Lembranças



-Não pode ser - sussurrou ela.


Em momentos, de dúvidas, de solidão, Morgan se conhecia mais profundamente; mas isso não a agradava. Em momentos assim ela entendia porque seu ex-marido a deixara.


Há dez anos, foi quando o viu pela última vez. Ela vira a chama daquele amor se apagar e não fizera nada. Deixou aquele amor morrer, não evitou o fim de seu casamento.


 


É por não lutar pelo que quer, que não consegue ir muito longe, e o que você tem, acaba perdendo, apesar de toda sua capacidade, todo seu desejo; pensamentos não são atos, Morgan”.


 


Foram as últimas palavras de seu marido à ela antes de se virar e atravessar a porta pela qual não voltaria mais a entrar.


A dor daquele momento voltou a pesar em seu coração, Morgan ainda o amava, mas ele tinha razão, ela não era capaz de lutar pelo que queria, por isso não o impediu de sair, por isso não o agarrou pelo colarinho e roubou-lhe um beijo, o beijo que poderia salvar seu casamento.


Só Morgan sabia como aquelas palavras a feriram, como um verme, corroeram uma parte de seu coração que ficaria marcado para sempre. Uma cicatriz com o nome de seu ex-marido:


- John...- mais lágrimas escorreram de seus olhos.


Se ainda era tempo de reconquistá-lo, se era tempo de dizer que o amava, de tentar mais uma vez, ela não sabia. Apenas sabia que o amava, e nada mudaria isso.


Voltou para o quarto e pegou um envelope cheio de pergaminhos usados. Suas anotações, seus pensamentos, cartas que escrevera pensando em John, mas que nunca tivera coragem de enviar.


“Pensamentos não são atos, Morgan”


Abraçada aquele envelope ela chorou até o sono vir.

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