A selecção



2.A Selecção




“A melhor maneira de prever o que está para vir, é lembrar o que já passou.”


George Savile




O Albus remexeu-se inquieto. Ele estava ali à espera que a selecção começasse, mas parecia uma eternidade. O chapéu selector já tinha cantado e agora o professor Neville estava a olhar para a lista à sua frente para chamar o primeiro aluno. A viagem que ele tinha feito com a Rose tinha sido silenciosa, ambos nervosos demais para proferir qualquer palavra.


- Abercombrie, Mike. -Chamou o professor começando a selecção.


O pequeno menino foi a tropeçar até ao banco onde se sentou. O menino esteve lá algum tempo que para o Albus pareceu uma eternidade, até que o chapéu dissesse claramente:


- Hupplefful!


Ele suspirou. O que aconteceria se ele fosse para os Slytherin? O seu pai tinha dito que nada, mas ele não acreditava. O James tinha dito que o Slytherin era para onde os bruxos das trevas iam, será que se ele fosse era a confirmação de que ele era das trevas? Esse caso do tal de Severus podia ter sido uma excepção, afinal existiam sempre excepções. Ele suspirou. Toda a sua família tinha ido para o Gryffindor será que ele ia ser a excepção? Iria ser o regenerado da família? Será que iam chegar ao ponto dos seus pais deserdarem-no? E ele iria se separar da sua amiga de infância Rose? Iria ficar sozinho e abandonado naquela casa das cobras. Só foi chamado à realidade pela voz do professor que chamo um nome conhecido:


- Franklin, Angelina!


Ele viu a garota loira ir até ao banco decidida. Poucos segundos depois o chapéu selector disse:


- Slytherin.


A garota foi sorridente para a mesa e ele ouviu outra vez o chamamento do professor Longbottom:


- Franklin, Sarah.


A Sarah suspirou enquanto se encaminhava para o banquinho. Ela tinha feito uma viagem calma com a Angelina e uma menina que estava lá. Tinha sido divertido ela se apresentar com o nome Susan Hill e a Angelina dizer que conhecia aquele nome e perguntar-lhe se ela era de alguma família conhecida. Bem, a melhor parte foi claramente quando a menina disse, timidamente, que provavelmente sim, e a Angelina, definitivamente, pensando que tinha encontrado um bom partido para uma boa amizade perguntar-lhe o que é que os pais faziam e ela responder que eram actores famosos Muggles. A reacção da Angelina foi instantânea, ficou rubra e mudou logo de expressão ficando com uma cara irritada. A pobre menina ficou sem perceber nada e ela como continuava com uma grande vontade de irritar a Angelina passou o resto da viagem a falar com ela, para o desgosto da Angelina que nem a palavra lhe dirigiu mais.


Enquanto ela se dirigia para o banco viu a Angelina ir, quase saltando de tanta alegria, para a mesa dos Slytherin, onde se sentou ao lado do Richard. Não se surpreendeu dela ter ido para aquela casa, ficava surpreendida se ela tivesse ido para qualquer outra casa. Agora era a vez dela. Caminhou calmamente até ao banco, ela não tinha com que se enervar, afinal só estava a cumprir o seu destino. De relance viu o seu irmão sentado na mesa dos Gryffindor olhando esperançoso para ela. Sentiu um aperto no coração ao olhar para ele. Ele ia ficar sozinho naquela casa, sem ela para o proteger. Seria seguro o deixar ali? Sobressaltou-se quando sentiu o chapéu na cabeça, não estava à espera daquilo.


- Um grande talento… ambição… audácia… Interessante. Podes ficar em qualquer casa, talvez Slytherin.


- Nunca pensei que fosse outra!


- Mesmo os pensamentos reprimidos são pensamentos, por isso, sim tu pensaste. Gryffindor... Sim, também pode ser. Tens uma grande coragem e és leal aos teus valores e aos que te são queridos.


Infelizmente o que ele disse era verdade. O seu irmão! Tudo era culpa dele e daquela mania estúpida dele de só seguir os seus ideais, mesmo que para isso tenha que vencer tudo e todos. Olhou para ele. Ele olhava apreensivo para ela. Repreendeu-se mentalmente por ela ter ficando espantada quando ele entrou nos Gryffindor. Ele era a pessoa mais corajosa que ela conhecia, conheceu ou algum dia conhecerá… Não, mentira, ela conheceu outra pessoa que era tão corajosa quanto ele, mas ela não queria pensar nisso. E se… se eles o matassem? Ele tinha o dom natural de desobedecer as pessoas que devia obedecer o que o metia em sarilhos. Ele sempre se livrou de problemas graças a ela, mas agora ele ia estar distante dela. Ela não o poderia proteger sempre. Mas ela não suportaria outra perda. Se ela não tivesse aprendido desde tão cedo a esconder os seus sentimentos, uma lágrima rolaria pela sua face, mas ela aprendeu e evitou-a. O seu rosto continuava impassível.


- Interessante… o que preferes? Slytherin que te corre nas veias ou Gryffindor que o teu coração deseja? Só tu poderás decidir, mas eu acho que é melhor…


- Não! Eu não quero saber. A vida é minha sou eu que decido, afinal sou eu que vou levar com as consequências.


- Não queres ter a hipótese de dizer que a culpa foi minha? Que eu escolhi mal. Muito interessante… forte… decidida… Ambiciosa… Corajosa… Leal… Impressionante.


- Eu…


- Com um grande cargo nos teus ombros… O conflito interno com o qual constantemente lutas. Não tenho dúvidas. Tens a resposta dentro de ti, só que ainda não a viste.


- Não! Tenho que ser eu… - suplicou – por favor…


- Não. Tu escolheste usar os teus poderes com um único fim, com um único propósito. Só há uma casa para ti.


- Slytherin não! Eu preciso de proteger o John, eu não vou suportar outra perda. Por favor, eu não me importo com as consequências!


- Eu sei… - E ela poderia jurar que ele tinha um tom de riso. - Gryffindor.


O salão estava apreensivo com a demora daquela pequena aluna ser seleccionada e quando ouviram o chapéu selector gritar: “ GRYFFINDOR” os alunos desta casa aplaudiram em aprovação.


Ela desceu do banco e foi em direcção à mesa olhando para o seu irmão que fazia uma pequena festa no sítio onde estava, juntamente com o seu grupo pouco discreto. Deixou soltar um sorriso para aquele que foi a causa dela ter ido para aquela casa, apesar de ter jurado nunca lhe dizer isso. Por pura implicância olhou para a mesa dos Slytherin onde a sua prima olhava para ela como se ela fosse um feitiço muito complicado para ela entender. Sorriu para ela e como viu uma movimentação ao lado dela olhou para lá também. O Richard a observava atentamente, parecendo estudá-la e ao ver que ela sorria, sorriu e acenou. Ela só fez um gesto com a cabeça como cumprimento e foi andando até ao seu irmão. Parou à frente dele e estudou-o. Ele tinha um sorriso orgulhoso no rosto e emanava pura felicidade. Ele não se contendo abraçou-a e disse-lhe:


-Viste? Eu tinha razão.


- Não tenhas tanta certeza.


Ele olhou para ela, transparecendo preocupação.


- O que vais fazer agora? Não podes voltar atrás. Não há escolha. Mas se te interessa a minha opinião fizeste a escolha certa.


Ela sorrio, um sorriso frio. Ele realmente esteve nervoso para dizer em tão pouco tempo tanta coisa.


- Isso não é novidade. Nunca escondeste a tua opinião.


- Sarah!


Ela olhou à volta e ao ver a atenção que estava a ter, murmurou simplesmente:


- Já chega. Falamos mais tarde. – E sentou-se sendo seguida do irmão que continuava a lhe lançar olhares desconfiados.


Ela olhou para o chapéu que estava a seleccionar aquela menina que tinha ido com ela no barco. Ela não sabia porquê, mas tinha simpatizado com aquela menina, mesmo ela sabendo que ela era uma Muggle. Abanou a cabeça para afastar aqueles pensamentos. Ela hoje não estava bem... defender Muggles, reagir assim à Angelina e ao Richard... o que se passava? Observou o chapéu dizer “ GRIFFINDOR”, inconscientemente bateu palmas e sorriu para aquela menina que foi rapidamente sentar-se à sua frente. Mas ela não conseguiu dizer nada, porque muitos alunos dos Gryffindor foram logo falar com ela, provavelmente Muggles que a conheciam dos jornais. Passados uns cinco minutos ela suspirou cansada e sentou-se.


- Parabéns. Embora eu ache que já deves estar farta de ouvir isto.


Ela sorriu para a Sarah e disse-lhe:


- É a fama dos meus pais. Desde pequena que a imprensa anda atrás de mim. – Disse dando de ombros. – Mas obrigado na mesma. Pelo que me disseram esta era mesma a casa para mim.


- Corajosa? – Perguntou sorrindo.


- Para enfrentar os jornalistas é preciso coragem. – Disse dando-lhe um sorriso.


- Não duvido. São incómodos e nunca desistem.


A Susan olhou para ela parecendo espantada.


- Parece-me que também passaste pelo mesmo...


- É, mas eles nunca chegaram muito perto de mim. Os meus pais não deixavam.


- Tiveram mais sorte que os meus.


- Eles têm os seus métodos. – Disse apagando bruscamente o seu sorriso.


- GRYFFINDOR. - Ela ouviu mais uma vez e bateu palmas e olhou para quem foi seleccionado. Ao ver o seu queixo caiu e só conseguiu balbuciar:


- Não é possível.


Scorpius Malfoy, o grande herdeiro da família Malfoy, conhecida pelo seu sangue puro e todos os seus membros terem ido para os Slytherin estava a caminhar tremulamente em direcção à mesa dos Gryffindor. A sua face ainda estava mais pálida que normalmente e parecia que tinha levado uma pancada na cabeça. Aquele nobre sangue-puro tinha sido seleccionado para os Gryffindor? O mundo estava ao contrário.


Ele sentou-se trémulo ao lado da Susan e escondeu a cara com as mãos e disse:


- O meu pai vai matar-me. Ai, – gemeu -  não, primeiro vai matar-me o avô e só depois é que ele vai matar-me.


*****


Ele seguiu a trajectória da Sarah com olhar. Ela tinha sido seleccionada para os Gryffindor, GRYFFINDOR. O que o impossibilitava de ir para os Slytherin? Se ela que tinha certeza absoluta que ia para os Slytherin tinha ido para os Gryffindor? Nada era impossível e ele agora via claramente que ia ser seleccionado para os Slytherin.


- Potter. Albus.


Ele deu um salto quando ouviu o seu nome. Estava distraído e foi ainda mais nervoso para o banquinho. Ele olhou de relance para a mesa dos Gryffindor onde o seu irmão olhava para ele com um sorriso brincalhão e ao vê-lo a olhar para si movimentou a boca para formar a palavra “ Slytherin” fazendo-o começar a suar de nervoso.


- Inteligente, poderoso, Slytherin, provavelmente.


- Não. Por favor, não… - Implorou. – Eu não quero, eu quero estar com os meus amigos, eu quero Gryffindor, por favor…


- Tens a certeza? Também é uma boa hipótese, mas acho que te saias melhor em Slytherin.


- Gryffindor, Gryffindor, Gryffindor... - Dizia sem ouvir o chapéu com medo que ele estivesse a escolher Slytherin.


O chapéu deu uma risadinha, divertido.


- Está bem, está bem. Determinação não te falta. GRYFFINDOR.


Ele abriu os olhos assustado e observou o salão, estando os membros dos Gryffindor a bater palmas em pé. Ele suspirou aliviado, sentindo um grande peso sair de si e olhou para o seu irmão. Ele também estava em pé, a bater palmas com um sorriso orgulhoso. Afinal, ele não queria tanto que ele fosse para os Slytherin, pensou. Encaminhou-se para o lado dele e sorriu devido às inúmeras palmadas que recebia e palavras de incentivo. Quando chegou ao pé do irmão, ele ficou a olhar por ele por segundos e depois deu-lhe um murro no braço dizendo:


- Parabéns. Mas lembra-te que tu só vieste aqui porque és um Potter e os Potter são Gryffindors desde que nascem. – E sentou-se para o Albus não ver o sorriso que teimava em aparecer.


- Hum... Já recebi agradecimentos menos dolorosos. – Disse massajando o braço onde ele tinha lhe batido e indo sentar-se ao lado da Sarah.


Ele olhou para ela e um sorriso formou-se no seu rosto.


- Acabamos por ficar na mesma casa.


- É, engraçado, não?


- RAVENCLAW. – Ouviram o chapéu dizer.


- Uma coincidência.


Ela não respondeu, fixando o olhar no rapaz que estava a ser seleccionado. Ele parecia debater-se arduamente com o chapéu.


- GRYFFINDOR!


Ela quase que caiu para trás ao ouvir isso? Gryffindor? Gryffindor? Deve ter ouvido mal. Ele disse Slytherin, mas como ela dormiu mal ouviu Gryffindor. Sim, era isso. Olhou para ele na esperança de o ver a encaminhar-se para a mesa dos Slytherins, mas não ele estava a caminhar para ali e estava a sorrir orgulhoso para ela. Mas isto não podia ser real, ela já ter ido para os Gryffindor foi surpreendente, o Malfoy ainda mais, mas ELE, ele jamais. Mimado, convencido, egocêntrico... e muitas, mas muitas mais qualidades destas.


- John? – Chamou duvidosa.


- Sim?


- Hã... O chapéu foi confundido?


Ele olhou confuso para ela:


- Confundido?


- Sim, não achas que os Gryffindor estão com muitos possíveis Slytherins?


- Os pais não querem dizer nada. Pode ser uma situação igual à tua, não tires conclusões precipitadas. Não os conheces.


Ela lançou um olhar duvidoso a ele e continuou:


- Tudo bem. Ao Malfoy não conheço e não sei, mas a ele SEI. – E apontou para o Mike que estava a falar com uns alunos. – E a mim. Por isso, ou o chapéu foi confundido ou estou a sonhar. Escolhe!


- Ou estás a viver a realidade, estranha, mas real.


- Está bem. – Disse cortando o assunto, vendo que havia pessoas interessadas na sua conversa. -Vamos ver o resto da selecção. – Disse olhando para o Mike vir senta-se ao lado da Susan.


Por muito que o John tenha dito, aquele ser que estava à sua frente tinha tantas probabilidades de ir para os Gryffindor, como das galinhas ganharem dentes. Não, menos, porque com um feitiço elas podiam ganhar dentes.


- Os meus pais vão ficar felizes. – Ele disse todo sorridente.


Ela suspirou, não sabendo se de preocupação ou alívio. Bem estava explicado. Os pais! Claro, os pais deles eram dos Gryffindor, porque é que ele não seria? Bem, talvez pela personalidade, maneira de ser,...


- Weasley, Rose.


Ela viu a Rose sentar-se e o chapéu dizer logo:


- GRYFFINDOR.


Ela sorriu feliz e foi para a mesa, abraçando logo o Albus contente. Ela estava feliz, ela e o Albus tinham sido seleccionados para os Gryffindor, como eles sempre tinham sonhado.


- Boa noite a todos. – Disse a directora levantando-se. – Antes de mais nada as boas vindas a todos os alunos. Um novo ano lectivo está a começar, mas vocês agora querem é mesmo comer. Por isso um bom apetite....


 

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