O outro apanhador



Os Weasley haviam convidado Harry pra passar as férias em sua casa e, com isso, assistir à Copa Mundial de quadribol. Harry ficou muito feliz ao voltar àquele lugar tão conhecido e à companhia das pessoas que mais gostava no mundo, apesar de preocupado com o pesadelo que tivera. Depois do que os gêmeos fizeram com Duda, no entanto, todas as preocupações de Harry foram pro espaço, e naquela noite ele dormiu tranqüilo.


   No dia seguinte, Harry queria desabafar com alguém, mas já sabia quais seriam as reações de Rony (que fingiria que nada havia acontecido) e Hermione (que se preocuparia demais). Queria mesmo falar com Kath, ela o entendia perfeitamente bem, e passou a manhã inteira procurando uma oportunidade.


   Harry, Rony, Fred, Gina, Jorge e Kath estavam no pomar, jogando quadribol (Hermione ficara em casa lendo, que novidade!). Harry, com o pretexto de precisar de um pouco de sombra pra descansar, apontou sua vassoura para o chão e olhou significativamente pra Kath, que entendeu na hora e murmurou uma desculpa qualquer, indo logo se juntar a ele embaixo de uma árvore.


   - O que foi Harry? – ela perguntou imediatamente.


   Enquanto observavam os amigos voando de um lado a outro, Harry lhe contou o seu sonho e lhe falou sobre a dor na cicatriz.


   - Eu não quis contar logo na frente do Rony e da Mione, você sabe como eles são. Eu só podia falar com você. – Harry concluiu e olhou para ela, esperando pela sua reação.


   ­- Harry, isso me preocupa. Eu tenho tido umas visões esquisitas, geralmente eu não entendo nada, mas tem a ver com Rabicho. Parecia que ele estava choramingando no chão de um cemitério, não sei o porquê. O problema é que, você sabe tanto quanto eu, a essa altura o Rabicho já deve ter encontrado Ele. – Kath franziu a testa. - Eu odeio isso, ficar sem saber de nada. Geralmente minhas visões são mais claras.


   Ambos ficaram calados por um tempo, olhando pra cima, pensando.


  - Bom, seja o que for, talvez Sirius possa ajudar. – Kath falou, mais contente. Sirius sempre tinha uma solução pra tudo.


   - E como foi com seus pais esse verão? – Harry perguntou. Quando Kath ia ao Brasil ele sempre tinha medo que ela decidisse não voltar, ela era sua melhor amiga. Ele se sentia egoísta por isso, mas sempre ficava feliz quando ela voltava.


  - Foi ótimo. Meu irmão entrou pra faculdade agora, ele vai ser médico. – Kath falou, orgulhosa.


  - É, o Rony já havia me dito. Isso é muito bom. – ele mordeu o lábio por um instante. – Eu ainda não acredito que você teve coragem de largar tudo no seu país e vir pra cá por causa de um sonho.


  - Foram visões, Harry. Além do mais, você me conhece, quando eu boto uma coisa na cabeça, é difícil de tirar. – ela falou, sorrindo, seu sorriso enorme, que sempre o fazia sorrir também.


  - Eu bem sei. – Harry riu, mas logo parou. – Você sente saudades. É tudo por minha causa, sempre acontecem coisas esquisitas por onde eu vou.


  - Isso é bem verdade. – Kath riu. – Mas Harry, eu vim por minha própria conta e risco, foi minha decisão, e apesar de eu sentir muita falta de casa, eu não ma arrependo nem um minuto. Se eu não tivesse decidido vir, eu não teria te conhecido e só por isso já valeu a pena.


   Sempre que ela dizia este tipo de coisas Harry corava e mudava de assunto imediatamente. "Talvez ele se toque algum dia", Kath pensou, suspirando quando Harry disse que voltaria a jogar e ela o acompanhou.


  Harry foi acordado cedo para sair para assistir à Copa Mundial de Quadribol, nem parecia que tinha dormido. Pouco antes de saírem, a Sra. Weasley atacou os gêmeos, que tentavam contrabandear Gemialidades para fora de casa e o clima na despedida foi pesado.


   - Vem comigo! – Kath falou e o puxou pela mão, enquanto os outros ainda se despediam. Ela tentava alcançar os gêmeos. – Ei, vocês querem esperar um pouco? – ela gritou. Eles pararam a contra-gosto e Harry sabia que tinham feito apenas por que fora Kath que pedira, gostavam muito dela.


   - Você viu o que ela fez? – Fred reclamou como uma criança.


   - Vi sim. Mas eu tenho uma coisa que vai animar vocês. – Kath sorriu, misteriosa. – Se alguém ficar sabendo disso, eu nego até morte, ou até que sua mãe me mate... Bom, eu tive uma visão ontem à noite, eu sabia o que ela ia fazer.


   - Por que você não nos contou? – Jorge perguntou, incrédulo.


   -  Por que se vocês fossem inocentes, isso iria parecer muito suspeito. – Kath falou, com malícia. Os gêmeos fizeram caretas idênticas. – Mas eu guardei isso. – ela disse, tirando uma grande saca da mochila, que continha produtos fabricados pelos gêmeos. Eles pularam de felicidade e a abraçaram, tirando seu pé do chão, enquanto que Harry pensava que ela tinha razão: a Sra. Weasley a mataria.


   Os gêmeos saíram na frente, comentando satisfeitos.


   - Isso foi muito legal. – Harry falou, quando ficou sozinho com Kath.


   - Claro, além do mais, eu quero que eles tenham motivos pra me agradecer quando forem ricos, porque eles com certeza vão ser! – ela riu. Harry sempre se impressionava com a capacidade que Kath tinha de ter fé nas pessoas, até nele mesmo.


   Harry começou a andar ao lado do Sr. Weasley e a lhe fazer perguntas e eles logo chegaram ao topo do morro, ofegantes. Procuraram a chave de portal por um tempo e uma voz desconhecida avisou que havia achado.


   Harry vislumbrou por um instante um garoto que fora seu adversário de quadribol, mas logo sua visão foi escurecida por Kath, que corria em direção ao garoto.


  - Ced! – ela gritou de felicidade, se atirando nos braços de Cedrico Diggory. O garoto demonstrou tanta felicidade quanto ela, talvez mais, e a abraçou com tanta alegria que a tirou do chão.


  Harry não sabia o porquê, mas de repente passou a odiar Cedrico com muita intensidade, mais do que quando perdera no quadribol pra ele.

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