Abrindo o coração.
Antes mesmo de Harry acordar no dia seguinte, renovado por uma tranqüila noite de sono, sabendo que Hermione estava sã e salva na ala hospitalar, todos os alunos, e isto incluía a casa Grifinória, já sabiam dos atos heróicos de Harry no resgate da garota e na luta contra Voldemort. Assim, quando Harry desceu as escadas para a sala comunal, foi coberto por uma chuva de vivas de cumprimentos. E isto também aconteceu quando descia para o salão principal. Com exceção dos sonserinos, todos os alunos vieram cumprimentar Harry e pedir detalhes.
Rony não cabia em si de tanta felicidade, fazendo questão de provar e repetir cada coisa servida à mesa. Gina e Neville também estavam muito contentes, enfim a paz e a felicidade voltara a mesa da grifinória, mas só estaria completa com a volta de Hermione.
- Brilhante! – Rony dizia com a boca recheada de torradas – mas estou aborrecido por você não ter me chamado para ir junto com você.
Harry se preparava para explicar suas razões quando o professor Dumbledore levantou-se.
- Ah... parece que todos já receberam as boas novas. Hermione foi resgatada por Harry e se encontra muito bem na ala hospitalar e ...
Harry e Rony saíram muito animados do salão principal. Estavam indo direto para a ala hospitalar quando Cho se atirou na frente deles.
- Harry, preciso falar com você.
- Eu vou indo na frente ver a Mione, ta? - disse Rony se afastando.
- Ok! – Harry respondeu meio aborrecido. Achava que ver Hermione era mais importante do que conversar com Cho aquela hora. Cho esperou que Rony desaparecesse no fim do corredor para a ala hospitalar para começar a falar.
- Harry... fiquei muito emocionada por ter conseguido resgatar a Granger. Eu fui muito rude com você, falei mal dela, mas não queria que algo de mal acontecesse com ela.
- Tudo bem, Cho eu entendo. Eu preciso ir agora...
- Espere – disse Cho, segurando seu braço – No fim, eu tinha razão, não tinha? Você é apaixonado por ela. Como eu poderia ter alguma chance com você?
- Cho, você poderia ter todas as chances comigo se quisesse. – Harry respondeu sinceramente – Eu era apaixonado por você. Eu achava você linda. Hermione sempre foi a minha melhor amiga. Não vou dizer que não a amo, por que a amo demais, mas não sou apaixonado por ela. E nem ela é apaixonada por mim. Ela gosta do Rony e acho que o Rony gosta dela.
Cho sorriu, mas não era um sorriso de felicidade. Era um sorriso que Harry não conseguiu compreender.
- Você não entende mesmo as garotas, Harry Potter. Ela merece você mais do que eu, e além do mais, Ernie é um bom rapaz. Eu não podia ficar entre dois amigos que se amam desta forma. E, se quer saber, Rony ficou com aquela maluca da Luna na noite passada. Eu vi os dois se beijando ontem a noite.
Cho deixou Harry ainda mais confuso do que estava. Hermione era apenas sua amiga. Só isto. O desejo de beijá-la na noite passada foi apenas por que ela estava muito frágil e despertou em Harry uma emoção diferente do que estava acostumado. Não podia estar apaixonado por Hermione. Hermione era quase sua irmã. Mais do que sua irmã. Era a sua melhor amiga. Ele confidenciava a ela coisas que não conseguia confidenciar nem mesmo a Rony.
Rindo consigo mesmo, Harry continuou em direção a ala hospitalar. Ao entrar na enfermaria, ficou muito emocionado. Hermione estava sentada, acordada, na cama. Os lençóis cobrindo os pés. Os raios de sol entravam pela janela e iluminavam os cachos rebeldes de seu cabelo e contornavam as linhas suaves de seu rosto. Ela estava ainda muito pálida e com diversas escoriações pelo rosto, mas mesmo assim, nunca esteve tão bela. Rony estava sentado aos pés da cama e ambos conversavam animadamente.
- Harry! – o rosto de Hermione se iluminou quando ela divisou Harry. – Vem, Harry!
Hermione ergueu a mão direita para Harry. O pulso tinha cortes feios onde estava antes aquela algema horrível. Harry estendeu a sua mão e tocou na mão de Hermione, sentindo uma estranha sensação ante aquele toque. Ele sentou-se ao seu lado, na beirada da cama, ainda segurando sua delicada mão, ao encontro do peito.
- Você está melhor? – Ele perguntou. Ele sentia o olhar de Rony as suas costas, mas não desviava os olhos de Hermione que também sustentava o olhar.
- É claro que estou melhor! Eu sou forte, Harry! Mais forte do que imagina. – Ela disse em tom desafiador.
- Eu sei disso. Mas mesmo os fortes precisam de ajuda às vezes.
- Ainda assim, você foi muito insensato, Harry. E saiba que não vou te perdoar por ter quebrado a promessa que fez. Você sabe que Voldemort não estava interessado em mim e mesmo assim insistiu em sair atrás de mim, caindo na armadilha que Draco fez. Ah, Harry – ela continuou num tom aborrecido. Ele ficou calado, pois sabia que a amiga tinha razão, embora ele jamais a pudesse obedecer. – Eu sinto muito ter que lhe dizer isto, Harry. Mas eu tenho razão quando digo que você quer bancar o herói.
- Eu te salvei, não te salvei.
- Salvou! Salvou sim, mas poderia ter morrido. Não quero nem pensar se Voldemort...
Harry colocou a ponta dos dedos sob os lábios de Hermione, para que ela parasse de falar.
- Eu tenho uma coisa mais importante a falar agora, Mione. Eu preciso lhe dizer algo muito importante. Preciso lhe dizer o quanto...
Harry tentava abrir seu coração. Queria dizer que sentiu a falta dela mais do que tudo. Queria dizer que seu coração doía em agonia em pensar que pudesse perdê-la. Queria dizer que sentia muito por ter sido rispido com ela e não lhe ter acreditado quando ela lhe confessou os seus temores. Queria dizer que ela sempre fora a sua melhor amiga e nunca o abandonou, mesmo quando todos, inclusive Rony, o tinham abandonado. Queria dizer tudo isto embora as palavras não saiam de sua boca.
- NÃO! – Hermione respondeu, nitidamente irritada, afastando a mão de Harry. O rosto afogueado e a respiração profunda. – VOCÊ É QUEM DEVE ME OUVIR, HARRY. É MUITO IMPORTANTE QUE FAÇA...
Hermione parou de falar, abruptamente, e levou a mão à têmpora direita, fazendo uma careta de dor.
- Você está bem? – Harry perguntou preocupado.
- Você está aborrecendo ela, Harry – Rony berrou. Só agora Harry lembrou-se que Rony estava ali com eles.
- Hermione? – Harry aproximou-se ainda mais e segurou os ombros de Hermione que parecia preste a desmaiar.
- Só estou cansada, Harry. - Ela respondeu com uma vozinha baixa.
- Eu vou deixá-la descansando, então. Quando estiver mais forte, nós conversaremos.
Antes que Harry terminasse de falar, Hermione escorreu e deitou-se na cama, nitidamente cansada. Harry cobriu-a carinhosamente, tentando deixá-la protegida e quente.
- Enquanto eu dormir, não faça nenhuma besteira, Harry... – Hermione sussurrou voltando a dormir em seguida.
Na opinião de Harry, salvar sua melhor amiga, não era besteira alguma!
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