O jogo



 7.     O jogo




A arte de vencer aprende-se nas derrotas.


 


Simon Bolívar


 


- Não! – Exclamou decidido.


- Não ao não! Se fizermos o que dizes somos esmagados.


- Aí sim? E se fizermos o que dizes perdemos.


Ouviu-se um suspiro atrás deles mas eles concentrados somente na sua discussão nem se aperceberam disso.


- Será que eles não se fartam de discutir? – Perguntou a Rose para o Scorpius que andava mais animado desde o Natal quando o seu pai o perdoou.


- Pois. – Disse a Susan distraída observando o céu. – Podiam pelo menos aproveitar o belo dia.


Eles estavam em Maio num bonito dia de Primavera. O céu estava azul e o sol batia fortemente contra eles dando-lhes preguiça. Ouvia-se o riso de alguns estudantes que observavam a lula gigante no lago. Eles os três iam assistir ao treino dos Gryffindor que iam jogar para a semana com os Slytherin, que era o tema da discussão entre o Albus e a Sarah. Eles como tinham dito ao John tentavam-na inserir no grupo o que acentuava o seu mau humor, mas pelo menos agora já não era necessário o James arrastá-las para os treinos e jogos.


- Não e não!


- Potter, eles são ofensivos e tal mas nós só temos que jogar normalmente. Eles não são nenhuns dragões.


- E saímos do campo sem metade dos jogadores. – Insistiu o Albus.


- Eles ainda continuam a discutir? – Perguntou o John sendo acompanhado pelo James.


- Não pararam nem um segundo. – Disse a Rose revirando os olhos.


O James sorriu e segredou-lhes:


- Quanto querem apostar que eu acabo com a discussão num instante?


Eles olharam para ele e disseram ao mesmo tempo:


- Impossível.


- Eu não sei. – Disse o John com um estranho sorriso.


- Se acham que é impossível façamos uma aposta. Se eu conseguir cada um dá-me um galeão.


O John agora sorria mostrando todos os seus dentes mas os outros entreolharam-se e disseram:


- Feito!


O John apressou o passo e segredou para só o James ouvir.


- Devo-te avisar que a minha irmã é muito boa em feitiços?


- Sem problemas. – Disse dando de ombros indiferente.


- E que ela ainda não te perdoou pelos arrastões.


- Sem problemas. – Repetiu não lhe dando atenção.


O John sorriu ainda mais e avisou-lhe:


- Depois não digas que não te avisei.


O James andou mais rápido e chegou às costas deles. Os que estavam atrás à espera de o ver fazer tal façanha só viram um pó cair sobre as costas dos dois e de repente a discussão cessar. O James virou-se para eles não vendo o olhar assustado do Albus e o irritado da Sarah e com o seu melhor sorriso anunciou numa voz orgulhosa:


- Devem-me um galeão. – Cantarolou.


- Eu vi o que acho que vi? – Perguntou o Fred que acabava de chegar também para ir para o treino.


- É possível. Agradece ao teu pai por esta ideia. Ela fez-me ganhar uns... – ele contou-os e abrindo ainda mais o sorriso disse – 3 galeões.


O Fred sorriu para ele. Aquilo era bem próprio do James, mas a Rose irritada contestou:


- Hey, não vale feitiços.


- Primeiro priminha, isto não é um feitiço e sim um produto das WW e segundo não havia condições, logo deves-me um galeão.


O John de repente gargalhou fazendo com que o James sorrisse ao pensar que era por causa da sua façanha, mas o que ele não viu, porque estava a andar para trás era uma enfurecida Sarah com a varinha apontada para ele. Quando o James sem querer bateu contra ela por ela estar parada à espera dele desequilibrou-se. Quando se estava a virar para ela, ela com um meneio simples da varinha fez um raio atingi-lo.


Ele não vendo modificações em si sorriu e disse:


- Isto já passa quando eu puser este pó. – Disse amavelmente para ver se ela mudava a sua expressão assassina. Pôs o pó nos dois e o Albus começou a rir descontroladamente. Ele, confuso, virou-se para trás e perguntou ao Fred – Fred, sabes se o pó causa maluquice? – Perguntou apontando para o irmão que já estava sentado de tanto rir.


Mas havia algo errado, pois os quatro também riam descontroladamente.


- Mas que raio? O que se passa? – Perguntou vendo que agora só a Sarah se mantinha com uma expressão normal. – O que se passa com eles.


- Nada de especial. – Disse dando de ombros indiferente, mas com uma pontinha de malícia. – Só devem de achar piada ao teu novo adorno. – Disse apontando para a face dele.


- Adorno? QUE ADORNO? - Perguntou aflito apalpando a face toda à procura de alguma coisa.


- Vê por ti próprio. – Disse com um estranho sorriso de... vingança.


Ele agarrou aflito o espelho que ela lhe dava e observou-se ao espelho. A sua face continuava igual com as mesmas feições mas o seu cabelo que era uma mistura de preto e ruivo tinha algo mais. A sua face ficou branca ao ver um corno. Ela tinha-lhe posto UM CORNO?!


- ESTÁS DOIDA? – Gritou aflito. – E VOCÊS PAREM DE RIR!


Eles fizeram uma careta tentando conter o riso, mas foram mal sucedidos. A Sarah agora olhava calmamente o campo e disse distraída:


- Eles já estão a treinar. Vamos?


- Sarah... – Ameaçou, ele, agarrando fortemente o seu braço. – Eu não vou a lado nenhum com isto na minha cabeça.


Ela olhou outra vez para ele e um pequeno sorriso formou-se no seu rosto.


- Claro. Finite Encatatem. – E caminhou outra vez para o estádio.


- Vocês podem parar de rir? Eu já estou normal! – Disse irritado também se encaminhando para o campo.


- Tu não estás normal, porque tu não és normal. – Disse o John parando de rir. Com ele sem o corno era muito mais fácil parar de rir. – E eu avisei-te que ela era boa em feitiços e ainda estava irritada contigo, então porque é que estás tão irritado?


- Talvez porque eu não esperava ganhar um corno? E como é que ela sabe fazer feitiços não-verbais?


Agora quem perdeu a cor foi o John que balbuciou um:


- Talvez sorte de principiante.


O James franziu a testa mas quando estava para falar o John foi mais rápido:


- A Victoire está a chamar. Já estás muito atrasado.


Ele olhou para o relógio e lembrando-se do seu objectivo foi com o Albus a correr para o campo.


 


*****


 


- Mas como é que conseguiste fazer o feitiço? – Repetiu.


- Pela milésima vez foi sorte! – Respondeu farta do questionário.


- Sorte o quê? Fazeres um feitiço que só aprendes daqui a uns anos ou o fazeres de forma não-verbal? – Inquiriu outra vez a Rose.


A Sarah bufou. Onde tinha a cabeça quando decidiu enfeitiçar aquele Troll mascarado de Potter?


- Eu já te disse! Agora tem paciência. Estou cansada do treino e se continuares a insistir quem ganha um corno, agora definitivo, és tu! – Ameaçou farta.


- Então quer dizer que já tens experiência em transfiguração?


- Por Merlim! – Bufou ela. – Vou-me deitar. Boa noite.


Ela levantou-se chateada da poltrona onde estava sentada e foi para o dormitório. Eles limitaram-se a segui-la com o olhar.


- Ela tem experiência em transfiguração. – Observou o Scorpius.


- Não. – Disse o John defendendo a irmã. – Ela simplesmente leu um livro que lhe ofereceram no Natal passado e deve de ter querido experimentar.


- E acertou? – Perguntou duvidosa a Rose. – Sabes o quanto é difícil fazer aquilo?


Ele ia para dizer um “ Por acaso sei!”, mas calou-se a tempo e limitou-se a dizer:


- Calculo. Mas vocês devem de imaginar que pode ter sido sorte de principiante e conhecendo o génio dela, o facto de estar irritada pode ter ajudado.


Houve um silêncio que só foi interrompido pela Susan que querendo mudar de assunto perguntou:


- E então? Acham que têm possibilidades de ganhar a taça?


- Claro! – Disseram o James e o Albus ao mesmo tempo.


 


*****


 


- Bom dia Hogwarts. Estamos hoje aqui para o último jogo do ano. SlytherinXGryffindor vai decidir quem vai ganhar a taça. – Começou o comentador dos Ravenclaw.


- Nesta bela tarde de sábado vamos ver quem depois de um ano de competição intensa vai ganhar a taça. Actualmente, em último encontra-se Ravenclaw seguido dos Hupplefful. Em seguida está os Gryffindor e em primeiro os Slyyyyyyytherin. – A multidão aplaudia ansiosa pelo começo da partida.


- Mas ainda está tudo por decidir. Têm uma diferença de vinte pontos. Este jogo vai ser o jogo.


- Ambas as equipas ganharam todos os jogos. Este jogo promete...


 


******


 


- Nós vamos jogar como sempre jogamos equipa. Não tenham medo dos batedores adversários porque os nossos também são bons e vão estar à altura. Vocês, artilheiro, têm que ter cuidado com o Richard. Ele vai dar tudo por tudo e ele já deu várias vitórias aos Slytherin. Desde que ele entrou que os Slytherin ganham sempre, mas este ano vai ser diferente! Albus apanha a snitch como nos habituaste e vocês joguem e dêem o seu melhor. – Ela bateu palmas energeticamente e continuou: - Vamos! Um bom jogo!


A equipa começou a sair mas ela continuou no mesmo lugar. Ao ver o James e a Sarah a saírem chamou-os.


- O que se passa? – Perguntou a Sarah.


- Eu vou vos dar umas últimas dicas.


- Porquê? – Perguntou o James confuso.


Ela suspirou antes de continuar:


- Porque os artilheiros deles vão dar trabalho. Eu quero que vocês ponham em prática o último plano que treinamos.


- Aquele em que a Sarah....


- A Sarah vai-se apegar ao Richard como se a sua vida dependesse disso. Enquanto tu e eu jogamos mais ofensivos. Vamos se aproveitar dos lances compridos dela para fazermos rápidos contra-ataques. O ponto fraco deles é o Richard e nós temos que aproveitá-lo. Os artilheiros sem ele não jogam quase nada e os nossos batedores vão estar demasiado ocupados para tomarem conta dele. Agora vão. Estão a ser chamados. Bom jogo.


Eles saíram e viram as pessoas vestidas de vermelho e dourado bater palmas entusiasmadamente.


- Vai começar o jogo. Ambas as equipas já estão em campo, os capitães estão a cumprimentar-se eeeeeeeeee.... começa a partida!


O Albus inspirou fundo quando entrou em campo ao sentir o nervosismo atacá-lo. Aquelas pessoas todas a baterem palmas e a vaiarem e toda aquela pressão sobre ele, afina se apanhasse a snitch a equipa ganhava 150 pontos. A equipa dos Slytherin já estava ali e olhavam atentamente a entrada dos jogadores que chegavam. De todas as pessoas que ali estavam só tinha falado com o Richard que formou um sorriso e parecia perdido num ponto qualquer atrás dele. Seguiu o olhar dele e não se surpreendeu ao ver a Sarah. Ali estava ela, com o cabelo negro a esvoaçar atrás dela e um pequeno sorriso verdadeiro no rosto. Eram raras as vezes que ela sorria assim.


Atrás dela vinha o James com o seu habitual sorriso malandro e atrás dele a Victoire. A multidão aplaudiu ainda mais e ele ainda se sentiu mais nervoso ao ver que a partida ia começar brevemente. Ela sorriu para a equipa em sinal de encorajamento e pôs-se em frente ao capitão da outra equipa. Ele tinha uma aparência grotesca e comparada a ela parecia um gigante. Ele era um batedor e era conhecido pela sua pontaria infalível. Era bruto mas eficaz. Quando os capitães apertaram as mãos ele foi gentil, tentando não a aleijar com a sua força.


- Começou a partida. Weasley apanha a quaffle, passa para o Potter que passa para a Franklin que desvia do Hill e... MARCA! 10 a 0 para os Gryffindor.


- Foi um bom começo de jogo, com esta jogada ensaiada. E lá vão os Slytherin. O goleiro passa para o Louis que passa para o Hill que marca desmarcando-se da Franklin. Uma boa jogada dos Slytherin.


A Sarah bufou irritada quando o viu passar por baixo dela velozmente e ainda mais quando ele sorriu para ela ao marcar. Mas nesse momento, ela já estava atenta a outra coisa. Viu a quaffle ir para a Victoire que passou para o James que estava do lado oposto apanhando desprevenido o goleiro adversário marcando. Viu o James fazer-lhe um sinal dizendo que ia marcar mais pontos que ela fazendo-a sorrir. Só ele, mesmo! A multidão vestida de vermelho e dourada urrou e aplaudiu eufórica.


- 20 a 0 para os Gryffindor. O jogo está a corresponder às expectativas. São jogadas rápidas e sem margem para os goleiros defenderem.


- E lá vai o Richard outra vez. Ele passa para o Louis conseguindo desviar-se da bludge lançada pelo Weasley e... Piece defende.


- Agora é o contra-ataque dos Gryffindor... passa para a Weasley que passa para o Potter que se desvia do Hill passando para a Franklin que... MARCA. Uma jogada magnifica com uma finalização ao mesmo nível. Ela marcou no aro esquerdo na parte superior fazendo com que qualquer tipo de defesa fosse impossível.


- A quaffle está na posse dos Slytherin... Hill apanha, avança velozmente, finta a Weasley, a Franklin, desvia-se que uma bludge eeeeee MARCA! Simplesmente magnifico!


A bancada que estava vestida de verde prata urrou e festejou aplaudindo o seu ídolo, mas os adeptos dos Gryffindors logo responderam pois a sua equipa estava à frente.


O Albus dava voltas e mais voltas ao campo numa procura frenética pela snitch. Mas por mais que procurasse ele não via nenhum ponto dourado no campo. Olhou para o outro apanhador que como ele também procurava pela snitch. Deu um pouco de atenção ao relato e percebeu que estavam empatados a 80. Sentiu a pressão esquecida sobre ele. Ele precisava de apanhar a snitch para os Gryffindor ganharem o jogo. Percebeu que da equipa dos Slytherin se destacava o Richard marcando quase todos os pontos. No Gryffindor eles estavam mais equilibrados. O James desviava-se facilmente, a Victoire criava jogadas com que os outros artilheiros só precisassem encostar a quaffle e a Sarah estava a irritar seriamente o goleiro por marcar de ângulos considerados impossíveis. Continuou a procurar a snitch e passou pelos aros dos Slytherins desviando um pouco a sua atenção ao ver que a Sarah ia marcar de novo.


Ele abanou a cabeça tentando se concentrar. Pela primeira vez em cinco anos os Gryffindor tinham mesmo uma hipótese para ganhar a taça e ele não podia desiludir a equipa. Ouviu aplausos e percebeu que ela tinha marcado, mas isso agora não era importante. Se eles pelo menos estivessem a ganhar por mais de 150 pontos, mas não era esse o caso e o jogo iria depender dos apanhadores. Suspirou para se acalmar, mas o seu nervosismo aumentava a cada segundo que passava. O seu coração batia cada vez mais depressa, fazendo-o pensar que ele poderia saltar do seu peito tal a intensidade. Ele pareceu avistar um ponto dourado que contrastava contra o tom verde prateado para onde se dirigia. A snitch dirigia-se para as bancadas onde estavam os alunos dos Slytherin que saltavam e batiam palmas enlouquecidos. Mas ele não prestou atenção a isso, ele estava longe e o apanhador dos Slytherin estava mais próximo. O apanhador estava aparentemente distraído a olhar para um ponto do campo e o Albus decidiu ter esse ponto em consideração. Deu meia volta em direcção às bancadas velozmente, mas sem descer, para não ganhar a atenção dos comentaristas que estavam a relatar rapidamente, para que o apanhador adversário não percebesse. Quando já estava a chegar a uma posição de segurança prestes a arrancar para apanhar a snitch, ouviu a multidão gritar indignada, mas não iria ser isso que iria o fazer desviar o olhar do ponto dourado. Estava para começar a descer quando ouviu o apito. Urrou indignado. Agora que estava a poucos metros do seu objectivo, eles paravam o jogo! Olhou para o árbitro com a sua pior cara, prestes a executar um assassinato quando o viu descer a amparar a Sarah. Qualquer expressão zangada que o seu rosto tinha passou para uma preocupada. Desceu rapidamente para ver o que tinha acontecido com ela.


A Sarah tinha ficado enfurecida quando viu o Richard passar pelo seu lado com um movimento rápido e gracioso. Aquele desgraçado tinha conseguido mais uma vez! Enfurecida recebeu a quaffle que a Victoire lhe passou e já estava para marcar mesmo aquela distância quando por estar tão furiosa não percebeu o “vuuuummmm” que uma bludge fazia ao raspar o ar. Completamente distraída já estava a mover o braço para trás quando um grito de surpresa e choque saiu dos seus lábios e a quaffle caiu sem direcção para o chão. A sua face ficou branca com a dor e ouviu os gritos que os adeptos dos Gryffindors deram. O árbitro apitou e foi em sua direcção parecendo prestes a agarrá-la caso ela desmaiasse. Ela viu os jogadores da sua equipa virem em sua direcção, mas o árbitro com um gesto mandou-os descer. Ele sempre ao seu lado apoiou a sua descida.  Ela aterrou com a face branca e a respiração ofegante, os únicos sinais de dor que ela demonstrava, pois a sua face continuava impassível. Ela ainda viu a enfermeira correr em sua direcção e o olhar preocupado da Victoire. Ainda pareceu-lhe ver o cabelo loiro do Richard dirigir-se para ela.


A enfermeira chegou ao pé dela ofegante e com uma cara zangada.


- Temos que ir à ala hospitalar! – Ordenou ela.


- Menos uma artilheira... O jogo vai ser difícil. – Choramingou a Victoire que estava logo atrás da enfermeira.


- E-eu vou jogar! – Respondeu a Sarah ofegando ligeiramente por causa da dor.


- Nem pense nisso, menina! Já viu o seu estado?


- Acho difícil. Uma vez que não há um espelho aqui para ver o meu estado... Mas quem sofre sou eu e eu decidi jogar.


- Sarah, não é necessário. Nós safamo-nos. – Disse-lhe a Victoire.


- Eu vou jogar! – Repetiu ela entre dentes.


- Já viu a sua cor? Parece prestes a desmaiar. Está branca como...


- Estou branca?


- Sim! Prestes a desmaiar! Vá, vamos!


- Ah... – Suspirou ela. – Isso resolve-se.


Ela fechou dolorosamente os olhos com um suspiro. Quando os voltou a abrir viu a face espantada da enfermeira.


- Vá, já posso jogar? – Perguntou com o seu melhor sorriso.


A enfermeira olhou para ela boquiaberta. A Sarah estava com uma cor morena, até mais do que antes do jogo e com o sorriso expectativa que lhe mandava parecia a pessoa mais saudável dali.


- Aaaaa menina...


- Estou bem. Foi só o susto. Pode ir. – Disse continuando com o sorriso.


A enfermeira olhou mais uma vez para ela divergindo entre um olhar espantado ou desconfiado. Por fim, virou-lhe as costas e encaminhou-se para o seu lugar. Ao vê-la ir embora a Sarah suspirou e deixou escapar um gemido de dor.


- Como vais jogar? Estás com dores. – Observou a Victoire que continuava na mesma posição.


- O meu braço direito está um pouco inutilizável, – disse com um sorriso amarelo – mas posso continuar a fazer a marcação ao Richard.


- Sim. – Disse dando-se por vencida. – Mas tem cuidado, não quero que te magoes mais e Al – disse voltando-se para o Albus que estava um pouco afastado, observando tudo em silêncio – vê se apanhas a snitch rapidamente. Ela não está nas melhores condições.


A maioria dos jogadores já estava em posição quando a Sarah estava para subir quando sentiu um aperto no braço esquerdo que a impediu de voar.


- Que raio... – Resmungou. – Richard, o que pensas que estás a fazer?


- Tu não achas que vais jogar, pois não?


- Eu não acho tenho a CERTEZA agora larga-me!


- Não! – Insistiu ele. – Tu estás lesionada!


- Eu estou bem. Agora vai ou eu enfeitiço-te. – Ameaçou maldisposta.


Ele largou-a e viu-a subir aborrecido, mas quando viu o sinal do árbitro para que ele subisse, ele subiu com um suspiro resignado.


- E começa a partida outra vez...


- A Franklin continua a jogar apesar de a bludge a ter acertado. Sinceramente, a mim pareceu-me que ela tinha partido o braço.


- Mas ela está ali e aparentemente em forma para estar a fazer uma marcação cerrada ao artilheiro adversário Hill.


- E o Potter marca. 200 igual. O jogo continua equilibrado... Emoção até ao último segundo.


- Os Slytherin atacam... Passe para o Louis... Richard e... que estranho... Mal a Franklin se aproximou dele, ele apontou a quaffle para qualquer lado fazendo com que o Potter a apanhasse e contra-atacasse.


- Duas horas e 45 minutos passados de jogo e nada da snitch aparecer.


A Sarah só com uma grande força de vontade não agarrou a varinha que estava nas vestes e lhe lançou uma maldição imperdoável. Que raio pensava ele que estava a fazer? Já era a quarta vez que mal ela se aproximava ele simplesmente lançava a quaffle sem qualquer direcção... Tudo bem... Graças a isso estava 230-200 para os Gryffindor, mas ela não queria ganhar assim.


- Richard! – Rugiu.


Ele parou a sua trajectória e olhou para ela com uma sobrancelha erguida, curiosa.


- O que pensas que estás a fazer? – Perguntou no mesmo tom enraivecido.


- A jogar, talvez. – Respondeu-lhe ele, com um amável sorriso.


- Chamas a isso jogar?


Ele aproximou-se mais dela e disse-lhe no seu tom simpático:


- Se achas que eu jogo mal não posso fazer nada por ti. – Disse-lhe dando de ombros.


- Não é isso! Eu estou a falar do facto de tu afastares a bola, mal eu me aproxime de ti.


- Eu não a afasto. Eu só...


- A mandas sem direcção nem sentido?


- Não! Eu... – Mas calou-se e ela percebeu o seu silêncio.


- Percebi. Tu não queres que eu seja mais alvo dos teus batedores. Mas a jogares assim o máximo que fazes é perder o jogo.


- Eu... – Ele calou-se outra vez e olhou para o longínquo chão.


- E parece que o Hill e a Franklin estão a falar a meio do jogo...


- Mas não parece uma discussão e sim... uma conversa?


- Podiam arranjar outro sitio para matar saudades. – Disse o outro comentador maldosamente.


Tanto ela como o Richard lançaram olhares irados para o comentador.


- Joga Richard e para de me tratar como uma bebé. – Disse a Sarah saindo do pé dele.


- Assim vais-te aleijar! – Gritou ele para que ela ouvisse, fazendo-a parar.


- Ou tu jogas – disse ainda de costas – ou eu começo a meter-me à frente das bludges para defender os artilheiros da minha equipa. – Ameaçou.


Ela continuou o seu caminho, mas viu o Richard ainda olhar mais uma vez irritado para ela, antes de agarrar a quaffle que vinha na sua direcção.


O Albus olhou mais uma vez em volta e nada. Se pelo menos o jogo não tivesse parado daquela vez em que ele ia pegar o pomo... Olhou para o apanhador adversário que estava logo atrás de si, parecendo com receio de se afastar demasiado de si. Olhou para a vassoura dele e viu que eram idênticas. Quem ganhasse ia ser pela habilidade e não pela vassoura. O jogo continuava na mesma, os Gryffindor 20 pontos à frente. Se ele pelo menos visse algo... Dourado. Ele viu um reflexo mais à frente e olhou atentamente. Ele conseguia ver a bola dourada com as pequenas asinhas. Voou em sua direcção, notando que o apanhador adversário fazia o mesmo.


- E parece que os apanhadores viram a snitch. Lá vão eles em direcção ao chão.


A snitch descia rapidamente e ele percebeu que o seu adversário estava mesmo ao seu lado. Com um movimento rápido dirigiu-se para a direita, porque teve o pressentimento que ela se ia deslocar para lá. Sentiu o coração bater mais rápido de adrenalina ao ver que o apanhador adversário já tinha a mão estendida para apanhar a pequena bola. O seu erro iria custar o jogo, que iria custar a taça. Num movimento desesperado ergueu o braço para o caso de a snitch mudar para a direita. Só tinha essa hipótese. Sentiu a adrenalina aumentar quando viu a pequena snitch se desviar para a direita. Com um sorriso aliviado e sentido a pressão diminuir, com um gesto fácil apanhou a pequena bola dourada.


- E Potter apanha a snitch. Gryffindor ganha! Que jogo emocionante.


- O jogo na minha opinião devia de ser empate. Ambas as equipas jogaram bem.


A equipa toda foi na sua direcção para abraça-lo. Mas ele percebeu a falta de uma pessoa no final de todos os comprimentos. Desceu entre aplausos e cantorias dos adeptos que festejavam eufóricos. Procurou-a mas não a encontrou. Só analisando o campo todo é que a viu. Estava a ser abraçada pela Rose o que a fez fazer uma careta de dor.


Desceu na sua direcção com um sorriso e quando os alcançou disse alegre:


- Ganhámos! Ganhámos a taça! – E estava para abraçá-la quando ela o afastou com o seu braço esquerdo.


- Potter fizeste uma boa jogada, mas por Merlim não me ABRAÇES. Não sei se alguém notou, mas eu parti o braço.


Ele olhou para ela espantado e estava para abrir a boca quando uma Victoire eufórica chegou.


- Não havia melhor maneira de acabar Hogwarts. Ganhámos a taça!


- Parabéns. Foi um bom jogo. – Disse uma voz atrás deles.


Eles viraram-se para trás e deram de caras com a figura do Richard sorridente e, ainda, com as vestes dos Slytherins.


- Hey, não pensavam que por eu ser dos Slytherin eu não admitia que foi um bom jogo. Pois não?


- Bem, pessoal, – disse uma estranhamente bem-disposta Sarah – eu vou indo. – Disse se dirigindo para a enfermeira que estava a poucos metros dela.


- Sarah o que se passa? – Perguntaram ao mesmo tempo a Victoire e o Richard ao ver a direcção que ela tomava.


- Vou consertar o braço. Já não há motivo para fingir que ele está bom. – Disse dando de ombros. – E, Richard, - acrescentou, virando-se para ele – dá os meus parabéns ao teu batedor. Ele tem boa pontaria.


- Então eu tinha razão. Tu não tinhas condições de jogar! – Indignou-se ele.


- Tanto tive que joguei!


- Sarah! – Disse indignado.


- Sarah. Maninha, jogaste muito bem. Parabéns. – Disse o John vindo a correr para a abraçar.


- Mas porque é que toda a gente me quer abraçar quando eu parti o braço? – Resmungou ela.


- PARTISTE O BRAÇO? O que queres dizer com isso? – Perguntou o John com um tom de voz dividido entre irritado e preocupado.


- Que tenho que ir à enfermeira. Agora, deixem-me ir. Adeus.


Ela foi rapidamente em direcção à enfermeira que começou aos gritos com ela.


- Ela é teimosa! – Exclamou o Richard extremamente zangado.


- Nem tu sabes o quanto! – Comentou o John, mais para si do que para ele.


 


N.A. Este capítulo é o fim do primeiro ano e no próximo capítulo vai haver um salto no tempo. A história começara nas férias que dão para o quarto ano. Este ano foi como que uma introdução às personagens principais, agora é que vai começar a verdadeira acção, embora existam pormenores nestes capítulos que serão importantes no futuro. Espero que gostem.


 


Lilian Potter 10: Sinceramente acho que tem razão só não pus este capítulo mais cedo porque tive de férias e passei só minutos na net. Obrigado por tudo XD.


 


 


 


 


 

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