Aclarações:

Itálico– 'esclarecimentos' de Harry. Pensamentos dele. POV's Harry. Ou ênfase em alguma palavra, ou frase.

Negrito – 'esclarecimentos' de Hermione. Pensamentos dela. POV's Hermione.

Disclaimer: Harry Potter não me pertence, blablabla. Tudo é da J. K. Rowling e da Warner, whatever.

Nota: Capítulo, como usualmente, nunca foi betado.

[A tarde de Harry] – Esteja preparado.

Capítulo 18

Meu dia havia sido particularmente louco. E por esta razão, assim que atravessei o retrato da mulher gorda, tudo que eu queria era um banho e cama. Sem olhares mortíferos de Ron ou sorrisinhos maliciosos de Parvati.

Precisava pensar, estava tão distraído que quando Hermione me abordou praticamente saltei. Tudo que eu não precisava era de mais uma conversa. Por sorte, ao encontrar os olhos de minha amiga, tudo fora praticamente esquecido.

E quando digo "por sorte" estou falando sério.

[Flashback]

Harry contemplava em silêncio os terrenos da escola, apenas imaginando se em algum momento, bem no futuro, a situação que vivia seria apenas uma piadinha de mal-gosto. Algo tão inoportuno que merecia ficar no esquecimento. E deveria.

Ele realmente esperava que sim.

Porque, do contrário, sua síndrome de responsabilidade nunca mais o deixaria descansar. E como ele ia poder, depois de tudo olhar para os Weasleys? Todos o odiariam para sempre por ter feito Ron sofrer! Meu Deus, ele provavelmente nunca mais poderia falar com qualquer um deles. Eles o tratariam como um leproso. Porque ninguém acreditaria que tudo não passava de um mal-entendido. A senhora Weasley era tão sugestionável... veja o que fizera com Hermione no quarto ano quando achou que a garota o estava enganando! Meu Deus, ele ia morrer sozinho.

Sentia-me cansado, mentalmente acabado; ao momento só conseguia olhar para frente esperando o melhor, como se o esgotamento suprimisse a tristeza e qualquer outro sentimento que pudesse ocupar minha mente.

Quando as aulas acabaram, ele conjurou sua vassoura e sumiu de vista para o campo de quadribol, mas a vontade de voar nunca veio e o rapaz sentou na arquibancada. Logo sua cabeça ficara cheia de assuntos desagradáveis e problemas para os quais ele não conseguia encontrar solução.

Seus pensamentos foram interrompidos bruscamente por Luna Lovegood caindo ao seu lado, minutos depois. Mais bem, empurrando a si mesma ao seu lado, de ânimo leve.

-Show a parte hoje pela manhã, hum?

-Que parte?

-Ronald e, qual é mesmo o nome daquela garota?

-Lilá.

-Oh, yeah. Ela.

Harry a olhou de lado. – Está com ciúmes por não ter sido você?

A loira franziu o cenho, como se não tivesse entendido a pergunta. Ela levou um momento, parecendo ponderar seriamente a questão, então afirmou sóbria:

-Não. Não penso assim. O que quis dizer é que havia outras formas menos infantis de chamar a atenção.

Harry moveu finalmente a cabeça para o lado para encará-la, Luna parecia tão séria que ele se viu sorrindo fracamente. Luna, você é outra coisa.

-Não é como se Ron pensasse sempre antes de agir. E ele está chateado - o moreno deu de ombros.

-Porque isso justifica tudo – a garota afirmou meneando a cabeça, dissimulando compreensão.

Harry encolheu os ombros defensivamente. – Bem, ele acha que foi traídos por seu melhor amigo e namorada.

-Certo, porque é a primeira vez que acontece na história da humanidade.

-O que há com você e o que fez com a Luna que conheço?

A loira suspirou. – Você não pode se culpar para sempre, Harry – então a corvinal o encarou sem emoção ao acrescentar, em matéria de fato: - Sim, você deveria saber da tradição, é realmente incompreensível que depois de todos esses anos, ainda não compreenda pelo menos o básico no mundo mágico.

-Hei!

-E não, não é uma desculpa que estivesse sendo perseguido, isso deveria tê-lo feito estudar mais. Não, andar por aí tentando resolver tudo sem um plano descente, só com a força bruta, que, sejamos francos, você nunca teve em excesso – ela o olhou de cima a baixo.

-Luna!

Ela entendeu de forma errada o olhar chocado do amigo, pois acrescentou inocentemente fitando-o em apreciação: - Não se preocupe, o que quer que tenha feito, deu resultados palpáveis. Realmente - a mão dela tentou fechar em seu braço sem sucesso. – Quem diria, certo?

Me olhou como se falasse de uma dessas criaturas que apenas ela acreditava. O que se diz em situações como essa?

O rosto do rapaz ganhou tonalidade com a velocidade de um pomo de ouro e desviou olhar, enquanto Luna se distraia medindo seu braço como se estivesse estudando um experimento cientifico.

-Eu vi quando veio se esconder aqui – ela continuou depois de um momento de silêncio, aparentemente já satisfeita com sua análise. - Pensei que talvez fosse gostar de um pouco de companhia. Você parece desanimado...

–Algo assim.

-Qual é o problema desta vez?

-Além do miosótis?

Luna franziu o cenho, recusando sua resposta. – Não. Você sempre parece aflito pela tradição, pelo menos ao descobrir mais um de seus desdobramentos. Agora, no entanto, seu ar é mais – ela parou, seus olhos vasculhando seu rosto, como se pudesse encontrar a palavra que lhe escapava. – Resignado. Além disso, pensei que o miosótis fosse sua solução.

O rapaz riu entre dentes. – Aparentemente todo o mundo bruxo pensa assim. Com a lenda sobre o amor destruindo barreiras. E amizades.

Luna suspirou. - Ronald eventualmente vai compreender, Harry.

-Nós estamos falando da mesma pessoa, certo?

A corvinal sorriu de volta com pesar. – Podia ser pior.

-Esse é o meu lema, você sabe...

Luna riu, sua mão indo ao encontro da do rapaz e a apertando. – Pode ser terrivelmente irritante continuar repetindo isso, mas: vai melhorar.

Harry não se atreveu a desmerecer este comentário, seus olhos fitaram suas mãos. – Obrigado, Luna. Acho que preciso ser lembrado disso de tempos em tempos.

-E quanto a você e Hermione? – Harry nem precisou olhar para a amiga para compreender.

-Conhece a resposta: ainda melhores amigos.

Luna virou os olhos. – Deveria fazer algo a respeito.

-Eu estou! Ajudo Hermione vez ou outra em sua busca para reverter essa tradição. Infelizmente, ainda sem resultados.

-Não quis dizer isso, Harry!

-Não vai acontecer.

A garota me fitou e, Merlim, ela parecia irritada. Quero dizer, Luna Lovegood está irritada. Luna. Esse é o tipo de reação que causo às pessoas? Mesmo àquelas que aparentemente não se estressam? Meu Deus.

-Sua teimosia não muda a tradição!

Infelizmente, eu não posso evitar rebater. É como se minha boca entrasse no modo automático. Talvez eu nem mesmo queira ficar calado. De repente estou zangado. Quem diabos ela pensa que é para tentar colocar algo em minha cabeça? Algo que não posso aceitar? Que não vou aceitar?

-Minha teimosia já alterou diversas coisas, essa tradição é apenas mais um empecilho a ser ultrapassado. Eu nunca tive a intenção de atrapalhar meus melhores amigos e irei consertar isto.

Quase cuspi. Meu corpo todo se preparando para uma discussão daquelas... Mas, para variar, Luna tinha seus próprios planos e me desarmou num piscar de olhos: com olhos enormes, ela me fitou, sua cabeça movendo ligeiramente para a direita.

-Não seria você de outra forma, suponho.

Então ela sorriu; um sorriso com um sentimento que me era estranho, algo que beirava diversão e algo mais. Eu não sei descrevê-lo. Era doce e de covinhas, iluminava todo seu rosto. E tudo que eu sabia era que aquele era um elogio.

-É por isso que gosto de você, Harry. Você quase nunca hesita.

Minha raiva já havia perdido a forma sob seu sorriso, mas quando ela disse isso, me fez desconfortável. Eu não sou bom com declarações abertas de amizade. Eu não sou bom de forma nenhuma. Então fiquei olhando para Luna, inepto, por um minuto ou dois.

-Hm, obrigado?

Ela riu. – Eu meio que gosto muito de você.

Sinto muito... O quê?

-O quê?

-Oh Merlim, Parvati está certa: totalmente desligado.

Eu abri a boca ofendido. Quero dizer, olha quem está me chamando de "desligado", francamente! Mas, cara, ela está sorrindo e corando. E eu sinto como se não pudesse respirar direito, os olhos arregalados, sem sequer piscar. Imóvel. Como um cervo fitando os faróis de um carro que vem em sua direção.

A jovem aproximou seu rosto do dele e disse em um tom condescendente:

-Tudo bem, vamos tentar mais uma vez, ok? Eu gosto de você, Harry. De verdade. Como uma garota gosta de um cara. Entendeu? – ele nem se deu conta de que havia feito um movimento afirmativo com a cabeça, antes de mais chocantes revelações saírem da boca rosada de sua amiga: - Mas não se preocupe, não vou atrapalhar vocês. Hermione e você, digo. Pra falar a verdade acho que deve ficar com ela.

O quê?

Eu mal estou me recuperando de uma revelação – a qual, aparentemente, era mais do que óbvia (?) – e isto cai no meu colo? Ela tem de estar zombando da minha cara.

-O q-que? Me desculpe... o quê?! Você acabou de dizer que gosta de mim! Como pode querer que eu lute por outra garota?

Luna me fitou com calma. Como ela conseguia fazer isso?

-Sim, é verdade. Eu meio que gosto de você e eu acho que deve ficar com Hermione. Você é uma das únicas pessoas que realmente me compreende e quando quer dizer algo sobre mim, não o faz por minhas costas... Eu o admiro. E realmente acho que é alguém sem igual. Mas também acredito que não há tal coisa como "coincidência" e aquele miosótis, Harry, aquilo é um sinal.

Sons de incredulidade se formavam em minha garganta, lutando para escapar.

-Você não pode estar falando sério.

Harry ainda estava um pouco perdido no meio da declaração da jovem, tentando duramente assimilar suas palavras; e duvidando se aquilo era real ou mais um sonho bizarro.

Luna gostava realmente dele? Estava mesmo lhe incentivando a ficar com Hermione por conta do que era um "sinal" do que quer que seja a merda na qual acreditava?

É isso? Simplesmente comunica que sente algo além de amizade por mim e tira o corpo fora. Que tipo de pessoa faz algo assim?

-Por que está me dizendo isso?

Luna me encarou em confusão. – Que sou apaixonada por você? Eu não sei, me pareceu um momento tão oportuno quanto outro qualquer. Quando é o melhor momento para dizer tal coisa?

Espero que seja uma pergunta retórica. Visto que, obviamente, eu tenho o melhor timing do mundo. Quero dizer, me declarei sem o saber, para a pessoa errada, no pior momento possível. Perfeito. Balancei a cabeça negativamente.

-Luna, você não pode ser séria.

Algo na minha voz deve tê-la alertado, pois suas feições suavizaram.

-Não é como se estivesse pedindo algo em troca, Harry. Eu... não sei, apenas queria que soubesse. Não é como se fosse um segredo – ela deu de ombros. - Na verdade, sempre me perguntei se já não tinha ciência, pelo olhar mais que aturdido que me lançou, agora posso ver que não – ela riu e depois franziu o cenho:

- Nunca foi minha intenção fazê-lo surtar. Sinto muito.

-Eu...? Eu não sei o que dizer.

A jovem sorriu. – Por que precisa dizer algo? Vou deixá-lo em paz agora – Ela beijou suavemente seu rosto. – Seja um bom menino, ok?

Harry espirou ainda em estado de torpor.

Luna é insana. O rapaz meneou a cabeça. E de repente lhe bateu que ele meio que gostava dela por isso.

[Fim do Flashback]

Entrei momentaneamente em pânico ao perceber que iria contar para Hermione meu dia. Eu não sei se Luna falava sério sobre como "não era exatamente um segredo" que goste de mim. Mas não acho que Hermione – sob o miosótis – vá se importar: simplesmente vai tentar trucidar Luna e depois, talvez, pergunte algo.

Não podia dizer tal coisa a Hermione, isso iria machucá-la! E, Deus, a Luna...

Apesar das diferenças, elas são amigas. Tenho certeza que Hermione sem estar "possuída" agiria de forma amigável - principalmente porque ela não se importaria o mais mínimo se não houvesse esse pacto maldito. Mas com Hermione sob o miosótis? Elas destruiriam Hogwarts.

Merlim, eu sei que estou ferrado de toda forma. Ainda assim, acredito que deva guardar só para mim a confissão de Luna. Não diz respeito a Hermione, de toda forma.

(Continua)

Nota: Olá? Alguém ainda aqui?

Então... aparentemente meu senso de humor permanece duvidoso.

Ps: como se não bastasse, tenho mais uma fanfiction on-line.  Se chama: The Script.