Uma viagem diferente



1. Uma viagem diferente




“O coração tem razões que a própria razão desconhece”




Blaise Pascal




Um rapaz com os seus onze anos andava nervoso pelo comboio. Os seus olhos verdes analisavam tudo ansiosamente. Ao seu lado estava uma criança ruiva que observava tudo com admiração. Viram uma cabine só com duas pessoas, uma menina pequena com cabelos pretos ondulados que lhe caiam sobre os ombros e um rapaz com cabelo preto, curto. O rapaz estava em pé a falar nervosamente com a menina que estava sentada a olhar descontraidamente para ele.


Eles até agora só tinham encontrado cabines cheias e com um entendimento mútuo decidiram entrar na cabine. Tinham medo não encontrar nenhuma cabine.


- … tens escolha Sarah! Faz como eu! – Dizia o rapaz.


A garota olhou para ele com um sorriso cínico e disse:


- Claro! Grande exemplo. – Troçou. -  Quem te diz que eu quero ser diferente? Para quê lutar e, sinceramente esta é uma escolha mínima, não faz a mínima diferença.


- Faz! O pai e a mãe já não…


- Não é por ir para os Gryffindor ou para os Slytherin que faz a diferença. Esta escolha no máximo deixa-os irritados. – Disse e olhou para a porta com os seus olhos pretos brilhando. Não se surpreendeu ao ver aquelas duas pessoas, parecia até que já sabia.


- Sarah! – Exclamou angustiado o rapaz. – Queres ser como eles? É isso? Não queres lutar?


- Ah… Podemos se sentar aqui? Isto é, se não estivermos a interromper nada. – Esclareceu rapidamente.


O rapaz deu um salto como se tivesse levado um choque eléctrico e olhou para eles assustado. Ao observá-los suspirou e a sua face tomou uma expressão bem-disposta.


- Claro. Nós só estávamos a discutir uns pormenores. A propósito John Franklin. – Disse estendendo a mão para o Albus com um sorriso.


- Albus Potter.


A garota que estava a observar a paisagem distraída olhou rapidamente para ele e estreitou os olhos observando-o atentamente. Mas a sua atenção foi desviada quando viu a menina ruiva que o acompanhava falar timidamente.


- Ah… Eu sou a Rose. Rose Weasley.


Ele sorriu para ela como cumprimento e observou a garota que estava sentada com uma cara aborrecida.


- Sarah! – Chamou-a. Ela olhou para ele sem demonstrar emoção. Ele como resposta sorriu e disse divertido. – E tu Sarah não te apresentas?


- Claro. – Ela murmurou. Olhou para eles com um sorriso e disse. – Sarah Franklin.


Os outros dois sentaram-se e só o John continuou em pé. Depois de um minuto em silêncio, não conseguindo conter a sua curiosidade o Albus perguntou:


- Herm… Vocês… Ah, vocês são irmãos?


O John riu-se perante a curiosidade do rapaz.


- Sim. Ela está no primeiro e eu no segundo.


- Então se calhar conheces o meu irmão? James Potter? Ele está no segundo ano também.


Ele abriu um sorriso ainda maior e disse:


- Claro que conheço! Estamos na mesma casa.


Mal ele acabou de falar eles ouviram o som da porta se abrir. Olharam para lá e viram o James à porta com dois colegas. Ele olhava atentamente o John.


- John finalmente! Estive á tua procura pelo comboio inteiro! – Ele parou de falar e só ai é que observou os outros passageiros.


O John riu e disse:


- Não podes ser boa pessoa… Fala-se de ti e tu apareces. – O James bufou. – Bem, olha esta é a minha irmã e – ele apontou para o banco onde estava o Albus e a Rose e abriu a boca para continuar mas foi cortado pelo James.


- Por Merlim, não me vais apresentar o meu irmão, pois não? Eu conhece-o o bastante, afinal passei as férias inteiras com ele. – E estreitou os olhos na direcção dele. – Ah, já chega! Vamos procurar uma cabine, eu já o aturei o bastante.


O Albus bufou como resposta, mas o James já não estava a olhar para ele.


- Claro. – Disse o John olhando divertido para o James. Ele começou a sair, mas quando estava para fechar a porta parou e observou a Sarah. – Sarah, pensa no que te disse. Bem até Hogwarts. – Despediu-se saindo.


Eles os três ficaram sozinhos naquela cabine. Por uns segundos houve um silêncio inquebrável, mas depois o Albus bufou e murmurou desconsolado.


- Arre, esta espera é horrível. – Ele olhou para a Rose desconsolado. – E se eu for para os Slytherin? Eles são tão diferentes.


- Se fores para os Slytherin – disse a Sarah calmamente – vamos ser companheiros de casa.


Eles os dois olharam para ela que tinha um leve sorriso no rosto.


- Mas… mas o teu irmão… - murmurou confuso – ele… ele está nos Gryffindor.


- Gryffindor? Está. Mas isso já foi uma surpresa.


- Então tu também podes ser uma surpresa. – Disse Rose.


- Não me parece… - murmurou distraída – mas se eu fosse a vocês não me preocupava. Vocês vão para os Gryffindor.


- Como sabes isso? – Ele perguntou nervoso. – Não nos conheces!


Ele depois de ter murmurado estas palavras arrependeu-se, não queria ser bruto, mas provavelmente ela não levou a mal, pois ela tinha um sorriso no rosto.


- Não vos conheço? Bem, de certa forma sim. Mas todos os bruxos conhecem os vossos pais que são os melhores representantes dessa casa.


- Co-como?


A Sarah olhou para eles pensativa. Seria possível que eles não soubessem a própria história dos pais?


- Bem… Vocês sabem porque é que os jornalistas não largam os vossos pais?


- Sim. O pai disse que ele juntamente com os tios matou um bruxo das trevas e por causa disso eles viraram celebridades.


Ela pensou mais uns segundos e parecendo escolher cada palavra cuidadosamente disse:


- Sim… Resumidamente é isso.


- E o que é que isso tem a ver com o facto de saberes a nossa vida?


- As revistas e os jornais dizem tudo sobre vocês. Vocês são pequenas celebridades. – Disse e a sua face contraiu-se outra vez num sorriso sarcástico.


- Estás… - ia começar a Rose mas calou-se porque a porta foi aberta com violência.


- Sarah! Andei à tua procura. – Disse a pessoa que entrou tão rápida como um foguete e, agora, a abraçava. – Priminha que saudades!


A Sara revirou os olhos e a abraçou. O Albus e a Rose se entreolharam confusos. Elas as duas não tinham nenhuma parecença. Eram diferentes como o dia é da noite.


A menina que estava à sua frente era loira e com uns brilhantes olhos azuis. Se lhes perguntassem se elas eram da mesma família elas não duvidariam ao dizer que não. A única parecença era mesmo a idade, pois ela não devia de ter mais de doze anos.


- E depois atrasei-me porque encontrei o Richard. Ele está cada vez mais bonito… E falador. – Ela disse sonhadoramente. – Ele está cada dia mais perfeito.


A Sarah revirou outra vez os olhos e não se contendo, disse:


- Sabes Angelina, quando uma pessoa é perfeita não consegue ficar mais perfeita. Perfeito é o limite. – E acabou sarcástica. – Logo ele não é perfeito.


Ela só disse isso para ver a cara emburrada que ela fez como resposta. A Angelina era sua prima, mas era um tipo de pessoa muito difícil de suportar. Ela só ligava para as coisas superficiais e não era confiável. Mas ela tinha que conviver com ela se não a sua mãe iria castigá-la.


A Angelina olhou em volta e só aí é que se deu conta que não estava sozinha com a Sarah. Sorriu e olhou para a Sarah:


- Não nos apresentas Sarah?


- Ah… Esta é a Angelina e eles são o Albus e a Rose. Eles também vão para o primeiro ano.


Eles cumprimentaram-se e a Sarah pensava depressa. Ela não tinha dito os apelidos propositadamente, pois desconfiava de qual seria a reacção dela ao descobrir quem eles eram e não seria nenhuma boa reacção. Eles não poderiam falar de família, nem nada que tivesse a ver com a família Potter e Weasley. Logicamente não poderiam continuar com a conversa anterior e a única maneira que ela viu de escapar dessa conversa era uma que não lhe agradava muito…


Parecendo que a Angelina leu os pensamentos da Sarah, ela quando se sentou ao lado da Sarah disse:


- Ainda não acredito! O Richard! – E suspirou fazendo com que só a muito custo a Sarah não revirasse outra vez os olhos. – Sabes que ele vai para o quarto ano?


- É lógico! Se no ano passado estava no terceiro! Querias que ele estivesse onde? No sétimo? – Respondeu sarcástica.


O Albus e a Rose abafaram uma risada, enquanto a Angelina lançava um olhar mortal à prima.


- Que foi? Vais me dizer que não é verdade?


- É - Respondeu a contragosto. – Mas ele é tão lindo!


A Sarah não se contendo disse:


- Se o idolatras tanto porque não abres um fã clube, hein? Já estou a ver a faixa, “ Fã clube de Richard Hill”. – Disse fazendo um gesto que imitava uma faixa. – Já viste? Ias ser literalmente a fã número um e, olha que pelo que o John me disse ele tem muitas fãs em Hogwarts. Não é o sonho de qualquer mulher?


- Sabes o que ele me disse quando lhe contei que andava à tua procura? – Perguntou ela ignorando completamente o comentário da prima. – Disse que te vinha ver.


- Há… Está bem. – Respondeu não muito animada.


- Só isso? – Perguntou ela visivelmente ofendida


A Sarah olhou para ela, e suspirou tentando ganhar calma. Ela não sabia o que se passava com ela. Normalmente era uma pessoa calma que conseguia aturar a prima sem muito esforço, mas hoje estava muito irritadiça. Tentando agradar a prima olhou para ela e com um tom animado disse-lhe:


- Vai ser engraçado revê-lo. Já não o vejo à muito tempo.


Ela pareceu ficar contente com a resposta e começaram a falar sobre banalidades, para a felicidade da Sarah não se tocou em nomes e famílias. Quando estavam a falar sobre Quiddich, a porta foi aberta.


Automaticamente todos olharam para lá e viram um garoto à porta. Ele tinha olhos castanhos que observavam a Sarah atentamente. O seu cabelo da mesma cor estava arranjado, o que lhe dava uma aparência de uma miniatura de um importante funcionário.


- Olá Sarah! – Cumprimentou-a.


- Olá Mike! Há quanto tempo!


- É já foi há muito tempo a última vez que se vimos. – Ele olhou em volta e perguntou. – E os teus amigos? Não me apresentas?


Sempre prestável a Angelina levantou-se e cumprimentou-o com um sorriso:


- Angelina Franklin.


- Prazer. – E cumprimentaram-se.


Ele depois virou-se para a Rose que fez o mesmo e disse:


- Rose Weasley.


Ele cumprimentou-a sorridente e a Sarah viu o olhar espantado que a prima lhe mandou. Ela suspirou, era inevitável que isso acontecesse. Alguma vez ela descobriria a identidade daqueles dois. Ela nem sabia direito porque é que os estava a proteger. Ela não os conhecia e desde cedo aprendeu que aquelas duas famílias eram as piores famílias bruxas que existiam. Definitivamente a convivência com o John fez-lhe mal.


Mas apesar disso ela sabia que se estava a formar um grupo estranho e definitivamente explosivo. Ela e a Angelina foram criadas para odiar os trouxas e tudo o que tivesse a ver com eles. E claro está, a ter um ódio mortal pelos vencedores da última grande guerra, cujos filhos por alguma brincadeira do destino estavam à frente delas.


E no meio, como que para complicar mais as coisas estava o Mike. Ele era o típico rapaz mimado. Os seus pais eram pessoas trabalhadoras e honestas que tinham negócios com os seus pais. Os pais dele realmente era pessoas magníficas, merecedoras da casa onde estiveram Gryffindor, mas ele... ele era diferente. Provavelmente o único pecado deles era ter dado tanto mimo ao filho. Ele era um típico Slytherin, frio, calculista, ganancioso, sem escrúpulos e das muitas vezes que eles falaram ele sempre disse mostrando orgulho que também era contra os trouxas. Dizia que eles não eram merecedores de habitar o mesmo mundo que os bruxos e deviam ser dizimados. O que ele não sabia e ela também não tinha vontade de o informar era que ela não tinha esses ideais. Era verdade que se alguém a ouvisse ela mostrava a mesma opinião, mas isso era porque era obrigada pelos pais e porque tinha que ser assim, afinal tinha uma promessa para cumprir…


- Eu sou…


- Albus Potter. – Cortou-o. – Filho do famoso Harry Potter. Eu sei.


A Angelina lançou-lhe um olhar que dizia claramente “ Tu! Tu traíste-nos como o teu irmão!” seguido de impropérios. Ela devolveu o olhar mostrando confiança, coisa que não tinha. Provavelmente ela só não tinha reconhecido o Potter porque o tinha achado bonito, coisa que naquela mente esquisita era sinónimo a não ser da luz.


Ela engoliu em seco vendo o olhar que o Mike e o Potter trocaram. Ela sabia que a Angelina por si só não ia começar a lançar maldições àqueles dois, uma vez que ela era uma má duelista, mas tendo o Mike com ela isso já podia acontecer.


Ela olhou pela primeira vez com medo para aquela cena. Se eles começassem a duelar que lado tomaria? Por um lado tinha o lado que lhe ensinaram a defender desde que ela se lembra e, por outro, tinha o outro lado. Ela não tinha nada contra aqueles dois, até os achava muito mais simpáticos que a Angelina e o Mike juntos. O Albus Potter mostrava ser tímido, uma faceta que ela nunca pensou ver num Potter, apesar do que o seu irmão lhe contava sobre os Potter. Ele falava que o James era uma pessoa boa, muito diferente do que os seus pais lhe contavam e pelo que ele disse apesar da atitude fria que o James teve ao ver o irmão ele gostava muito do irmão e sempre falava com carinho sobre ele. E a Rose, bem ela não falou muito, mas sempre falava sabiamente e demonstrava ser uma pessoa divertida e como o Albus nada altiva, coisa que tanto o Mike como a Angelina tinham para dar e vender. E o pior de tudo era que ela desde pequena foi treinada para descobrir como eram as pessoas verdadeiramente, logo ela sabia que não estava errada. O que ia fazer? Sabia também que não podia ficar sentada a olhar para o duelo, a bater palmas por cada feitiço acertado e felicitar o vencedor dizendo que sempre tinha acreditado nele. Além de ser uma atitude cretina, não podia fazer isso, pois isso ia lhe causar problemas. Ela pediu a todos os deuses bruxos e não bruxos que eles não começassem a duelar, pelo bem dela, ela realmente não queria começar o ano chateada com o John…


O Albus olhou com irritação para ela e já tinha aberto a boca para retrucar, mas para alívio da Sarah, fazendo-a suspirar aliviada a porta foi aberta. Pela primeira vez na vida, a Sarah estava feliz ao ver o Richard. Ao ver a tensão entre os dois e reconhecendo-os de imediato ele empurrou o Mike para um abraço apertado.


- Mike que bom ver-te! – Ele disse e a Sarah reparou que ele tinha dito algo ao ouvido do Mike. Provavelmente estava a dizer-lhe para ele se comportar.


Os pais do Richard também tinham negócios com os pais dela, como a maioria dos bruxos. Os seus pais começaram por comprar pequenas empresas e através do lucro que elas tiveram, juntamente com a herança de ambas as famílias, da sua mãe e do seu pai, eles expandiram-se tanto que tinham negócios em todos os ramos, sendo o grupo Franklin um dos grupos empresarias bruxos maiores do mundo. Os seus pais actualmente ainda não desistiram e continuam a comprar pequenas empresas que estão quase em falência, juntando-as às outras. A Sarah não sabia como mas desde o momento que a empresa era comprada ela tinha lucro automaticamente. Os pais do Richard eram os principais sócios dos dela, tendo muitos negócios em conjunto. Passado pouco tempo do grupo Franklin ter começado a ficar conhecido os pais dele ficaram sócios, sendo quase todas as empresas deles e dos pais dele. Por isso, ela passou grande parte da sua infância com ele, mas desde que ele ingressou em Hogwarts eles sofreram uma separação mal se falando apesar das cartas periódicas que ele lhe mandava.


- Richard! Como vais? – O Mike perguntou sorridente.


Todos olharam para ele, para ver o rapaz tão elogiado pela Angelina. Ele tinha um cabelo loiro rebelde que lhe caia sobre a testa extremamente morena, o que fazia um contraste. Os seus olhos azuis oceano aumentavam ainda mais esse contraste, dando lhe um ar desleixado mas extremamente bonito.


- Vou bem. – Ele fez sinal para que o Mike se sentasse coisa que foi atendida prontamente por ele, sentando-se ao lado da Angelina. – Olá. – Disse virando-se para os outros. – Desculpem esta entrada. Eu sou o Richard. – Disse estendendo uma mão para o Albus que ainda continuava em pé confuso.


O Albus olhou para ele estudando-o e disse receoso, talvez com medo que ele tivesse a mesma atitude que o Mike.


- Albus… Potter.


O Richard sorriu e apertou com alegria a sua mão. Depois virou-se para a Rose que o cumprimentou também. Por fim, virou-se para a Sarah e Angelina.


- Olá Angelina de novo – disse fazendo um aceno com a cabeça para ela - e olá Sarah. Posso sentar-me aqui convosco?


- Por mim podes. – Disse espantada com a atitude dele.


Na cabine ouviu-se um “Claro” e ele sentou-se ao lado da Rose que ficou ligeiramente intimidada. A Sarah definitivamente não as percebia, tudo bem que ele era bonito… muito bonito e também cavalheiro, mas ele não era um bicho papão. A Angelina ao vê-lo sentar-se ficou logo com um sorriso esquecendo-se totalmente da quase luta. O Mike ao seu lado tinha os braços cruzados, e tinha uma expressão emburrada, parecendo uma criança a quem lhe tiraram um chupa e o Albus estava pasmado, possivelmente a pensar nas palavras do Mike.


- E então Sarah? Nervosa? – Perguntou o Richard para fazer conversa, ao ver a confusão dela, ele esclareceu. – Pela selecção.


- Nem por isso, já sei qual é a casa.


- E então? – Perguntou curioso. – Vais fazer companhia a quem? A mim ou ao maluco do teu irmão? – Perguntou brincalhão.


- A ti. – Disse olhando atentamente para um ponto nas vestes dele, o símbolo dos Slytherin.


- Que bom! Vou gostar da tua companhia.


- Eu também vou para os Slytherin! – Disse logo a Angelina.


Ele somente sorriu para ela como aprovação e virou-se outra vez para a Sarah.


- O teu irmão? Ainda não o vi hoje.


- Esteve aqui a falar comigo, mas depois foi-se embora.


- Hum… Deve estar a aprontar alguma.


- Não digas isso. – Ela disse rindo. – Ele provavelmente este ano vai ter juízo.


- Claro. – Ele troçou. – Ele o ano passado até que não foi mal, só teve mais detenções que eu nestes três anos juntos.


- Falta de sorte. E os teus amigos?


- Eles portam-se bem, não têm detenções.


- Eu não estou a falar disso. Onde eles estão?


- Eles foram para a cabine e eu vim visitar-te, isto é se não te importares.


- Não! Por mim estás à vontade.


- Pois! Se quiseres podes passar a viagem toda aqui! – Ofereceu a Angelina.


- Obrigado pela vossa simpatia. – Disse dando um sorriso para a Sarah.


A Angelina bufou, mostrando claramente que estava chateada pela falta de atenção. A Sarah simplesmente olhou para o Albus e a Rose, verificando que eles estavam ligeiramente constrangidos, embora a Rose ficasse a olhar para o Richard vez ou outra. O Richard olhou para onde ela estava a olhar e parecendo ler os pensamentos dela falou, tentando pô-los à vontade:


- Então, o que vocês esperam de Hogwarts? – Perguntou virando-se para eles.


- Vamos aprender a controlar a magia, é uma escola né?


O Mike riu-se perante aquela resposta do Albus.


- Sim. Tens razão, mas é uma resposta muito teórica. Hogwarts é … Hogwarts! Vocês irão perceber. – Esclareceu olhando para a cara confusa deles. – Vocês imaginam que é chegar a Hogwarts, estudar, formar-se um bruxo e já está? Não! Não vai ser só estudar. Vocês vão aprender a fazer magia sim, mas não é só. Hogwarts vai ser onde vocês vão formar as primeiras amizades que podem durar uma vida e até onde podem conhecer o amor da vossa vida. Mas não se iludam, não vai ser só rosas. Vocês também vão ter inimigos. Vocês vão ter tudo o que se tem na idade adulta, vai ser uma preparação para a vida real. Mas claro, nós temos uma vantagem – um pequeno sorriso formou-se no seu rosto – nós somos jovens. Podemos fazer muito mal, mas não vamos ser severamente castigados. As pessoas vão dizer que são jovens, que não tem maturidade, etc… Vocês sabem, mas se querem o meu conselho digam que sim, que são e divirtam-se e aprontem, como eu tenho a impressão que vão fazer ou não fossem irmãos do James e do John.


Fez-se um silêncio em que todos olharam para o Richard que corou ligeiramente com a atenção. Por fim, o Albus quebrou o silêncio:


- Deves ter razão, o meu pai e o meu tio falam muito de Hogwarts e só a tia Hermione é que gosta de estudar.


- É! É espectacular. Vocês até vão ter saudades nas férias de Hogwarts.


- Espero que sim. – Disse a Rose.


- É! Por isso não fiquem nervosos, embora eu não seja um bom exemplo. Eu quando fui seleccionado estava tão nervoso que quase desmaiava. Mas eu também sou muito emocional. – Disse fazendo uma careta. – Mas não se enervem, o que tem que ocorrer ocorrerá! – Disse com um sorriso encorajador.


Eles como resposta ficaram ainda mais nervosos. A Sarah sorriu agradecida para o Richard, pelo menos já não havia aquela barreira entre a Angelina e o Mike contra a Rose e o Albus. Ela e o Richard eram o meio-termo entre eles, mas ela sabia que devia de estar de um lado, mais exactamente do lado do Mike e da Angelina, mas eles ainda não estavam em guerra, era o que ela pensava ou, pelo menos, desejava. Se não fosse o John...


- Ah! Sarah! – Chamou o Richard parecendo lembrar-se de algo. – Eu pensava que o teu irmão ia estar contigo para te apresentar Hogwarts.


- Não, eu depois vejo-o em Hogwarts.


- Há, está bem. – Ele ficou em silêncio por alguns segundos e depois pareceu ter uma ideia ao dizer: - Eu posso apresentar-te Hogwarts! Vens comigo, eu apresento-te aos meus colegas e mostro-te Hogwarts.


- Eu vou nos barcos, logo não posso ir contigo. – Respondeu calmamente.


- Pois! – Disse baixando a cabeça, parecendo ficar triste, mas levantou-a logo de seguida parecendo ter outra ideia. – Mas para o ano podes ir comigo para te apresentar Hogwarts.


- Para o ano – disse, não mudando o tom de voz – eu já conheço Hogwarts.


- Claro! Estupidez a minha.


A cabine ficou em silêncio e a Angelina lançou um olhar ciumento à Sarah. Sim! A Sarah sabia que se fosse a Angelina a ouvir aquilo ela tinha dito que sim sem pensar e neste momento ela estaria pregada ao pescoço dele. Mas PRIMEIRO ela não era a Angelina, SEGUNDO ela não gostava, nem queria nada com ele e TERCEIRO ela tinha mais em que se preocupar ao contrário dela.


O silêncio foi interrompido outra vez pelo Richard:


- Ah, mas não conheces Hogsmeade! Eu levo-te e apresento-te. – Ele disse sorrindo.


A Sarah já tinha aberto a boca para lhe responder que conhecia sim! Mas antes de falar decidiu pensar melhor. Era verdade que ela conhecia Hogsmeade, mas era só a zona residencial, onde os seus pais tinham um apartamento e que ainda era longe da zona visitada pelos alunos. E por outro lado, o Richard ajudou-a a acalmar o Mike e poupou-lhe muitos conflitos, ela estava-lhe agradecida.


- Claro! – Respondeu sorrindo.


-Boa!


Ele logo de seguida lançou uma conversa sobre quiddich para o Albus, sobre o último jogo, o que fez com que o Albus respondesse prontamente e animado pusesse na conversa Rose, o que causou que a Angelina também falasse para mostrar ao Richard que existia, o que fez com que o Mike também falasse ligeiramente constrangido. Passados poucos minutos já estavam a falar todos animados. Sarah ficou realmente agradecida ao Richard por ele ter conseguido por numa conversa a falar educadamente, embora com olhares que demonstravam os seus verdadeiros sentimentos, aqueles dois grupos tão diferentes.


Passado algum tempo, chegou uma mulher com um carrinho a vender doces. O Richard levantou-se logo quando viu a Sarah a levantar-se.


- Nem penses! Como é o teu primeiro ano em Hogwarts eu compro. – Disse animado.


Ela olhou atentamente para o rapaz à sua frente e um sorriso sarcástico formou-se no seu rosto ao dizer:


- Não sabia que compravas a todos os alunos do primeiro ano doces como presente de boas-vindas. Olha, eu vou dar-te um conselho, é melhor parares que estás a caminhar para a falência. E já agora, por curiosidade, como vais fazer? Vais percorrer o comboio todo à procura de alunos do primeiro ano?


Ok! Ela admitia, ela estava a ser mal-educada e definitivamente se os seus pais estivessem ali ao lado dela, ela ficava de castigo até o resto da sua vida. Mas, quem é que mandou ao Richard ser tão… tão prestável? Ela não era nenhuma menininha indefesa para ele ter aquela conversa “ Não te mexa. Eu faço tudo por ti. Eu estou aqui para te proteger podes estar descansada”.


Mas ela ficou abalada foi com a reacção dele. Ele não se surpreendeu, nem se mostrou contrariado, pelo contrário ele sorriu como se estivesse à espera daquela reacção. Ela seria por acaso tão previsível assim?


- Não. Eu só dou às pessoas com quem me importo.


O sorriso que ela ainda tinha desapareceu como um foguete. Ela podia imaginar mil e uma respostas à altura para ela, mas nenhuma como aquela. Definitivamente, aquela não era a sua intenção. Ele tinha contornado a situação como um mestre, mas ela não se ia dar por vencida. Com passos rápidos foi em direcção à porta, passou-a e fechou-a. Quando já tinha comprado uma boa quantidade de doces e já estava para pagar descansada, pensando que ele tinha desistido ele apareceu outra vez.


- Eu pago o que essa menina comprou. – Ele anunciou à mulher.


Ela virou-se irritada para ela que tinha um sorriso no rosto. Não sabia se estava mais irritada por ele querer pagar ou por ter lhe chamado de menina e porque é que tinha o pressentimento que ele fez de propósito?


- Sabes… eu gosto de pagar o que compro. E já agora não és assim tão velho.


- Não sejas assim. É a minha prenda para ti.


Ela suspirou derrotada.


- Há alguma coisa que eu possa fazer para mudares de ideias?


- Não. – Disse abrindo ainda mais o sorrindo, dando a impressão que era ele que estava a receber os doces e não o que estava a pagar.


Ela bufou.


- Vá lá! Eu quero pagar!


- Tens duas hipóteses. Vais ficar aqui comigo a discutir até chegarmos a Hogwarts e no final eu pago ou deixas-me pagar agora e vamos lá para dentro conversar e comer.


Ela olhou para ele. Ele não era assim tão bom como as jovens imaginavam. Ele tinha um defeito, um grande defeito: TEIMOSIA, mas decidiu se dar por vencida.


- Está bem. Obrigado então. Vamos lá para dentro.


Ele sorriu, pagou o que ela comprou e comprou ainda mais. Quando ele chegou lá dentro deu doces a todos e continuaram a conversar sobre Quiddich.


Quando já estava a escurecer, bateram à porta e por ela entrou um rapaz alto e incorporado. Ele tinha olhos pretos e um cabelo da mesma cor que lhe dava pelos ombros.


- Boa noite. – Cumprimentou. – Richard, eu só vim avisar-te que estamos a chegar a Hogwarts.


O Richard olhou para ele por alguns segundos e depois sai do banco com um salto, parecendo lembrar-se de algo.


- Pois é. Obrigado Mark! Bem eu vou indo, perdi completamente as horas aqui convosco. Até Hogwarts e boa sorte com a selecção. – Disse piscando-lhes um olho e saindo seguido do seu amigo.


O resto do caminho foi passado com uma tensão silenciosa. Todos preocupados com a selecção.


Quando o comboio parou, eles saíram apressadamente e mal saíram do comboio ouviram uma voz grotesca chamar:


- Alunos do primeiro ano por aqui! Alunos do primeiro ano!


Eles quando avistaram a figura do meio gigante aproximaram-se dela.


- Albus, Rose! – Chamou quando os viu. – Está tudo bem?


- Sim Hagrid… Isto é, professor Hagrid. – Balbuciou o Albus.


- Hagrid. Só Hagrid. Venham, depois falamos.


Eles foram para o barco atrás do Hagrid e separaram-se da Angelina e da Sarah que se encaminharam para outro barco que só tinha uma menina.


N.A. Este capitulo não é o meu favorito, acho que ele está demasiado infantil. Mas isso vai mudar porque as personagens ainda são crianças nesta altura.


Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.