... E relação estritamente fam
6. ... E relação estritamente familiar
“A unidade familiar desempenha um papel crítico em nossa sociedade e no treinamento da geração por vir.”
Sandra Day O’Connor
- Lar, doce lar. – Comentou a olhar para a porta da sua casa.
À sua frente estava uma casa branca com um grandioso jardim. A casa não era excessivamente grande, mas mostrava que os seus habitantes viviam bem. Tanto o jardim como o telhado estavam brancos devido à neve que caia livremente.
Ele passou pelo portão com a sua família atrás e com passos rápidos entrou pela porta. Ao chegar lá viu uma bela mulher ruiva de mãos dadas com uma criança que parecia ser a própria quando criança. A pequena ao vê-lo abriu um grande sorriso e correu para ele.
- Al!
Ele abraçou-a e rodopiou-a pelo ar, divertindo-se com o riso puro que a pequena dava. As saudades que tinha dela...
- Lily. – Murmurou rouco.
- Hey, ó pequenina e eu? Não sou irmão? – Gracejou o James ao entrar.
Ela separou-se dele e olhou para o irmão mais velho com as mãos nas ancas.
- Pequenina? Pequenina? – Perguntou irritada com a sua voz fina.
- Sim pequenina. – Disse aproximando-se dela e agitando-lhe os cabelos. – Agora dá-me um abraço! – Não esperando por uma reacção dela, ele abraçou-a.
O pai vinha logo atrás com as malas a flutuarem à sua frente. Sorriu para a mulher e ainda mais ao ver aquela cena. Felizmente os seus filhos estavam a viver aquilo que ele tinha sido privado na sua infância.
- Olá James. Olá Al. – Disse a mãe abraçando a cada um. – Como estão?
- Bem. – Responderam e subiram as escadas a falar com a Lily levando as malas.
Os pais ficaram em silêncio a vê-los subir animadamente as escadas. Quando eles desapareceram de vista a Gina não aguentando a ansiedade perguntou:
- Como correu?
- Bem. Ninguém se nos atreveu a atacar em campo aberto. Não ao grande Harry Potter. – Gracejou para ver a mulher dar um pequeno sorriso.
- E ao famoso Ronald Weasley? – Riu ela.
- Também. – Disse correspondendo ao sorriso dela. – E por aqui? Tudo normal?
- Sim. Eu já disse que acho que é um exagero da vossa parte? Talvez seja só um assassinio em série.
- Talvez – cortou-a perdendo o sorriso – sejam só vários assassinos em série.
*****
- E foi assim. – Disse acabando o relato ansiosa.
O pequeno rapaz ruivo de olhos castanhos fixou o seu olhar na irmã. Tinha houvido tudo como se a sua vida dependesse disso e disse animado:
- Nunca mais sou eu.
- Vai ser breve. Já demorou mais. – Disse dando um sorriso tranquilizador.
- Mas é mesmo verdade?? – Perguntou incrédulo. – O Al apanhou mesmo a snitch?
- É claro. O jogo foi muito giro. Ele...
Ela continuou a relatar o jogo com precisão até que a mãe deles apareceu à porta com os seus cabelos castanhos a baterem-lhe nas costas.
- Eu e o vosso pai vamos a casa dos vossos tios. Querem vir?
A Hermione olhou espectante para os filhos. Normalmente, nem era preciso perguntar porque eles eram vizinhos. Mas eles estavam sobre sobreaviso e todo o cuidado era pouco.
- Ver o Al? – Perguntou o Hugo com os olhos a brilharem de espectativa.
A Hermione fraziu a testa confusa com aquela excitação do pequeno.
- Também. – Respondeu por fim. – Eu e o vosso pai temos que ir falar com o Harry e a Gina.
- ‘Bora. – Disse saindo com uma rapidez fenomenal, saindo pela porta.
A Hermione ainda ficou mais confusa e perguntou à filha:
- O que é que ele tem?
- Quiddich. – Disse simplesmente saindo também do quarto.
A Hermione abanou negativamente a cabeça com um sorriso sincero nos lábios. Os seus dois filhos tinham saído ao pai em relação ao Quiddich. Ambos tinham uma paixão pelo desporto, apesar da Rose não gostar de jogar ela adora assistir e, principalmente, relatar. Ela mudou a sua postura quando ouviu o Ron chamar. Iriam tratar de assuntos graves com os vizinhos.
*****
- Al! – Disse o pequeno abraçando-o com os olhos a brilharem. – Apanhaste mesmo a snitch?
Ele sorriu. Aquele garoto era mesmo apaixonado pelo Quiddich.
- Sim, mas foi sorte.
- Porque é que todas as pessoas o cumprimentam e se esquecem de mim? – Reclamou uma voz falsamente magoada.
- Sabes como é. – Disse com um sorriso maroto. – Eu sou mais bonito, mais talentoso,...
- Tens é um sentido de humor grande. – Resmungou o James.
- Meninos – chamou a Hermione entrando – não querem ir lá para cima?
Eles olharam para ela e foram a correr para o andar superior fazendo com que apesar da tensão com que estava sorrisse.
- É melhor conversarmos no escritório. – Disse o Harry.
Os quatro entraram no escritório. Era uma sala grande com prateleiras cheias de livros nas paredes. Á frente havia uma janela que mostrava a neve a cair abundantemente lá fora. Uma secretária com papéis espalhados estava ao lado. Conseguia-se ver em cima da secretária um ampliação de uma imagem que tinha a mesma função que um ecrã de um computador. Ele mostrava um documento e por baixo da secretária via-se uma pequena caixa. Um confortável sofá estava ao lado com uma pequena mesa à frente que tinha um livro sobre ela.
- Recebi uma mensagem. – Disse franzindo a testa. – Deve de ser urgente para me mandarem uma mensagem por este meio.
- Harry deve de ser pelo motivo que viemos cá.
Ele não lhe respondeu sentando-se à secretária e com um aceno da varinha abriu o documento. Eles puderam ver o que ele estava a ler mas pela sua expressão não era nada de bom. Por fim, ele suspirou e olhou para eles triste.
- Parece que não posso tirar um dia de férias. – Disse com um suspiro desanimado.
- Também és o chefe dos aurors. – Disse o Ron.
- E os bandidos não tiram férias. – Continuou a Gina. – Passa-se alguma coisa amor? – Perguntou preocupada.
- Um ataque. – Disse simplesmente respondendo à pergunta da mulher. – Foi por isso que cá vieram? – Perguntou dirigindo-se à Hermione e ao Ron.
- Sim. – Explicou o Ron. – Quando cheguei a casa tinha uma coruja com uma carta que explicava tudo.
- Porque é que não me mandaram uma para mim?
Para seu espanto o seu amigo começou a rir.
- Tu sabes como eles são. Eles mandaram-te a mensagem e como tu não respondeste pensaram que tinha sido desviada. Eles confiam tanto nessa tecnologia como em antigos Devoradores da Morte.
- Pois. – Disse o Harry fechando os olhos transtornado. – Desculpa a pergunta idiota. – Ele inspirou o ar numa tentativa de se acalmar e raciocinar livremente. – Mais uma família atacada.
- Também com poder como as outras. – Continuou o Ron.
- O que está a deixar os Muggles doidos. – Disse a Hermione.
- Como é que sabes isto? – Perguntou desconfiado o Ron.
Ela suspirou. Como é que tinha casado com um homem tão obtuso?
- Duas razões Ron. A primeira é que os meus pais são Muggles e eu falo com eles e segundo o Harry disse-me. Ele pediu-me ajuda neste caso.
- Mais uma mente para ajudar nunca é de mais. – Disse ele e completou: - Ainda mais quando ela é tão brilhante.
A Hermione sorriu ao ouvir o elogio do amigo e o Ron pediu desculpas acanhado.
- Desculpa. É que eu pensei que como tens a BABE e isso...
- Eu compreendo Ron.
- Hermione tens alguma ideia? – Perguntou o Ron esperançoso.
- Muitas. Mas nenhuma que vocês não tivessem pensado.
- É estranho. – Disse o Harry levantando-se e indo em direcção ao espaçoso sofá. – Quando atacam bruxos, o que não é muito frequente, tanto atacam bruxos com poder ou não. Os seus ataques são mais centrados para os Muggles e quando atacam são fatais. Tanto matam os empregados, como as crianças, como os adultos. Não poupam ninguém. Os Muggles estão doidos ao verem as pessoas que para eles são famosas morrerem uns atrás dos outros sem explicação. Uns dizem que é conspiração, outros que é um ataque terrorista e os mais simpáticos que é simplesmente coincidência.
- Uns aurors têm a tese de que é um grupo que odeia Muggles e um assassino em série bruxo. Que são dois acontecimentos separados. – Disse o Ron.
- Mas não tem lógica. – Disse a Gina que também estava ali a ajudar o Harry porque ele lhe pediu. – Os assassinatos são semelhantes, quase iguais. Matam da mesma maneira, não poupam ninguém e não deixam uma única pista.
- Ou seja, eles são frios, inteligentes e têm algum plano que nós não conseguimos entender. – Finalizou o Harry.
Eles ficaram um instante em silêncio que só foi quebrado pelo riso alto das crianças que estavam no andar superior.
- Tu não achas... – Começou a Gina temerosa. – que os Devoradores da Morte voltaram?
Ele olhou para a mulher e ficou uns instantes em silêncio a meditar.
- Não! – Disse por fim. – Mas não vai ser por isso que devemos de ter menos cuidado. Quem quer que seja que está por trás disto não é um Devorador apesar de poder ter as mesmas ideias. A maioria foi apanhada e os que fugiram ficaram com demasiado medo para se reagrupar. – Ele calou-se por instantes, mas depois continuou. – Eu já pus uns espiões a tentarem descobrir que é, mas até agora não descobriram nada. – Suspirou. – Mas eu mandei-os continuar.
- Então... Ainda não descobriste o chefe nem a causa. Nem uma pista? – Perguntou a Hermione.
- Não. Ainda não.
*****
Suspirou quando viu o carro passar por aqueles ornamentados portões que conhecia desde a infância. Olhou para o lado, o seu irmão continuava em silêncio a olhar para a paisagem lá fora. Estava a olhar para o lago que se mantinha calmo. Toda a viagem tinha sido assim... silenciosa. Só falaram na estação quando os seus pais ficaram a falar com uns conhecidos e eles encenaram o papel de bons filhos e bem-educados. Virou a cabeça e olhou para fora. As árvores erguiam-se para cima parecendo querer tocar o céu. A casa estava ao lado, grande e imponente. Tinha uma aparência sóbria e parecia um palácio devido ao tamanho do edifício. Tinha uma cor vermelho escuro, uma cor típica das casas da Inglaterra. À frente, de cada lado da porta ornamentada, estavam dois bruxos grandes e carrancudos. Estavam a chegar a um tipo de rotunda, onde podiam deixar as pessoas à porta ou se andassem mais um pouco ir por um caminho que levava a um estacionamento atrás e, ainda, podiam voltar atrás contornando a rotunda.
O carro deu um ronco e parou na porta. Um bruxo correu para abrir a porta do seu pai que conduzia enquanto que o outro já tinha aberto a porta à sua mãe e esperava pacientemente que ela saísse do carro, segurando a porta. Quando o seu pai saiu, o bruxo que lhe tinha aberto a porta tomou o seu lugar ao volante. Entretanto os dois jovens alheios aos ensinamentos dos seus pais já estavam fora do carro, com as malas nas mãos encaminhando-se para entrar dentro da casa.
Quando entraram dentro de casa, uma pequena empregada chegou a correr e com maneando a varinha fez as malas dos dois flutuarem e dirigirem-se ao andar superior. Eles estavam num amplo corredor com quadros nas paredes cujos habitantes não desviavam os olhos deles. Por baixo deles, havia um fofo tapete e ao lado havia uma luxuosa escada em espiral que fazia uma ligação com o andar superior. Continuaram o seu caminho em silêncio dirigindo-se em frente onde se encontrava uma porta. Ainda ouviram a empregada dizer:
- Senhor e senhora Franklin têm uns senhores à sua espera.
Eles sem interesse nenhum na conversa continuaram o seu caminho e chegaram à divisão seguinte. Estavam numa ampla sala de estar. Do seu lado esquerdo estava uma grande televisão que estava a dar um programa onde um bruxo falava acerca das cotações das empresas. Tinha três grandes e fofos sofás onde os dois homens que estavam sentados no sofá do centro se levantaram automaticamente ao ouvir a porta abrir. À frente dos jovens estava uma grande mesa e do lado direito uma grande escadaria. Ela olhou para os homens e sentiu um grande aborrecimento ao ver quem eles eram. O homem mais alto tinha cabelo preto e uma barba bem arranjada. Os seus olhos castanhos fixaram-se nela primeiro e depois no seu irmão. Depois de os analisar esboçou um pequeno sorriso. Ao seu lado estava um homem de pequena estatura com uns grandes olhos azuis que mostravam, para seu espanto, receio. O seu cabelo castanho estava despenteado e esboçou uma pequena reacção de medo ao vê-los que logo suavizou quando o homem mais alto lhe deu um discreto encontrão. Apesar de o movimento ter sido discreto os dois jovens seguiram-no e viram quando o homem lançou um rápido olhar aos dois seguranças que guardavam uma porta. Olhou intrigada para aquela situação. Era normal os seguranças estarem no exterior a patrulharem e outros aleatoriamente no interior. Mas no interior eram poucos e nunca aos pares. Havia sempre muitos seguranças numa sala do segundo andar e era por isso que existiam as escadas no corredor da entrada. Em caso de ataque eles desciam imediatamente e defendiam os habitantes da casa. Agora eles estavam ali, na sala de estar, que era uma das poucas coisas que os seus pais obrigavam os seguranças a não fazer, para mostrar aos convidados que tinham confiança neles. Olhou outra vez para os visitantes e para os seguranças. Não era para os seguranças estarem a guardar uma porta... UMA PORTA!
- Olá meninos. – Cumprimentou o mais alto só levando um aceno do John.
- Olá Andrew. Quem é esse senhor? – Perguntou apontando com a cabeça para o mais pequeno.
O Andrew que era o braço direito dos seus pais franziu um pouco a testa, mas logo suavizou a expressão e disse amavelmente.
- Um senhor que se vai juntar ao grupo Franklin.
Ela fixou os seus olhos castanhos franzido a testa pois tinha a leve impressão que aquele homem a fazia lembrar alguém. Abanou a cabeça para dispersar estes pensamentos e fixou os seus olhos no homem. Aparentemente, ele só estava sério, mas ela conseguia perceber que havia algo mais.... algo que o preocupava. Ele ao parecer ver a confusão na face dela inspirou profundamente e sorriu-lhe.
Como perdeu o interesse nele, dirigiu-se para a porta que estava guardada pelos dois seguranças. Quando todos perceberam a sua direcção ouviu a voz do Andrew.
- Sarah onde vais?
- Ao escritório. – Disse parando em frente à porta e dirigindo a sua mão para a maçaneta. – Dei por falta de um objecto meu e acho que o deixei no escritório.
A sua mão foi interrompida do seu objectivo por um segurança que a segurou e que lhe lançou um olhar temeroso. O outro só pôs a mão no manto. Ouviu os suaves passos do John atrás de si, mas a sua atenção estava fixa na sua mão que estava segurada pelo segurança.
- Importa-se de me largar? – Perguntou com uma voz perigosamente baixa,
- E-eu... – Começou o segurança engolindo em seco. Por fim desistiu de dizer o quer que queria dizer e lançou um olhar ao braço direito dos patrões.
- Sarah ele está só a cumprir ordens. – Disse a voz calma do Andrew.
- Aí sim? – Perguntou não mudando o seu tom. – E qual ordem? De eu não poder andar livremente pela minha própria casa? – Perguntou vendo pelo canto do olho o John pôr a mão no manto.
- Não. – Explicou pacientemente. – Nós simplesmente vamos ter uma daquelas reuniões chatas e ninguém pode interromper. Podes ir para qualquer lado, desde que não seja no escritório.
Ela não conseguiu evitar um sorriso. Se os seus pais ou o Andrew a conhecessem minimamente saberiam que isso era o mesmo que dizer para ela ir lá. Com o sorriso no rosto observou o seu pai que tinha falado. Ainda estava na porta com a sua mãe a olhar expectante para ela. Ah, ia ser divertido...
- Bem, eu... - disse virando-se outra vez para a porta, com uma mão pausada disfarçadamente na varinha – vou só buscar a minha pena. – Ela com um movimento ágil abriu a porta largando-se do segurança e já estava a entrar quando um grande corpo impôs-se entre ela e a porta.
- Não podes entrar. – Disse o mesmo segurança, agora com mais determinação provavelmente por os seus pais estarem ali.
No entanto, ele não pode dizer mais nada porque com um movimento rápido dela um raio vermelho atingiu-o e ela teve que saltar para o lado por causa do corpo do segurança que caia em sua direcção. Antes mesmo de o outro segurança poder tirar a varinha que tinha nas mãos, ele já tinha recebido um feitiço dela. Ao ver os dois corpos caírem desacordados olhou para o John que tinha a varinha erguida para os visitantes. Os seus pais ainda não tinham esboçado qualquer reacção e o homem mais pequeno estava verdadeiramente surpreendido e a sua expressão mudava entre alegre e temeroso.
- Patético. – Disse olhando para os dois corpos caídos e dirigindo-se mais uma vez para a porta.
- Muito bem Sarah. Já demonstraste que é forte mas nem penses em entrar nessa porta.
Ela parou no lugar e virou-se com uma expressão divertida para o seu pai que tinha falado.
- Lamento informá-lo pai – disse com um sorriso desdenhoso – mas eu não controlo os meus pensamentos.
- Sarah, eu estou a avisar-te! – Já tinha perdido todo o tom amigável. – Eu tenho assuntos a tratar com este senhor!
Ela olhou para o homem. Ele olhava para ela apreensivo. No fundo dos seus olhos azuis ela conseguia distinguir medo e esperança. Algo de muito errado estava a acontecer e a sua curiosidade estava no pico.
- Que tipo de assuntos? – Perguntou usando um tom casual.
- Eu já te disse Sarah. – Quase gritou o Andrew.
- Ah, pois. – Disse com um tom distraído. – Tinha-me esquecido. Mas bem... – Ela se pudesse estava a sorrir com a ideia que tinha tido. Guardou a varinha fazendo o Andrew suspirar aliviado, mas deixando-a perto da sua mão e continuou – Eu como futuramente vou assumir a presidência com o John do grupo quero assistir.
O seu pai sorriu ao dizer:
- Ainda és muito nova.
- Mas quero aprender. ‘Bora. – Disse dirigindo-se outra vez para o escritório.
- Sarah, já disse que não! – Disse o seu pai elevando o tom autoritariamente.
- Porque não? – Insistiu ela.
O seu pai não lhe respondeu dirigindo-se com passos rápidos a ela. Com um gesto afastou-a da porta o que fez o John voltar a erguer a varinha que estava esquecida na sua mão.
- John não! – Disse ela alarmada.
Ele olhou para ela e baixou a varinha com um suspiro.
- Eu ensino-vos noutro dia a fazerem negócios. Hoje não. Vão lá para cima. Mais tarde falamos.
Ele empurrou com o pé o segurança caído à frente da porta e esperou pacientemente que a Sarah fizesse o que ele tinha dito.
Ela olhou para o chão lembrando-se dos seus principais objectivos. Por muito que estivesse curiosa, tinha prioridades. Com passos rápidos dirigiu-se às escadas e viu o John fazer o mesmo. Subiu para o andar superior tendo a certeza de que iria ser castigada.
*****
Suspirou ao ver que tinha chegado à luxuosa mansão da família Malfoy. Quem o tinha ido buscar foi a sua mãe que com a sua habitual simpatia o abraçou e obrigou-o a contar tudo sobre Hogwarts. Agora, ia ser a parte difícil, ele iria enfrentar os dragões. Ele sabia que a sua mãe tinha sido a única que aceitou, plenamente bem, o facto de ter entrado nos Gryffindor porque o seu pai ficou enfurecido e o seu avô... Bem, era uma das coisas que ele realmente não queria pensar. As reacções destes dois foi o que o levou por semanas a ponderar se devia ou não de ficar em Hogwarts para passar o natal mas a insistência da sua mãe a até da sua avó, que o surpreendeu, levou-o a pensar que ele era capaz de viver com isto. Não tinha sido como se eles o tivessem deserdado e abandonado debaixo de uma ponte, só as reacções esperadas...
- Então? – Perguntou a sua mãe ansiosa. – Ansioso para veres o teu pai?
- Ansiosíssimo... – Resmungou fazendo a sua mãe rir.
- Tenho que te pedir desculpas. – Ela disse rindo com a lembrança. – Eu nem tinha sonhado que o teu pai, juntamente com o teu avô, mandou o berrador. Eu quase que o atordoei quando ele me disse.
- Devias de ter atordoado mesmo... – Resmungou. – Um cruciatus também era tentador.
-Assim, pareces um Slytherin a falar. – Avisou ela não conseguindo conter um sorriso.
- Eu não devia de parecer, devia de SER. Eu nem sei mesmo como é que o chapéu me seleccionou para lá. Eu pus o chapéu e PUM, ele disse logo Gryffindor. Não devia de me ouvir primeiro?
- Quer dizer que és um Gryffindor puro. – Riu ela.
- Ah, isso é para me dar ânimo mãe? – Voltou a resmungar.
- Claro. Pensa positivo, olha se não fosses um Gryffindor não estavas a vir para casa. Tiveste a coragem necessária para ultrapassar o teu medo.
- Claro. E para morrer devido a essa coragem.
- O teu pai não te vai matar.
- Sozinho se calhar não, mas com o avô...
- O teu avô foi avisado pela tua avó. Ninguém te vai matar. – Voltou a rir ela. – Parando o carro e saindo, sendo acompanhada pelo Scorpius ainda chateado.
- Vou fingir que acredito... – Disse indo directamente para o seu quarto não vendo o olhar, agora, preocupado da sua mãe.
Chegou ao enorme aposento que só era vencido pelo quarto dos seus pais e dos seus avós. A sua decoração até era simples, só tendo uma cama de casal no meio, uma escrivaninha à frente e um grande, para ser mais exacto, gigante roupeiro cheio de roupas, cortesia da sua avó.
Sentou-se na enorme cama e olhou com tristeza para o quarto. As cores verdes prata decorava todo o aposento, até a colcha. Eles sempre lhe tinham dito que era para ter orgulho por ir para os Slytherins apesar do que lhe pudessem dizer. É claro que eles nunca nem sonharam que ele fosse para os Gryffindor, nem ele pensou até que aquele estúpido chapéu disse claramente “ Gryffindor” e depois foi o choque.
Tapou a face com as suas mãos, desesperado. O que iria fazer agora? Como é que iria enfrentar o seu pai que sempre o tinha apoiado por tudo, menos agora? Ele não iria conseguir ver a face desiludida do seu pai nem a enfurecida do seu avô. Será que se ele voltasse atrás ainda poderia ir para Hogwarts? Era melhor do que esperar para ouvir a sua sentença de morte. Os seus pensamentos dispersaram ao ouvir uma batida na porta. Pensando que era a sua mãe para o acalmar ou a sua avó para lhe passar um sermão e depois dizer que não era nada de mais o que aconteceu não respondeu. Tudo o que ele queria era silêncio e paz para pensar no que iria fazer. Mas a pessoa que tinha batido à porta claramente não pensou isso ao abrir a porta e espreitar lá para dentro. Ficou em choque ao ver a face pálida e os cabelos loiros do seu pai. Ele deu um tímido sorriso e entrou no quarto. O seu corpo bem trabalhado e os seus passos que não fizeram barulho nenhum mostraram claramente que ele treinava constantemente. Ele olhou para o filho e a sua face mostrou desilusão, fazendo o Scorpius reagir. Até parecia que ele tinha morto alguém!
- JÁ SEI! – Gritou deixando sair toda a sua irritação. – NÃO É PRECISO COMEÇARES A RALHAR A DIZER QUE ESTÁS IRRITADO PORQUE EU SOU UM INGRATO, QUE NÃO SEI ONDE PERTENCO E TUDO O RESTO! EU SEI DE TUDO ISSO, JÁ RECEBI UM BERRADOR A DIZER ISSO. POR ISSO TIRA ESSA TUA CARA DESILUDIDA DA MINHA FRENTE E DEIXA-ME EM PAZ!
- Scorpius... Respeito!
- RESPEITO... RESPEITO! – Disse começando a tremer devido à irritação numa tentativa frustrada de se acalmar. – SE EU FOSSE PARA OS SLYTHERIN EU ERA O FILHO PERFEITO E IRIAS ENCHER-ME DE PRENDAS E SORRISOS COMO FUI PARA OS GRYFFINDOR TUDO O QUE EU RECEBO É UM BERRADOR E UMA CARA DESILUDIDA DEPOIS DE MESES SEM ME VERES OU ESCREVERES PARA MIM!
- Scorpius...
- NÃO SEI COMO É QUE A MÃE ME CONVENCEU A VIR PARA AQUI! – Riu ele sem graça. – TU DEVES DE ODIAR A MINHA FACE AGORA, PORQUE É QUE NÃO ME PÕES NA RUA?
- CHEGA! – Gritou ele, parecendo realmente irritado, fazendo-o calar-se e abaixar a cabeça. – Eu não estou desiludido contigo. Eu estou desiludido COMIGO! – Confessou.
- O... o quê? – Perguntou espantado, levantado a cabeça.
- Sim. Eu estou desiludido pela forma como agi contigo. Agi como um completo imbecil e a tua mãe fez-me ver isso logo depois de te ter mandado o berrador. Desculpa por isso e por nunca mais te ter mandado nenhuma carta, mas eu... Eu tinha medo que nunca me perdoasses. O que eu fiz foi imperdoável, filho. Eu agi como antigamente e depois que eu pensei nisso eu vi o quanto estava errado. Desculpas-me?
- Não estás irritado ou magoado? – Perguntou visivelmente espantado.
Para seu total espanto, o seu pai começou a rir ao responder:
- Claro que não! Aquilo foi uma reacção inconsequente e irresponsável da minha parte. Agora, graças a ti, se alguém disser que somos uma família que ainda está ligada às trevas podemos dar o teu exemplo e eles terão que se calar.
- Então... é verdade que os Slytherins são todos bruxos das trevas?
O seu pai riu novamente ao responder:
- Não Scorpius! É verdade que, talvez, sintam uma maior... como dizer... atracção pelas trevas, mas isso não quer dizer nada. Existem bruxos muito bons nos Slytherins e muito maus nas outras casas. É só uma ideia predefinida.
- Perdoas-me mesmo?
O seu pai sentou-se ao seu lado e passou um braço em sinal de conforto no seu filho.
- Eu não tenho nada a perdoar. Eu e o teu avô estamos arrependidos. Tu é que nos tens que perdoar. Perdoas-me? – Perguntou com o mesmo sorriso tímido que deu ao entrar.
- Claro. – Disse abraçando-o. – Obrigado pai.
- E desculpa por não te ter ido buscar mas atrasei-me nuns negócios. O teu avô também deve de chegar breve e ele também se vai querer desculpar. Nada como as mulheres para nos porem na linha. – Disse piscando-lhe um olho fazendo-o sorrir. – Espero realmente que me perdoas e que te divirtas neste Natal.
- Claro que sim. Agora vai ser um EXCELENTE Natal! – Disse sorrindo feliz.
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