Capitulo 3



Quando saiu para a rua sentia-se estranhamente enjoada e atordoada, mas ignorou a sensação, seguindo para uma das grandes lojas de depar­tamento ali perto. A garota encarregada do balcão de cosméticos franziu os lábios e a estudou com um ar pensativo quando ela lhe disse o que queria.


 


—  Batom vermelho... sim, definitivamente batom vermelho. Com sua boca ficará sensacional. O visual deste ano é pele clara, então você está com sorte, mas teremos de fazer algo para realçar seus olhos.


 


Meia hora depois, Gina terminou de receber seus cuidados e lutou contra o impulso de deslizar a língua pelos lábios e remover a camada de batom pegajoso que parecia ter alguns centímetros de espessura.


 


Ao passar por um espelho olhou-se outra vez, mal se reconhecendo na criatura de cabelo armado, olhos azuis pintados e lábios carnudos, vermelhos e brilhantes.


 


Assexuada?, perguntou a si mesma ao subir pela escada rolante até o departamento de roupas. Ignorou com firmeza a seção onde normalmente teria feito suas compras, dirigindo-se, em vez disso, para as roupas mais "modernas".


 


—  As minissaias voltaram à moda — a assistente comentou quando Gina lhe explicou que queria um vestido para festa. A moça disse tam­bém que tinha sorte por ter pernas torneadas para usar saia curta e o corpo perfeito para o deslumbrante vestido justo em crepe de seda púr­pura, o qual ela assegurou a Gina ser o ideal para qualquer garota que quisesse ser levada a sério.


 


A mesma onda furiosa de amargor que a levara ao salão de beleza a levou de volta para casa com as compras e sua nova imagem, determinada a provar a Jonathan o quanto ele estava errado a seu respeito. Ao che­gar lá, descobriu que tinha o apartamento apenas para si.


 


As compras haviam demorado mais do que previra, e tinha tempo ape­nas para um banho rápido e comer alguma coisa.


 


Apesar de todo seu cuidado, o banho pareceu deixar seu cabelo com um aspecto ainda mais desalinhado e armado do que estivera ao deixar o salão. Fitou-o com incerteza, imaginando se talvez a permanente não havia sido uma mudança drástica demais, e então, determinada, se for­çou a lembrar dos comentários cruéis de Jonathan a seu respeito. Nin­guém que a visse agora a acharia assexuada, acharia? Ela olhou... e olhou... Um pouco desconfortável, concluiu que não sabia ao certo o que parecia, apenas que não era realmente ela mesma.


 


Precisou de mais de uma hora e várias tentativas infrutíferas antes de conseguir reproduzir alguma coisa parecida com a maquiagem aplicada com arte pela vendedora. O lápis azul certamente realçava seus olhos de maneira extraordinária, porém ela ainda não tinha certeza se tanto batom...


 


Forçando-se a lembrar com determinação do porquê daquilo tudo, ignorou seus próprios sentimentos de desconforto e se arrumou com o vestido novo. Era estranho como algo tão insubstancial podia fazer seu cor­po esguio parecer tão voluptuoso, mesmo achando que púrpura não era sua cor.


 


Estava pronta.


 


Até mesmo o motorista do táxi, o qual chamara por telefone para levá-la à festa, olhou outra vez quando ela abriu a porta. Gina ergueu um pouco mais o queixo e lhe lançou um olhar que esperava que fosse frio.


 


Mal podia esperar até que Jonathan a visse; Então ele a achava insípi­da, não? Insípida, maçante e assexuada... Bem, naquela noite o faria la­mentar cada uma daquelas críticas maldosas.


 


Apenas quando pagava o motorista diante do hotel e viu suas colegas de trabalho chegando em grupos, ou pior, aos pares, percebeu que a me­lhor maneira de mostrar a Jonathan o quanto estava enganado a seu res­peito seria entrar na festa com outro homem... Mas o problema era que não conhecia nenhum, não em Londres, e certamente nenhum dos ami­gos de sua cidade era pareo para Jonathan.


 


Ele era tão bonito, tão sofisticado, tão charmoso... Um charme que não significava nada, forçou-se a lembrar com amargor, ignorando o olhar espantado de reconhecimento de uma das garotas da seção de datilografia que se aproximava da entrada principal do hotel no mesmo momento em que ela avançava naquela direção.


 


—  Gina? É você, não é? Meu Deus! Isso é... Isso é uma peruca? — a colega indagou com incerteza.


 


—  Não, fiz uma permanente.


 


Jamais gostara particularmente de Lisa; outra loira como Susan Hod-ges. Ela ergueu o queixo com um ar desafiador ao ver a maneira como a outra garota estudava sua aparência. O acompanhante da loira tam­bém a fitava, de uma forma com a qual não estava familiarizada, e que a fez sentir-se desconfortável e apreensiva, mas ignorou as sensações, concentrando-se em vez disso na crueldade das palavras que ouvira na­quela manhã.


 


O saguão estava cheio de gente entrando e saindo, e um quadro ao lado da mesa da recepção indicava em qual salão acontecia cada evento, portanto foi fácil para ela encontrar o caminho até a festa.


 


A iluminação suave do salão a fez piscar um pouco ao entrar. Mesas individuais haviam sido dispostas ao redor da pequena pista de dança, e Gina avançou rápido para uma ocupada por algumas das garotas da seção de datilógrafas. Todas comentaram sobre sua mudança de aparên­cia, mas apenas uma foi rude o bastante para observar que estava sur­presa por vê-la chegar desacompanhada.


 


—  Pensei que você viria com Jonathan — acrescentou com crueldade. Agora Gina ficou contente com a suavidade das luzes. Virou o rosto e deu de ombros, fingindo desinteresse. Mas desinteresse foi na verdade a última coisa que sentiu quando Jonathan entrou de braços dados com Susan.


 


Os dois pareceram levar muito tempo para atravessar o salão. Jona­than não olhou uma vez sequer em sua direção, Gina notou desanima­da, mas Susan certamente o fez, arregalando um pouco os olhos ao per­ceber sua aparência mudada.


 


Que olhasse, Gina pensou com espírito desafiador, erguendo a cabe­ça para agitar o cabelo. Que os dois olhassem...


 


Estava determinada a fazer Jonathan engolir suas palavras antes que a noite terminasse, embora ficasse cada vez mais óbvio para ela que, se desejava mesmo alcançar aquele objetivo, precisaria que algum outro ho­mem lhe desse atenção, deixando claro que não a considerava nem insí­pida nem assexuada. E não podia ser qualquer um. Tinha de ser um tipo especial de homem, o tipo que...


 


Gina arregalou os olhos, perdendo o fôlego, ao fitar o homem que acabava de entrar no salão. Diferente dos outros convidados, que, sem exceção, usavam trajes formais, ele estava vestido de maneira casual, a camisa azul-claro aberta no pescoço, o jeans moldando-lhe os quadris.


 


—  Nossa! Olhem só para aquilo! — uma das outras garotas à mesa comentou com uma risadinha de aprovação. — Imagino de onde ele saiu...


 


—  Quem sabe? Mas pode ter certeza de uma coisa. Não vai ficar mui­to tempo... não vestido assim.


 


—  Quer apostar? — uma terceira garota comentou num tom seco. — Acontece que ele é um de nossos clientes mais importantes. Sabia que havia sido convidado, mas creio que ninguém achava realmente que viria...


 


Atrás de Gina as garotas estavam rindo e conversando agitadas a res­peito da beleza do recém-chegado, porém ela não prestava muita atenção.


 


Um garçom se aproximou com uma bandeja de coquetéis de champa­nhe e, embora não costumasse beber, Gina pegou um e bebeu tudo num único gole. O champanhe fez cócegas em sua garganta e a fez tossir um pouco, mas a deliciosa sensação de calor que se espalhou por seu corpo em seguida era inegavelmente agradável. Sentia-se melhor, também... mais forte, mais autoconfiante, mais determinada que nunca a mostrar a J-nathan como estava enganado a seu respeito.


 


Preferiu ignorar a ligeira tontura que a invadiu ao levantar-se para acei­tar um segundo coquetel de outro garçom. Era apenas nervosismo, disse a si mesma com firmeza. Apenas seus nervos... Afinal, ninguém, nem mesmo alguém que nunca bebia, conseguia se embriagar com dois co­quetéis de champanhe, conseguia?


 


Urna das garotas se levantou e anunciou que ia até o bar. Quando per­guntou a Gina o que ela queria beber, incerta sobre o que pedir, ela se apressou a repetir o pedido da colega sentada a seu lado, embora não soubesse ao certo do que se tratava.


 


Quando as bebidas chegaram, o gosto amargo da sua era estranho, en­tretanto as boas maneiras a fizeram esvaziar o copo.


 


Jonathan e Susan não estavam sentados com os pais dele, Gina, ator­doada, notou ao procurá-los pelo salão com o olhar. Na verdade, Jona­than estava conversando com o homem de jeans, enquanto Susan sorria de maneira afetada. Ele era, Gina reconheceu, muito mais bonito que Jonathan. Também era muitíssimo mais viril, e um pequeno e delicioso arrepio percorreu seu corpo ante a idéia de se sentir apertada contra aquele peito largo e forte, de ser tocada por aquelas mãos tão másculas.


 


Sem nem sequer pensar no que estava fazendo, Gina se levantou, ig­norando o torpor de sua mente e a estranha fraqueza nas pernas. Cami­nhou com passos incertos pelo salão e, ao se aproximar da mesa, viu a maneira possessiva como Susan agarrou o braço de Jonathan, estreitan­do os olhos e enterrando as unhas vermelhas na manga do paletó dele.


 


Jonathan a vira agora. Percebeu o choque em seu olhar ao fitá-la, e no mesmo instante uma onda de prazer e triunfo a invadiu. Sorriu para ele com um ar provocante... o mesmo tipo de sorriso que já vira Susan usar tantas vezes, e então balançou a cabeça, fazendo o cabelo esvoaçar. O movimento a fizera sentir-se um pouco enjoada, percebeu com des­conforto.


 


— Oi, Jonathan. — Ela ignorou Susan, aproximando-se dele para que pudesse olhar direto no rosto do belo desconhecido de jeans. — Gosta­ria de dançar?


 


Pôde ver o choque na expressão de Jonathan, ouvir o ultraje na bufa­da de Susan, mas não se importou. Por que deveria? Ela mostraria a Jo­nathan o quanto estava errado a seu respeito; ia mostrar-lhe que era de­sejável, sexy... que os homens a queriam.


 


O estranho a estava fitando agora, uma expressão indecifrável no olhar. Por um momento, enquanto a estudava, seu olhar endureceu e se tornou tão frio que ela se encolheu, com lágrimas ameaçando embaçar-lhe a visão.


 


Em meio à névoa com a qual o álcool e a infelicidade a envolviam, per­cebeu que, apesar de todos seus esforços, ele não a achava atraente, que ia na verdade rejeitá-la. Gina levou uma das mãos ao rosto, num gesto defensivo, e começou a recuar, corando de sentimento de culpa e humilha­ção. Contudo, antes que pudesse se afastar, ele estendeu uma das mãos e a segurou pelo pulso. Gina olhou para a mão com espanto e confusão. Nunca imaginara que fosse possível para um homem segurá-la com um to­que tão leve e ao mesmo tempo de maneira tão firme. Ele não exercia a menor pressão em sua pele, entretanto sabia que se tentasse se afastar aque­les dedos finos se fechariam ao redor de seus ossos como tenazes.


 


O choque clareou sua mente entorpecida pelo álcool, e ela fitou-lhe os olhos, vendo o brilho implacável e determinado. Estupefata demais para resistir, permaneceu onde estava, o es­panto seguindo o choque quando se perguntou por que se sentia como se de repente tivesse avançado um passo além da borda do planeta.


 


Seriam os coquetéis de champanhe? Levou a mão livre ao estômago com apreensão ao ouvir seu captor murmurar com frieza para Jonathan:


 


—  Por favor, nos dê licença. Parece que a dama quer dançar. Apesar de não perceber nenhum traço irónico de ênfase em sua voz,


 


Gina ainda assim corou ante o som da palavra "dama".


 


"Damas" não se vestiam como ela naquela noite, não usavam o tipo de maquiagem que ela se aplicara, e com certeza não abordavam estra­nhos e os convidavam para dançar.


 


Gina hesitou um pouco, louca de desejo de fugir não apenas de seu captor, mas da situação toda que criara. Então olhou para Jonathan e viu a maneira transfigurada como a fitava, e também viu em seus olhos um misto de raiva e cautela. Estava aborrecido porque ela ia dançar com outro, reconheceu de imediato, e não estava apenas zangado, também tinha medo de dizê-lo... medo de desafiar aquele homem parado a seu lado e reclamando o direito de dançar com ela.


 


De repente percebeu que Jonathan se encontrava, senão enciumado, com certeza ressentido com a presença do outro homem a seu lado.


 


Estava funcionando, ela reconheceu com um tremor. Sua aparência, afinal, não era o desastre que começara a imaginar; não podia ser, se fazia Jonathan vê-la como uma mulher desejável, alguém que ele não queria ver dançando com outro homem.


 


Uma intensa satisfação a dominou. Virou-se e deu um amplo sorriso para seu captor, que voltou a arregalar os olhos antes de se virar para Jonathan e depois para ela outra vez.


 


—  Até já — ele murmurou para Jonathan.


 


E então, sem que Gina soubesse como acontecera, se viu na pista de dança, envolta por aqueles braços fortes, movendo-se ao ritmo da músi­ca lenta e hipnótica.


 


Na verdade, a maneira como ele a abraçava era tão confortante e segu­ra, e o calor agradável vindo de seu corpo a fazia sentir-se tão aquecida, que Gina se sentiu quase tentada a fechar os olhos e... Ela bocejou com suavidade, e quase tropeçou ao errar um passo. No mesmo instante o estranho apertou o abraço para segurá-la.


 


—  Acho que o lugar mais apropriado para você neste momento seria uma cama, não uma pista de dança — ele murmurou junto a seu ouvido.


 


Entorpecida, Gina afastou a cabeça de seu ombro e o encarou. Acon­tecera, da forma que ela previra. Os homens não se importavam com o tipo de pessoa que a mulher era... apenas com sua aparência. Essa era a verdade, caso contrário por que aquele homem, que nunca a vira an­tes, estaria lhe dizendo que queria ir para a cama com ela, quando, em todos os meses que trabalhara na seção de datilografia, apenas Jonathan a convidara para sair, e mesmo assim não lhe fizera realmente nenhuma proposta sexual? E ela sabia o motivo. Porque ele a achava assexuada e insípida... Bem, se ele apenas tivesse ouvido o que aquele homem lhe dissera, mudaria de opinião.


 


Uma sensação de triunfo a invadiu, envolvendo-a com um delicioso calor que, aliado ao álcool que consumira, teve um efeito eletrizante em seus sentidos e reações.


 


—  Bem, se é isso que quer — ela murmurou um tanto ofegante —, e se tem certeza de que não se importa em ir embora tão cedo...


 


—  Ir embora?


 


Gina franziu a testa ante a aspereza do tom dele, sua expressão con­fusa ao encará-lo.


 


—  Você mora muito afastado da cidade? — indagou com educação. — É que tenho de trabalhar amanhã cedo, e...


 


—  Gina, por que não vem se juntar a mim e Susan?


 


Ela franziu ainda mais a testa ao perceber que a música terminara e que Jonathan estava parado perto deles. Nem sequer o vira deixar a me­sa, muito menos se aproximar. Mesmo sem saber que o fazia, recuou quan­do ele estendeu uma das mãos para tocá-la, instintivamente se apertan­do contra seu parceiro.


 


Como olhava para Jonathan, não percebeu a expressão rápida que cru­zou o rosto do outro homem enquanto ele observava o desenrolar dos acontecimentos.


 


Uma adolescente embriagada, oferecendo-lhe o corpo, era a última coisa que queria no momento. E, apesar de toda a maquiagem e daquele ca­belo impossível, ela parecia não passar de uma criança. Se a deixasse em seu estado atual, porém, a estaria deixando à mercê de Jonathan ou de outro de seu tipo. Curvou os lábios num sorriso cínico. A garota podia ser uma pequena idiota, mas definitivamente não merecia aquilo.


 


—  Tarde demais, eu receio, Jonathan — ele interrompeu com suavi­dade. — Acontece que Gin e eu estamos de saída...


 


Gina o encarou com um ar espantado. Ele a chamara de Gin. Ape­nas sua família e amigos de sua cidade a chamavam assim... e dissera que estavam de saída... Não havia mais necessidade, não agora que Jo­nathan estava ali e a queria, mas, antes que pudesse dizer qualquer coi­sa, ele a segurou pelo braço e a levou com firmeza através do salão, dei­xando Jonathan para trás.


 


—  Você tem um casaco? — ele quis saber quando chegaram à porta. Gina balançou a cabeça com um ar atordoado.


 


—  Pena... — pareceu ouví-lo dizer quando fitou-lhe o vestido.


 


—  Jonathan — ela protestou num tom rouco, tentando se virar.


 


—  Esqueça dele. Ele não serve para você. Agora venha, vamos embo­ra daqui.


 


Um pequeno tremor de medo percorreu-lhe o corpo. O estranho esta­va obviamente impaciente para fazer amor com ela... Sentiu um cala­frio. O que estava fazendo, indo embora com aquele estranho? E se...


 


Mas se ela voltasse desacompanhada agora, Jonathan saberia que ti­nha razão, que ela era maçante, insípida... e assexuada.


 


Seu captor a levou para o estacionamento subterrâneo, ainda segurando-a pelo braço ao abrir a porta de um brilhante Jaguar conversível, quase jogando-a para dentro, e então fechando-lhe o cinto de segurança e a porta antes de dar a volta no carro e sentar-se ao volante.


 


O carro exalava cheiro de couro, e de algo mais... algo estranho e exci­tante. Gina levou vários segundos para perceber que o perfume era de­le. E quando percebeu, corou e estremeceu, fazendo-o franzir a testa ao fitá-la e indagar:


 


—  Olhe aqui, você não vai vomitar, vai? Porque, se for...


 


Ela balançou a cabeça. Sentia-se mesmo ligeiramente enjoada, e sua cabeça doía bastante, mas tinha certeza de que não ia passar mal. O que realmente queria, reconheceu quando ele saiu do estacionamento para a rua, era dormir.


 


Logo aquele pensamento se formou em sua mente, encostou a ca­beça no apoio do banco e fechou os olhos.


 


—  Certo, agora, se me disser onde mora...


 


Silêncio. Harry franziu a testa e desviou o olhar da rua para sua passa­geira, sua expressão se tornando severa ao perceber que ela se encontra­va completa e profundamente adormecida. Que estava, aliás, dormindo como a criança que era. Quanto ela bebera? O suficiente para transformá-la num perigo tanto para si mesma como para os outros. Se tivesse al­gum juízo a teria deixado na festa. Alguém lá se certificaria de que ela chegasse em casa em segurança; ou não?


 


Ele tinha de tomar um avião cedo na manhã seguinte, e a garota era realmente um problema adicional, do qual não precisava. Na verdade, ele possuía um senso de responsabilidade superdesenvolvido; e suspeitava que a causa fosse suas três irmãs mais novas.


 


Franzindo outra vez a testa, reconheceu que era tarde demais para fa­zer meia-volta e deixá-la na festa outra vez, especialmente com um lobo como Jonathan Hendry andando por lá. O mais razoável seria levá-la para seu apartamento, colocá-la na cama do quarto de hóspedes, e mandá-la embora logo cedo na manhã seguinte, antes de partir para Nova York. Ao despertar ela já deveria estar sóbria o suficiente para perceber o quanto seu comportamento havia sido potencialmente autodestrutivo.


 


Tentou acordá-la mais uma vez, sabendo de antemão que seria inútil. E tinha razão. Ela abriu os olhos e o fitou, mas os fechou em seguida, e Harry podia ver pela maneira como pendia mole em sua direção que ela já estava dormindo novamente.


 


 


 


Continua...


 


 


 


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