as mechas de cabelo acastanhado, concentrou-se em ouvir a sua respiração, que era, pensou ele, temerosa e assustada.
Hermione adormeceu ali, envolta nos gélidos braços do sonserino que davam-lhe uma doce e aconchegante sensação de conforto. Quando a locomotiva indicava que haviam chegado, ele acordou-lhe e quando esta fez menção de sair, o menino perguntou:
- Hermione, sobre o que é “ orgulho e preconceito” ?
- Bem... É sobre orgulho e preconceito. – E partiu, carregando um sorriso nos lábios e um comichão no peito. “
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