Banheira e lago



  As aulas recomeçaram e um outro problema encheu a cabeça de Harry. Hagrid não estava aparecendo para dar aulas, foi substituído por uma outra bruxa. Parecia que o artigo da Skeeter sobre ele o havia afetado mais do que os garotos pensaram a principio.


  O primeiro fim de semana em Hogsmead depois do Natal veio e, para tristeza de Harry, Kath disse que passaria o dia com Cedrico. O garoto ainda alimentou esperanças de encontrá-la no vilarejo, mas, ao encontrar Rita Skeeter no Três Vassouras, Harry, Rony e Hermione voltaram ao castelo para tentar falar com Hagrid outra vez.


  Encontraram-no na cabana com Dumbledore e acabaram por convencê-lo de que estava sendo idiota e que precisava voltar a dar aulas. Passaram um dia muito agradável com o amigo.


  - E onde está a minha vidente favorita? – Hagrid perguntou, mais para o meio da tarde.


  - Ela está em Hogsmead com o Cedrico Diggory. – Harry falou, franzindo o nariz como se faz para um bicho morto e particularmente fedorento. Hagrid ergueu as sobrancelhas.


  - Ela não sabe que estamos aqui, se soubesse, ela teria vindo também. – Hermione falou.


  - Parece que ela está se dando muito bem com o garoto Diggory. – Hagrid falou, olhando de relance para Harry, mas se dirigindo aos outros dois.


  - É, eles estão namorando agora. Eca! – Rony disse, fazendo careta.


  - Sabe, antes do Natal ela veio bastante aqui conversar comigo. Ela estava muito chateada com você, Harry. – Hagrid disse como quem não quer nada. – Ela também bateu na minha porta algumas vezes ultimamente, mas... vocês sabem...


  - É, nós tivemos alguns probleminhas, mas está tudo bem agora. – Harry falou, sem convencer ninguém.


  - Dá pra ver que não está nada bem pra você, Harry. – Hagrid falou.


  - Eu me viro. O importante é que está tudo bem para a Kath. Eu já a magoei demais. – Harry falou e seu tom encerrou o assunto. Suas conversas se voltaram para o Torneio Tribruxo e Harry mais uma vez se sentiu péssimo por não ter decifrado a pista do ovo ainda. Estava na hora de pedir ajuda.


  - Se você quiser, nós podemos ir hoje mesmo. – Kath disse, depois do jantar, quando Harry puxou o assunto. – Bom ,a não ser que você queira ir sozinho, então...


  - Não, vai ser mais fácil se você vier comigo. – ele disse. Quando todos foram dormir, ele e Kath se cobriram com a capa da invisibilidade.


  Harry ficou fascinado com o lugar, havia mesmo uma banheira enorme no meio do banheiro, que mais parecia uma piscina. Ele quis ligar todas as torneiras e admirou as bolhas e espumas de cem diferentes tipos.


  - Você quer apostar uma corrida a nado? – Harry perguntou.


  - Você não vai me vencer. Eu fui criada nadando nas correntezas das praias brasileiras, colega! – Kath falou sorrindo. Ela tirou o roupão, ficando de maiô. Harry desviou os olhos, corando, quando Kath pulou na banheira. Harry tirou o seu roupão e ficou de shorts, pulando também na piscina-banheira. Kath ganhou a corrida três vezes, até que Harry achou que a humilhação já tinha sido suficiente.


  - Eu falei, você não podia me vencer! – Kath disse sorrindo e empurrando a cabeça de Harry para baixo da água. Harry a segurou pela cintura e levantou-a no ombro. – Ei, você é um péssimo perdedor!


  - Você não pode se gabar agora! – Harry disse rindo.


  - Hahaha. Ta bom, mas não foi pra isso que viemos aqui. Você tem que decifrar o ovo. – Kath disse. Harry a soltou e ela teve que prender os braços ao redor do pescoço do garoto para não cair. Foi um momento constrangedor em que se encararam por um tempo, até que Kath se virou para pegar o ovo, tão corada quanto Harry. O garoto pegou o objeto que ela lhe passava e o abriu. O grito ensurdecedor de sempre saiu do ovo.


  - Bom, então eu tenho que colocá-lo debaixo da água? – Harry conferiu e Kath acenou uma vez que sim. Ele fez o que disse e abriu o ovo, que não fez som algum. – Ta, isso foi muito idiota!


  - Bom, talvez seja melhor colocar a cabeça dentro da água também? – Kath sugeriu, na dúvida. Ela respirou fundo e se abaixou, ao que Harry fez o mesmo e puderam ouvir a música. No entanto Harry não prestou muita atenção no que dizia, olhava para Kath. Mal podia acreditar que estava sozinho ali com ela e quase pelado. Milhares de possibilidades passaram por sua cabeça antes de Kath emergir e começar a discutir o significado da música que ele não ouvira.


  Ambos haviam decorado a musica e chegaram à conclusão de que havia sereianos no lago e que Harry teria que descobrir um jeito de ficar uma hora sem respirar ou aprender a respirar em baixo da água.


  - É melhor a gente ir agora. – Kath disse. – Podemos pensar da mesma forma aqui ou na sala comunal e seria melhor ter a ajuda de Hermione.


  Harry concordou e eles voltaram para a torre, mas não antes de levarem um grande susto com Olho-tonto e Snape nos corredores quase desertos. Era como nos velhos tempos, apenas Harry e Kath, sem paredes entre eles. Chegaram à sala comunal ofegantes de medo.


  - Ta bom, isso foi suficiente por hoje. – Kath disse, sorrindo nervosa.


  - Eu sei! – Harry disse, sorrindo de volta. – Obrigado pela ajuda. Agora eu me viro com Rony e Hermione.


  - Tem certeza?


  - Claro, você já fez bastante por mim Kath e se você diz que vai se sentir melhor de não se meter, então eu não vou te obrigar.


  - Obrigada por me entender Harry. – ela falou, abraçando-o. – Boa noite.


  Harry agora passava todo o seu tempo livre pesquisando um jeito de passar pela segunda tarefa vivo. Rony e Hermione o estavam ajudando do melhor jeito que podiam, mas ainda não tinham tido nenhuma idéia do que fazer e à medida que seu tempo se esgotava Harry ia ficando cada vez mais desesperado. O único fiapinho de alegria que recebera fora a carta de Sirius, curtíssima, perguntando pelo fim de semana em Hogsmead, sendo que Harry não entendeu nada.


  Ele ainda estava febrilmente procurando em cada livro que mencionasse, mesmo que ligeiramente, alguma coisa sobre água, na noite antes da tarefa, agora ligeiramente histérico. Rony e Hermione foram chamados à sala da Profª Minerva e Harry acabou tendo que continuar a pesquisa sozinho, arrependido por não ter aceitado a ajuda de Kath também. Voltou à sala comunal carregado de livros, pensando em finalmente admitir para Kath que precisaria dela enquanto Rony e Hermione não voltassem, mas não a encontrou. O garoto acabou tendo que voltar à biblioteca e adormecendo, meio encoberto pela capa da invisibilidade, o rosto colado na pagina de um livro.


  Acordou apenas quando faltavam poucos minutos para o inicio da prova com os cutucões de Dobby. Parecia que o elfo havia feito toda a pesquisa para ele e se encarregara de lhe dizer que o que teria que procurar e resgatar no fundo do lago era Rony. Dobby também havia lhe trazido guelricho, uma erva que o faria respirar em baixo da água.


  Harry passou por maus bocados no fundo do lago, a maior parte por causa dos grindylows e pelo medo de por acaso encontrar a lula gigante. Recebeu, mais uma vez, ajuda de onde menos esperava: a murta-que-geme flutuava calmamente nas águas geladas e lhe apontou a direção correta. O garoto ficou chocado ao descobrir que a maioria dos seus melhores amigos havia sido amarrada no fundo daquele lago sombrio.


  Hermione era, provavelmente, refém do Krum; Kath, com certeza, do Cedrico; e Rony dele próprio. Apenas uma garotinha era desconhecida, mas tão parecida com Fleur que ele não teve dúvidas de que era sua irmã.


  Harry ficou feliz ao constatar que ficou empatado com Cedrico no primeiro lugar. A disputa deles não terminava nunca, tanto nas competições quanto na vida pessoal. Cedrico abraçava Kath agora, tentando esquentá-la com as mãos enquanto a garota se aconchegava ao lado de seu corpo, parecendo estranhamente cabisbaixa e distraída.

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