O regresso
15- O Regresso
Este é o primeiro preceito da amizade: pedir aos amigos só aquilo que é honesto, e fazer por eles apenas aquilo que é honesto.
Cícero
Ela fechou os olhos com força e suspirou ao lembrar-se daquele dia... A partir daquele dia tudo mudou... Ela deixou-os aproximarem-se dela e deixou-os conhecerem o seu verdadeiro “eu”, sem as restrições que a sua mãe sempre lhe tinha ensinado, sem o medo de eles se afastarem dela... sendo simplesmente ela e ver se o amor que a Kate sempre dizia que era a solução existia, mesmo tendo sempre na mente que os pais deles, os seus recentes amigos, eram os seus maiores inimigos, os culpados pela morte da pessoa mais importante para ela na sua infância. Ela não iria ser idiota para não admitir que mostrou a sua verdadeira personalidade na expectativa que eles se afastassem e a vissem como ela se via... uma pessoa sem salvação, que não merecia a atenção deles... um simples objecto na guerra que viria... mas enganou-se. Eles aceitaram-na e trataram-na como se ela sempre pertencesse ali... no meio deles. E por causa disso, ela estava ali naquela situação, sem saber o que fazer, a duvidar o que tinha jurado nunca duvidar... tudo por causa... por causa... ela suspirou ao ver que os seus piores medos tornaram-se realidade... tudo isto era por causa da amizade que tinha criado com eles. Deste sentimento de protecção que sentia por eles, por esta força que a guiava e a obrigou a defende-los no Verão e que agora lhe dizia que não os podia abandonar porque não era justo... nem para ela nem para eles. Ela só tinha agora um caminho a seguir... ela não os poderia abandonar, não quando eles a fizeram minimamente humana outra vez, não quando ela lhes devia tanto. Ela saberia que no futuro se iriam separar mas nessa altura será porque eles finalmente perceberão o que ela tem que fazer obrigatoriamente e perceberão que ela não é a ilusão que eles fizeram dela... será porque eles lhe darão as costas não o contrário!
*****
- Seu... – Levantou-se também o James.
- Eu não tenho medo de ti, James! – Disse enfrentando-o.
- Ah, mas devias... – disse dando um passo em frente.
O James e o Albus ficaram a milímetros de distância e os seus olhos brilhavam furiosamente. Ao menor gesto de um dos dois eles iriam lutar e não iria ser como as guerras habituais deles...
- James, Albus, ACALMEM-SE! – Gritou a Rose empurrando-os e pondo-se no meio dos dois.
- Sai daqui Rose. – Disseram ao mesmo tempo sem se deixarem de olharem.
- Mais uma luta entre os dois não. – Suspirou o Scorpius tapando a cara cansado.
- SAI ROSE! – Avisou o James. - Está na altura de o meu irmão aprender uma lição.
- EU DOU-TE A LIÇÃO!
- Hey que animação. Não me digam que eu perdi algo.
Todos paralisaram ao ouvir aquela voz até o James e o Albus que tinham parado na sua tarefa de afastar a Rose olharam para a porta, esta paralisou completamente e a Susan e o Scorpius que olhavam entediados para aquela luta entre irmãos olharam vagarosamente para a porta, provavelmente pensado que estavam a sonhar.
- Bem eu agradeço as boas-vindas. – Murmurou irónico sentando-se onde estavam sentados anteriormente a Rose e o James.
- Seu... seu... Onde é que estiveste? – Perguntou o James agarrando as vestes dele irritadíssimo. – E ONDE É QUE ESTÁ A SARAH?
- Hum... aqui? – Disse da porta levantando um dedo e depois ao ver os olhares dos outros sobre si sentou-se ao lado da Susan e piscou um olho ao John de agradecimento que só sorriu.
- TU! – Rugiu o Albus apontando-lhe o dedo acusatoriamente no meio dos seus olhos. – E ELE? ONDE É QUE ESTIVERAM?
- Albus... – Suspirou olhando para o dedo dele que estava a milímetros dos seus olhos. – Tira o dedo dai que se não quando o Expresso parar vais-me arrancar um olho.
- Quê? – Perguntou sem perceber o que ela disse mas mesmo assim retraindo o braço.
Mas como a Sarah disse o Expresso parou bruscamente e apitou avisando que tinha chegado ao destino. Devido ao solavanco o James e o Albus desequilibraram-se, fazendo com que o James caísse em cima do John, para desgosto deste e o Albus caísse para cima da Sarah que ainda se tentou desviar. A única pessoa que ficou em pé foi a Rose que só se segurou levemente ao sítio onde punham as malas.
- Nunca pensei que tu gostasses dessa forma de mim James. Mas lamento informar-te que eu tenho uma namorada e gosto muito dela. – Disse olhando para o James que estava nos seus braços.
O James saiu vermelho dos braços dele mas ainda resmungou:
- Desaparecido durante toda a viagem mas ainda faz gracinhas...
Mas o John não lhe prestou atenção, olhava sim, para a sua frente e riu ao ver aquela cena.
- Acho que houve alguém que gostou do sítio de onde caiu.
- Albus... – murmurou a Sarah mas não saiu som nenhum devido à roupa deste estar a tapar-lhe a boca. – Albus! – Tentou outra vez e ao ver que ele não reagiu começou a dar-lhe murros na barriga na tentativa que ele saísse de cima de si.
Ao contrário do James que se desequilibrou e caiu para cima do John dando-lhe um “abraço”, o Albus caiu com tudo para cima da Sarah que devido a ter tentado se esquivar escorregou e estava metade no chão metade no banco levando com a barriga do Albus na sua cara.
- É! O John tem razão... Olha que se a Ruth te vir assim vai pensar coisas e eu é que não queria estar na tua pele.
Ele ao ouvir aquilo pulou automaticamente e num segundo, já estava em pé, corado, com o cabelo despenteado ainda mais despenteado apontando para todos os lugares, ofegante, mas em pé!
- Ufa. – Suspirou a Sarah sentando-se como deve de ser. – Estava a ver que iria morrer asfixiada. – Disse mexendo no seu pescoço. - Ah! Olha que ainda és pesado Al.
Os outros riram ainda mais ao ver que ele ficou ainda mais vermelho concorrendo com a cor de cabelo da Rose.
- Sem ofensa é claro. – Completou piscando-lhe um olho. – Bem, está na hora de irmos. – Disse olhando para a rua. – Vamos.
*****
Ele deitou-se cansado no sofá e expirou o ar acumulado. Aquele tinha sido um dia cansativo... Não conseguiu evitar um sorriso ao ver um determinado jovem e uma determinada jovem a quererem passar despercebidos para os seus dormitórios. Depois de tudo o que eles fizeram, ou melhor, não fizeram ele não os ia deixar safarem-se assim. Ah, não ia mesmo!
- Sarah, John, onde é que vão? – Perguntou com um sorriso malicioso.
- Tira esse sorriso do teu rosto Sr. Potter. Eu só vou dormir.
- Ah, não vão mesmo! Vocês têm que nos justificar umas determinadas coisas, não concordam comigo? – Perguntou para a Rose, o Scorpius, a Susan e o James que estavam sentados ao pé dele. – E John não te tentes esconder. É infantil. – Disse observando o John que para passar despercebido abaixou-se e ia sorrateiramente para o dormitório.
- Não pode ser amanhã? – Perguntou a Sarah tentando fazer uma cara cansada.
- Não! Senta-te. – Ordenou ajeitando-se no sofá para que ela coubesse também. – E tu também John!
Ela suspirou derrotada e sentou-se ao lado dele como ordenado. Olhou para o John e não evitou um sorriso ao ver a cara emburrada dele que também se sentou ao lado dela.
- Vá, comecem lá o interrogatório. – Disse cruzando os braços para eles verem que ela também não estava feliz com a decisão deles.
- Onde é que vocês estavam? – Perguntou logo o James.
- A namorar. – Respondeu revirando os olhos.
Ao ver as reacções deles amaldiçoou o treino da sua mãe. Ela sempre lhe tinha dito que ao admitir coisas constrangedoras a pessoas próximas e que elas sabiam ser mentira as fariam se irritar e esquecer-se do assunto principal mas ao ver as reacções deles viu que eles eram realmente mais chegados a ela do que ela calculou. O James abriu a boca espantado mas depois deu um sorriso maroto, a Susan ficou branca, o Scorpius olhava espantado para o John, o Albus abria a boca e depois fechava-a sem parar e, por fim, o John lançou-lhe um olhar que dizia claramente “ mais uma gracinha dessas e eu mando-te uma maldição imperdoável”. Se ela tivesse dito a uma pessoa próxima mas não tão próxima ela só refilaria pela mentira mas eles eram demasiado próximos e a opinião deles importava-lhe.
- Hey, vá, não reajam assim.
- Tu-tu tens uma namorada? – Perguntou para o John o Albus. – E tu um namorado? – Perguntou para a Sarah. – Como? Neste verão? E alguém de Hogwarts? Não... não... não tem lógica.
Ela não se conteve e revirou os olhos outra vez. Se calhar o problema era que eles não a conheciam tão bem como ela pensava...
- Claro que não tem lógica. – Disse irritada. – O John é fiel à namorada e eu... bem, eu sou eu... – Disse dando de ombros. – Eu só disse aquilo para ver que isso realmente não vos interessava...
- Ah... – Suspirou aliviado o Albus o que fez a Sarah bufar. – Por momentos pensei que vocês tivessem arranjado alguém... Quer dizer... – disse pensativo. – o John já arranjou. – Murmurou ganhando outra vez o seu sorriso malicioso. – Eu conheço-a?
A Sarah olhou espantada para ele e não se contendo perguntou:
- Como?! – Perguntou olhando directamente para a Susan mas quem lhe respondeu foi o Albus que ainda não tinha perdido aquele maldito sorriso.
- Sim, - disse o Albus como se ela tivesse negado – porque desde que eu me lembro o John não tinha namorada.
Ela não lhe respondeu olhando ao invés para a Susan e estudando a sua reacção, que não era nenhuma porque só olhava fixamente para o chão.
Então ela não tinha contado a ninguém... Então ou tinha sido por timidez, que a Sarah recusava conhecendo-a como conhecia, ou, o que ela tinha quase certeza que era e isso a preocupava, porque naquele maldito dia eles estragaram tudo...
- Não interessa. – Disse protegendo o John que olhava com pesar para a Susan. – Foi culpa minha o nosso atraso, tive umas coisas para tratar.
- Quais?
Ela suspirou, ele realmente não lhe ia dar descanso...
“ Pensa Sarah Franklin, foste tu que nos meteste nesta, agora tens que sair”. Pensou enquanto olhava em volta à procura de alguma solução... Até que a viu na forma de um jovem que estava sentado a falar com um amigo mais velho, sem nunca perder aquele ar aristocrata que a sua face pálida com dois olhos castanhos que olhavam frios para o outro rapaz acentuavam, até o pequeno nariz empinado mostrava o quão arrogante era o seu dono... Tudo emoldurado por aquele cabelo preto perfeitamente arranjado faziam dele uma pessoa que só os jovens interessados em ter contactos para quando saíssem de Hogwarts falassem com ele por iniciativa própria. E claro, a conhecida rivalidade dele com o Albus iria lhe servir agora. O Albus odiava-o tanto que só de ouvir o nome dele provavelmente não iria perguntar mais nada.
- Tinha que ir falar com o Mike. – Disse apontando para ele que ao ver isso acenou-lhe com a cabeça fazendo-a sorrir só para irritar mais o seu inquiridor. – E não sei porquê o John também quis vir... – Disse dando de ombros.
Como esperado o Albus ao ouvir isso e ver o sorriso dela fez um som muito parecido com um rosnado e olhou com ódio para o Mike não se lembrando mais do inquérito.
- Este tempo todo?
Maldição! O Albus odiava o suficiente o Mike para só de ouvir o nome dele parar o interrogatório mas não a Rose. Hum, a Susan estava muito calada. Concluiu ao vê-la olhar somente para a lareira sem dizer nada.
- Sim. Algum problema? – Perguntou mostrando irritação.
- Sim, tiveste...
- Chega! – Murmurou irritada levantando-se para dar a impressão de estar furiosa. – O que eu fiz lá é só do meu interesse. Respeitem-me ‘tá? Eu preciso de espaço. – Murmurou encarando a Rose furiosa.
Todas as atenções foram para ela, até a Susan a olhou. Desde que ela se tinha juntado a eles por vontade própria ela nunca mais demonstrou irritação com eles.
Sorriu por dentro ao ver que eles tinham parado... tinha morto dois dragões com um feitiço só... Não era preciso ser bom legimente para descobrir qual seria a próxima pergunta, “ o que aconteceu naquele dia?” e assim evitou responder às duas perguntas que ela não queria mesmo responder.
- Agora se não se importam eu vou dormir. Boa noite! – Disse mostrando frieza embora estivesse feliz por dentro por ter conseguido sair dali sem dizer nada.
*****
- Vá lá Sue...
Um suspiro.
- Que raio Susan! Queres que eu faça o quê? Me ajoelhe e peça desculpas a gritar para todos ouvirem?
Um resmungo.
- Por favor... – suplicou desanimado pela atitude dela.
Nada! Simplesmente nada! Já tinha passado uma semana desde o inicio das aulas e ela no máximo tinha-lhe dito “Bom dia” por pura boa educação. Ele já tinha sérias dúvidas se tinha uma namorada, ou pelo menos, uma amiga. E agora, quando finalmente encontrou uma oportunidade para falar com ela não reagia. A Sarah, o Albus e os outros tinham descido por causa de uma desculpa qualquer que a Sarah inventou e ele tinha puxado a Susan e obrigou-a a sentar-se à sua frente numa poltrona. Como a tarde já estava a acabar e estavam breve na hora do jantar já havia pessoas na sala comum dos Gryffindor, mas ele não podia ter tudo não era?
- Susan – chamou suspirando cansado e ajoelhando-se à sua frente agarrando a mão dela que estava esquecida no braço da poltrona – pelo menos diz-me o que é que eu fiz.
Ela virou a cara na sua direcção tão rápido que achou espectacular como é que ela não tinha dado um jeito no pescoço mas ao ver aqueles olhos castanhos que tanto adorava brilharem em fúria para ele, esqueceu-se de qualquer coisa que estava a pensar.
- O que é que tu fizeste? – Sibilou ela perigosamente baixo. – O QUE É QUE TU FIZESTE?! NÃO PERCEBESTE AINDA?
Ele encolheu-se por dois motivos. O primeiro foi ao ver a fúria nas palavras dela e o segundo porque todos agora olhavam para eles à espera de algo para depois irem espalhar pela escola inteira.
- Sue, amor... por favor, fala mais baixo.
Ela riu e ele estremeceu. Ela estava furiosa...
- John tu passaste as férias todas sem me contactar... nem uma carta!
- Eu...
- Depois daquela saída eu pensei o pior! O pior! Quando chego ao Expresso nem sinal teu nem da Sarah. Tens consciência da preocupação que eu tive?
Ele suspirou aliviado. Já tinha entendido e pelo menos ela agora falava baixo, bem... relativamente baixo...
- Claro amor, mas eu já te expliquei... eu e a Sarah meio que tivemos de castigo e isso incluía não mandar cartas...
- Eu perdoo-te isso tudo John se me explicares uma coisa.
- Tudo o que quiseres. – Disse esperançoso.
- O que aconteceu naquele dia?
Ah, não... Tudo menos isso...
- Amor, - disse da forma mais carinhosa que podia – eu posso te explicar tudo, mas mesmo tudo... menos isso.
- Como eu pensei – disse com um sorriso torto que lhe fez baixar os olhos – tu...
- Por favor, - disse agarrando com mais força a mão dela – pergunta-me o que quiseres mas essa não. – Disse aflito... ele não podia perde-la, não agora, não quando já tinha arriscado tudo... ele precisava dela e agora que sabia disso não podia simplesmente desistir.
No entanto ela não lhe prestava atenção continuando o seu discurso:
- Tu... – Sorriu, um sorriso triste, desanimado que fez o seu coração esquecer de dar uma batida e ter vontade de se mandar pela janela abaixo por a fazer sofrer. – Tu não acreditas em mim. Nós nunca podemos ter nada, não há confiança. – Disse se livrando da mão dele e se levantando.
- Não Susan. É verdade que eu tenho segredos – disse se erguendo e agarrando o braço dela – mas esse não é um segredo meu. Eu prometi a outra pessoa não dizer nada.
Ele viu-a soltar o braço e olhar para ele sem nunca perder aquele brilho furioso no olhar.
- E quem seria? – Perguntou quase gritando. – Uma ex-namorada, uma amiga imaginária?
- Não! – Disse uma voz atrás dela. – A mim!
Ela virou-se para a dona daquela voz como uma cobra para dar o bote e disse irritada:
- Muito nobre da tua parte defenderes o teu irmão.
Ela suspirou e olhou para trás onde apareceram relutantemente os outros.
- Desculpa mas eu tive que lhes contar a verdade. – Ela viu o irmão estreitar os olhos na sua direcção o que dizia claramente “ Só sabes mentir para o que queres”. – E, bem, eles ficaram curiosos e acabamos por ouvir a conversa toda. – Ao ver o olhar espantado na sua direcção revirou os olhos. – Com as orelhas extensíveis, que mais podia ser?
- Então Sarah deves de ver como o teu irmão não confia em mim. Por isso, faz um favor a todos nós e pára de defende-lo.
- Infelizmente eu não o estou a defender. É a verdade. – Disse desanimada. – Porque se tu o conheces tão bem como eu julgo que conheces sabes que pela cara dele tudo o que ele queria era contar.
- Então pede-lhe para contar!
Ela não se conteve e fechou os olhos dolorosamente com um suspiro.
- Desculpa Susan. Eu não estou preparada como o John. Ainda é uma ferida demasiado recente e não está sarada. Espero sinceramente que o perdoes por uma coisa que ele não tem culpa, nem responsabilidade. O motivo sou só eu. Perdoa-me. – Disse com um sorriso torto dirigindo-se para os dormitórios.
- Sarah! – Chamou-a o John preocupado. – Porra, ela voltou ao mesmo.
A Susan olhou para o John e não se contendo abraçou-o cheirando o perfume dele que a acalmava sempre. A dor que ela tinha visto nos olhos da Sarah, ela quase a chorar... aquilo não era fingimento, era uma dor real, uma dor que nunca tinha visto antes nela. Uma dor que pelo que ela observou a estava a matar aos poucos e poucos... Abraçou-o com mais força ao sentir o seu coração apertar. O quer que tenha acontecido à Sarah fê-la sofrer e muito... a ela e provavelmente ao John.
- Amor, - ela ouviu-o murmurar com uma voz rouca – tu sabes que eu adoro estar abraçado a ti, mas vai ter com a Sarah. Eu não posso por causa daquele maldito alarme e ela precisa de apoio. – Disse afastando-a o suficiente para poder ver a face dela e pôr-lhe uma mão nela carinhosamente. – E, por Merlim, Susan não lhe perguntes sobre isto. Ela não está preparada. – Disse com um suspiro. – Vá, vai. – Disse dando-lhe um beijo rápido e viu-a subir. Depois de ela ter desaparecido pela porta virou-se para a Rose que olhava de boca aberta para a porta sem acção. – É melhor ires também, ela precisa de todo o apoio.
*****
- Por Merlim John, diz-me o que é. Ninguém daqui vai dizer nada. Se quiseres prometemos.
Ele sorriu para os três pensando que mal tinha feito a Merlim para merecer aquilo. Enquanto que as adolescentes como ele tinha pedido foram ter com a Sarah aquelas três amostras de Troll tinham ficado ali... para lhe encherem a cabeça.
- Eu já expliquei à Susan.
- Mas a Susan é a tua namorada e eu sou o TEU MELHOR AMIGO! – Disse como se houvesse uma gigantesca diferença entre os dois.
O John riu não acreditando que ele tinha dito aquilo.
- E? A diferença é?
- É normal esconder coisas à namorada mas ao melhor amigo não.
Ele olhou para o James incrédulo e abanou a cabeça para não se rir.
- Eu, sinceramente, não concordo muito com esse conceito mas de qualquer maneira, eu não posso mesmo contar.
- Nós prometemos...
- James! Eu já disse que não vou dizer e de qualquer forma – disse desviando o olhar para a lareira – eu acho que também não estou pronto.
- Mas John se nós podermos fazer alguma coisa... A Sarah...
- Vocês não podem, Al. – Disse com um sorriso triste. – É passado... um passado demasiado recente... – acrescentou só para si.
- Não vais mesmo contar? – Perguntou o James emburrado.
- Não, não vou.
- Então está bem. – Disse se levantando. – Boa noite!
O John viu-o levantar-se irritado e ir para os dormitórios masculinos. Abanou a cabeça negativamente e suspirou completamente confuso.
- Mas que raio? O que é que se passa com ele?
- Não lhe ligues John. – Murmurou o Scorpius. – Ele só está preocupado.
No entanto, o John não lhe prestava atenção, olhando sim para as adolescentes que desciam as escadas a conversar em sussurros.
- O que é que se passou? – Perguntou preocupado.
- Quando nós chegamos ela estava quase a dormir... ou a fingir isso... – Disse a Susan mas abanou a cabeça para voltar ao foco da pergunta. – Mas nós insistimos que queríamos falar com ela e ela garantiu-nos que estava bem apesar de não mudar de opinião e perguntou se eu te perdoava. – Disse se sentando ao seu lado. – E eu disse que apesar de pareceres um Troll andante às vezes eu te perdoava. – Disse abanando os ombros como se isso não tivesse importância. – Depois insistiu que queria dormir e nós acabamos por vir para aqui. – Disse dando um sorriso inocente.
- Hum... – Disse abraçando-a e sorriu ao ver que ela correspondeu. – Um Troll andante, hein? – Murmurou no ouvido dela e, agora, sorriu abertamente ao ver que ela se arrepiou. – Acho que isso ofende os meus nobres sentimentos.
- Era para ofender!
- Ah, era? – Continuou. – Então isso quer dizer que eu tenho que fazer isto – disse dando-lhe um beijo no pescoço fazendo-a arrepiar-se por inteiro – a outra pessoa porque tu me achas um Troll?
- JOHN FRANKLIN? – Gritou afastando-se dele o suficiente para o poder olhar nos olhos e ele viu assustado que os olhos dela brilhavam perigosamente fazendo-o lembrar de quando a Sarah o advertiu que ela sabia uns feitiços engraçados e que era melhor ele ter cuidado. O que ela tinha querido dizer com aquilo? – Se eu descubro... NÃO! Se eu sonho que tu pensaste... melhor, sonhaste em fazer isso a outra pessoa eu... eu...
- Querida a probabilidade de tu sonhares que eu sonhei é quase nula.
Ela bufou irritada e ele viu o perigo verdadeiro nos olhos dela.
- E além do mais eu não posso controlar os teus sonhos, amor. – Ele viu com um arrepio ela por as mãos nas vestes que era onde ela guardava a varinha por isso apressou-se a explicar. – Mas se ficares melhor eu posso garantir-te que só vou fazer isso a ti. – Não deu o resultado esperado ele concluiu ao vê-la paralisada mas pelo menos evitou que ela puxasse a varinha... tinha que ser mais convincente. – Porque tu és a mulher da minha vida, e, nos meus olhos todos são insignificantes quando comparados a ti.
Resultou, ele concluiu quase suspirando de alívio. Ela tinha soltado a varinha e até tinha um pequeno sorriso.
- Estás a ver? O mundo é muito mais bonito quando sorris, Sue.
Ela não se aguentou e beijou-o só o largando quando alguém pigarreou.
- Hum, - ela murmurou afastando-se mas sem largar o pescoço dele – és fofo.
Fofo? FOFO?! Com tantos adjectivos que o podiam caracterizar como lindo, inteligente, simpático, entre outros ela tinha-o que o chamar logo de FOFO?
- Humpf – resmungou – fofo? Obrigado hein...
- Hey, é um elogio.
Ele abriu um sorriso malicioso que a fez ter um arrepio.
- Eu conheço muitas outras formas muito mais eficazes de me dares elogios.
- Hey, estão aqui menores!
- Cala-te Al! Vai chatear a Ruth... ah, espera, ela não é dos Gryffindor...
Como resposta só teve um rosnado que o fez rir.
- Mas sinceramente não acham melhor que é parar? É que com esse fogo todo ainda incendeiam a sala de convívio. – Disse o Scorpius em defesa do Albus.
Ele separou-se lentamente dela apesar de sentir todo o seu corpo protestar contra mas ele precisava... Estavam ali muitas pessoas, muitos olhares.
- Bem, tens razão que foi um dia longo e eu preciso de me ir deitar. – Disse acenando para os outros e dando um breve beijo na Susan.
Eles observaram em silêncio o John desaparecer pela porta que dava para os dormitórios.
- Eu não sei quanto a vocês mas eu hei-de descobrir que segredo é aquele. Até saber completamente o que aconteceu eu não vou descansar. – Disse o Albus olhando para os outros à procura de apoio.
- Mas Albus – advertiu a Rose – tu viste a Sarah e o John. A Sarah estava à beira das lágrimas... A Sarah quase chorar?! Já pensaste nisso? A mesma Sarah que não vimos chorar nem com varinhas apontadas à cabeça dela.
- Eu compreendo-te Al. – Disse o Scorpius olhando o amigo. – E é por esse motivo de eles sofrerem tanto que nós temos que descobrir o que se passa. Eles são nossos amigos e precisam da nossa ajuda.
- Mas não é disso que se trata. Eles não estão preparados para contar. Esperem que eles nos digam alguma coisa. Nessa altura, sim, nós devemos de agir! – Pronunciou-se a Susan que como resposta só teve resmungos por parte dos rapazes.
- Ah, eu vou dormir! – Disse o Albus que foi seguido pelo Scorpius que ainda abriu a boca para acrescentar algo mas acabou por não dizer nada só acenando em despedida.
- Eles estão a ser infantis, será que não percebem?
- Não é não perceber Susan. É não querer compreender. – Disse a Rose suspirando.
- Mas tu viste... eles... eles...
- Eu sei Sue. Também me dói a mim vê-los assim, como sei que lhes dói a ele, só que eles são mais... como dizer... aventureiros. Eles não aceitam os factos com facilidade e o sofrimento que eles viram só lhes dá mais vontade de agir. É a forma deles demonstrarem que se preocupam. Mas está descansada eu conhecendo-os como conheço eles vão agir pela calada. É mais o estilo deles.
A Susan deu um pequeno sorriso ao perceber o que eles iam fazer.
- Eles vão-se armar em 007 mas acho que isso vai sair mal.
- O que é 007? – Perguntou a Rose confusa lembrando-se só vagamente da sua mãe falar disso.
Ela não respondeu abanando a cabeça negativamente com um sorriso divertido no rosto.
N.A. Primeiro de tudo peço desculpas pelo atraso mas como recompensa ate ao final da proxima semana, se nao for já no domingo, ponho o proximo capitulo. Bjs
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