Ás escondidas
Na manhã de Natal, Harry levou algum tempo para acordar. Estava sonolento, mas incrivelmente feliz por tudo ter dado certo na noite anterior. Vestiu-se da melhor forma que pode e seguiu até o fim do corredor, onde ficava o quarto de Hermione.
Ele entrou sem fazer barulho e a encontrou dormindo em sono solto. Olhando em volta, deparou-se com um cômodo largo e claro, porem incrivelmente abarrotados de coisas. Tudo ali tinha o “toque Mione”, como chamou divertidamente. Uma janela no outro extremo do aposento mostrava o sol amanhecendo preguiçosamente. Logo ao lado de sua cama, em uma pequena bancada, Harry não se surpreendeu eu ver um exemplar de “Hogwarts, uma História”, o preferido da garota.
Hermione respirava profundamente, parecendo perdida em sonhos calmos e belos. Harry agachou-se a beira da cama, apenas para contemplá-la. Ela era definitivamente muito bonita dormindo. O moreno afastou delicadamente uma mecha de cabelos que estava sobre seus olhos fechados e acariciou com leveza sua pele macia. Nisso, a garota suspirou e se mexeu, acordando.
- Hum...Quem é...? Estou com sono... – disse ela, molemente.
- Desculpe – sussurrou o rapaz – Volte a dormir, ainda é cedo.
- Eu... eu estou com frio – disse, sem abrir os olhos. Harry mirou o fino lençol com o qual ela se cobria.
- Não é para menos. Está uns oito graus lá fora – disse o moreno, segurando a mão da amada.
- Está muito frio... – repetiu Hermione virando-se, desconfortável.
- Deixe que eu deite aí com você... para te aquecer – disse Harry, sem pensar. A idéia lhe ocorreu de repente, e o moreno não parou para pensar na possível enrascada que poderia estar disposto a entrar. Apenas caminhou até o outro lado da cama e deitou-se cuidadosamente ao seu lado.
A garota aninhou-se em seu peito e voltou a dormir profundamente. Harry acariciou por algum tempo uma das mãos em sua cabeça, a fim de confortá-la e proporcionar um sono tranqüilo. Por fim, acabou por adormecer também.
Acordou violentamente com batidas fortes na porta. Assustou-se e olhou para Hermione, que também acordava de uma forma um pouco mais tranqüila que ele. Mirou-o confusa, após se acostumar com a claridade do local.
- Harry? O que você está... – ela própria se interrompeu para escutar – Droga, acho que é meu pai – sussurrou, preocupada – Se ele te pega aqui...Rápido, em baixo da cama!
- Embaixo da... O QUE?! – disse, indignado.
- Você ouviu, e não grite – disse a morena – Anda, aí embaixo.
Com um suspiro, Harry virou-se e tratou de ficar o mais escondido possível. Era difícil ficar completamente ocultado, por isso rezou para que não reparassem em seus pés.
- Pode entrar! – gritou a garota, voltando a fingir que estava dormindo. Harry ouviu um rangido de porta e avistou os lustrosos sapatos do Sr. Granger.
- Filha, o que houve? Você nunca foi de dormir até tarde – disse o senhor.
- Ah, é que... Ontem, foi tudo muito bom, mas eu fiquei bem cansada – disse a garota, fingindo um bocejo.
- Claro, sem problemas – disse o Sr. Granger – Agora, você tem idéia de onde o Harry se meteu? Sua mãe foi ver o quarto e não o encontrou lá. Na verdade, não o encontramos em lugar algum.
Harry estremeceu e se encolheu mais em seu pequeno esconderijo. A morena mexeu-se incomodamente em cima da cama.
- Hum...vocês já olharam lá atrás, no jardim? – sugeriu ela – Pensando bem... Deixe que eu o procure. Vou me trocar e já trato de fazer isso.
- Tem certeza? Ok, ok, tudo bem. Vou deixar você se trocar – disse ele, aparentando uma leve insegurança. Mesmo assim, deu as costas e saiu, fechando a porta em seguida. Harry permaneceu por alguns segundos imóvel, para o caso dele voltar.
- Quer me explicar como é que você foi parar no meu quarto? – questionou Hermione, ajudando-o a se ajeitar.
- Eu acordei cedo e, bem... pensei em vir aqui – a garota ergueu a sobrancelhas – Aí, bem, você... Você me disse que estava com frio. Então eu deitei aí com você.
- Que idéia mais feliz... – comentou, sarcástica. Deu-lhe as costas para olhar pela janela.
- Ah, qual é, Mione... – disse o moreno, segurando sua cintura – Dá um tempo...
- Está bem então – suspirou – Agora vamos, eu preciso trocar de roupa. Vire.
- O que? Você sabe que eu já te vi até...
- Eu sei como você já me viu – interrompeu Hermione. – Por isso, faça o favor de não contrariar o que restou do meu pudor. Anda, vire-se e aprecie a paisagem.
Harry revirou os olhos, mas obedeceu. Virou-se e debruçou-se na janela, contemplando a paisagem do oeste da Inglaterra. Havia sol, mas o céu estava acinzentado, indicando que possivelmente nevaria mais tarde.
- Pode olhar agora – pronunciou a morena, cutucando suas costas.
- Legal. Agora me diga uma coisa. Como vamos convencer seus pais de que eu estava lá fora? – perguntou, com um gesto displicente em direção a janela.
- Basta ninguém nos ver chegar à cozinha – respondeu, sorrindo.
- Ótimo. Dê uma olhada para ver se não vem ninguém – disse o rapaz – A propósito, você está muito bonita.
Ela sorriu timidamente e abriu com cuidado a porta. Sem nenhum som, indicou para que a seguisse.
O casal seguiu na ponta dos pés até mais ou menos a metade do extenso corredor. Desceram cautelosamente a grande escadaria, até chegarem a uma pequena porta à esquerda, que deveria ser a cozinha.
- Mãe? – disse Hermione, entrando no local – Achei o Harry.
- O quê? – ouviu-se uma voz ao longe.
- Achei o Harry! – disse ela, mais alto.
- Ah, sim, que bom! – respondeu Sra. Granger – Vamos, venham comer.
A senhora de aspecto jovem apareceu sorrindo a porta, segurando uma frigideira. Cumprimentou-o com um aceno da cabeça e beijou a testa da filha. Com um gesto, indicou uma pequena mesa no interior da cozinha.
Eles comeram, famintos. Ao fim da refeição, a Sra. Granger serviu suco de frutas e iogurte, que Harry prontamente recusou. Após ajudarem a lavar a louça, Hermione sugeriu uma volta pelas redondezas.
- Você mora em um belo lugar – comentou Harry, sentindo o vento frio bater em seu rosto.
- Nos mudamos no ano passado. – explicou a garota – Antes morávamos em um lugar bem mais frio.
Não tinham combinado nada, mas mesmo assim caminharam quase inconscientemente até o parque, vazio àquela hora do dia. No centro havia um pequeno bosque, com alguns bancos espalhados. Sentaram em um deles, protegidos do vento cortante.
- Posso te fazer uma pergunta? – disse Hermione, olhando-o.
- Bem, tecnicamente falando, você já fez – respondeu Harry, rindo. A morena lhe deu um tapa de leve em seu ombro – Mas pode fazer outra.
- Deixe de ser bobo – riu ela – Eu só queria saber se, bem... Eu sei que talvez não sege a hora certa, mas... vou aproveitar que não tem nenhum tipo de interferência.
- Diga de uma vez – pediu o moreno.
- O que você vai fazer? Quero dizer... Nós bem sabemos que a batalha final se aproxima e. eu queria saber se você tem algum plano. – disparou ela. O sorriso de Harry se desfez na hora.
- Por que falar disso agora? – perguntou o moreno.
- Não sei. Eu estou preocupada – respondeu a garota - Tenho medo.
- Não precisa ter medo. Nada vai te acontecer, eu juro – disse Harry, sem fita-la.
- Você não entendeu. Tenho medo não por mim, mas por você – disse Hermione.
- Estou bem. Vai dar tudo certo – disse, mal acreditando nas próprias palavras. Mas ele tinha que tranqüilizá-la. – Você vai ver.
- Essa guerra... – pronunciou ela.
- Já está me dando nos nervos. Quero tanto quanto você acabar com tudo isso – completou o rapaz.
Eles ficaram em silencio, pensando. De fato, Harry também estava preocupado. Por mais que tentasse afastar isso de sua mente, podia perceber que a batalha final se aproximava, cada vez mais perto no horizonte. E foi pensando nisso que, de repente, sua cicatriz ardeu em chamas e ele foi possuído por um ódio descomunal, uma fúria homicida brotando em sua mente.
Com um grito, levou sua mão a cicatriz. Teve um vislumbre de uma imensa sala, lotada de pessoas cobertas por mantos pretos, com mascaras no rosto. E Voldemort gritava com alguém no centro, que Harry não conseguia ver
- Harry! HARRY! – ele ouviu ao longe a voz de Hermione e obrigou-se a voltar ao presente. Não tinha percebido que caíra de encontro à grama congelada. A garota estava ajoelhada ao seu lado, com uma expressão assustada.
- Ele está enfurecido – disse, ainda meio cego pela dor na cicatriz – Está enfurecido com alguém, alguém não fez direito o que ele tinha mandado...
- Você entrou na mente dele de novo? – perguntou a morena. Harry assentiu.
Hermione o ajudou a sentar novamente no banco. Ele sentia a dor abandonando lentamente sua cabeça, e começava a enxergar com mais clareza.
- Estavam em uma sala... Voldemort e mais um bando de Comensais. Ele estava muito raivoso... Bravo com alguém, eu não consegui ver quem era. Alguém não fez o que ele mandou. – contou o moreno, antecipando a pergunta da garota. Ela pareceu levar algum tempo para absorver o que tinha ouvido.
- Você acha que ele percebeu que você estava lá? – perguntou Hermione.
- Talvez. Mas ele estava muito irado...Não sei se tinha condições de perceber alguma coisa – respondeu o rapaz, pensativo.
- Eu acho... acho melhor voltarmos. Você precisa descansar – disse ela, ajudando-o a se levantar.
Eles se encaminharam lentamente de volta a casa, sem ousarem dizer uma só palavra. Ao entrarem, a Sra. Granger os esperava.
- Hermione... Chegou essa carta para você – disse ela – É de um garoto chamado Willian Kenbril.
N/A: Demorou, eu sei. Desculpem por isso, é que eu andei meio ocupada esses dias. Sobre esse cap, só vou dizer uma coisa: PRESTEM ATENÇÃO NOS DETALHES. Alguns deles serão muito importantes no final.
Vcs já sabem, eu quero coments, mtos coments! Se não eu não posto!
Bjos e até o proximo cap.
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