Capitulo 2
Gina esfregou o pulso dolorido.
- Pela última vez, Harry, eu não vou com você - disse com amargura. - Eu...
Parou subitamente ao ouvir o som que tanto temera, desde que Harry havia chegado.
- O que é isso? - Harry perguntou quando Robbie gritou pela segunda vez. - Então, você teve a criança, heim? - observou, contraindo o rosto.
- Esperava que eu não a tivesse? - Ginaa respondeu com a coragem que o momento lhe deu. - Eu o queria, mesmo que você não o quisesse. E é por isso que eu não posso ir com você. - Aproximou-se dele desafiadoramente. - Por mais que eu ame seu pai, penso primeiro em Robbie. Não tenho ninguém com quem deixá-lo, e mesmo que tivesse não iria sem meu filho.
Por um momento Harry ficou quieto. Mas Gina sabia que ele estava tenso, tentando se controlar.
- Bem, então você terá que levá-lo junto - ele resolveu automaticamente.
Gina não conseguiu disfarçar sua surpresa.
- Mas você disse. você disse que nunca...
- Meu pai precisa de você – ele interrompeu, rápido. – Eu me lembro da época em que você precisou dele, quando sua mãe morreu. Ele largou tudo para vir buscá-la. Você deve isso a ele , Gina. E deve ir para St. Martin comigo
.
- Não posso partir assim, de repente, preciso de tempo!
- Você tem 24 horas para pensar e é melhor concordar. Dou-lhe uma semana para tomar as vacinas e fazer os preparativos para a viagem, e então voaremos para St. Martin juntos.
Gina acompanhou-o até a porta, atordoada demais para poder argurmentar ou contestar sua autoridade.
- Ah! E respondendo a sua pergunta... – ele parou e virou-se para ela. Mas na penumbra, Gina não pode ver sua expressão – Você irá como minha esposa. Retornara a St. Martin como minha mulher.
- E Robbie? O que...
- Você é minha esposa, e conseqüentemente Robbie será meu filho. Nada deixará meu pai mais feliz que essa situação.
- Mas...
- Nós sabemos que isso não é verdade, pois você nunca poderia ter tido um filho meu, não é? – ele continuou, grosseiro. – Porem, ninguém sabe disso em St. Martin. Até Mike Peters pensa que nosso casamento se consumou. Nunca pude entender como você o convenceu: ele era seu amante e nem se importou quando você se casou comigo... e também não exigiu nada de você...
Gina permaneceu calada. Harry continuou, mudando rapidamente de assunto.
- Quantos anos tem a criança?
- Cinco. Robbie tem quase cinco anos. – Sua boca ficou seca e percebeu que Harry estava fazendo as contas.
- A criança de Mike, a criança que você já sabia estar a caminho quando se casou comigo... – disse Harry, pensativo. – Vá para o inferno Gina! – Abriu a porta com ódio e saiu.
Só depois de muito tempo é que Gina conseguiu se mexer. Esfregando o pulso dolorido, subiu automaticamente para o quarto de Robbie. A inocência e a pureza nas feições da criança adormecida fizeram com que ela sentisse um aperto no coração. “A criança de Mike”, dissera Harry. Acusando-a sem perdão.
Mas Robbie não era filho de Mike, e sim de Harry, embora ele jamais tivesse acreditado nisso, e nem acreditasse que ela havia pertencido a ele!
Somente mais tarde Gina notou que Harry havia esquecido as luvas sobre o sofá da sala. Uma sensação de derrota e desanimo tomou conta de seu coração ao toca-las. Enquanto se preparava para dormir, pensava que Harry jamais deveria ter voltado!
Gina descobriu que amava Harry quando tinha dezesseis anos: o ano em que sua mãe morrera e que Tiago a levara para casa. Ela ainda se lembrava nitidamente de sua chegada a St. Martin. Haviam voado até Santa Lucia, e de lá foram até seu destino em um pequeno avião, que fazia a viagem de uma ilha a outra em vôo raso, sobre as águas azuis do Caribe, aterrissando num pequeno campo de pouso perto da casa de Tiago.
Naquela época, era Tiago e não Harry quem cuidava dos complicados interesses da família, incluindo a cadeia de luxuosos hotéis que possuíam no caribe. Entretanto, em St. Martin não havia hotéis somente a casa Grande de estilo colonial, construída no apogeu dos ricos ano da cana-de-acucar, no século XVIII.
Assim que desceu do avião, amparada por Tiago, e pusera os pés na ilha, Gina teve o mesmo prazer que havia sentido quando fora pra lá assitir ao casamento de sua mãe com Tiago. Era um sentimento tão profundo de voltar para casa, que por alguns segundos aplacou a dor de ter perdido a mãe.
Mama Case, a velha empregada que dirigia a casa fora a baba de Tiago e mais tarde de Harry, abrira os braços para Gina, que correra a seu encontro. Fora um retorno cheio de emoções: a mãe de Gina fora mais querida entre os empregados da casa do que a mãe de Harry, uma dama francesa que sempre conservara a sofisticação de Paris.
Muito mais tarde, quando já era adulta e mãe, foi que Gina pensou na possibilidade de Harry ter se ressentido por sua mãe substituir a dele na Casa Grande e no coração de Tiago. Porem, se isso aconteceu, ele nunca demonstrou.
Harry era bastante crescido para aceitar a mãe de Gina como sua madrasta quando ela se casou com seu pai, mas não, não teve por ela a mesma afeição calorosa que Gina sentia por Tiago. O pai de Gina havia morrido quando ela tinha seis meses de idade, de meningite. E Gina sempre sentiu que o amor de sua mãe por Tiago era bem maior do que o amor por seu pai.
Compartilhando de uma tristeza mutua, era natural que ela e Tiago ficassem mais próximos um do outro, e foi preciso que Mama Case lhe chamasse a atenção, pois, sem querer, estavam ambos excluíndo Harry da convivência familiar.
- Tiago é pai dele também – alertou-a Mama Case – E esse menino queria muito bem a sua mãe, srta. Gina.
Depois disso. Gina sempre se esforçava para incluir Harry nas conversas. Todas as noites, após o jantar, dava um jeito de deixar pai e filho sozinhos para que pudessem conversar mais a vontade.
Foi numa noite em que estava na varanda, balançando-se numa rede onde sua mãe gostava de ficar, e com o rosto molhado de lagrimas pelas lembranças, que Gina descobriu que Harry havia percebido seu plano. Tinha sido um dia muito difícil e tenso. Durante o jantar, Tiago se mostrara irritado com o filho e ambos discutiram. Harry queria modernizar alguns hotéis, e Tiago, mais conservador, não concordava.
- você não pode viver no passado para sempre, papai, e nem pode ficar eternamente de luto! – Harry protestou de modo brusco.
Gina deixou a sala sentindo pena dos dois: de Tiago, cujos sentimentos ela conhecia tão bem e de Harry, que era muito mais que um enigma para ela.
Harry possuía um sorriso que tinha o poder de mexer com ela por dentro, a ponto de provocar-lhe uma dor inexplicável. Seu corpo bronzeado sempre fazia acelerar seu coração. Gina sempre tivera consciência de que a presença de Harry a perturbava. Adorava-o a distancia. E, se antes isso tinha sido uma simples admiração infantil, depois tornou-se alguma coisa diferente.
Na escola de Londres, as colegas estavam sempre conversando sobre namorados, mas Gina não tomava parte nessas conversas, ficando muitas vezes chocada com as descobertas das amigas. Desde que retornara a St. Martin, porem, tinha consciência de que observava Harry de maneira diferente. Seu corpo de músculos rijos a atraia, e quando o via sair da piscina, onde sempre nadava antes do café da manhã, sentia o rosto em chamas e evitava e evitava encará-lo.
Ficava assustada com seus pensamentos ao imaginar qual seria a sensação de tocar aquele corpo másculo e de ser beijada por Harry.
- Gina?
Ela pulou da rede quando viu Harry caminhando em sua direção, a camisa branca contrastando com sua pele bronzeada.
- Você está bem? Papai achou que talvez tivesse se aborrecido com nossa conversa.
Sua expressão irônica e a maneira como se apoiava na varanda, com os braços cruzados, fizeram-na perguntar:
- E você, pensou isso também?
- Não só se você for mais sensível do que a maioria das mulheres. Alem disso tem vindo para a varanda todas a noites após o jantar.
- Sei que gosta de conversar com seu pai sobre negócios – Gina respondeu, desejando decifrar a expressão dele tão claramente como lia a sua.
Aquela fora a mais longa conversa entre eles, desde que Gina voltara, exceto o dia em que Harry havia dito o quanto sentira a morte da mãe de Gina.
- Você é discreta – disse ele, com voz suave. – Acho que herdou essa qualidade de sua mãe, Gina. O que você pretende fazer de sua vida?
Era uma coisa em que ela ainda não havia pensado. Como se estivesse lendo sua mente, ele continuou:
- Você não terá dezesseis anos para sempre. Existe um mundo inteiro fora daqui e, se não experimentar pelo menos um pouco dele, mais tarde vai se arrepender.
- Mas você parece feliz aqui em St. Martin – Gina argumentou. Porem pelo tom de voz dele, percebeu que talvez não pudesse mais pensar em viver ali para sempre. Como um vento frio que passasse por ela. Compreendeu que não significava nada para Harry e nem para Tiago, que nunca a adotara legalmente, embora tivesse um dia mostrado intenções de fazer isso.
- Sou onze anos mais velho que você e já conheço o mundo. Alem disso, tenho compromisso aqui, e minha família...
- Esta bem, você não precisa me lembrar a toda hora que não pertenço a este lugar! – Gina interrompeu-o com uma raiva que jamais demonstrara. – De qualquer modo, não é você e sim Tiago quem vai dizer se posso ficar aqui ou não...
- E ele está muito ligado a você, porque você faz lembrar sua mãe. É isso que realmente deseja da vida? Ficar aqui, aproveitando a tranqüilidade do local? Se não tomar cuidado, isso poderá ser ruim para seu futuro.
Gina olhou para ele e Harry se irritou.
- Qual é o problema? Não acredita em mim? Dê uma olhada em volta. Veja as garotas nativas: a maioria já é mãe antes dos 15 anos. Como eu disse, a vida aqui é muito fácil.
Por que Harry estava tão ansioso para que ela deixasse St. Martin? Não seria possível que estivesse com ciúmes de seu relacionamento com Tiago...
- Harry... – disse, insegura, tentando vencer o ligeiro temor de sua voz.
- Gina! Harry!
Ambos se viraram quando ouviram a voz de Tiago. Gina concluiu que devia ter se enganado a respeito do olhar aborrecido que Harry lançou ao pai, parecendo desejar ficar a sós com ela.
Embora tentasse esquecer as palavras de Harry continuavam em sua cabeça. E era sobre isso que pensava numa clara manhã de sol enquanto caminhava pela praia, de short e camiseta, com as sandálias na mão, sentindo a brisa do mar nos cabelos.
- Ei, você ai! – ela parou de repente, quando um jovem apareceu a sua frente, com os cabelos claros caindo sobre os olhos. – Estou procurando o sr. Potter, é nessa direção? – ele perguntou alegremente, apresentando-se em seguida. - Mike Peters, as suas ordens, recém-chegado e recém-qualificado como medico, mandado para o hospital local, capaz de curar todas as doenças, alem de um cirurgião extraordinário! – anunciou, fazendo Gina rir, divertida.
- Estou voltando para casa e podemos ir juntos. Você é mesmo o novo medico? Tiago me disse que viria um, mas...
- Você esperava um velhote de barbas brancas e não este rapaz jovem e simpático, não é? Não diga a ninguém,, mas nem mesmo eu acredito. Tantos anos de estudo! Ainda tenho medo de que alguém me tome o diploma e diga que foi um engano. Puxa! – exclamou quando viu a casa pela primeira vez. – É realmente maravilhosa!
Sentindo-se a vontade, Gina concordou em lhe fornecer explicações sobre a historia da ilha. Estavam atravessando o gramado quando Harry saiu de casa e olhou para os dois contrariados.
- Harry, este é Mike, o novo medico. – Gina apresentou o recém-chegado, sem entender por que Harry estava irritado.
- Gina, meu pai está perguntando por você – disse Harry e se afastou.
- Educado ele, não? – caçou Mike – Desculpe, não tinha o direito, ele é seu irmão...
- Ele é filho do meu padrasto – Gina explicou com naturalidade, sem entender o sorriso malicioso de Mike. Ficou ainda mais confusa quando ele acrescentou.
- Ah, sei o seu irmaozinho de criação! Sendo assim, acho que devo ir embora. Você poderia me ensinar como se volta para a vila? Sai só para dar uma volta voltinha. Estão me esperando no hospital e alguem pode precisar de mim.
- Billy pode levá-lo de volta. Se papai nao estiver precisando de mim, posso ir com você.
- Não tem nenhum cliente para atender, Mike? - Nenhum dos dois havia visto Harryl se aproximar. Sua voz hostil e a expressão fechada deixaram Gina intrigada.
Pouco depois de Mike haver partido para a vila com Billy, ela se virou para Harry contrariada:
- O que estpa havendo com voce, Harry? Coitado do Mike, ficou sem graça.
- Por que voce esta se preocupando tanto com ele? Voce mal acabou de conhecê-lo - Harry respondeu com grosseiria. - Ora Gina, voce não aprendeu na sua escola sofisticada de Londres que não se deve mostrar tanta intimidade com estranhos?
- Voce quer dizer, nao aceitar caronas ou balas de pessoas estranhas? – Gina retrucou irritada. - Harry, tenho dezesseis anos e não seis, como voce parece pensar, e era evidente que Mike...
- O que é isso, Gina, não seja ridula! Voce ficou atraida pelo fisico daquele garotão. E qualquer um poderia dizer, pelo jeito daquele idiota, que ele estava mais do que interessado em voce. Tambem, não é a toa... Vestida desse modo, é como se voce estivesse se oferecendo!
Gina não queria chorar. Nao ia dar essa satisfação a Harry. Não havia nada de errado com suas roupas uma camiseta branca e um short jeans, improvisado de uma calça velha, que usava sempre pois era pratico e confortavel...
- Como pode dizer isso? Voce tem uma mente pevertida, Harry. Mike nem penssou nisso. Nos estavamos apenas conversando. Ele nem tentou me beijar!
- Nao tentou? Bem isso prova que é realmente um idiota e talvez esteja na hora de alguem corrigir isso! – Harry sorriu com ironia, aproximando-se rapidamente dela e segurando-a com dedos de ferro, sem que ela pudesse escapar. Gina sentiu a pressão dos dedos dele em sua pele, os musculos rijos do peito contra seu corpo, e a respiração irregular.
- Droga, Gina! - ele resmungou, quase colando os labios em seu ouvido, sem deixar de apertá-la com ferocidade. - Por que meu pai teve que complicar as coisas fazendo com que voce voltasse para cá?
Gina quis protestar, pedir que ele soltasse, mas uma estranha fraqueza foi se apoderando dela, espalhando-se por suas veias. Sua pulsação aumentou e, atordoada, tentou conter o impulso de acariciar aquele peito bronzeado que se mostrava atraves da abertura da camisa branca.
- Gina... - Harry pronunciou o nome dela como se a odiasse. E então, ela sentiu a subita pressão da boca de Harry sobre a sua, numa intimidade que lhe tirava o folego - Abra a boca. Gina! - ele murmurou, esfregando gentil e insistentemente o rosto no dela.
Completamente aturdida, Gina obedeceu e sentiu o contato sensual da lingua de Harry em sua boca.
Um impulso instintivo a fez colar o corpo ao dele, e uma onda de fraqueza apoderou-se dela, deixando-a chocada pela intensidade.
Tentou recuar com um movimento brusco e Harry imediatamente a soltou. Ela saiu correndo para a sombra refrescante da varanda, incapaz de pronunciar uma palavra. O que havia acontecido com ele? E ela, por que não conseguia se controlar? Afinal, eles eram praticamente irmãos!
Tremendo apesar do calor tropical, dirigiu-se como sonambula para dentro da casa vazia. Sentiu, com um tremor no coração, que por um breve momento quisera se abandonar inteiramente e ser parte dele...
Com um gemido de desespero, tapou os ouvidos. Nao queria ouvir a voz de seu proprio coraçao dizer-lhe que ela havia desejado fazer amor com Harry...
Harry, que jamais demonstrara qualquer afeiçao por ela, Harry, que ela sabia ter muitos amores, que era vivido e experimentado... Ele certamente partiria seu coração se ela fosse tola para deixar que ele percebesse, por um segundo sequer, o quanto a pertubava...
Passou a mão nos labios doloridos, que ainda guardavam a sensaçãop dos beijos ardentes de Harry. Havia estado alheia a tudo, sentindo apenas aquela estranha e imperiosa necessidade de se entregar aquele homem. Pensou em voltar a varanda e enfrentá-lo. Como ele ousava tratá-la assim!
"Você é uma hipócrita, Gina! Não se engane, você gostou, e muito. Era exatamente isso que queria”. Pensou com desespero. Sentiu-se desamparada e sem coragem. Harry era muito mais forte que ela, em todos os sentidos, e ela poderia facilmente se tornar um boneco nas mãos dele.
Não tinha ninguém a quem recorrer. Mama case era bondosa porem era uma alma simples demais. Não podia fazer confidencias a Tiago, não tinha esse direito. Por mais que a amasse, Tiago era o pai de Harry. Desamparada, não conseguia conter as lagrimas.
Sem saber o que fazer, correu para seu quarto, batendo a porta violentamente. Lavou os olhos inchados com água fria e esfregou os lábios com força, numa tentativa de esquecer aqueles beijos selvagens.
Chocada com a incoerência de seus pensamentos e com as inesperadas reações de seu corpo, atirou-se na cama soluçando. E foi nesse desespero de corpo e alma que adormeceu.
- O jovem médico telefonou para você outra vez, Gina - disse Tiago, divertido, após o jantar, dias mais tarde. Ele quer levá-la para passear de barco.
- Gina não vai velejar com Mike. Esses tolos pensão que, só porque as águas do Caribe parecem calmas e serenas, é muito fácil velejar aqui - retrucou Harry antes que Gina pudesse responder.
- Ele está certo – Tiago concordou. vendo a decepção surgir nos olhos de Gina. - Essas águas podem ser perigosas. Se está com vontade de Velejar, por que não vai com Harry? - E, dirigindo-se ao filho, perguntou: - Você estava querendo ir a Santa Lúcia, não é?
- Mas esse não é o tipo de passeio para o qual eu quisesse companhia, pelo menos a de Gina - intrometeu-se Harry, novamente. Planejei ir me encontrar com Cho Chang.
Cho Chang! Gina sentiu Uma pontada no coração. Era a moça com quem Harry mais saía: uma chinesa impulsiva, que morava em Santa Lúcia e que já havia visitado St. Martin várias vezes. Seu tio era o advogado de Tiago e ela era dona de uma butique sofisticada no outro lado da ilha, Gina sabia que Tiago se preocupava com o relacionamento de Harry e Cho. Ele nunca escondera seu sonho de velo casado, com filhos, mas não com uma mulher como Cho, que já tivera muitos casos e que não fazia segredo de sua vida liberal.
- Agredindo-me dessa maneira, você acha que quero ir com você?! – Gina comentou, irritada. - Desde que cheguei aqui.você tem agido assim comigo!
- Bem, pelo menos ísso é sinal de que você me notou, não é, menininha? - zombou Harry, sem Se importar com o olhar contrariado de Tiago e com a raiva de Gina. - Bem.. . - Harry se levantou para sair da sala. - Tenho que telefonar pára o hotel em Santa Lúcia.
- Não ligue para ele, Gina. Não sei o que está acontecendo com Harry ultimamente – Tiago falou com delicadeza.
- Ele tem sido muito grosseiro comigo. Até com Mike... - desabafou Gina, tentando não se lembrar das sensações que a invadiram quando estava nos braços de Harry.
"Não posso estar apaixonada", pensou, "sou muito criança para amar alguém, e especialmente Harry!"
- É verdade? De que modo? - perguntou Tiago, preocupado.
- Ah, Harry me disse palavras grosseiras porque eu estava passeando na praia com Mike. Só faltou acusá-lo de ser um provável violentador de mulheres. - Gina estava indignada. - Eu... - Ficou vermelha ao se lembrar da pressão da boca de Harry em seus lábios.
Felizmente Tiago não percebeu. Ele parecia perdido em seus próprios pensamentos.
- Bem... - ele disse, por fim. - Apesar do que Harry falou, acho que seria uma boa idéia você ir a Sta Lúcia com ele. Você está precisando comprar algumas roupas novas... - E deu uma olhada para a camiseta e o short de Gina.
- É, eu sei que estas roupas são indecentes. Harry já me disse isso.
- Ele disse isso? Não é bem o que eu acho, realmente. Você está é precisando comprar algumas roupas novas de verão. Mama Case me disse que você não é mais uma criança e, olhando-a agora, vejo que ela tem razão.
- Parece perda de tempo e dinheiro você me comprar roupas novas, já que Harry quer que eu volte para a Inglaterra. - Gina murmurou, lembrando-se das palavras de Harry que não saíam mais de sua cabeça.
- Minha querida... - Tiago levantou-se e segurou-a pelos ombros. - Eu ainda sou o dono de St. Martin, e não vou deixá-la partir, a menos que você queira ir. Ignore Harry, ele tem seus próprios problemas. - Um sorriso apareceu em seu rosto. - Vá a Sta Lúcia com ele e compre muitas roupas bonitas para você. Ele irá visitar nossos hotéis lá, e será uma boa idéia você ir junto. Você está crescendo depressa e logo terá dezessete anos: está na hora de começar a viver no mundo dos adultos.
A idéia era excitante, mas Gina achou que Harry não concordaria.
Desde que haviam se beijado, tudo mudara. Aquele beijo fora uma maneira de Harry castigá-la pelo seu comportamento. Mas o castigo fora bem maior do que ele poderia imaginar: pela primeira vez, Gina percebia que o amor não era aquele mundo cor-de-rosa com que sempre sonhara.
Continua...
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