Aclarações:

Itálico– 'esclarecimentos' de Harry. Pensamentos dele. POV's Harry. Ou ênfase em alguma palavra, ou frase.

Negrito – 'esclarecimentos' de Hermione. Pensamentos dela. POV's Hermione.

Disclaimer: Harry Potter não me pertence, blablabla. Tudo é da J. K. Rowling e da Warner, whatever.

Capítulo 17

Claramente a palavra do dia era "insulto". Por infelicidade, a ofensa não fora comprada pela pessoa que a merecia...

Eu deveria estar mais revoltada, honestamente. Ao invés disso sinto diversão.

Mas então, analisando friamente as pessoas a minha volta, as situações às quais se submetem... Meus lábios formam um pequeno sorriso de pesar. Tudo é tão constrangedor. E, por mais que queira sentir raiva ou despeito, o que sinto é pena.

Parvati resmungou outra vez e Hermione lhe lançou um olhar divertido. Enquanto a monitora mantinha a calma – para não dizer indiferença - Parvati parecia ter tomado suas dores.

Ron estava se esfregando em Lilá e eu mal podia me forçar a sentir ciúmes. O que nada mais é que 'estranho', pois, até onde sei, não sou oficialmente sua 'ex-namorada' – longa história que, em síntese, remonta ao fato de que nunca, exatamente, dissemos "é o fim".

Enfim, não que possa me fazer de mulher desprezada – meu argumento não seria muito válido desde que ando... 'me consolando nos braços de nosso melhor amigo'?; 'declarando amor aos quatro ventos ao nosso melhor amigo'?; 'Desejando prender nosso melhor amigo num quarto escuro e pervertê-lo como se não houvesse amanhã...'? São tantas as definições que quase me perco (por favor, não perca a ironia nas frases anteriormente citadas).

Na verdade, quando penso em Ron e Lilá o que me vem à cabeça é "Eww". Parvati, por outro lado, está tomando minhas dores. É – de uma maneira estranha – gratificante vê-la ainda ao meu lado quando sua melhor amiga está agarrando Ron.

-x- Miosótis -x-

Foi nauseante admitir que algo fundamental havia mudado. Não era bom. Não era bom de todo. O medo de nunca voltar a agir como antes ainda me assombra nos momentos mais inoportunos. Mas o choque ia retrocedendo aos poucos.

E era engraçado observar todos os esforços de Ron em me enlouquecer sem emoção nenhuma. Isto é, nenhuma além de diversão e vergonha...

-x- Miosótis -x-

-Oh meu Deus, você vai sufocá-la com sua língua! – Parvati estremeceu em desagrado, enojada com todo o show. – Merlim, eu não nasci para ver isso, estarei traumatizada para a vida agora! - O casal preferiu ignorá-la. E Parvati se voltou para Hermione implorante. – Você não pode fazer nada? Tipo: ordená-los a parar? Colocá-los em detenção? Jogar água?

Eu poderia, na verdade. Mas me sentia culpada e, sinceramente, não é como se Ron e Lilá estivessem fazendo algo demais além de beijos. Beijos particularmente longos. Mas, em verdade, suficientemente inocentes para não marcar a mente sequer de um primeiranista desavisado.

E sei que assim que os impedisse de 'demonstrar afeto', Ron iria começar mais uma homérica briga (o que, é óbvio, é a pretensão dele. Beijar Lilá em pleno salão da Grifinória? Quem pensa que está enganando?). Clamando por direitos iguais, blahblahblah, como eu sou uma despeitada, yadayada, que se o que estava sentindo era ciúme, deveria ter pensando melhor antes de aceitar o miosótis/amor de Harry, etc, etc, etc. Deus, eu poderia poupar meus ouvidos dessa ladainha.

-Sério, eu amo a Lil, do fundo do meu coração eu o faço – Parvati murmurou. – Mas eu juro, não entendo como ela pode gostar assim dele, depois de tudo que a fez passar. Como não pode ver que a está usando? "Seu" garoto é uma criança, Hermione. Sinceramente sinto pena de você por gostar tanto dele.

Eu ri. Não pude evitar. Quando Parvati me lançou um olhar confuso, ri ainda mais. Provavelmente ela pensa que estou tento um ataque nervoso...

Mas as palavras dela, em principal "seu garoto", foram tão fora da realidade que tenho vivido esses tempos que a ironia me bateu em cheio. E tudo parecia incrivelmente divertido por esse ângulo.

Ron já não era "meu garoto" há tempos. Eu podia ver a verdade neste fato agora e mesmo que minha aceitação plena me intrigasse – desde que não tenho mais certeza do que ele é para mim e só saberei quando o drama do miosótis acabar... -, estou calma sobre isso.

-Você está me assustando... – Parvati murmurou quando Hermione respirava em golfadas de ar para recuperar o fôlego.

-M-me desculpe, Parvati. É apenas... – A morena suspirou. – É só que não poderia me importar menos com a pessoa que você chama de "meu garoto" nesse momento.

Os olhos de Parvati piscaram e ela levou uns quatro segundos para retrucar algo. - Sinto muito, você pode repetir isso?

Hermione mal pode conter um virar de olhos. – Você me ouviu.

-Yeah. Mas... ainda assim. Meu maldito Merlin, finalmente!

-Não me leve a mal Parvati, eu não quero que tenha falsas esperanças; ao momento toda essa cena não me afeta o mais mínimo, isto não significa que será sempre assim. Vamos ver como reagirei com o fim da tradição do miosótis.

-Ainda atrás dessa porcaria? Posso lhe poupar trabalho: não há tal coisa como "reversão".

Hermione deu de ombros, em rebeldia. Prestes a retrucar, a morena se perdeu em pensamentos ao observar Harry atravessar o retrato da mulher gorda.

Sentia-se mal por tê-lo deixado sem uma explicação no café da manhã; e desde então eles não havia conversado. Entre aulas e trocas de salas, havia encontrado formas criativas de se fugir. Ela também havia evitado o salão principal nas refeições seguintes e Harry, aparentemente, estivera bem em lhe dar espaço.

Agora, seu corpo doía por ele. Como se ciente, só neste momento, de que fazia horas que não se tocavam, nem se falavam ou mesmo mantiveram contato visual. A garota estreitou os olhos quando o moreno seguiu para as escadas.

Harry parecia estranho e antes que pudesse evitar, estava caminhando ao seu encontro. Sem jeito estendi a mão e segurei a sua, apertando-a em seguida tentando chamar sua atenção. Ele se sobressaltou e se voltou para mim nervosamente, mas relaxou ao encontrar meus olhos.

Eu queria envolver meus braços ao seu redor e perguntar como fora seu dia, queria me desculpar por ter agido como uma louca, saindo daquela forma e impedindo-o de me seguir... Eu queria beijá-lo e apertá-lo; me dei conta que meu coração estava disparado e minha respiração ofegante só por encontrar seus olhos.

Mas tudo que fiz de fato, foi:

-Você está bem, Harry?

Ele riu de maneira alheia. – Você não vai acreditar no dia que tive. Eu estava – suspirou e cortou a si mesmo desviando o olhar. – Oh. Deixa pra lá.

Segui sua vista e lá estavam Ron e Lilá, desta vez trocando pequenos beijos. Senti suas mãos se apertarem. – Hermione, você?

Sorri, encarando-o. – Estou bem. Um benefício do miosótis. Eu... Harry, sinto muito por ter saído daquela forma, é só... foi chocante não sentir qualquer coisa vendo Ron e Lilá mais cedo. Acho que exagerei no surto.

-Não tem problema. Eu – sua mão tocou o lado do rosto dela. – Eu fico feliz que não sinta nada – Harry corou, percebendo que suas palavras poderiam ser levadas de forma errada. – Não quis dizer, você sabe, que acho bom de verdade, quero dizer que é bom que não se machuque com a situação... – tartamudeou.

Hermione riu. – Eu havia entendido, mas obrigada pela elucidação.

Harry corou ainda mais, sua mão se afastando de meu rosto e ele olhou para seus pés por um interminável instante, envergonhado. – Senti sua falta.

Ergui a vista um pouco e a olhei por cima dos óculos. Dessa vez, Hermione não me encarava. Instintivamente me compus e a abracei. Enterrei meu rosto no vão entre seu pescoço e ombro, me dando conta de que fazia horas que não nos víamos. Respirei fundo, satisfeito quando sua essência me envolveu e ainda mais por ela ter estremecido, suas mãos voando para meus ombros e suas unhas cravando ali. Estremeci e ela riu suavemente apertando seu rosto em meu peito- eu sabia que ela estava procurando meu cheiro também.

Hermione se afastou um pouco quando Harry murmurou algo em sua pele. Foi uma decisão difícil: a sensação de sua boca era indescritível e fazia maravilhas com minhas pernas, mas eu precisava ouvi-lo, entendê-lo.

-Melhor? – ele repetiu sorrindo marotamente.

Como ele conseguia? Ir de tímido para isso?

Ela me estapeou e eu ri ainda mais. Quando Hermione me deu as costas com o provável objetivo de me deixar ali, eu a cingi pela cintura, envolvendo-a por trás.

Sabia que ela lutaria, então joguei sujo: lhe fiz cócegas. Ela soltou pequenos gritos ultrajados, ofegante implorava que eu parasse.

Como se misericordioso, eu me detetive. Hermione me fitou sobre os ombros com olhos venenosos. Apertei um pequeno beijo em seu nariz e afirmei, por fim:

-Eu senti sua falta também

Ela virou os olhos, mas vi seus lábios se curvarem levemente para cima enquanto ela me chamava de idiota.

-OH! Isso não é fofo?

A magia foi quebrada pelo grito estridente de Parvati. Chocada, percebi que todo salão nos encarava. Mesmo Ron e Lilá.

(Continua)

N/A: Algumas horas para o ano novo! Desde já: Feliz Ano Novo, galera. Obrigada por continuarem aqui lendo e/ou comentando sobre minhas loucuras!

Eu meio que tenho uma parte do dia do Harry, mas ainda estou hesitando aqui, vamos ver no que dá. 

Beijo!

Estou loucamente apressada, então, vejo vocês no ano que vem, tudo bem?