Capitulo 2

Gina atravessou a pista do aeroporto em direção ao estacionamento! Sabia que haveria um carro à sua espera. Olhou à direita e à esquerda, tentando achar alguém.

 

Havia muita gente, pois era época de temporada, e até con­seguir um lugar no avião fora difícil. Acabara chegando quase à meia-noite.

 

Perdera o iníCio das filmagens, mas Guy lhe explicara que sua presença ainda não era necessária.

 

— Gina! Queridinha!

 

Ela logo reconheceu a figura alta e atlética que se aproxi­mava para pegá-la nos braços e levantá-la como se fosse uma criança.

 

— Draco, ponha-me no chão! — ela reclamou, depois de ter recebido um beijo cinematográfico. — Mas que honra! O ator principal veio me buscar!

 

— E não vim sozinho! — Draco se afastou para que ela visse um rapaz alto, de cabelos e olhos castanhos, que lhe sorria cordialmente.

 

— Este vai ser seu amor no filme, Gina. Paul, esta é Gina, sua Joana.

 

Ao apertarem as mãos, Gina sentiu-se aliviada. Como era diferente trabalhar sem Harry para perturbá-la! Sorriu para o rapaz, que não era tão atraente como Draco, mas muito charmoso também. Começaram a conversar animadamente e, em breve, pareciam velhos amigos.

 

Foram para o carro estacionado ali perto. Paul, muito amá­vel, carregou as malas e foi ficando um pouco para trás. Gina ia na frente com Draco, encantada por revê-lo.

 

— Vou pôr as coisas no porta-malas — Paul disse. Draco e Gina entraram no carro.

 

— Vim buscá-la porque queria conversar um pouco com você antes de irmos para o local das filmagens — Draco falou. — Na verdade, quero preveni-la...

 

Gina sentiu a tensão tomar conta de seu corpo.

 

— Prevenir... sobre o quê?

 

— Bem, vou ser direto: estamos sob as ordens de um novo diretor.

 

Fez uma pausa que a deixou ainda mais apreensiva. Parecia que boas notícias não estavam por vir...

 

— Por quê? O que houve com Guy?

 

— Ele teve problemas com seu filme anterior e precisou via­jar. Como todo o cenário já estava montado aqui e cada dia de filmagem custa uma fortuna, os produtores resolveram começar o filme com outro diretor. Se eu soubesse disso antes, não teria aceitado o papel.

 

— O novo diretor é tão ruim assim? — Gina não estava entendendo.

 

Draco olhou para trás e viu que Paul vinha vindo. Não tinha tempo a perder.

 

— Nosso diretor será Harry, Gina. — Draco colocou a mão no braço dela, num gesto de solidariedade. — Sei que estou lhe dando um choque, mas quis preveni-la. Conheço Harry e sei que ele adoraria vê-la entrar no cenário sem saber que ia dirigi-la. Você deve ter causado muitos problemas a Harry durante o di­vórcio, quero dizer, durante a ausência dele... Pelo que lembro, Harry foi para os Estados Unidos assim que terminou Shakespeare, não foi?

 

Gina não respondeu. Não conseguia. Estava chocada de­mais com a notícia. Harry dirigindo Ricardo I. Era impossível! Não podia acreditar que fosse verdade!

 

Paul entrou no carro, logo se preocupando em colocar o cinto de segurança em Gina.

 

— Já está querendo viver seu papel, Paul? — Draco perguntou com malícia. — Não pense que Gina não sabe lidar com seus galãs! Não é verdade, querida?

 

— Alguns deles realmente me causaram problemas — Gina concordou, não gostando do assunto.

 

— Não está se referindo a mim, não é, doçura? — Draco con­tinuou. — Nós sempre tivemos um relacionamento muito espe­cial, certo?

 

Gina concordou movimentando a cabeça. Não queria mais falar sobre isso. Não conseguia pensar em trabalhar sob as ordens de Harry. Sabia que era um grande ator e que sua atuação em Shakespeare tinha lhe valido muitos elogios dos críticos, além de lhe possibilitar a chance de se tornar produtor e diretor. Realmente tinha conseguido sucesso na vida!

 

Mas pensar que agora teria que estar em contato com ele... Seria um martírio! Já sabia, por experiência própria, o que era isso! Tinha sido tão ingênua e boba na ocasião! Odiava-se por ter bancado a idiota.

 

Se não fosse Draco, ela jamais teria sabido da verdade, da maneira cruel como Harry a tinha enganado.

 

Tudo acontecera durante as filmagens de Shakespeare. Ela descobriu que amava Harry e achou que ele retribuía esse senti­mento. Mas para ele aquilo não passava de uma farsa, só para ganhar uma aposta de Draco. Mas, quando Draco soube que ela tinha se casado com Harry, resolveu lhe contar toda a verdade e Gina mergulhou no desespero.

 

Mesmo agora, tantos anos depois, ainda doía lembrar. Ela mal acabara de entrar para o elenco e Draco, por brincadeira, apostou mil libras com Harry, para ver qual dos dois a levaria primeiro para a cama.

 

Quando contou a verdade a Gina, Draco pareceu muito en­vergonhado, mas se desculpou dizendo que, na ocasião, ainda não a conhecia direito, e ela não passava de mais uma carinha bonita que queria ser estrela. Como sempre, havia existido ri­validade entre ele e Harry, os dois queriam vencer a aposta.

 

Gina não sabia de nada disso. A princípio, notara as pa­queras de Draco, mas o mantivera a distância. O mesmo não aconteceu com Harry. Apaixonou-se por ele à primeira vista, total e completamente. O papel que viviam no filme exigia que vi­vessem grandes cenas de amor, o que facilitou ainda mais o romance.

 

Uma noite, completamente envolvida pelo que sentia, Gina se entregou a Harry e logo em seguida ele a pediu em casamento. Ela acreditou que ele tivesse feito aquilo por amor, jamais para ganhar uma aposta!

 

Na época, Draco estava fora e só voltou depois de uma semana, bem no dia do casamento dos dois. Na festa que o elenco ofe­receu ao casal, ele bebeu um pouco demais e seguiu-os até o hotel. Numa oportunidade, quando Gina foi trocar de roupa, Draco se aproximou e lhe contou a verdade. Ainda estava com o rosto banhado de lágrimas, quando ouviu Harry abrindo a porta. Daí, então, tudo aconteceu muito depressa: Draco disse que ela podia se vingar de Harry, e logo a abraçou, abrindo a frente do robe que ela usava. Depois beijou-a com paixão. Harry, que entrava nesse momento, se viu diante do que parecia um beijo cheio de paixão. E Draco, muito frio, se virou para o amigo:

 

— Como vê, você perdeu. Gina ainda me prefere.

 

Harry não disse nada, saiu do quarto e também da vida dela.

 

Mais tarde, Gina soube que Harry tinha voltado à festa e bebera muito, dizendo a todos que ela e Draco eram amantes.

 

Gina estava tão nervosa e humilhada que não desmentiu nada, nem mesmo quando ele falou em divórcio. Na verdade, apesar de se dizer divorciada, ainda permanecia casada com Harry, pelo menos legalmente. Pelas leis inglesas, um casal só podia se divorciar depois de completar três anos de casamento e se ambos concordassem. Senão, teriam que esperar cinco anos. E, para sua surpresa, Harry nunca havia se resolvido sobre o divórcio, mesmo depois de três anos e meio de separação.

 

Não sabia por que ele agia assim, a não ser que tivesse receio de ela querer dinheiro. Ele era um homem rico e famoso, e qualquer mulher menos escrupulosa poderia arrancar-lhe uma pequena fortuna, com o divórcio. Só que ela não estava inte­ressada nisso. Tinha casado com Harry por amor. As cenas românticas que viveram no filme eram tão apaixonadas e natu­rais que foram classificadas pela crítica como inesquecíveis.



Continua...




Comeeentem (Y)

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