Primeira briga
Depois da primeira dança dos campeões, Harry se sentou ao lado de Rony, que estava de muito mau – humor. Nenhum dos dois estava com a mínima vontade de dançar, cada um remoendo a própria dor de cotovelo. Acabaram perdendo seus pares, o que não fez diferença nenhuma para eles, pois não estavam lhes dando a mínima atenção mesmo. Os dois foram dar uma volta pelos jardins e acabaram voltando se sentindo muito pior, tendo escutado Hagrid levar um fora por ser meio gigante, e ficaram o resto da festa sentados numa mesa afastada conversando, até que Dumbledore mandou todos para a cama.
Harry e Rony estavam subindo a escadaria de mármore quando Harry ouviu alguém chamar seu nome. Era Cedrico, ao pé da balaustrada, com Kath ao seu lado. Rony continuou a subir enquanto Harry ia ao encontro dos dois. Cedrico olhou para Kath, que se adiantou.
- Harry, o Ced quer te contar uma coisa. – ela disse, dando uma cutucada com o cotovelo nas costelas do outro.
- Eu queria te agradecer pela dica com o dragão... Sabe... O ovo que pegamos... Bom, você devia tomar um banho com ele, sabe, e colocar ele dentro da água. Pode ir no banheiro dos monitores chefes... – Cedrico falou, olhando pra Kath novamente.
- Eu te levo lá, Harry. – ela disse.
- Bom, é isso então. – Cedrico falou.
- Você vem? – Harry perguntou a Kath. Foi a vez dela olhar pra Cedrico, que levantou as sobrancelhas.
- Vai na frente que eu já te alcanço. – ela disse.
Harry já estava quase no buraco do retrato quando Kath o alcançou, sem fôlego.
- Puxa, tive que correr pra te alcançar. – ela disse, sorrindo pra ele.
- Não precisava, você estava tão ocupada lá em baixo. – ele falou ríspido. – Além do mais, o que foi aquele negócio de banho, hein? Que bobagem!
- Nossa, Harry, o que houve? – Kath perguntou surpresa.
- Vou dizer o que houve. Você fica por ai dizendo que é minha amiga, mas não faz nada pra me ajudar, só fica se jogando no pescoço daquele idiota Diggory. – Harry gritou.
- Eu não to entendendo Harry...
- Você sempre se faz de boba! Eu aposto que você o ajudou a descobrir a pista do ovo nos seus encontrinhos íntimos no banheiro... Se ele queria me dar uma pista, devia ter dito a coisa toda, como eu fiz com o dragão e não aq...
- Você é um grande idiota Potter. Eu jamais ajudaria o Cedrico, mesmo ele sendo meu namorado, sem te ajudar também. Eu não tenho a mínima idéia do que significa aquela porcaria de grito no ovo por que eu pedi ao Cedrico pra não me contar, mas eu disse a ele que já que ele sabia eu ia te ajudar com isso e ele concordou. E tem mais, se eu me jogo no pescoço do Cedrico é problema meu e não seu... – ela gritou de volta, as lágrimas correndo pelo rosto.
- Kath eu... – Harry começou estupefato.
- Me deixe em paz Potter, eu odeio você! – ela falou, correndo em direção ao buraco do retrato e desaparecendo.
Ao entrar na sala comunal, Harry não encontrou nenhum dos amigos e foi direto pro dormitório. A noite já havia sido ruim o bastante sem prolongá-la. Ele ficou muito tempo deitado na cama, olhando para o teto. Ele e Kath nunca haviam brigado antes, às vezes discutiam, mas acabavam rindo juntos. Parecia que agora tinha sido sério. Ele ficava revendo as lágrimas no rosto da garota e ouvia repetidas vezes sua ultima frase: “Me deixe em paz Potter, eu odeio você!”. Ela não estava falando sério quando disse aquilo não é?
Harry procurou Kath por todo o lado no dia seguinte, mas não a encontrou em lugar algum. Parecia que ela havia sumido. A lembrança da briga foi temporariamente apagada, pois eles ficaram sabendo do artigo que Rita Skeeter escrevera sobre Hagrid e tentaram falar com ele, que também parecia ter sumido.
Depois disso Harry notou que Cedrico desaparecera também, provavelmente ele estava com Kath. Harry não viu nenhum dos dois no café-da-manhã, nem no almoço, nem no jantar.
- Ela não quer ver você. – Hermione falou, quando estavam na sala comunal, bem tarde aquela noite.
- Eu queria pedir desculpas. – Harry disse. – Eu ainda acho que ele podia ter dado uma pista melhor, mas eu sei que eu fui muito injusto com ela.
- Você foi horrível Harry. Ela chorou durante boa parte da noite, até adormecer, por sua causa.
- O que foi que houve? Por que ninguém nunca me conta nada? – Rony quis saber.
- Harry gritou com a Kath quando ela estava tentando ajudá-lo. – Hermione explicou.
- Puxa, que mancada cara. – Rony disse. Receber lição de moral de Rony já era um pouco demais.
- Você não acha que ela me odeia de verdade não é? – Harry perguntou nervoso.
- Claro que não, mas não sei se ela vai querer falar com você. Pelo menos por um bom tempo. – Hermione respondeu consternada.
- Como eu vou me desculpar se não falar com ela?
- É melhor não mexer com uma garota irritada, cara, ela pode te matar, no duro. É melhor esperar ela ficar mais calma. – Rony falou sabiamente.
- Por incrível que pareça eu vou ter que concordar com o Rony. Espere ela se acalmar pra falar com ela. A Kath sempre te perdoa. – Hermione disse, tentando animá-lo.
Harry tentou ser paciente, mas Kath continuou fugindo dele durante vários dias ainda. Então ele resolveu esperar ela voltar para a sala comunal um dia. Ela não podia ficar fora a noite toda. Todos já haviam ido dormir a um bom tempo quando a garota entrou sorrateiramente pelo retrato.
- Kath? – Harry chamou. A garota pulou, tampando a boca com as mãos para abafar um grito.
- Qual é o seu problema? Acha divertido assustar as pessoas, Potter? – ela perguntou ríspida.
- Desculpe. Eu não queria te assustar, só queria falar com você. Eu fiquei te esperando. – Harry falou apreensivo.
- Perdeu seu tempo. Eu não quero falar com você. – ela disse, começando a andar em direção ao dormitório.
- Por favor, Kath. – ele pediu. A garota parou, mas não olhou para ele. – Eu quero te pedir desculpas, eu não devia ter falado com você daquele jeito. Eu sinto muito.
- Tudo bem. Mais alguma coisa? – ela perguntou ainda ríspida. Harry se aproximou pra ficar de frente pra ela e viu que seus olhos estavam cheios de lágrimas. Ele abraçou-a.
- Eu não queria ter feito você chorar, eu sou a pior pessoa do mundo. – ele falou, estava com raiva de si mesmo. – Você pode me perdoar?
- E-eu nunca t-trairia você Harry, por nin-guém. Nunca! – ela falou entre soluços.
- Eu sei, eu falei aquelas coisas sem pensar. Foi a pior coisa que eu já disse na vida. Eu sinto muito. – ele repetiu.
- Não faz mais isso, p-por favor. Eu não quer-ro brigar com v-você de novo!
- Nunca mais! – ele disse, abraçando-a com mais força. Ter aquela garota em seus braços, sentir o seu cheiro, era a melhor sensação do mundo. Harry não queria soltá-la nunca mais.
- A gente tem que dormir agora Harry. Se nos pegarem aqui... – Kath falou, se afastando dele. Quando a soltou, toda a realidade caiu sobre sua cabeça e o peso que sempre carregava ultimamente voltou a se alojar em seu estômago. Ela não era mais a Kath do Harry, era a Kath do Cedrico.
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