Distante



   O Sr. E a Sra. Granger chegaram pouco tempo depois, pelo que pode concluir através dos barulhos. Aparentemente, Hermione também estava trancada em seu quarto, pois ouviu vozes muito preocupadas comentarem ao passar pelo corredor:


    - Hermione está trancada no quarto e não quer sair – disse O Sr. Granger.


    - Harry também fez isso – pronunciou a senhora – Será que eles brigaram?


    - Não deve ser nada demais – tranqüilizou o homem.


    - É que eles pareciam estar em tanta harmonia... Não é por nada John, mas os dois se completam! – disse a Sra. Granger.


      Harry riu sarcasticamente diante daquele comentário. Também pensara isso, horas atrás. Mas a realidade de sua traição o forçava a acreditar no contrario.


       Contemplou o pomo de ouro com o qual a garota o presenteara, que estava pousado sobre seu suporte prateado. Ele a amava, sem sombra de duvidas. Mas seu orgulho não permitia tentar uma reconciliação. Ela não amava outro? Ótimo, então vá ser feliz com ele.


       O que mais lhe irritava era o fato de não poder evitá-la até chegarem a Hogwarts. Estava na casa dos pais dela, pelo amor e Merlin! “Maldita hora em que ela foi receber essa carta”, pensou ele.


        Olhou seu relógio de pulso. Já estava quase na hora do almoço. Suspirou, deprimido. Provavelmente não teria como evitar possíveis perguntas.


        Ainda demorou meia hora até Hermione bater a porta do seu quarto, chamando-o para almoçar. Harry pensou tê-la ouvido ir embora, mas ao abrir a porta a encontrou lá.


         - Ainda precisamos conversar – disse ela.


         - Não tenho nada para dizer a você – disparou Harry.


         - Mas eu tenho – disse a garota, parecendo séria. Mas depois sua verdadeira expressão se revelou. Ela suspirou, cansada. – Por favor, vamos parar com isso.


          - Já te disse que não quero conversa – repetiu o moreno. Por um instante, os olhos da garota se encheram de lagrimas, mas ela as conteve. Parecia abalada.


           Mesmo se odiando por fazer aquilo, deu a ela às costas e desceu até a cozinha. A Sra. Granger já colocava os pratos na mesa.


           - Precisa de ajuda, Sra. Granger? – ofereceu, tentando ao máximo não transparecer o que estava acontecendo.


          - Ah, Harry, claro... Você pode me ajudar com os talheres, por favor? E Hermione – acrescentou à filha, que se aproximava – Ajude-o.


          A morena lhe indicou uma gaveta. Lá dentro, pegou um punhado de talheres e distribuiu pela mesa. Apoiou sua mão na cadeira, sem perceber que Hermione fizera o mesmo.


          Por um instante, suas mãos se tocaram e ele se sentiu feliz. Porem, lembrando-se rapidamente do que tinha acontecido, afastou a mão depressa. Ela pareceu se magoar.


            - Não precisa se encolher ao menor toque – sussurrou, para que a mãe não os ouvisse. Ela então percebeu a expressão do garoto. – Está realmente chateado, não está?


            - Eu preciso de um tempo para pensar – respondeu, suspirando.


            - Isso não quer dizer nada. Você me odeia – disse Hermione, cabisbaixa. Por um segundo, Harry teve vontade de dizer que era impossível odiá-la, mas logo afastou esse pensamento. Preferiu dar a ela o benefício da dúvida.


           - Jane, dessa vez você caprichou – elogiou o Sr. Granger, adentrando na cozinha. A esposa sorriu.


            De fato, e fosse seu atual estado de espírito, a refeição o teria animado. A mulher serviu leitoa ao molho de maracujá com arroz a grega, alem uma salada mista de frutas com cerejas. Realmente, ela era quase tão jeitosa na cozinha quanto a Sra. Weasley.


             Harry comeu mais do que de costume, devido a sua mais recente expulsão de seu ultimo café da manhã. Quando já estava completamente satisfeito, elogiou por educação a refeição e retornou ao quarto.


            Hermione não o seguiu como achou que faria. De certa forma, sentiu-se agradecido por isso. Não queria mais brigar com ela. Após escovar os dentes, voltou a deitar na cama.


             Agora, a minúscula bolinha dourada voava alegremente pelo quarto. Harry observou-o chegar perto dele e rapidamente se afastar, como que para provocá-lo. Ignorou o gesto. Não estava com cabeça para aquilo.


             Ouviu atento três pares de pernas passarem pelo corredor e pararem próximos a porta. Ouviu vozes.


             - O que está havendo? – perguntou o Sr. Granger – Harry não sai do quarto e já percebi que você está muito triste. – o garoto rendeu a respiração e rezou para que ela não contasse o que está havendo.


             - Não... Nada – concluiu. Era possível perceber o tom de ansiedade em sua voz.


             - Minha filha, eu te conheço bem demais para saber quando está mentindo – disse a Sra. Granger. Harry ouviu, surpreso, um pequeno soluço.


             - O que ele te fez? – perguntou o homem, parecendo subitamente mais irritado.


              - Ele não fez nada! – exclamou Hermione. Ela chorava claramente agora – Eu... Eu é que fiz!


              Harry ouviu alguém correndo e uma porta se fechando com um estrondo. Sentiu-se mal por fazê-la chorar novamente. Tudo que queria era levantar e secar suas lagrimas, como já tinha feito tantas vezes. Mas ele não podia... Sacudiu a cabeça, tentando afastar aqueles pensamentos da mente. No momento seguinte, fortes batidas chegaram ao campo de audição do rapaz. Pressentindo exatamente quem era, não demorou a abrir.


              Dito e feito. Mal terminara de abrir a porta e um Sr. Granger parecendo extremamente raivoso adentrou no quarto.


             - Feche a porta, Harry – pediu ele, firme. Harry obedeceu e virou-se para encarar o homem.


              O homem estava sentado em sua cama, aparentando extremo cansaço. O encarava de uma forma séria, que impunha respeito. De repente, lhe ocorreu se não seria esse o motivo de Hermione ser tão “certinha”.


              - Escute – começou, em um tom um pouco mais leve – Não sou seu pai, nem nenhum tipo de parente seu. Não posso mandar em você. Você é maior de idade, então já se espera que tenha capacidade de escolher o melhor para você. Mas minha filha está sofrendo, e eu não sei por que. Por mais que eu possa não concordar, ela te ama. E está feliz. Bem, estava, até hoje – o Sr. Granger fez uma pausa.  – Você sabe o que houve?


               O coração de Harry falhou algumas batidas. E agora? Ele tinha duas opções. Mentir, dizendo que não sabia o que estava havendo... Ou dizer a verdade. É claro que essa opção também iria desencadear uma série de perguntas desagradáveis, alem de sugerir que a filha dele o traíra. O Sr. Granger provavelmente acreditaria que Harry estivera inventando tudo aquilo, e brigaria com o garoto.


               - Não sei o que está havendo com ela, Sr. Granger – disse, hesitando um pouco. O senhor o mirou desconfiado.


                - O curioso é que isso parece ter relação com você. Você ficou trancando a manhã inteira no quarto, ela também. Não vi vocês trocarem uma palavra desde que chegou aquela carta – Harry gelou ao ouvir aquilo, mas resolveu prosseguir.


                 - Não sei mesmo o que houve – reforçou o rapaz.


                 - Tudo bem – respondeu o Sr. Granger, levantando-se e encaminhando-se para a porta – Mas se eu descobrir que você fez algum tipo de mal a ela... Vai se arrepender.


                  O rapaz ficou ali, estático, enquanto absorvia as palavras do homem. Chegou à conclusão que o pai da morena não era exatamente um poço de gentilezas, ou de confiança. Voltou a deitar-se na cama, um pouco receoso. Cera de duas horas depois, a Sra. Granger o avisou que iriam voltar para Hogwarts no dia seguinte, às onze horas.


 


                   Na manhã seguinte Harry já tinha tudo pronto para partir. Estava vestido, suas malas feitas e sua varinha devidamente guardada em seu bolso. Eles saíram cerca de uma hora antes, para poderem chegar com tranqüilidade.


                   O Sr. Granger os levou de volta. Hermione teve de ir com ele no banco de trás, pois as duas malas não cabiam no porta malas. Isso gerou certo desconforto, e eles não trocaram uma palavra durante aquela viagem.


                    O pai da garota também permaneceu calado, ouvindo musica e assobiando sua melodia. Estava tão distraído que não percebeu quando um carro avançava o cruzamento.


                   O Sr. Granger freou repentinamente, fazendo uma curva para a esquerda e derrapando até o meio-fio, evitando por pouco que o outro carro se chocasse com eles. A parada foi tão violenta que arremessou Hermione de encontrou a janela, abrindo um profundo corte em sua cabeça.


                   - Estão todos bem? – perguntou o senhor, ofegante – Meu Deus, Hermione? Onde você bateu a cabeça?


                  Ela obviamente não estava apta para responder a aquela pergunta. O sangue escorria por sua face, chegando a manchar o colarinho de sua blusa. Ela parecia meio tonta, e estava pálida.


                  Harry, batendo de frente com seu orgulho, sacou a varinha. Soltou o cinto de segurança que usava e se aproximou da garota.


                  - Deixe eu ver isso – falou ele, segurando a cabeça da morena para dar mais firmeza.


                  - Achei que não quisesse falar comigo – sussurrou ela, molemente.   


            


                  - E não quero – disse, ríspido – Mas também não quero que morra com uma hemorragia. Vamos, chegue mais perto da luz.


                  O corte era profundo, como suspeitara. Usou um feitiço simples para fechá-lo, e outro para limpar o sangue de seu rosto. Quando se afastou, a garota já recuperava um pouco da cor.


                  - Obrigada – agradeceu, de má vontade. Harry apenas acenou com a cabeça.


                   - Estão todos bem agora? – voltou a perguntar o senhor.


                   - Acho que sim – respondeu Hermione.


                    - Tudo bem – disse Harry.


                    O moreno voltou a recostar-se no banco enquanto o carro voltava a rumar para a auto-estrada. Questionava-se intimamente do porque de ter feito isso. É claro que Hermione, sendo a bruxa que é, poderia facilmente resolver aquela situação sem sua ajuda. Mas uma preocupação distinta renascera em seu peito ao ver seu rosto sujo de sangue. Teve de se segurar para não fazer mais do que o necessário, e agir como se não se importasse realmente. O problema, ao seu ver, é que ele se importava. E se importava demais.

N/A: Quanto tempo faz mesmo? Alguns poucos dias? Pois bem. A justificativa para esse surto de inspiração repentina é o fato de eu estar decididamente atolada em casa essas dias. Saiu isso, e eu espero que gostem.
        A "coisa" desse cap é o seguinte: Harry está extremamente chateado com Hermione, ao mesmo tempo que seu orguho não permite ouvr mais explicações. Mas ele continua a se preocupar intimamente com ela, mesmo que sem querer. Era essa a ideia que eu tentei passar para vocês, e eu pretendo trabalha-la daqui para frentre. Espero que tenha conseguido. Se não, aqui está uma breve explicação dos fatos.
         Vcs já sabem, não sabem? Comentem, por favor. Há, e dêem uma olhada nas minhas outras fics, que estão beirando o esquecimento. Se quiserem, comentem lá tbm!
Bjos e até o cap 26! (putz, tah ficando mais longo do que eu esperava...) 

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