CAPÍTULOS 14 E 15
CAPÍTULO 14: UMA MANHÃ DEMAIS!
O despertador toca, mas não significa que eu esteja com vontade de levantar. Na verdade, eu não estou com nem um pingo de disposição para levantar e encarar todos os garotos nervosos ou todas as garotas superanimadas porque foram convidadas por Fulano de Tal para o Baile de Inverno que ocorrerá daqui a dois dias.
Meu Merlin! O Baile é daqui a dois dias e eu ainda nem pensei na minha roupa! Só Cedrico ocupa, no mínimo, cinco sextos da minha cabeça. Acho que nunca vi uma irmã tão preocupada com o irmão. Certo, certo. Cedrico também e um irmão coruja, mas eu sou mais (*risada maléfica*). Mas, voltando ao assunto, o outro um sexto que sobra, está ocupada com as provas, amigos, inimigos e “namorado”.
Ih, o telefone da minha cabeceira acabou de tocar. Vamos ver quem é e o que quer... O telefone celular de Charlie? Estranho...
— Alô. Charlie?
— Ah, finalmente! — como assim “finalmente!” se o telefone só tocou uma vez e eu o atendi direto?
— Ah, oi Charlie. Então...
— Onde você estava?
— Como assim?
— Te liguei no mínimo umas quatro vezes e você não atende ao telefone! — nossa, meu sono estava pesado mesmo.
— Ok desculpe. Mas agora fala. O que você quer?
— Aparate aqui no estúdio em 15min.
— Mas... — de nada adiantou eu tentar falar algo. Ele já havia desligado.
Tomei uma ducha rápida de 5min (que recorde!), fui em direção ao meu guarda-roupa e peguei uma saia de pregas azul marinho e uma camisa branca. Por fim, coloquei um escarpin da mesma cor da saia e deixei os cabelos soltos. Estava de frente para a janela e tentei aparatar. Não deu certo. “Amélia, o único com poder para aparatar de Hogwarts sou eu, mas essa é uma exceção e vou deixar você ir. Vá até a Torre do Relógio e fique de frente para a vista do território da escola. De lá, tente aparatar.”, vovô é um gênio. Conseguimos nos comunicar até em longa distância. “Obrigada.”, agradeci. Não sei se ele recebeu a mensagem, mas... Só tem um problema: meu quarto fica do lado oposto ao da Torre. Sei que não deveria fazer isso, mas eu conjurei uma capa de invisibilidade para mim. Era idêntica à de Harry, só que a minha é cinza e a dele é cor de vinho.
Com aquela capa, fui sem problemas para a Torre. Chegando lá, escondi-a atrás de uma pilastra que estava quase se encostando à parede. Fui até o local indicado pelo meu avô. A vista de lá é simplesmente espetacular. Fiquei uns 2min observando a visão e viajando na maionese. Escutei passos. Mais que rapidamente, aparatei para o estúdio.
— Aleluia! Vamos logo com isso! — a me ver, Charlie já veio para cima de mim e falou para todos irem logo com aquilo. Aquilo o quê? Deduzi que havia um cabeleireiro que tinha um secador de cabelos de estimação, pois todos que chegavam perto ou sequer olhavam para aquela coisa prateada superbrilhante com preto, ele simplesmente virava um cachorro quando alguém chega perto de seu osso. Literalmente. Havia mais duas mulheres com ar de perua, uma mulher com jeito de nova, mas que foi muito judiada pelo tempo e pelo trabalho, o que lhe dava uma aparência de senhora e um casal de gêmeos que usavam exatamente a mesma roupa: terninho bege com sapato social.
Fui apresentada ao pessoal de lá. O homem maníaco pelo seu secador de cabelos era mesmo um cabeleireiro. Ele era baixinho, seu cabelo batia em sua cintura, usava uma calça jeans muito justa para um homem e seu nome era Dylan.
As mulheres com ar de perua se chamavam Alice e Alessandra. Alice era manicure, mais baixa que Alessandra, era loira, usava uma minissaia verde-limão e um casaquinho fino laranja por cima da regata branca básica. Ela parecia uma luminária ou uma daquelas luzes que atraem insetos e, quando os bichinhos encostavam-se a ela, morriam eletrocutados.
Alessandra era morena e tinha o mesmo corte de Cho, era ajudante de Dylan e vestia um vestido roxo forte com detalhes em branco.
O nome da senhora era Clara. Ela era dermatologista. Vestia jeans branco, camisa e sapatos da mesma cor, além de um avental igualmente branco. Se os cabelos cor-de-vinho fossem armados e ela usasse óculos fundo-de-garrafa eu poderia jurar que ela era uma cientista maluca.
Os gêmeos eram Katye e John. Ele era especialista em moda, ela em maquiagem. A garota era loira, os olhos verdes cobertos de maquiagem. A sombra azul-escura contrastava muito bem com sua pele branca. Dava para ver que era entendida no assunto.
— Esses são os melhores profissionais da Grã-Bretanha, talvez do mundo. Tens muita sorte de eu ser um empresário muito dedicado e consegui-los para você.
— Ai, Charlie! Obrigada! Você é o melhor empresário do mundo! — disse abraçando-o. — Mas, cadê Cedrico? — perguntei ao me afastar. Mãos cobriram meus olhos. Tinham cheiro de chocolate ao leite com avelã, amendoim e amêndoas. O chocolate que, por acaso é o favorito do meu irmão mais velho. — Ta. Já sei onde ele está agora. — ele soltou meus olhos e perguntou como eu sabia que era ele e não outra pessoa.
— Fácil. O cheiro de chocolate em suas mãos te entrega rapidinho.
Tive uma tarde de domingo demais! Onde a maior preocupação era a minha aparência e a de Cedrico. Aliás, o nome artístico de meu irmão é Robert Pattinson Watson. Ele quis porque quis colocar Pattinson em seu nome. Eu já me contento com o meu Emma e Watson mesmo.
Passei pela Dra. Clara e ela me receitou um potão de 2l de creme cor-de-rosa para passar no rosto para evitar acne. Alessandra fez banho de creme em meus cabelos e empapou os do meu irmão com o mesmo. Ficou engraçado.
— É para deixar o meu cabelo mais sedoso. — ele fez voz de falsete imitando uma perua.
Katye tirou minhas medidas e sussurrou para John aumentar o tamanho. Isso baixou um pouco minha auto-estima, mas eu não liguei muito. Katye era muito oferecida! O tempo todo jogando olhares sedutores em Cedrico! Sinceramente, ela não tem “Sefragol”, não?
Merlin! John é o gênio da moda. Roupas lindas, glamorosas e muito fashion! Mas quando me ofereceu um vestido Pink supercolado no corpo e muito brilhante eu fiz uma careta e ele disse severamente:
— Vai usar o que eu disser e vai adorar. Mas... Tem razão. Isso é muito escandaloso. Aliás, já vou te dizendo. Seu estilo é clássico, romântico e fashionista. Perua, você vai ar-ra-sar! — me senti aliviada quando ele disse que aquilo não era para mim. Depois de dizer isso ele levantou a mão e pensei que iria fazer um juramento, mas era para eu bater nela.
Da pele fomos para os cabelos, dos cabelos fomos para as roupas e das roupas voltamos para os cabelos para tirar o creme hidratante e ir para a parte do corte.
Dylan me observou de todos os ângulos com os dedos indicadores e os polegares formando um retângulo onde ele me encaixava a cada observação.
— Hum... Hum... Interessante... Rosto fino... Cabelos de vassou- digo: encaracolados... Fios finos em grande quantidade... — murmurava ele para si mesmo. — Já sei! — falou em voz alta. O que me deu um susto e fez Cedrico (que estava sentado no sofá) dar um pulo. — O corte para o seu cabelo, é claro! Como não pensei nesse corte antes? Merlin...
Ele nem me perguntou se eu queria aquele corte e eu, tímida, não protestei. Ele saiu cortando meu cabelo e eu só via mechas e mais mechas de cabelo enormes caindo. Está certo que eu tinha o cabelo comprido que ia até o fim das costelas, mas aquilo me assustou um pouco. Depois ele veio para a franja e resolvi fechar os olhos. Não me atrevia a abri-los nem na hora em que Alessandra secou-os. Só quando ela terminou o serviço, Dylan veio com o seu secador prata brilhante e começou a secá-los de novo? O que estava havendo? Logo deduzi que o secador de cabelos dele era enfeitiçado para dar mais brilho ao secar. Logo então vi minha nova cabeleira de costas. Alessandra veio correndo com um espelho para refletir no espelho enorme da minha frente e então eu conseguiria ver como ficou meu corte de trás. Ficou demais! Agora meus cabelos batiam em meu ombro. Da metade para baixo estava todo picotado em camadas. Minha franja estava na diagonal também. Linda, linda, linda. Amei meu novo corte de cabelo.
Depois esperei Cedrico secar os cabelos, já que, enquanto Alessandra fazia isso nos meus, Dylan cortava o de Ced. Ele ficou gatão, porque antes ele era gato. Nossa, meu irmão sempre foi bonito de dar inveja em qualquer um, agora ficou de as garotas desmaiarem em sua presença...
Logo após, fomos até Charlie.
— Ai, vocês estão lindos! — disse ele com uma cara de choro e de um jeito duvidoso. — Menina, que cabelo é esse? Ma-ra-vi-lho-sa! E você, Robert? A-mei. Perfeitos.
— Eh... Obrigada, Charlie... — respondi meio sem jeito.
— É isso ai. Valeu, cara. — Cedrico não se toca que tem horas em que se deve ser mais comportado? Dei uma cotovelada nas costelas dele, que ficou sem entender nada. Revirei os olhos.
— Então, vocês estão preparados?
— Preparados pra que? — perguntamos em uníssono.
— Pra tirar as fotos da capa do CD, oras.
Fui puxada por Katye ao encontro de John, que estava com cara de dúvida.
— Ai, musa, estou numa dúvida cruel... — musa? Que história era aquela? Ninguém nunca havia me chamado nem de musa, nem de perua. É melhor deixar quieto. — O que é melhor para você? Minissaia jeans, bata rosa - bebê e botas pretas de couro, ou vestido curto justo dourado com sandálias prata... O que você acha, benhê?
— Eu? É... Eu não sei não, John. Quem sabe é você, mas... Pense bem. Você já viu alguma capa de CD com a cantora de vestido longo e de gala?
— Não, mas... Podemos lançar moda! Seje diferente, Watson!
— Não quero passar uma imagem séria...
— Tem razão... Então é a minissaia mesmo.
— Tem que ser minissaia? Não pode ser um pouco mais comprida, não? Tipo uns 3 dedos?
— Amiga, você tem belas pernas. Não é mentira. É essa aqui e ponto final. — disse com um olhar de reprovação, mas com certo brilho no mesmo também. Fiquei um tanto constrangida, mas peguei as roupas e fui para o provador. Já vestida olhei-me no espelho. Não posso negar que ficou legal, mas aquele decote... Não era um decote grande, mas comparado ao resto das minhas roupas, era enorme. Estou exagerando um pouco, mas é que eu não estou acostumada com esse tipo de coisa. Saí de lá e John fez uma cara satisfeita.
— Isso não é meu estilo, John.
— Agora é, fofa. Agora é. Ficou di-vi-na. Menina, onde você esteve se escondendo esse tempo todo? Agora vá se maquiar com a Katye.
Katye maquiava rapidamente. Até cheguei a me perguntar se ela era uma vampira ou algo do tipo, mas achei melhor ficar de boca fechada. Só sei que ela levou cerca de 7min e meio. Vi-me no espelho. Merlin. Além de ser rápida, maquia superbem! Ela passou sombra rosa esfumaçada com preto nos cantos e passou um batom cor de boca. Além de nenhuma das minhas impurezas da minha pele aparecendo é claro.
— Uau. Mana, ta linda. — meu irmão sai por uma porta atrás de John. Ele vestia calças jeans, uma blusa branca justa e uma camisa xadrez de vários tons de azul e branco entreaberta, o que realçava os seus músculos dos braços. Apesar da blusa, sua barriga de tanquinho e seu peito musculoso apareciam e muito bem. Vou te contar... Que irmão! Jesus me abana... Não me admiraria se ele não fosse meu irmão eu quisesse dar uns pegas nele.
— Obrigada. Você também. — ele veio na minha direção. Ficou ao meu lado e passou o braço em meus ombros.
— Isso! Isso! Fiquem assim! Ai, Merlin! Choquei! Lindos! Essa dupla é mara!
John era fotógrafo também. Ele iria confeccionar a capa e as fotos do álbum. Cedrico e eu nos olhamos e começamos a rir até que, quando nos demos conta, estávamos em uma sala totalmente preta e uma luz branca disparou em nós. Parei de rir e agarrei Cedrico. Olhei assustada para onde vinha a tal luz. Era só o flash da câmera. Soltei-me de Cedrico.
— Muito bem. Agora você, Emma, fique de lado e Robert de frente. Emma ponha os braços no ombro de seu irmão. Isso. Agora dêem um meio sorriso. Isso. Agora Emma fique na frente de Robert. Pegue esse chiclete aqui. Faça uma bola com ele. Enrole os cabelos entre os dedos e olhe para cima. Robert finja que está falando com ela. Robert envolva seus braços na cintura da sua irmã. Sorriam. Robert carregue Emma em sua cacunda. Isso. Ótimo. Sorriam. Uma dos rostos. Encostem os narizes e sorriam. Que lindos. Robert pegue Emma no colo. Emma levante uma perna. Isso. Ai, lindos, vocês parecem o príncipe carregando a princesa. Agora, Robert sente no sofá e Emma fique de pé no sofá. Robert olhe para sua irmã como se ela fosse um OVNI e você, Emma coloque o cabelo na metade no rosto e faça um gesto roqueiro e ponha a língua para fora. Isso. Agora a última. Se abracem e virem os rostos para a câmera. Isso. Só mais essa para a capa. Fiquem de costas um para o outro e encostem as costas. Emma faça um meio sorriso e Robert fique sério do tipo “eu sou o gostosão da parada”.
— Ã? Pirou John? Eu não sei fazer isso!
— Sabe sim.
— Tudo bem.
— Ok. Robert venha cá. Emma coloque as mãos na cabeça com os braços abertos. Isso. Sorria agora. Fique de lado. Coloque o braço de trás atrás da cabeça. Levante a perna da frente para trás. Isso. Muito bem. Sorria abertamente. Fique de costas e vire a cabeça para a câmera. Isso. Entreabra a boca e olhe com um olhar penetrante para mim. Essa é só do rosto e ombros. Ótimo. Deite de bruços aí nesse sofá. Isso. Sorrindo. Fique de cabeça para baixo nesse sofá. Sorria. Isso. Robert. Sua vez. Coloque as mãos nos bolsos das calças. Isso. Fique sério. Muito bem. Mais uma: do seu rosto. Faça um sorriso torto.
E o último flash! saiu da câmera de John. Quando nos demos conta já eram 12h30min. Domingo era dia de passar o dia com os amigos e com certeza Harry Rony e os amigos ogros de Cedrico que eu nunca me lembro o nome devem estar desconfiados. Antes de sair, pedi a John que fizesse um vestido para mim para o Baile de Inverno.
Arrumamos-nos para voltar à escola, demos um tchau para o pessoal e voltamos juntos para a Torre do Relógio.
— Hermione... — disse Cedrico quando descíamos as escadas.
— Sim?
— Você vai com o idiota do Krum para o Baile de Inverno? — ele perguntou não escondendo o ódio e o ciúme que Viktor o causava.
— Não fale assim dele, senão eu me caso com ele ainda. — brinquei. Ele fez cara de espanto falso. Rimos. — Ta. Eu vou com ele sim, por quê? Afinal, com quem VOCÊ vai?
— Para saber. E com quem eu vou é surpresa...
— Ah. Sem graça...
Estávamos indo em direção ao Salão Principal rindo à beça, relembrando dos nossos micos juntos. Foram tantos que eu já perdi a conta. Mas tudo o que é bom dura pouco. Quando nos separamos uns dois corredores antes de chegar ao Salão para que chegássemos em momentos diferentes, eu continuei meu caminho de sempre e Ced pegou um “atalho” como ele diz, mas para mim, sempre chega mais tarde do que se for no caminho normal. Mal nos separamos e Malfoy chegou por trás de mim, me dando um susto, o que, num ato de reflexo completamente acidental, me fez estuporá-lo. Pode ter sido acidental, mas que foi bem feito, foi. Só sei que continuei caminhando e ele logo me alcançou, apesar de ter sido estuporado para longe. E olhe que eu não estava caminhando devagar. Se bem que, com aqueles saltos altos, eu não podia ir numa velocidade enorme.
— Por que você fez aquilo? — ele estava estupefato com o feitiço.
— Reflexo. Se bem que gostei de fazer aquilo. — respondi sem olhar para ele, mas brotando um pequeno sorriso nos meus lábios. — Afinal, foi você que me assustou. Eu é que pergunto: por que você fez aquilo? — percebi que ele corou, mas não deixou de lado sua pose ignorante.
— Oras. Encher o saco de uma sangue-ruim como você é o meu esporte favorito.
— Pois é, Malfoy. Mas por que você não vai incomodar outra como você diz “sangue-ruim”? Não existe só eu nessa escola que não é sangue puro.
— Você pode pensar que é só mais uma, mas é única. — será que ouvi direito ou Malfoy estava realmente me elogiando? Olhei-o espantada. Ele percebeu. Por isso acrescentou: — A única que se irrita profundamente comigo e a única que é mais amiga do Potter Cicatriz.
Sabia que Malfoy era Malfoy mesmo. Por isso, andei mais rápido. Tudo o que eu ouvia eram os baques dos meus saltos altos. Malfoy ficou para trás. Ele disse algo, mas não sei o que foi.
CAPÍTULO 15: TRÁGICO QUADRIBOL
Fui bombardeada por um monte perguntas ontem, mas sai ilesa... Agora eu só ando de cabelo preso ou solto quando ele está bem cacheado.
Aula de poções com Snape mal-humorado. É mole? Tudo bem, ele está sempre de mau humor, mas hoje ele ultrapassou sua cota. Fiquei sabendo que hoje à tarde temos jogo de Quadribol Grifinória contra Sonserina e NINGUÉM ME DISSE sendo que eu sou a ARTILHEIRA DO TIME! Tudo bem, o Harry sabe que eu detesto Quadribol, mas também eu tenho que ficar a par pelo menos dos jogos, né? Mas nãããão. Harry pensa que se eu não gosto do esporte, eu não gosto do time e não gosto de jogar e não quero nem saber de quando são os jogos. Que ódio desse garoto. Não se toca mesmo... Ainda bem que eu tenho a Gina, que me mandou um bilhete na aula de História da Magia no primeiro tempo.
Agora temos dois tempos de poções e o almoço. À tarde não teremos aula (leia-se: Sonserina e Grifinória), o que é bem ruim para mim já que meu desempenho já não é o mesmo.
Cho está toda ansiosa para o Baile. Ela tagarelou o tempo todo durante o primeiro tempo e agora eu estou me remoendo de raiva daquela guria. Ela vai com ninguém mais, ninguém menos que Cedrico Diggory, mais conhecido por mim como MEU IRMÃO! Fiquei super braba com Cho e ela nem sabe por que! O pior de tudo é que ela ficou braba comigo também.
Ai credo! É claro que eu tenho que estar irritada na aula de poções: o Professor Snape não me chama nenhuma vez quando levanto a mão! E como está com o humor pior impossível, acabou de tirar 30 pontos da Grifinória por eu estar levantando a mão o tempo todo. Ta né! Que saco! E, obviamente os alunos da Sonserina estão sendo superpaparicados pelo professor querido deles. Que raiva! Por que a Minerva não é assim com a gente também? Ok, isso seria injustiça e nos rebaixaria a eles.
Finalmente chegou a hora do almoço, onde eu poderia discutir com Harry a vontade o porque de eu não ter sido avisada do jogo de Quadribol. Ele foi um dos primeiros a sair da sala e eu não fiquei atrás. Corri na direção dele.
— Harry! — chamei-o. Ele apertou o passo. Não seja por isso. Corri mais rápido para alcançá-lo. — Está surdo ou o quê?
— Ah, oi Mione.
— Harry, por que não me avisou?
— Avisei do quê?
— Do jogo hoje à tarde, oras! E não se faça de sonso! — deu pra perceber que eu estava irritada, né?
— Ah... Bom, você não está nem aí pro Quadribol e...
— E isso não significa que eu não precise estar informada de tudo que acontece. Eu estou só porque a Professora McGonnagle disse que eu tenho que ficar no time, senão eu sairia agora mesmo. E eu posso pensar em jogar bem mal, sabia?
— A não, Mione! Por favor, nem considere essa possibilidade. Por favor. Esses jogos são muito importantes pra mim.
— Também é muito importante pra eu ficar a par da situação, Harry.
— Ta, Mione. Eu te conto tudo. Tudo mesmo. Por favor.
— Tudo bem, tudo bem.
— Ah, valeu Mione! — e ao dizer isso me deu um abraço de urso.
— De nada...
— Hei vocês dois: não vão nem esperar a gente? — disse Rony que estava acompanhado por Gina.
— Vamos logo pro Salão Principal que eu estou com fome, galera. — reclamou Gina.
— Ok, Boquinha Nervosa. Vamos então. — disse eu. Fomos rindo até o Salão.
Mal almoçamos e Gina e Harry me puxaram para o vestiário. Agora eles brincam que eu sou a “arma secreta” do time. Vê se pode... Vesti-me com o uniforme que foi devidamente providenciado para mim pela Professora Minerva. Não posso reclamar que era bem confortável. A Gi disse que eu fiquei sexy com ele, já que a calça era justa, assim como o blusão. Coloquei a capa por cima e ela disse que eu deveria jogar sem capa. Nós duas rimos muito.
Antes do jogo de Quadribol, Harry reuniu o time todo e começou a falar que éramos para ser confiantes no que fazemos e que não deveríamos ter medo dos sonserinos. Avisou Fred e George para que jogassem sério e não levassem só na brincadeira. Deu mais alguns avisos, mas eu não prestei atenção, ou se prestei, não absorvi. Eu estava concentrada demais conversando com Cedrico por telepatia.
“Por que não me contou que ia para o Baile com a minha melhor amiga?”
“Não queria que você ficasse com ciúmes como está agora cedo demais.”
“Não estou com ciúmes!”
“Ta. E eu acredito no Coelhinho da Páscoa”
“Ok, talvez eu esteja com um pouquinho...”
“Isso aí! Se eu te conheço bem, você deve estar corada”
“Não sei... Mas que estou um pouco constrangida, estou”
Ele riu. Não sabia que era possível rir por pensamento. Era nessa e noutras besteiras que eu estava pensando quando Harry me puxou e me posicionou ao seu lado. Então me dei conta de que o jogo iria começar e aquele nervosismo me inundou. Não por causa da platéia (um pouco sim) nem por causa dos adversários (eles levarão um choque), mas porque eu teria que VOAR! Eu morro de medo de altura.
Ai, Merlin! As cortinas se abriram. Tudo bem, Hermione, tudo bem. Impulso, isso, calma, calma, vai dar tudo certo, não olé para baixo, seja confiante.
“SOCORRO!”
“Calma, mana. Você vai conseguir, calma. Eu estou logo a sua frente escondido atrás da torre da Sonserina. Eu te salvo...”
Olhei para frente e o vi por cima do ombro de Flint, o artilheiro e capitão da Sonserina, abanando para mim. Não pude deixar de dar um meio sorriso. Gina, que estava ao meu lado perguntou porque eu estava sorrindo.
— Meu irmão está aqui. Bem capaz que ele perderia a chance de ver um jogo de Quadribol. Ainda mais comigo no meio. Ele está atrás da torre da Sonserina. Vê? — respondi a ela.
— Ah, ali está ele... Montado numa vassoura? Ah, pra te salvar. Que amor... Rony nunca faria isso por mim... Mas acho que o idiota do Flint pensa que você sorriu pra ele...
— Ah, o meu irmão é demais e ÚNICO... Não acredito que ele vai ao Baile com a Cho...
— O QUÊ? Seu irmão e a Cho? Estou bege, estou bege, estou rosa.
— É. Lembra aquele dia na Dedos de Mel que a gente encontrou ele beijando aquela garota? Aquela garota era a Cho.
— E você está morrendo de ciúmes...
— Ah, até tu, Gina? Qual é. A minha melhor amiga e o meu irmão. Não cola.
— Ok. Ai, Merlin! O Flint está te encarando. Acho que ele está tentando te seduzir...
— Mas só está conseguindo me assustar... Ele já rodou o sétimo ano duas vezes! Como ele é burro...
Nós duas rimos.
— Hei, vocês duas. Já não chega de fofocar? — disse Harry nervoso. Falando em nervoso, eu não me sinto mais nervosa, nem com medo. Com Cedrico aqui eu fico mais tranqüila.
— Ai, Harry. Não fala assim com a gente. Afinal, o jogo nem começou... — respondi.
— É, Harry. Pega leve... — disse Gina.
— Desculpe. É que eu estou meio nervoso...
— Meio? Completamente, você quer dizer. — dizemos em uníssono.
— Está tão na cara assim?
— Está estampado na sua testa em verde fosforescente.
— É que é contra a Sonserina... E eu não posso deixar o Malfoy ganhar...
Eu e Gina nos olhamos. Será que aquela briga entre Sonserina e Grifinória algum dia iria acabar? Acho que não. Finalmente a professora chegou. Na verdade, eu acho que a gente que saiu um pouco mais cedo. Comecei a olhar em volta. Credo! Quase todo mundo me olhava com a boca aberta do tipo “não-acretido-que-a-Granger-certinha-está-no-time-de-Quadribol”. Senti meu rosto meio que corar. Mas tudo vai dar certo, eu dizia para mim mesma.
Estava perdida em pensamentos novamente e, quando me dei conta, estava com a goles e havia acabado de fazer o “Salto de Dyonisus” e feito não sei quantos pontos. De repente focalizei Gina, que fazia um gesto para que eu fosse até ela. Foi o que eu fiz.
— Mione, mal começamos o jogo e você fez 30 pontos! Vai com calma. — disse ela por cima dos gritos da torcida animada da Grifinória.
— Ahn? Quê?
— Alou! Amiga, você viu o que acabou de fazer?
— Eu? Fiz o que mesmo?
— O “Salto de Dyonisus” te lembra alguma coisa?
— Ah... Aquela manobra... Lembro sim, mas... O quê? Eu fiz o “Salto de Dyonisus”? Não acredito! — meu queixo caiu.
— Amiga, fique ligada no jogo.
— Tudo bem... Gi, está a fim de fazer o “Mergulho de D'Orazio” no Montague? — perguntei observando o garoto com a goles.
— Não Mi. Obrigada. Pode fazer.
— Ok. Eu vou chutar a bola pra você e então fazemos a “Ardil de Porskoff”, pode ser?
— Claro.
— Então vamos lá.
Devo admitir que Montague é grandalhão demais. Ele tinha uma cara de poucos amigos, mas foi só eu fazer uma carinha de anjo que ele começou a babar, literalmente. Aproveitei que ele estava com a mão mole e chutei a bola para Gina, que já a esperava. Fui como uma flecha até o meu local, esperando que ela jogasse a bola lá de cima. Aproveitei o movimento e fiz mais uns pontinhos amigos.
De repente, olhei pra cima. Harry e Malfoy se olhavam de um jeito perigoso. Até parecia que queriam se matar. Subi até lá para evitar confusão. Logo que me viu, Harry trocou de expressão de carrancuda para doce e sorridente, como eu o conhecia.
— Ahm... Harry, ahm estamos precisando de você ahm ali embaixo. Ahm a Gina está embirutecendo e quer ahm pular da vassoura.
— Merlin! Vamos logo. — e saiu o mais rápido que pode.
— Fique longe do Harry, Malfoy. — disse para o loiro antes de sair atrás de Harry, que estava sacudindo a Gina.
— Harry, pára com isso! — disse de mau-humor para ele.
— O que foi, Mi? Você disse que ela queria pular da vassoura...
— Ah, era pra tirar você de perto do Malfoy. Parecia até que iriam se pegar no pau em pleno jogo!
— Ah... Desculpa então, Gi.
— Não foi nada Harry. Mas vê se pára de agir como criança com o Malfoy.
— Ok... O que é aquilo? — disse Harry ao olhar para mim
— Ainda não tinha visto? — perguntou Gina.
— O quê?
— Ali ó, Mi. O Bletchley quebrou a mão ou o dedo tentando defender aquele seu gol.
— Sério? — disse, já virada para onde eles estavam olhando.
— Legal. Agora a Sonserina não tem goleiro... — comentou Harry.
— Isso é ótimo! Vamos nos vingar do primeiro ano! — comemorou Gina.
— Nunca pensei que você fosse uma pessoa vingativa, Gi. — disse eu. Nós três rimos. Então vi algo dourado indo de um lado para o outro atrás de Harry. — Harry! Ali! O Pomo! — ele viu e saiu feito uma flecha atrás da bolinha dourada e veloz. — Gi. Vai jogando ai. Eu vou observar um pouco o jogo.
— Ok, Mi. Até mais.
Fui até o ponto mais alto que todos os jogadores. Olhei para baixo. Nossa. Eu havia mesmo subido um pouco demais. Logo abaixo de mim, localizava-se Flint, que, após me ver, subiu ao meu lado.
— E ai, Granger? O que conta de novo?
— Bebeu, Flint?
— Não gatinha, mas estou embriagado de paixão por você... — disse dando um sorrisinho e chegando mais perto de mim, que recuei.
— Auch! Essa doeu, Flint, doeu.
— Ah, qual é, Hermione? Eu sei que você morre de amores por mim... — A cada palavra que ele dizia, chegava um pouco mais perto de mim, e eu recuava.
— Ah, corta essa Flint! Eu nunca morreria de amores por você. E pra você é Granger.
— Olha aqui, garota. Milhões de meninas adorariam estar no seu lugar, sabia? Mas eu escolhi você gatinha. Além do mais, eu gosto das difíceis...
— Então vá atrás dessas milhões de garotas e... — Ele me agarrou! Sorte minha que fui rápida o suficiente pra virar o rosto, o que me deixou com a bochecha toda babada e Flint me beijando na bochecha. — Me larga, Flint! Se toca garoto! — eu me debati, mas não consegui me desvencilhar. Ele era muito forte, quase igual à Cedrico.
— Solta ela, Flint! — gritou alguém de voz conhecida. Era Cedrico, que saiu de trás da torre e veio na nossa direção.
— E por que eu deveria, Diggory?
— Solta a minha irmã ou vai se arrepender... — senti Flint estremecer. A voz do meu irmão era bem ameaçadora. Ele me soltou e eu “corri” (voei rapidamente?) para abraçar meu irmão querido e salvador.
— Isso não termina aqui, Granger, ou devo dizer, Diggory... — anunciou ele antes de sair voando e se confundir no meio dos jogadores.
— Valeu, Ced. Mas agora a escola inteira vai ficar sabendo da gente.
— Relaxa, mana. Ele não vai contar para ninguém. Disso você pode ter certeza. Vou indo antes que de confusão. — me deu um beijo na bochecha e foi mais rápido que um foguete para o seu lugar. Ele foi tão ou mais rápido que o Pomo de Ouro.
Gina e eu fizemos uma seqüência de passes ela arremessa e Fizemos pontos de novo.
- E que dupla essa, hein, minha gente! Gina Weasley e Hermione Granger acabam de marcar mais 20 pontos para a Grifinória! Quem diria que a Granger certinha iria algum dia fazer parte do time de Quadribol... - disse o narrador do jogo, o... Ah, sei lá! Eu nunca lembro o nome dele. Joguei um olhar mortal sobre ele. A raiva exalava de mim. Mania de fofoca que esse povo tem mesmo sem saber direito o que acontece! Odeio quando as pessoas falam assim de mim. Senti que ele gelou com o meu olhar.
Alguma coisa estava zumbindo em meu ouvido. Peguei-a e nem olhei o que era. Também nem deu tempo. Alguém bateu em mim com força e atrás desse alguém tinha outra pessoa, que desvio, mas bateu com a vassoura em minha cabeça. Caí da vassoura e choquei com o chão. Eu fazia um esforço para manter os olhos abertos. Senti Cedrico segurar minha mão e olhar para mim nos olhos, tapando o sol do meu rosto com a cabeça.
- Hermione. Mana, você está bem? Eu tentei te segurar, mas sua queda foi muito rápida para mim. Desculpe, eu tentei.
- Cedrico... - disse no fio de voz fraca que me restava. Doía falar, as costelas doíam. Logo vi Harry ao meu lado também. Seu rosto mantinha uma expressão culpada.
- Ai, Mi. Desculpa. Eu estava atrás do Pomo brigando com o Malfoy e perdi o controle da vassoura assim como ele e então batemos em você. Não consegui desviar, me perdoe.
Algo se debatia furiosamente em minha mão provocando aquele zumbido irritante novamente. Levantei a mão e segurei a coisa com o dedo do meio, o indicador e o polegar para que eu pudesse ver o que era: o Pomo de Ouro! Eu o peguei! à essa altura, Cedrico já havia dado um jeito de me sentar meio deitada apoiada em suas pernas. Dei um fraco sorriso e entreguei-o para Harry, que à essa altura do campeonato, já tinha lágrimas brotando de seus olhos.
- Obrigado, Mi.
- Vá lá para o seu sucesso. Eu vou ficar bem.
- Tem certeza?
- Sim. Vai logo.
Ele assentiu com a cabeça, se levantou, montou na vassoura e ergueu a mão com o Pomo à mostra. Todos comemoraram. Minhas costelas doíam. Acho que as quebrei.
- Mana, está tudo bem mesmo?
- Não. Minhas costelas doem. Muito.
Ele me abraçou delicadamente. Pude perceber que ele chorava baixinho.
- O que houve?
- Foi culpa minha. Se eu não estivesse tão desatento naquela hora, eu poderia ter te salvado, mas não consegui. É culpa minha você estar assim agora.
- Calma, mano. Não é culpa sua. Se eu não estivesse tão concentrada em dar um gelo no... no locutor lá, isso não teria acontecido porque eu estaria atenta a todos os jogadores. Sem falar que você já me salvou uma vez no jogo, lembra? Se não fosse por você, eu não teria me livrado do nojento do Flint.
Ele riu e eu o acompanhei. Quer dizer, tentei acompanhá-lo. Minhas costelas começaram a doer tanto que tive que parar. Fechar os olhos e respirar fundo. Até respirar doía. Madame Pomfrey chegou com uma maca. Ela tentava, sem sucesso, afastar meu irmão de mim, que segurava minha mão o tempo todo. Ela desistiu. Pediu a ele que a ajudasse a me colocar na maca. Foi a parte mais dolorida. Dei um berro de dor. Com certeza eu havia quebrado algum osso. Não conseguia me mexer direito. Todos os jogadores mantinham uma cara séria e triste. Os grifinórios, acho que era por minha causa, já os sonserinos, porque perderam o jogo. Apesar da tristeza dos grifinórios, o narrador comemorava empolgadamente sem parar a vitória da Grifinória.
— Seja forte, mana. Forte como sempre foi... — murmurava Cedrico sem parar. Só agora notei que ele tinha o rosto manchado por algumas lágrimas e que estava se esforçando para não deixá-las caírem dos olhos.
Quando dei por mim, estava na Ala Hospitalar. Madame Pomfrey me deu um líquido laranja esverdeado para tomar.
— Tome isso, querida. Vai melhorar a dor.
Ao ouvir isso, obviamente tome de imediato. Era amargo pra burro! Quase cuspi tudo. Depois disso, eu apaguei.
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