Desesperança
As histórias sobre os acontecimentos no fundo do lago iam ficando mais mirabolantes à medida que o tempo passava, e cada vez que lhe perguntavam Rony contava uma história diferente e mais fantasiosa que a anterior. Desde a tarefa, Kath andava distante e um pouco deprimida, se assustando ao menor ruído que se aproximava.
- Você está com algum problema, Kath? – Harry perguntou um sábado, no café-da-manhã, quando ela deu um pulo à entrada do correio-coruja, ao qual todos os estudantes estavam habituados.
- Não é nada. Eu não tenho dormido bem ultimamente. – ela disse e Harry notou grandes olheiras roxas sob seus olhos, que estavam vermelhos como se tivesse chorado.
- Você e Cedrico brigaram? – Harry perguntou quase esperançoso.
- Na verdade não. São as minhas visões que estão me atormentando. – ela disse, com uma ruga de preocupação entre seus olhos. – Eu fico vendo o Ced machucado, mas ele não dá bola para o que eu digo, diz que eu estou ma preocupando à toa. Harry eu estou com um mau pressentimento a respeito dessa última tarefa.
- Ei, você não devia se preocupar tanto. – Harry falou, passando o dedo indicador entre os olhos de Kath para suavizar sua expressão. – Se fosse algo realmente grave você já teria visto.
- Eu não sei, essa coisa é tão inconstante, parece que tem vontade própria. Eu não controlo isso, Harry, elas vem sem que eu peça e tanto faz ser caso de vida ou morte ou sobre o almoço de hoje. Eu tenho medo! – ela disse, com os olhos brilhantes. – Eu pedi para ele desistir, mas o Ced é tão orgulhoso.
- Não se atormente Kath. Você sempre dá o melhor de si. Tudo vai ficar bem... – e quando a garota abriu a boca para protestar ele continuou. – E se não ficar não vai ser culpa sua. Além do mais, pode ser qualquer coisa.
A garota suspirou e Harry passou o braço por seus ombros, ao que ela encostou sua cabeça nele e suspirou novamente. Harry de repente sentiu que tudo estava fora do seu lugar. O certo era Kath ficar com ele desde o princípio, ele não devia estar consolando-a por causa de outro garoto. Ele sentiu uma dor aguda em seu peito enquanto pensava nisso. Por que ele não podia voltar no tempo e mudar o passado? Por que tudo tinha que ser tão complicado? Por que Cedrico tinha que existir? Antes dele tudo estava tão bem! Mas o garoto não tinha culpa, Kath era linda e qualquer um podia ver isso. Se não fosse ele, seria algum outro. Não, Harry era o culpado, havia sido um idiota e agora pagava por isso.
- Ei, Hermione me contou da carta do Sirius, para estar nos degraus fora de Hogsmead. – Kath disse de repente, erguendo a cabeça. Era verdade, Harry recebera outra carta do padrinho.
- Ah é. Eu me esqueci de te contar. Você quer que eu diga alguma coisa pra ele? – Harry perguntou prestativo.
- Por quê? Você não quer que eu vá? – Kath quis saber surpresa.
- Não, eu só pensei que você iria preferir ficar com Cedrico. – Harry falou repentinamente esperançoso.
- Claro que não. Eu quero muito ver o Sirius, estou morrendo de saudades dele. Além do mais eu quero ter a oportunidade de dizer na cara dele que ele é louco por ter voltado com todo o ministério atrás dele, aquele irresponsável. – Kath falou, irritada de repente. Harry riu, eram os velhos tempos novamente. Mas uma curiosidade repentina o acometeu.
- Você conta essas coisas ao Cedrico? Quer dizer, quando você disser que vai ficar conosco em Hogsmead ele vai querer saber o porquê, não é? – Harry perguntou.
- É obvio que o Cedrico não sabe dessas coisas, Harry. Isso não é meu segredo, eu não posso contar. E mesmo que pudesse, eu não sei se contaria... – aqui ela abaixou a voz. – Acobertar um criminoso procurado é crime e eu não gostaria de meter o Ced nessa.
- Mas ele ainda vai querer saber.
- O Ced confia em mim, se eu disser que não posso contar ele não vai me pressionar. – Kath falou com carinho, seus olhos brilhando. Harry ficou enjoado quando viu o sentimento, que ele nem queria pensar no nome, em cada palavra que a garota dizia sobre o outro. Sentiu tanta inveja naquele momento que era quase uma dor física.
Naquele instante Cedrico se aproximou da mesa.
- Bom dia! – ele cumprimentou alegremente.
- Bom dia. – Harry respondeu com má vontade. Kath ergueu as sobrancelhas para ele, mas não disse nada e se levantou.
- Depois a gente se vê Harry. – ela disse e foi embora com Cedrico. Harry ficou encarando suas costas até que eles desapareceram. Ele olhou em volta e viu Rony e Hermione olhando para ele com tanta consternação que ficou envergonhado e não pôde encará-los nos olhos.
- A vida não é justa, Harry. – Hermione falou tristemente.
- E as garotas são muito cruéis. – Rony disse, provocando Hermione. Ela incrivelmente deixou isso passar, preocupada com Harry.
- Você está parecendo péssimo. – Hermione falou em voz baixa.
- E não era pra estar? – Harry perguntou com azedume.
- Olha, Kath e Cedrico não estão casados. Namoros acabam o tempo inteiro e nem faz muito tempo que estão juntos. – Hermione falou querendo consolar o amigo.
- Kath disse alguma coisa? – Harry quis saber.
- Na verdade não, mas eu falo sério.
- Argh! Ela gosta dele! Muito. Dá pra ver de longe e eu não posso competir. – ele disse com os dentes trincados.
- Ela te amava mais do que a ele. – Hermione continuou decidida.
- Mas eu fiz o favor de estragar tudo. Obrigado por me lembrar. Eu não quero mais falar sobre isso, se me faz o favor.
Hermione se calou a contragosto. Estava tentando animar o Harry, mas não havia muito que fazer. Pelo que Kath lhe confidenciava as vezes, ela e Cedrico estavam ficando muito sérios e parecia que Harry realmente não tinha mais nenhuma chance. Parecia que o intrometido do Diggory era perfeito demais e não havia motivos para que terminassem o namoro. Sentia-se mal por Harry, mas ele ia ter que superar aquilo. Não havia modo de Kath se afastar de Cedrico por vontade própria e ele também não parecia querer fazer nada para isso. Começava a sentir certa raiva do garoto, mas sabia que não tinha motivos, ele estava fazendo sua amiga muito feliz. Harry era o único que saia mal dessa história.
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