Crucify
*** Capítulo 25 – Crucify
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“Todos os dedos no quarto
Estão apontando pra mim
Eu quero cuspir nas faces deles
Então eu tenho medo do que isso poderia trazer
Eu tenho uma bola em meu estômago
Eu tenho um deserto em minha boca”
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A chuva continuava a cair pesadamente do lado de fora, obrigando os professores e aurores a usarem feitiços impermeabilizantes para se protegerem, enquanto ainda se encontravam no hall do castelo, discutindo a melhor forma de adentrarem a floresta proibida. “Mas que completa perda de tempo...” Pensava Malfoy insatisfeito, desejoso em ir logo até a floresta e acabar de uma fez com aquilo, para que pudesse voltar para sua filha. Entretanto, o comportamento agitado de Mendes e a protelação de Power, lhe chamaram a atenção, fazendo com que passasse a ficar atento em todos os movimentos e expressões de ambos. “Seja o que for que esteja acontecendo, dessa noite não...” O professor teve a sua linha de raciocínio interrompida, quando Hermione elevou sua voz em tom autoritário.
- Já chega! – Exclamou. – Não adianta nada ficarmos aqui discutindo... O que temos a fazer é ir o mais rápido possível até a floresta, antes que percamos a oportunidade de quem sabe, descobrir o que está acontecendo. – Completou sabiamente.
- Tem razão. – Concordou Pietro. – Nesse caso então, eu sugiro entramos todos juntos na floresta, porém divididos em grupos, assim ficará mais fácil de cobrir o perímetro, em um curto espaço de tempo.
- Mas dessa forma nós não...
- Quieto Mendes. – Pontuou Malfoy com rispidez. – A Granger tem razão. – Falou, torcendo o nariz logo em seguida, em forma de reprovação. Ele havia acabado de concordar com a “sabe-tudo”... – E Willians também... Por isso, essa discussão já está encerrada. – Continuou afastando de sua mente a estranheza causada pela última afirmação.
- Então, como eu ia dizendo antes de ser interrompido. – Manifestou-se mais uma vez o auror, sem fazer a menor questão de esconder a sua irritação. – Nós vamos nos dividir em três grupos, sendo que um ficará responsável pelo meio da floresta, enquanto os outros dois deverão seguir pelas pontas, um de cada lado. Cada grupo terá a partir do ponto de entrada, cerca de dois quilômetros de perímetro para serem verificados. É importante lembrar também que no caso de qualquer emergência, faíscas vermelhas deverão ser lançadas ao céu, para alertar os outros. Entenderam? – Perguntou ele após a sua explicação apressada, de fato não tendo a intenção de retirar qualquer dúvida que pudesse existir, por isso, após o breve segundo de silêncio, prosseguiu. - Ótimo! Professores Hagrid e Granger na ponta esquerda, ao centro...
- Se me permite uma opinião Willians... – Interferiu Draco. – Eu não acho que seja o ideal colocar duas das pessoas, que mais conhecem essa floresta, juntos.
- Isso faz sentido. – Comentou o professor de trato das criaturas mágicas.
- Que seja então... – Tornou Pietro impaciente. – Hagrid e Jhones na direita, Granger, Mendes e Power ao centro e Eu e Malfoy na esquerda.
- Hum... Me desculpem, eu sei que isso já está ficando chato... Mas a única vez que me lembro do Malfoy entrando nessa floresta, foi quando ele ainda era um aluno, então, a menos que você conheça a...
- Ora, por Merlin! – Exasperou-se Jhones, interrompendo o discurso de Hagrid. – Alguém mais aqui conhece essa floresta? – Perguntou.
- Bom, enquanto estive substituindo a diretora, eu passei algumas horas aí dentro. Então eu acredito que sim, eu conheço a floresta. – Informou Daniel com tranqüilidade.
- Está decidido então... – Voltou a falar Jhones, precipitando-se em direção aos jardins, obrigando os outros a segui-lo. – Malfoy troca de lugar com o Power, e não se fala mais nisso. – Pontuou.
E enquanto o grupo descia o vale de forma apressada, em direção à orla da floresta, Hermione não podia parar de pensar em como Draco havia sido esperto, afinal, a menos para ela, havia ficado claro o fato de que o professor de poções tinha conduzido à conversa, para que as coisas ficassem acertadas exatamente daquela forma. Malfoy tinha um plano, disso ela tinha certeza...
Ao fundo, sem que algum deles notasse, vinha Estelar, fugida da presença do próprio pai... Desejando apenas poder ficar sozinha, a garota fez uso de suas capacidades lupinas, para ouvir o que diziam, mesmo que com certa dificuldade devido a tempestade, da qual não fazia questão de se proteger, aproveitando o momento em que os aurores passavam as últimas instruções aos professores, tais quais o ponto de encontro e o horário em que deviam encerrar a busca, para passar despercebida, enquanto tomava um caminho diferente, mesmo que esse também a levasse até a floresta.
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– AVADA KEDRAVA! – Foram essas as palavras que saíram de sua boca.
No limbo de sua consciência, Sarah não entendia como poderia ser capaz de produzir aquele jato esverdeado que saiu da varinha que segurava... Aquelas palavras não eram dela! Não podiam ser... Ela não queria que fossem. Lutando para voltar a ter o controle sobre si mesma, a menina se lembrou de quando tudo havia ficado escuro após a luz esverdeada sair do quadro, e agora ali, quando retomou a ciência dos fatos, estava proferindo a maldição da morte, com a sua visão embaçada, mas ainda assim conseguindo divisar o vulto a sua frente, sendo lançado para trás, caindo ao chão em seguida, estático. Quem era? Ela não conseguia se lembrar... Para ser sincera, sequer saberia dizer onde estava. As únicas coisas que para ela estavam claras eram as palavras a pouco ditas e o suor que avidamente escorria por sua pele.
- Sarah! – Gritou.
E em meio a sua confusão mental, a Sonserina foi capaz de reconhecer a voz que a chamava, ela pertencia ao Ted... Sentindo-se tonta, Sarah percebeu quando sua mão tremeu, dando novamente vazão ao poder que a varinha emanava, forçando-a a sucumbir. Mais uma vez, sua visão estava escurecendo...
- Sarah! O que houve?! – A menina o ouviu mais perto, sentindo as mãos do rapaz em seus braços, sacudindo-a. – Diretora... Por Merlin! Sarah! – Voltou a chamar.
Com um baque, a menina despertou por completo, retomando a sua consciência, junto com as lembranças do que havia acabado de acontecer... Não era possível! Trêmula, a garota se soltou do auror, passando bruscamente por ele, indo se deparar com o corpo imóvel de Minerva Mcgonagall. Ela estava morta... Aquilo não era um sonho!?
- Não... – Balbuciou. - Eu não fiz isso... – Continuou já sentindo os seus olhos marejarem.
Sem saber o que pensar o rapaz apenas lançou a Sonserina um olhar de estranhamento, enquanto a afastava, abrindo passagem até a diretora. Ted sabia que o atual estado de saúde da Minerva era delicado, por isso decidiu apenas socorrer a senhora, deixando para mais tarde, a sua tentativa de entender o que tinha acontecido naquela sala. Entretanto ao se aproximar, Ted sentiu o próprio coração falhar uma batida, ao perceber por fim, que McGonagall estava de fato morta.
- Eu não queria... Eu não... – Resmungava Sarah.
- Sarah, do que você está falando!? – Exaltou-se o rapaz. – O que aconteceu aqui?
Sem responder, a menina se virou e correu, saindo da sala da diretoria o mais rápido que pôde, tentando desesperadamente deixar para trás o que havia acontecido ali, afinal, tudo só podia se tratar de um terrível pesadelo, sim era isso, um pesadelo, assim como das outras vezes... Ela não queria se recusava a encarar a verdade. Confuso, o ex-grifinório seguiu seu instinto e sacou a própria varinha, precipitando-se atrás da garota, no entanto, assim que ela passou pelos batentes da porta, essa se fechou, lacrando Ted e o corpo de Minerva no interior da sala.
- Sarahhh! – Berrou ele ao esmurrar a porta magicamente trancada.
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Fazendo uso de feitiços de desilusão e silenciadores, cada grupo adentrou a floresta, com o máximo de cautela e atenção, procurando por qualquer coisa que pudesse responder ao menos uma, de suas muitas perguntas.
Mendes, embora contrário a idéia no princípio, seguia confiante e talvez até animado, disposto em mostrar um bom trabalho, e quem sabe até, impressionar Hermione. “Eu sabia que isso daria certo.” Pensou Malfoy satisfeito, ao reparar na forma que o estagiário caminhava, como se ele realmente soubesse o que estava fazendo. Assim que Draco julgou que já estavam, há tempo suficiente dentro da floresta, ele se aproximou e puxou Hermione pelo braço, sem que o outro notasse, afinal esse se encontrava um pouco afastado, mais preocupado em se mostrar um bom “rastreador” do que qualquer facilidade, o professor encostou a mulher em uma das árvores, tampando sua boca com a mão, impedindo-a de gritar.
- Quieta Granger. – Sussurrou com seriedade, enquanto recolhia a própria mão. – Não há porque fazer escândalo.
- Você por acaso enlouqueceu Malfoy!? O que pensa que está afazendo? – Ofegou, dividida entre a raiva e o assombro, pela inusitada situação.
- Preste atenção... – Pigarreou, afastando-se de Hermione, se sentindo incomodado pela extrema proximidade. – Eu quero que você fique atenta ao redor, enquanto eu leio a mente do... E nem adianta reclamar! – Alertou ao vê-la abrir a boca em uma clara tentativa de protestar. – Essa é a nossa melhor chance... Se deixarmos passar, não haverá como fazer isso sem levantarmos suspeitas. Você não é burra Granger, sabe tão bem quanto eu, que essa é a forma mais fácil de descobrir o que está acontecendo. – Concluiu convicto.
- Certo. – Suspirou ela. – Mas saiba que eu só estou aceitando isso por que...
- Hermione! – Chamou o estagiário.
- O seu fã está te chamando. – Debochou o professor de poções, fazendo a outra rolar os olhos, em um gesto de contrariedade. – Vá até lá e o mantenha distraído.
- O que!? Mas isso não...
- Apenas faça o que eu estou dizendo Granger! Confie em mim.
Após uma breve troca de olhares, onde ambos ponderaram a estranheza daquelas palavras, eles se dividiram, cada um indo para um lado, com Malfoy esgueirando-se entre as árvores, e Hermione indo atender, sorridente, o chamado do outro. “Eu só posso estar ficando louca! Não acredito que concordei com isso...” Pensava ela.
- Aí está você! – Sorriu o rapaz. – Por um momento pensei que tivéssemos nos perdido um do outro.
- Imagina... Eu só fiquei um pouco para trás, porque pensei ter visto algo, mas não era nada. – Mentiu. – E você, encontrou alguma coisa?
- Para falar a verdade, eu não...
De súbito, o aspirante a professor parou de falar, relaxando a expressão de seu rosto, enquanto seus olhos ganhavam um tom apático, instantes depois de ter sua nuca atingida por um feitiço.
- Droga Malfoy! Por que você fez isso? – Resmungou a mulher, assim que viu Draco aproximando-se, saindo de seu esconderijo, ainda com a varinha em punho.
- Não faça drama sem necessidade... – Tornou ele. – Te garanto que não gostaria nem um pouco que ele se lembrasse do que vai acontecer aqui, afinal, o que diriam da exemplar professora, se descobrissem que ela anda invadindo a mente de pobres...
- Tá bom, tá bom... Eu já entendi. – Cortou insatisfeita, já começando a se arrepender de participar daquela loucura. – Mas você precisava ter que confundir ele?
- Não reclame, era isso ou apagar a memória dele depois. – Falou de forma displicente, sem se importar com o olhar de reprovação que recebeu em resposta, concentrando-se apenas na mente, agora indefesa, do homem a sua frente.
Hermione decidiu não retrucar, afinal também estava muito interessada no que Malfoy poderia descobrir, por isso, se limitou a cumprir o seu papel de vigia, afastando-se dos outros, enquanto se mantinha atenta a qualquer movimentação ao redor. Entretanto, o único ruído que lhe chamou a atenção, foi o gemido de Draco, quando este cambaleou e por pouco não caiu sentado no chão da floresta.
- Malfoy! – Chamou ela sem entender, aproximando-se rapidamente. – O que aconteceu? Você está bem?
- Maldição... - Resmungou o professor, apertando suas próprias têmporas.
- Por Merlin! – Exclamou. – O seu nariz está sangrando... Aqui. – Completou ao colocar o lenço que retirou do bolso, sobre o nariz do outro, na intenção de parar o sangramento.
- Eu estou ótimo. – Afirmou ele, afastando-se da mulher, decidido a evitar qualquer tipo de contato a mais entre eles. – Eu não consegui entrar... – Explicou, afinal sabia que Hermione perguntaria. – Eu não sei... Pode parecer estranho, mas desde o incidente com a filha do Lupin que eu não consigo me concentrar. É como se... Eu não sei.
- É melhor você não forçar a sua mente. – Tornou a ex-grifinória com tranqüilidade. – Tenho certeza de que isso é só uma seqüela temporária... Quando você estiver melhor, tentamos de novo. – Sorriu. – Agora se afaste eu vou desfazer o feitiço que você lançou no Mendes. - Com um rápido movimento, a professora de transfiguração balançou a sua varinha no ar, restabelecendo a consciência do estagiário.
- Não encontrei nada de estranho. – Disse Erick, terminando só agora a frase que tinha começado antes de ser confundido. – Oh, minha nossa, o que aconteceu com o seu nariz professor Malfoy? – Quis saber ele ao reparar no outro que ainda tentava estancar o sangue que corria.
- Ele levou um tombo, foi só. – Respondeu Hermione, pensando de forma prática.
- Mas que coisa, o senhor deveria prestar mais atenção por onde caminha professor. – Comentou Mendes, recebendo na mesma hora um olhar cheio de raiva do outro. – Vejam só a hora! – Desconversou, puxando de seu bolso uma adornada ampulheta. – Já estamos quase na hora que o Willians determinou, é melhor voltarmos.
- Você tem razão, vamos voltar. – Concordou a mulher.
Enquanto Mendes e Granger iniciavam a sua caminhada em direção a saída da floresta, Draco ainda se manteve parado no mesmo lugar, perguntando-se o porquê de não conseguir acessar as memórias do aspirante a professor, que de acordo com o que ele mesmo já tinha comprovado antes, possuía uma das mentes mais fracas que já tinha conhecido, perdendo apenas para as quatro alunas para quem havida dado algumas aulas particulares de oclumência. “Seqüela temporária... É muito bom que esteja certa Granger.” Pensou preocupado, segundos antes de também começar a caminhar em direção a saída, ponderando se de fato a mente de Erick era tão frágil assim. Quem sabe, talvez, fosse essa a idéia que ele gostaria de passar...
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Os relâmpagos que riscavam o céu iluminavam os corredores em curtos intervalos de tempo, enquanto Gustavo, arfando pela corrida prolongada, ainda continuava a seguir Estelar, por mais que já a tivesse perdido de vista há algum tempo. “Mas que merda, como ela é rápida... Desse jeito eu nunca vou alcançá-la”. Resmungava o rapaz em pensamento, ansioso em encontrar o mais rápido possível a Grifinória, para que assim ele pudesse ter algumas das suas perguntas respondidas. Por isso, Gustavo insistia em sua busca, sabendo ao menos para onde deveria se dirigir, afinal, o caminho que Estelar havia pegado, só poderia levar a um lugar...
Assim que o Grifinório passou pelos portões de Hogwarts, chegando aos jardins, imediatamente teve todo o seu corpo encharcado, sem nem ao menos ter tempo de conjurar algum feitiço que o protegeria da chuva forte. O que para ser sincero, nem o estava incomodando, já que ele agora era movido pela urgência, pois tinha a certeza de que algo de muito errado estava acontecendo naquela noite, ele podia sentir... Ainda correndo, Gustavo mantinha a varinha firme em sua mão, atento ao ambiente ao seu redor, que mesmo em clima desfavorável, ainda o permitia enxergar com certa clareza. Mas foi ao ouvir o seu nome, que o rapaz sentiu o seu coração acelerar algumas batidas, ele conhecia aquela voz, mas de onde?
- Estelar... – Chamou com insegurança, olhando ao redor, sem abaixar a varinha um instante sequer. – É você?
Em resposta a pergunta do estudante, o vento que varria os jardins do castelo se intensificou de maneira abrupta, gerando alguns pequenos moinhos com as grossas gotas de chuva, que castigavam todos aqueles que se atreviam a sair em meio a tempestade. Gustavo tinha suas vestes pesadas, grudadas ao seu corpo, assim como o seu cabelo, que insistia em cobrir-lhe os olhos, forçando-o a levar mais uma vez a mão até eles para afastar os fios, entretanto, o rapaz se viu obrigado a interromper tal movimento, assim que seus ouvidos captaram uma estranha risada, quase infantil, que parecia estar sendo trazida pelo vento...
- Merda! – Resmungou ele, sentindo seu corpo ser dominado pela adrenalina.
Sem nem ao menos raciocinar, agindo apenas de acordo com seus instintos, Gustavo girou os próprios calcanhares, deixando que a palavra “ESTUPEFAÇA” saísse de sua garganta em meio a um urro, projetando o feitiço na direção da pessoa que agora aparecia a sua frete.
- Lento demais... – Sorriu a menina, defendendo-se com um contra-feitiço.
- Sophie. – Rosnou ele, preparando-se para o duelo.
A filha adotiva, da agora falecida Minerva, estava parada em meio a tempestade, estando completamente seca, enquanto exibia uma expressão divertida e uma postura infantil, não combinando em nada com o cenário que a cercava, parecendo acima de tudo, mais uma visão do que uma pessoa de fato.
- Não faça isso Tompson... Você não tem porque se machucar. – Disse docemente a ex-corvinal.
- Mas o que... – Surpreendeu-se. - O que você está fazendo aqui? O que está acontecendo? – Gritou Gustavo, ameaçando-a com a varinha.
- Tsc, mas que coisa... – Resmungou ao estalar a língua de forma desaprovadora. – Por que você simplesmente não fica fora dessa? Chega de bancar o grifinório heróico... Será que não entende!? O que está acontecendo aqui está muito além do seu alcance, não pode fazer nada! – Completou, alteando a voz.
- Eu não vou permitir que você machuque a Melanie, ou qualquer outra das meninas.
- Hihihihihihihi... Isso não é você quem decide querido. – Debochou. – Além do mais, elas têm que pagar pelo que fizeram...
- Não se aproxime delas! – Cortou o rapaz aos berros, lançado na direção da menina um feitiço estuporante, que passou um pouco acima de sua cabeça, como um sinal de alerta.
- Já que insiste, eu duelo com você. – Sorriu.
Nem bem Sophie completou a frase, e Gustavo já lançava sobre ela a primeira de uma série de azarações, que infelizmente serviram apenas para abrir um buraco no chão gramado. “Para onde ela foi?” Perguntou-se o Grifinório alarmado, sem entender como Sophie, que todos sempre souberam ser péssima em duelos, havia ficado tão rápida e eficiente? O rapaz teria girado o corpo, procurando pela sua adversária, mas assim que iniciou o movimento, foi interrompido por uma pontada na nuca, causada pela varinha de Sophie, que estava sendo pressionada naquela região.
- Seu tolo! – Falou ela, com seus lábios próximos a uma das orelhas do garoto.
“Acabou...” Pensou ele, reconhecendo a derrota, mas ainda assim tentando uma última reação, na qual falhou miseravelmente ao ser atingido em cheio pelo feitiço de Sophie, que o lançou com violência para trás, até que com um baque surdo, o seu corpo chegou ao chão, de onde não se levantou...
- Quer saber!? – Comentou Sophie, dirigindo-se a passos lentos até onde o Grifinório jazia inconsciente. – Eu adoraria matar você agora, só para poder arrancar a sua cabeça e mandá-la em uma bandeja de prata para a vaca da sua namoradinha... E com certeza gostaria ainda mais da cara ela ao te ver. – Continuou ela, mantendo em seu rosto um sádico sorriso, ao se abaixar ao lado do rapaz, passando carinhosamente sua mão pelo rosto do outro. – Você não faz nem idéia de quantas vezes eu já imaginei coisas assim... Mas eu não posso fazer nada. – Suspirou. – Não contra você, seu maldito sortudo! De qualquer forma, isso não importa e sabe por quê? – Quis saber, debruçando-se sobre o troco do rapaz. – Porque existem coisas bem piores do que a morte. Hihihihihihihihi... – Completou, puxando-o para si em um estranho abraço, enquanto erguia com a mão livre a sua varinha, sacudindo-a no ar.
Da varinha da ex-corvinal saíram flashs esverdeados, que aos poucos se uniram, formando uma esfera luminescente, envolvendo os dois jovens, que lentamente foram sendo tragados pela luz, até que por fim, desapareceram por completo, no exato momento em que Sarah Malfoy passava correndo pelo local, alheia a tudo, imersa apenas em sua própria dor.
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Protegida da chuva e também de qualquer olhar inoportuno, já fazia algum tempo que Estelar estava sentada sob os galhos de uma frondosa árvore, ainda chorando, sem conseguir conter a raiva e a amargura que sentia em relação ao seu pai. A menina simplesmente não conseguia aceitar a idéia de que logo ele pudesse escolher aquela opção... Fugir não resolveria e não ajudaria em nada! Ela sabia, e era exatamente por isso que estava tão disposta a ficar e enfrentar os fatos, afinal, por mais que não entendesse o que estava acontecendo e nem o porquê, a Grifinória queria dar um fim em tudo, e voltar a ser apenas a criadora de confusão de Hogwarts, e não mais um dos principais alvos de intrigas e ataques sem sentido. “Se ao menos eu pudesse colocar as minhas mãos no Daniel e provar o quanto ele é mentiroso...” Pensava ela, ainda perdida em suas divagações. Entretanto, ao olhar para o lado, uma figura correndo em meio a chuva lhe chamou a atenção, fazendo com que se esquecesse de todo o resto.
- Sarah... – Estranhou.
Imediatamente a garota se pôs em pé, saindo de seu abrigo e correndo até a amiga, alguma coisa estava errada, sabia disso...
- Sarah, o que aconteceu? O que está fazendo aqui? – Perguntou Estelar apressada, assim que alcançou a outra. – Ei... – Chamou, segurando entre suas mãos a face pálida de Malfoy, forçando a menina a encará-la. – Pode me contar o que houve, eu ajudo você... Porque está tão assustada? – Preocupo-se.
- E... Eu... – O peito da Sonserina arfava, não devido à corrida, mas sim pela necessidade que ela tinha de ar, como se tudo que pairava em sua cabeça a estivesse sufocando.
- Droga Sarah, você está me deixando nervosa. – Resmungou ela de forma ansiosa. – Por que você está assim? O que aconteceu? Me fala...
- Eu... - A menina direcionou seus olhos arregalados em direção a Grifinória. Essa que não podia dizer se, o que escorria por sua faça eram lágrimas ou a chuva. Os lábios já roxos da menina moveram-se... - Eu matei... A Mcgonagall... Eu... Eu... - Caindo com os joelhos pesados no chão, ela finalmente falou. - Eu a matei!
- O que!? – Balbuciou a menina. – Isso é besteira! - Disse ela após alguns segundos de perplexidade. – Você jamais faria algo assim, é impossível! – Garantiu enquanto se abaixava, abraçando a outra, puxando-a para levantarem-se. – Vem Sarah, levanta daí. Precisamos sair dessa chuva...
Sarah nada disse, mas não se moveu, pelo contrário, afundou ainda mais seu corpo no chão. Com um suspiro, a Grifinória voltou a se abaixar, ela não queria forçar a outra, sabia perfeitamente como ela deveria estar se sentindo, afinal já havia passado por situações parecidas, onde era acusada de cometer crimes tão absurdamente inconcebíveis que mais pareciam pesadelos, exatamente como estava acontecendo com Malfoy agora.
- Olha Sarah... – Começou a menina, mantendo o tom de voz calmo. - Eu não sei o que aconteceu, e mesmo que soubesse isso não importaria... O que interessa é que eu sei que você nunca machucaria alguém assim, quanto mais... – Engasgou. - Sarah, eu te conheço bem demais para não acreditar em qualquer loucura como essa. Por isso, não importa o que aconteça, eu estou com você, tudo bem!? - Sorriu segurando firmemente as mãos da outra. - Não vou te deixar sozinha.
- Não... – Falou em um muxoxo, balançando a cabeça. – Eu vi o que estava fazendo, eu me vi! Eu me vi... Eu me vi matando a Mcgonagall... EU ME VI! – Disse entre lágrimas. - O Ted viu também... - Ao completar, o choro da menina já não era mais contido, sobrepunha até mesmo à grossa chuva.
- Chega! – Gritou Estelar ao mesmo tempo em que abraçava a Sonserina, mantendo-a firme entre os seus braços. – Eu também me vi atacando você, tá legal! E nós duas sabemos que aquilo não era eu de verdade. Alguém está brincando com a gente Sarah... Eu não sei por que, mas é isso que está acontecendo. Você é esperta, tenho certeza que pensa assim também, então, por favor, para de chorar... - Pediu ela com a voz embargada. - Se você pirar, quem é que vai me manter com os pés no chão? Quem vai impedir que eu saia por aí cometendo loucuras?
- Eu vi o corpo... Mesmo que eu não quisesse, eu... Eu fiz! Ela, ela morreu... – Disse se encolhendo mais. A menina chorava, tremia e soluçava. Sarah Malfoy definitivamente estava perdendo o controle. – Você sabe o que isso significa?! – Perguntou pela primeira vez encarando a outra. – Eu vou ser presa! Eu matei uma pessoa! Eu vou para Azkaban!
- Não vai não. – Pontuou a filha do professor Lupin com convicção. – Eu não vou deixar. Seja lá o que for que esteja acontecendo, nós damos um jeito. Vamos descobrir quem fez isso de verdade e acabar logo com essa palhaçada. – A Sonserina ficou em silêncio novamente, por mais absurdas que fossem as afirmações da outra, queria acreditar que elas poderiam sim dar um jeito... Não lhe restava outra opção. – Tudo vai ficar bem enquanto estivermos juntas Sarah. – Sussurrou a menina, da mesma forma que a outra já fizera certa vez. Um barulho foi ouvido no intervalo entres os raios que se formavam no céu. – Ah, merda! – Resmungou ela ao notar que Hagrid e Jhones saiam da floresta. – Rápido, eles estão voltando, vamos sair daqui. – Falou, puxando Sarah pela mão, levando-a para a parte de trás da cabana do professor de trato das criaturas mágicas.
Juntas, as duas meninas correram e se esconderam longe da vista das pessoas que voltavam a se reunir na orla, afinal, mais do que nunca, elas desejavam a solidão que lhes permitiria colocar em ordem os pensamentos, para que só então pudessem de fato, encarar todas as conseqüências dos últimos acontecimentos.
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- Ah, aí estão vocês. – Disse Erick assim que alcançou a orla, aliviado por estar na companhia de mais alguém além de Draco e Hermione. Não pela professora é claro, mas com certeza a presença do outro o deixava apreensivo.
- E então Mione? Vocês encontraram alguma coisa? – Quis saber Hagrid.
- Hum... Não. – Hesitou a mulher, afinal ela e Draco não tinham buscado exatamente o mesmo que os outros.
- Isso é muito estranho. – Comentou Jhones. – Nós também não vimos nada, absolutamente nada! E em se tratando de uma floresta nós deveríamos encontrar ao menos alguns bichos pequenos ou, enfim... – Suspirou. – Não tinha nada lá, só um completo silêncio.
- Compreendo... Eu também reparei nisso. – Mentiu Malfoy com naturalidade, já que na verdade ele não havia prestado atenção em mais nada que não fosse os passos de Erick.
- Em todos esses anos isso nunca aconteceu antes. – Falou o meio-gigante. – É como se, de alguma forma, a floresta estivesse vazia... – Ponderou com preocupação.
- Onde estão os outros? – Perguntou Hermione, olhando ao redor e reparando que o grupo que tinha sido designado para a busca estava incompleto.
- Eles ainda devem estar lá dentro, talvez tenham encontrado algo... – Respondeu o estagiário.
- Eu não sei... – Tornou o auror torcendo o nariz. – Se Willians tivesse encontrado algo ele mandaria um sinal. Isso sem contar que...
O rapaz interrompeu o que diria assim que um facho de luz avermelhada riscou o céu, iluminado por alguns segundos as pessoas paradas sob a chuva, que só agora diminuía de intensidade. Apenas um segundo se passou enquanto todos ali trocavam olhares de apreensão, antes de dispararem de volta ao interior da floresta, em uma frenética corrida, seguindo em direção ao local de onde tinha vindo o sinal.
- Pietro! – Gritou Ryan Jhones ao encontrar o amigo. – Você está bem? – Perguntou ao ajudá-lo a se levantar.
- O que aconteceu? – Ajuntou a professora de transfiguração.
- Eu não sei... – Balbuciou o rapaz em resposta, parecendo um tanto quanto atordoado. – Eu estava voltando para encontrar com vocês, quando de repente alguma coisa me acertou, eu não sei direito... Eu só tive tempo de lançar o feitiço de alerta antes de cair. – Concluiu, escorando-se a uma árvore próxima, enquanto se recuperava da queda.
- Onde está o Power? – Inquiriu Draco. – Maldição. – Sibilou, ao receber como resposta o olhar confuso de Willians.
- Ei, gente! – Chamou Hagrid. – Dêem uma olhada nisso. – Completou, indicando um pedaço de tecido agarrado há alguns galhos próximos de uma ribanceira.
- Ele deve ter caído... – Comentou Hermione ao se aproximar e avaliar o terreno.
- O que vamos fazer agora? – Quis saber Mendes.
- Uma outra busca. – Taxou o professor de poções. – Não vamos deixar ninguém para trás, mesmo que esse alguém seja o Power...
Imediatamente, Malfoy iniciou a descida tortuosa pelo barranco, sendo seguido de perto pelos demais, incluindo Pietro, que mesmo ainda meio zonzo, insistiu em acompanhá-los, afinal, seria responsabilidade dele se algo acontecesse com o futuro diretor de Hogwarts.
Ao mesmo tempo, em algum outro ponto da floresta proibida, Daniel Power se levantava do chão, olhando ao redor de forma tranqüila, como se admirasse a paisagem que o cercava... O feitiço que antes o protegia da chuva, agora não era mais necessário, muito embora alguns pingos ainda caíssem do céu, passando pelas copas das árvores, esses não chegavam a atingi-lo, pois eram detidos pela áurea esverdeada que envolvia o professor. Admirando a varinha que tinha em mãos, o homem sorriu, iniciando logo em seguida a sua elegante caminhada dentre as árvores, enquanto saboreava a expectativa do que viria a seguir... Ao alcançar a saída da floresta, Power se deparou com as figuras inocentes e distraídas de Sarah e Estelar, escondidas ao lado da escada localizada aos fundos da casa de Hagrid. “Perfeito!” Pensou ele satisfeito, sorrindo com sadismo.
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Com a respiração alterada, Melanie se aproximou da janela, deixando que suas mãos tocassem o vidro, enquanto vasculhava com o olhar os campos de Hogwarts. “Que sentimento ruim...” Pensou a menina, forçando a visão, concentrando-se em enxergar algo em meio a chuva que caia, tentando ao máximo ignorar Kayla, que andava de um lado a outro da sala, resmungando coisas desconexas.
- Droga! – Impacientou-se ela, sentindo a própria aflição aumentar.
Sem poder evitar, a Lufa-lufa deixou que seus pensamentos seguissem por um caminho tortuoso, enquanto se lembrava dos bizarros acontecimentos daquele dia, e talvez por isso, ela tenha se sobressaltado tanto, quando com estrépito, a bandeja onde estavam dispostos alguns frascos de poções, foi ao chão, espalhando ao redor os diminutos cacos... Imediatamente, a atenção das pessoas reunidas na enfermaria foi direcionada para Kayla, que estava parada ao lado da bandeja caída, enquanto torcia as mãos nervosamente.
- Me desculpem, foi sem querer... – Murmurou ela envergonhada, perante o olhar reprovador da enfermeira. – Eu não reparei que...
- Tudo bem. Podem deixar que eu limpo. – Disse Melanie, contente por poder se ocupar de algo.
Rapidamente, a garota de cabelos azulados saiu do canto onde estava, dirigindo-se até a amiga, deixando que a enfermeira, com a ajuda do professor de herbologia, continuasse a tratar de Lupin, que continuava sentado ao chão, recusando-se a levantar, concentrado apenas em seu arrependimento, que ele sabia o corroeria para o resto da vida, afinal, que tipo de monstro estapeia a própria filha na face, só por ela falar a verdade?
- Credo Kayla... O que deu em você? – Sussurrou ela ao se aproximar, ao mesmo tempo, que puxava a varinha para executar o feitiço da limpeza. – Por que tá andando feito uma barata tonta desse jeito?
- Ai nem...- Choramingou. – Eu estou com uma sensação ruim, como se... Eu não sei, mas o meu coração está tão apertado que me dá até vontade de chorar. – Concluiu a menina abraçando-se a outra.
- É eu sei. – Suspirou a Lufa-lufa, sentindo-se exatamente da mesma forma. – Essa sensação... É como se algo muito ruim fosse acontecer...
- Ou já estivesse acontecendo. – Completou Kayla em tom penoso.
Irrequietas as meninas olharam ao redor, como se de alguma forma pudessem encontrar ali as respostas para as sua dúvidas, que só aumentavam cada vez mais, juntamente com os seus temores.
- Nós precisamos sair daqui Mel... Temos que achar as outras! Eu me sinto muito melhor quando estamos todas juntas. – Falou a Corvinal com a voz baixa.
- Eu sei. – Tornou a outra, incapaz de esconder a própria aflição. – Mas não podemos sair, ou eles vão... Ah, quer saber!? Que se dane! Vamos dar o fora daqui. – Taxou Melanie decidida, dirigindo-se a passos apressados até a saída, arrastando atrás de si a outra garota, que simplesmente se deixava levar, já que de forma alguma, poderia esperar por aquele tipo de reação da Lufa-lufa.
- Hey o que vocês pensam que estão fazendo? – Quis saber Longbotton entrando no caminho das meninas. – Não podem sair daqui!
- Cubra os olhos. – Sussurrou Melanie, advertindo a outra.
Sem sequer parar, a Lufa-lufa ergueu e a sua varinha, que imediatamente produziu um intenso clarão, de acordo com o seu comando silencioso, dando a ela e a Kayla a oportunidade de fugir, deixando os outros para trás, perdidos e atordoados em meio a cegueira temporária.
- Ai minha nossa, minha nossa... – Resmungava a Corvinal, balançando as suas mãos ao ar, pulando ao redor da outra. – Por que você fez isso nem? E agora, o que vai acontecer? O que nós vamos...
- Dá um tempo Kayla, mantenha o controle. – Exaltou-se Melanie. – Você queria sair não queria, pois então. – Completou enquanto apontava a varinha para a porta, executando um outro feitiço.
- É eu queria, mas... Ei Mel! O que você está fazendo? – Perguntou com curiosidade.
- Lacrando a porta... Não é nada muito elaborado, mas vai ser o suficiente até que a gente esteja longe.
- Isso vai nos causar problemas, eu tenho certeza. – Tornou a outra com uma careta.
- Mas tarde pensamos nisso, agora vamos embora. – Pontuou Belford.
Sem questionar, Kayla seguiu a amiga pelos corredores, enquanto corriam sem nem ao menos parar para tomar fôlego, motivadas apenas pela urgência, que agora as acometia de forma tão vívida, por mais que ainda não entendessem por que... Ambas só interromperam a corrida quando alcançaram o banheiro da Murta. Já tão conhecido por elas, onde esbaforidas, fizeram uso do “Mapa do Maroto” que Kayla sempre trazia consigo.
- A Estelar e a Sarah estão perto da floresta. – Observou a Lufa-lufa, ficando ainda mais preocupada ao constatar que o professor Power estava com elas. – Vamos rápido.
- Eita, que estranho... – Comentou Kayla, impedindo que a outra fechasse o mapa. – Olha só para isso. Eu nunca tinha visto nada parecido.
No “Mapa do Maroto” havia uma quantidade considerável de legendas, indicando onde estavam as diversas pessoas dentro de Hogwarts, no entanto, existia uma única, que embora mostrasse os passos, não indicava um nome. A legenda estava em branco...
- Mas o que isso signi...
Melanie não teve a oportunidade de completar o que diria, pois foi interrompida por uma poderosa explosão, capaz de propagar seu estrondo através dos diversos corredores do velho castelo. Assustadas, a dupla de meninas perdeu alguns segundos se encarando, enquanto diversos pensamentos cruzavam suas mentes em uma velocidade absurda, tanto que elas se viram incapazes de exteriorizar qualquer coisa durante algum tempo.
- Ai nem... – Começou a Corvinal após se recuperar do susto.
- Esquece isso Kayla. – Cortou. – Vamos atrás das outras, eu não confio no Daniel para deixar eles sozinhos.
- Mas ele não deveria estar com elas agora... – Tornou a garota com simplicidade, recebendo como resposta um olhar severo de Melanie. – Ah, entendi! – Falou, se apressando em acompanhar a outra, que já tinha se retirado do banheiro.
Ao mesmo tempo em que Kayla e Melanie corriam o mais rápido possível em direção a saída do castelo, em um outro andar, saindo do meio dos escombros e poeira, Ted alcançava o corredor, após explodir uma das paredes da sala da direção, uma vez que todas as suas tentativas para abrir a porta lacrada foram frustradas, aliais, ao que parecia, qualquer feitiço mais elaborado era impossível de ser realizado no interior daquela sala. Por isso, assim que o rapaz se viu livre, apressou-se em conjurar o seu patrono, uma majestosa águia prateada, que ao seu comando, voou ligeira até o ministério, com o objetivo de alertar quanto aos acontecimentos no colégio.
- Sarah... – Balbuciou ele preocupado, enquanto dava início ao feitiço que a rastrearia.
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Ainda em silêncio, Sarah e Estelar continuavam escondidas, cada qual perdida em seus próprios pensamentos...
- Hey, vocês! – Gritou alguém atrás das duas garotas.
Sobressaltadas, as duas meninas se viraram na direção de onde vinha a voz que se dirigia a elas, deixando-as com os músculos tensos de apreensão, por terem sido descobertas justamente pela pessoa que elas menos gostariam de ver naquele momento, o professor Daniel Power.
- Senhoritas Lupin e Malfoy, não creio que vocês deveriam estar aqui... – Comentou ele em tom debochado.
- É... Nós não... – Tornou Estelar, sem saber de fato o que falar, estava apenas ganhando tempo enquanto puxava a outra pelo braço, forçando a sua mente para pensar em algo que as afastasse dele. – Quer dizer... Não se preocupe, estamos voltando para o castelo agora. – Completou, lutando contra sua própria vontade, para ser no mínimo educada com o homem a sua frente.
- Acho que não. – Disse o professor com uma voz diferente, rude, puxando o braço de Sarah, na tentativa de afastá-la da outra, deixando-a como em um cabo de guerra. – Você tem algo que me pertence.
Os olhos azuis da menina se arregalaram de maneira assustada ao ouvir tal afirmação, deixando que seu corpo amolecesse, perdendo as forças, enquanto sentia todo o peso da culpa sobre si.
- Tire já as suas mãos dela! – Gritou a Grifinória, deixando que um urro pontuasse a sua frase, ao mesmo tempo em que voltava a puxar Sarah com mais força, trazendo-a definitivamente para o seu lado.
- Vamos mocinha... – Falou o homem com falsa tranqüilidade, entretanto deixando que em seus olhos, agora possuidores de um brilho diferente, refletissem toda a ansiedade que sentia. – Me dê a varinha. – Ordenou. – Você matou a diretora, já fez o que devia. Agora me dê. – Pontuou com a sua voz alterada.
- Eu... Eu não fiz aquilo... Eu não a matei! – Berrou a menina, no entanto, de uma forma inesperada, a sua voz saiu muito mais alto do que deveria, como se estivesse magicamente ampliada por um feitiço.
Ao mesmo tempo, em uma outra parte do castelo, Ted interrompia a sua corrida de forma abrupta, reconhecendo de imediato a voz da garota. “Mas o que está acontecendo?” Perguntou-se o rapaz alarmado voltando a correr. Ele precisava chegar o mais rápido possível até ela, sabia disso, por essa razão fez questão de não dar atenção às pessoas que tentavam pará-lo no caminho, em busca de uma explicação, ignorando inclusive o som de uma segunda explosão... Há alguns corredores de onde estava às portas da enfermaria voavam pelos ares, livrando Remo e Neville de sua prisão improvisada, permitindo que ambos dessem início a uma desesperada busca. “Por favor, Estelar... Agüente firme meu bem, o papai já te alcança.” Suplicou o professor de DCAT em pensamento, assim que ouviu a voz da filha também ecoar.
Melanie e Kayla, que já haviam alcançando os campos abertos de Hogwarts, agora correndo em meio a chuva, que mais uma vez voltava a apertar, se limitaram apenas em trocarem olhares preocupados, enquanto as pessoas dentro da floresta proibida eram mantidas alheias ao estranho acontecimento, de alguma forma, o som da voz de Sarah parecia ser incapaz de alcançá-los.
Na orla, próximo à cabana de Hagrid, a Sonserina não tinha a mínima noção do que havia feito, e se alguém lhe perguntasse, não saberia como explicar, porém todos no castelo, agora eram testemunhas da conversa que estava tendo com o professor, por mais que eles não tivessem ciência disso.
A gargalhada ouvida não só pelas duas, mas por todos, misturava prazer, sadismo e contentamento, sendo capaz de assustar até mesmo o mais valente dos homens.
- Tem razão pequena, você nunca seria capaz de fazer aquilo, não tem competência pra isso. – A grossa chuva agora caia como se alguém lhes atirasse pedras. – Não pensando do jeito que pensa... – Completou sorrindo de forma afetada. – Vamos, me dê a varinha!
- Não! – Respondeu ela, apertando firmemente a varinha em suas mãos.
- Fique longe! – Sibilou Estelar, sacando sua varinha e apontando-a para o professor. – Ninguém aqui vai te dar nada, seja você quem for... – Disse ela com seriedade, afinal, por mais que não gostasse de Daniel, tinha que admitir que aquele homem não era ele, embora ainda tivessem o mesmo cheiro. – Por isso dê o fora ou eu juro que jogo um feitiço em você. - Ameaçou.
Porém o homem sequer a olhou, sua atenção estava voltada pra a varinha na mão de Sarah. Os olhos cheios de cobiça brilhavam diante do objeto mágico.
- Me dê Sarah... – Era como se todo o poder contido na varinha pulsasse em direção ao homem, ele precisava daquela varinha, ele precisava do poder para comandar e não ser comandado.
- Não... – A menina se encolheu mais atrás de Estelar. Ele percebeu que esta fazia da menina um escudo contra ele, se a derrubasse, teria a varinha. Seu olhar mudou novamente, focando-se agora na Grifinória, que se tornara um impasse entre ele e a varinha mais poderosa.
- Lupin, é tocante você estar defendendo tão avidamente sua amiguinha, mas eu sei que no fundo sua fera só deseja destruir a todos, inclusive a própria Malfoy. – Completou encarando a garota nos olhos.
- Vou repetir só mais uma vez, fica longe! – Gritou ela em resposta, permitindo que seus olhos âmbares refletissem o perigo.
- Ha... Vamos lobinho, me ataque... Eu sei que você sempre quis isso... Eu estou bem aqui. – Provocou.
- Não... Eu não vou te atacar. – Garantiu, ao mesmo tempo em dava alguns passos para trás, levando Sarah consigo. – E você também não vai fazer nada... Não pode sozinho contra nós duas. – Tornou a Grifinória de forma tranqüila, fazendo de tudo para ganhar tempo, pois estando dentro dos muros de Hogwarts, ela sabia que era questão de tempo até os aurores aparecerem, principalmente depois do que havia acontecido com Minerva. “Hoje finalmente nós vamos esclarecer de uma vez por todas quem é você e o quer...” Pensava ela.
- Eu não me garantiria nisso... – Comentou, retirando do sobretudo, um frasco, que ao ser destampado levou até os sentidos acusados de Estelar o repugnante cheiro que tanto odiava em Daniel, porém com uma intensidade absurda. O homem sorriu e quebrou o frasco com a mão, se cortando. A junção do cheiro de sangue ao maldito odor era uma tortura para a menina, que sentia o ímpeto de ir até lá para acabar com o cheiro, com o professor e todo o resto.
- Mas o que... – Tentou argumentar Estelar, no entanto sendo interrompida por um estranho gemido que escapou de sua garganta sem que pudesse evitar. Ela estava, mais uma vez, sucumbindo à fera...
Sarah pode ouvir claramente quando os ossos da outra começaram a estalar, enquanto a via largar a varinha, para apertar entre as suas mãos a própria cabeça. Embora a chuva caísse pesada, impedindo que qualquer luar alcançasse a Grifinória, isso não parecia ser um empecilho.
Os olhos da Sonserina se arregalaram. – Estelar... Não... – Sua voz mal saiu, não passando apenas de uma fraca lamúria.
- Isso mesmo... Venha me pegar Estelar. – Daniel disse vitorioso, olhando para o lobo que começava a tomar forma a sua frente.
- NÃO! – Urrou a filha do professor de DCAT, calando o uivo que viria interrompendo o processo da transformação. – Você não pode me obrigar... – Ofegou ela, voltando a ter o controle sobre si.
- Hum... – Daniel bufou, retirando sua varinha de dentro das vestes... Com um feitiço não pronunciado Estelar teve seu corpo puxado com estrema força, parando diante do seu atacante, face a face. – Não pense que pode comigo. – Sussurrou. – Sarah! Me entregue a varinha ou eu a mato.
A menina que observava tudo boquiaberta olhou de Daniel para Estelar, encolhendo os ombros em sinal de derrota, mas antes que pudesse fazer qualquer outra coisa, com extrema rapidez a Grifinória se remexeu nos braços de Daniel, acertando-lhe um dolorido soco, potencializado pelos seus dons lupinos, sendo mais do que suficiente para livrar-se, permitindo assim que se jogasse ao chão, e recuperasse a sua varinha. “ESTPEFAÇA” gritou ela, direcionando ao professor o jato de luz avermelhado, que após alguns segundos, ficou estagnado no ar... Daniel havia parado o feitiço com apenas uma das mãos, estendendo-a a sua frente, enquanto exibia um sarcástico e maldoso sorriso, cheio de antecipação. O feitiço que pairava no ar, simplesmente se virou, passando por cima da cabeça da Estelar, ainda abaixada, indo em direção a Sarah, parada mais atrás.
- Sarah! – Gritou a menina com a preocupação evidente em sua voz esganiçada.
Entretanto o feitiço que ia a toda velocidade, explodiu em forma de luz em uma barreira que surgiu ao redor da Sonserina, que permanecia parada, estando apenas com uma das mãos estendida. “ Como eu fiz isso?” se perguntou ela ao ver que havia se defendido de mãos limpas, e não utilizando a poderosa relíquia que possuía.
- Seu maldito! – Esbravejou Estelar levantando-se, apontando mais uma vez a sua varinha para Power.
Porém, antes que a menina pudesse sequer executar o feitiço que pretendia, a sua mão foi atingida por um jato de luz, deixando o desgosto visível não só em sua face, mas na de Sarah também.
– EXPELLIARMUS! – Foi o que gritou o homem enfurecido, desarmando-a, jogando sua varinha para longe. – Quanto a você. – Completou olhando Sarah. – CRUC... – Sua intenção de proferir a maldição Cruciatus, fora detida por um enorme lobo negro, que se lançou sobre o professor, derrubando-o no chão, onde rolaram por alguns segundos antes de se postarem em pé mais uma vez.
Imóvel, a Sonserina assistia a contenta que se travava entre homem e lobisomem, um lançando os mais variados feitiços, enchendo o ar de raios multicoloridos, enquanto o outro se limitava apenas em escapar dos ataques, enquanto saltava de forma ágil, em uma nítida tentativa de apenas parar o outro, e não feri-lo. E enquanto Sarah percebia tal coisa, ela se permitiu agradecer mentalmente pela interferência de Estelar, afinal, sem ela ali, a varinha já estaria nas mãos de Daniel, ou seja, lá quem quer fosse aquele homem...
No entanto, tão rápida como começou, a batalha entre os dois seres terminou... Daniel com a ajuda de sua varinha jogou, a já transformada menina bruscamente no chão, após atingi-la com uma série de feitiços. “Não é possível! Como ele pôde vencê-la?” Pensava a filha do professor Malfoy, com o seu desespero estampado na face. E sem ter outra opção, a Sonserina, que até então tinha receio de usar a relíquia, se viu obrigada a reagir, e por isso, ergueu a varinha pronta para atacar.
- Nem pense nisso querida... Eu a mato antes de você terminar de dizer o feitiço. – Ameaçou o professor com uma risada, apontando a varinha bem perto do pescoço de Estelar. – Me dê o que eu quero! – Ordenou.
- Sarah... Não... – Gemeu a outra do chão, ainda tonta, com a voz fraca, enquanto podia sentir o sangue escorrer por sua testa.
- Tudo bem... Você quer a varinha... – Disse ela se dando por vencida. – Vai pegar. – Completou, jogando o objeto o mais longe que conseguiu.
Power como um cão obediente que pega um graveto para o dono, foi prontamente atrás da varinha, deixando de lado a sua presa, permitindo inclusive que as gotas de chuva agora atingissem o seu corpo, tamanha era a sua ansiedade. Estelar remexeu-se incomodada, tentando cobrir o próprio corpo com retalhos que antes eram suas roupas, o que de fato não estava funcionando. Uma vez livre da ameaça, a Sonserina correu até a outra, se agachando ao seu lado e lhe dando o sobretudo que usava, para que se cobrisse e colocasse um fim naquela situação constrangedora. Distraídas, as garotas não perceberam quando Daniel por fim alcançou o que tanto queria...
- AVADA KEDRAVA! – Gritou ele apontando a varinha na direção das duas. Porém após um segundo ter se passado, a expressão de pânico deu lugar a incredulidade no rosto de ambas. O feitiço simplesmente não funcionara. – AVADA KEDRAVA! – Gritou o homem mais uma vez. – AVADA KEDRAVA! AVADA KEDRAVA! AVADA KEDRAVA! – Descontrolado, o professor olhava enfurecido para a varinha, sem entender o porquê dela não responder ao seu comando. – AVADA...
- ESTUPEFAÇA! – O grito de Melanie sobrepôs a voz esganiçada de Daniel, fazendo-o desmaiar, ainda com a expressão de desgosto em seu rosto pálido.
- Melanie... – Sorriu a Grifinória, deixando transparecer todo o alívio que sentia em sua voz.
Após ajudar Estelar a se erguer, Sarah se afastou das meninas, indo até a varinha derrubada pelo professor, recolhendo-a do chão com apreço, para segurá-la firme em suas mãos, que ao mínimo contato, deixou que fagulhas saíssem de sua ponta...
- Ai gente, que loucura foi essa? – Resmungou a Corvinal, quase sem fôlego devido à corrida até ali. – E porque você está quase nua Estelar? – Estranhou.
- Isso não é importante Kayla... – Cortou Melanie. - Vocês podem me explicar o porquê do professor Power estar atacando vocês? E porque os feitiços dele não funcionaram? – Perguntava ela apressada, olhando de uma para a outra, esperando uma resposta. – E como nós ouvimos vocês? O castelo todo estava ecoando a conversa de vocês! O que significa isso?
- Ele queria a varinha... Mas parece que ela não funcionou... – Respondeu a Grifinória um tanto quanto aérea, como se apenas pensasse em voz alta. – E como assim o castelo todo nos ouviu? – Indagou alterando-se, olhando para Melanie da mesma forma que essa a olhara antes.
A Lufa-lufa chegou a abrir a boca para explicar, mas assim que o fez engasgou-se, pois agora elas podiam perceber que com o vento e a chuva, misturava-se o som de uma risada infantil...
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- Isso é deprimente... – Sibilou Draco, enquanto caminhava em meio às folhagens da floresta, afastando-as de si com impaciência. – Vocês por acaso fazem noção do tempo que estamos aqui!?
- Acredito que não chegamos há nem uma hora aqui dentro, o que... – Começou o aspirante a professor, entretanto calando-se assim que recebeu um olhar ameaçador de Malfoy.
- Professor Hagrid, o senhor tem mesmo certeza de que esse caminho é o certo? – Indagou Jhones, esforçando-se em manter a calma.
- Eu não sei... – Respondeu o meio-gigante. – Está tudo tão estranho... Não consigo explicar, isso nunca aconteceu antes.
- Guarda caça sei... – Debochou o professor de poções. – Nós estamos perdidos na floresta! Isso é ridículo!. – Exasperou-se.
- Eu não acho que a culpa seja de qualquer um aqui Malfoy. – Interveio Hermione.
- Ela tem razão. – Falou Pietro olhando ao redor. – Tem alguma coisa de errado nessa floresta, eu não sei, é como se...
- Estivéssemos presos em um feitiço. – Completou o outro auror.
Por alguns instantes, as pessoas reunidas ali trocaram olhares repletos de dúvidas e apreensões, cada um deles de acordo com os seus próprios motivos, entretanto ainda assim, todos diante de um mesmo dilema. “Quem poderia ter feito isso?” Era a pergunta que se repetia na mente de cada um deles.
- Ah, vejam só! – Exclamou Hagrid, sobressaltando os demais. – Eu conheço isso. – Afirmou, indicando o tronco caído de uma frondosa árvore.
Apressado, o homem deus alguns passos à frente, deixando que logo um largo sorriso tomasse conta de suas feições... Havia encontrado a saída.
- Eu sabia que...
- Por Merlin! – Exaltou-se a mulher chamando a atenção para si.
- Hermione o que aconteceu? – Preocupou-se Erick.
A professora nada respondeu, mantendo apenas o seu olhar fixo a frente, o que logo chamou a atenção dos demais, assim que seguiram a direção de seus olhos, puderam notar a diminuta figura, saltitando entre as árvores.
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A risada que elas tão bem conheciam, ficava cada vez mais próxima, enchendo-as de uma sensação de perigo, enquanto olhavam ao redor, tentando identificar em meio aos muitos ruídos que as cercavam de onde vinha aquele som em especial.
- Sophie!? – Choramingou Kayla, apertando contra o próprio peito a mão a muito marcada.
- Mas quer merda... Isso não acaba nunca? – Resmungou a Grifinória.
- Hihihi... Tolinhas... Vocês nem imaginam que o show mal acabou de começar... – A voz fina e risonha, saiu de dentro da floresta proibida, atraindo os olhares das quatro para o mesmo lugar. Sophie surgia por entre as árvores, andando de forma calma, porém decidida, estando totalmente seca, como se a chuva ao seu redor fosse incapaz de alcançá-la.
- O que você está fazendo aqui? – Questionou Melanie em tom autoritário. – O que você...
– Essa não é a hora de parar para conversar. – Cortou a menina com grosseria, deixando que em seu olhar transparecesse um brilho afetado. Um brilho que deixou claro, que aquela não era mais a menina que observava as estrelas, e sim alguém movida apenas pela sua sede por vingança.
- Você por acaso ficou louca Sophie!? – Esbravejou Sarah.
- Calada! – Gritou ela em resposta. – Eu não quero ouvir az vozes de vocês assim... Eu só quero ouvir os gri...
- Estelar!!! – Gritou uma voz feminina, interrompendo a ameaça da garota.
Saindo correndo de dentro da floresta, com Hermione logo a frente, o grupo de busca alcançou a orla. E mesmo que quisessem, não poderiam evitar perder algum tempo, enquanto os seus pensamentos seguiam por caminhos confusos, ao se depararem com tal cena, onde o quarteto de alunas estava sendo tão evidentemente ameaçado por alguém que muitos ali já consideravam estar morta.
Sophie limitou-se a encarar as inconvenientes visitas de soslaio, sem se incomodar com a interrupção, afinal, ninguém ali seria capaz de impedi-la de conseguir o que queria...
Sentindo-se tomada pela urgência, a professora de transfiguração, deixou de lado qualquer protocolo que devesse ser seguido, se concentrando apenas no grupo de meninas logo adiante, embora estivesse ciente dos outros professores e também da dupla de aurores que a acompanhavam, exigindo aos berros que Sophie largasse a varinha. Entretanto, quando faltavam apenas alguns poucos metros para que alcançasse o seu objetivo, Hermione pode observar com clareza o sorriso sádico e vitorioso que a ex-corvinal lhe dirigiu, enquanto movimentava a própria varinha de forma desleixada... De imediato, a professora sentiu seu corpo ser lançado para trás com brusquidão, após ser atingida por um forte deslocamento de ar, que a levou ao chão, aonde chegou com um baque surdo.
- Mas que merda Granger... – Rosnou Draco. – Sai de cima de mim. – Completou, empurrando para o lado o corpo da outra, sem fazer a mínima questão de ser delicado.
A mulher só perdeu um segundo dirigindo ao professor um olhar cheio de reprovação, enquanto notava o jeito raivoso com o qual ele esfregava a própria nuca, mas logo Hermione deixou isso de lado, voltando a sua atenção para o que acontecia à frente, onde se formava diante dos olhares incrédulos de todos. Uma grandiosa redoma com aspecto vítreo, que se expandiu a ponto de cobrir por completo todas as meninas, separando-as dos demais, trancando-as dentro daquele globo, onde a chuva já não as castigava mais...
- Bem meninas... Hihihihihihihihih.... – Debochou Sophie. – Agora somos só nós, como nos velhos tempos, não acham!?
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Sem a mínima chance de impedir que o feitiço executado pela ex-corvinal se completasse, às pessoas ao redor só restou a opção de tentar por abaixo a barreira, tão logo que possível... E muito embora todos ali conseguissem enxergar com clareza o que acontecia dentro da redoma, para eles era impossível conseguir ouvir um ruído sequer vindo de seu interior, deixando todos os expectadores daquele bizarro espetáculo ainda mais tensos. “Por Merlin, o que eu faço?” Perguntava-se Hermione, sentindo a sua mão tremer, dividida em atacar ou não, afinal não sabia quais seriam as conseqüências que um feitiço lançado sobre a estrutura poderia trazer. Entretanto, enquanto a mulher se perdia em sua dúvida, um jato de luz passou ao seu lado, indo direto ao encontro da barreira, que imediatamente devolveu o feitiço, ricocheteando-o.
- Cuidado com isso! – Protestou Erick, ao ser quase atingido pelo feitiço lançado por Malfoy.
- Prestem atenção, todos vocês! – Berrou Pietro, impedindo que o professor de poções dissesse qualquer coisa. – Nós vamos nos separar e procurar por uma falha na barreira, e assim que encontramos alguma, por mínima que seja, mandamos um sinal de alerta aos demais, entendido? Ótimo. – Prosseguiu ao não ser contrariado por ninguém. – Vamos cercar o perímetro mais rápido possível, e...
- Willians! – Chamou Ted ao se aproximar. – Mas o que está acontecendo aqui? – Questionou ele, com sua voz alterada, totalmente perdido diante da situação que se apresentava.
- Onde diabos você se meteu Lupin? – Quis saber Ryan. – E o Shaw, onde ele está?
- Olha é complicado, tá legal!? Eu explico tudo depois... – Respondeu o rapaz apressado, decidido em manter seu foco em um problema de cada vez. Contaria a todos o que acontecera a Minerva somente mais tarde, quando as meninas estivessem à salvas. – Por enquanto a única coisa que precisam saber é que eu já alertei o ministério, então a qualquer momento outros aurores estarão aqui. – Concluiu.
- É realmente reconfortante saber que para ao menos isso você serve. – Alfinetou Pietro, encarando o outro com desdém no olhar.
- Ei, ei... – Cortou o professor de poções, antes que Ted respondesse a provocação. – Será que vocês poderiam se concentrar no que está acontecendo!? Se quiserem se matar depois, ótimo, eu não importo! Mas antes façam o trabalho de vocês, e tirarem a minha filha de dentro daquela maldita bolha! – Berrou o homem, sentindo todo o seu auto-controle ruir.
- Com todo o respeito Malfoy, mas você não tem... – Tentou responder o ex-grifinório, entretanto sendo interrompido pelo lamento do professor Hagrid.
- Ô meu Merlin... – Choramingou ele, mantendo o seu olhar atento ao que acontecia dentro da redoma.
Um pesado silêncio, cheio de medo e expectativa recaiu sobre o grupo que se reunia ali, todos, sem exceção, totalmente impotentes diante da postura displicente de Sophie, que brincava de forma risonha, rodando entre os seus dedos a varinha que segurava, usando-a para ameaçar as outras, obrigando-as a se alinharam em uma tentativa de defesa, enquanto trocavam olhares apreensivos.
- Vamos ver do que vocês são realmente capazes... As quatro... – Debochou a ex-corvinal, encarando de uma a uma.
- Cala a boca Sophie! Você está louca! – Gritou Estelar olhando-a enraivecida.
- Sophy... – Kayla chamou a amiga pelo apelido de infância, que ela mesma a dera sem, no entanto conseguir esconder o tom penoso de sua voz. – Porque você está fazendo isso? Nós éramos amigas...
- Ah, Kayla... Você sempre foi bobinha né! Hihihihihi... Depois de tudo, eu ainda tenho pena de você... Mas profecia é profecia... São quatro e não três. – O tom irônico dela, fez com que a ingênua amiga encolhesse os ombros. – Já que você está tão magoada, será a primeira a morrer... - Concluiu sadicamente, firmando a varinha e mirando-a na direção da Corvinal.
- Não ouse! – Falou Melanie com convicção, erguendo a sua varinha também.
- Hihihi... Não se preocupe querida. – Disse acenando com a outra mão, em um gesto de descaso. – Você também vai morrer... Mas vai ser a última... – Informou ela, deixando o rancor e o ódio quase palpáveis em sua voz. – Afinal foi por SUA causa que o meu amigo Peter morreu! – Completou aos gritos, perdendo totalmente o controle.
- Não seja ridícula Sophie...Você não vai matar ninguém! Eu não vou deixar. – Sibilou Estelar, semi-cerrando os olhos enquanto erguia sua varinha lentamente, deixando que um rosnado baixo escapasse de sua garganta ao ser encarada pela outra.
- É tudo muito simples na verdade... Se você matar uma de nós, qualquer uma. Ainda restarão três que atacarão você “Sophy”... – Desdenhou a Sonserina imitando o movimento das demais.
- Como se vocês fossem capazes disso... – Sorriu. – Ah, que seja! Eu já me cansei disso... – Resmungou ela, assumindo agora uma feição carrancuda. - Já chega de todo essa asneira, eu vou acabar com isso agora... – Pontuou, voltando a apontar a varinha para a ex-companheira de casa.
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Daniel sentiu seu corpo sendo puxado, havia perdido a consciência e agora se via dentro floresta.
Ainda dormente, seu braço demorou a responder ao movimento, assim que pôde o levou a cabeça.
- Hurg.
- Hum... Vejo que acordou. – A voz aveludada ecoou a sua frente. Sentiu a força que puxava seu corpo parar. Ao se erguer viu o homem a quem era subordinado parado. Olhando-o sério.
- Você achou que se safaria daquela situação ileso? – Questionou com uma calma incrível na voz.
- E... Eu tentei senhor. Tentei pelo senhor! – Sua voz urgente ecoou como uma súplica exagerada.
- Huhuhu. Tentou por mim... Que gracinha... – Daniel deu um passo para trás, apesar do homem a sua frente sorrir, ele sabia o que poderia estar disfarçado por detrás de tais palavras amigáveis. – É uma pena eu não me importar com isso! – Gritou. – Não quero saber por quem foi! Eu mandei você NÃO fazer isso! Então NÃO era para fazer! – Completou irado dando um tapa no rosto do subordinado, que voou com o impacto para cima de uma árvore, partindo essa ao meio.
- Tadinho... Eu... Eu machuquei você? – A voz se tornou suave novamente. Daniel começou a se mexer de forma desengonçada, tentando se afastar daquele louco. – Ah criança... Eu tento, tento e tento, mas essas crianças são muito levadas!
- Ben... E... Eu... – Ele não tinha condições de fugir do outro, sabia disso, tinha medo do que poderia acontecer.
- Shiii... Não precisa... Eu entendo. – Aquele que fora chamado de Ben, ajoelhou no chão, envolvendo a cabeça de Daniel em seu colo, acariciando-a. – Eu posso parecer drástico às vezes... Mas vocês não entendem... Eu faço isso para o bem de vocês... Você entende não é Dani?
- Si... Si... Sim... – Ainda que assustado, resolveu aceitar o que lhe era oferecido, talvez aquele homem estivesse falando a verdade... Talvez ele só quisesse seu bem... Essa fora a conclusão chegada. Já mais relaxado fechou os olhos.
- Huhuhu... Criança tola... – A voz que quebrou o silêncio, chegou assustadora aos domínios da floresta, chegou mortalmente aos ouvidos de Daniel, que tinha sua garganta fortemente presa por entre as mãos do outros. – Vamos! Lute por sua vida! Seu inútil! Se não fosse por mim você já estaria morto! – As unhas afiadas do homem, prendiam e perfuravam ao outro, que sentia cada vez mais sua vida se esvair.
- Ben... Argh... – Ele não conseguiu completar a frase, estava ficando roxo, estava ficando sem ar.
- Ai ai... Tão frágeis... - Ben voltou à expressão calma, largando desinteressadamente o corpo do outro no chão.
Daniel puxou o ar com toda a força que conseguiu, se arrastando o mais longe que conseguiu de seu atacante.
- Não precisa temer. Não vou te matar. Você fará isso sozinho um dia. – O homem respondeu a pergunta que pairava em sua mente. Como se a lesse. “Mas é claro que ele lê.”
- Ah! Mais uma coisa. – Ben falou com um tom animado na voz, se agachando com leveza à frente do outro caído. Suas mãos finas pousaram sobre a cabeça de Daniel, que arregalou os olhos ao sentir choques dolorosos circulando por sua cabeça.
Aquela tortura durou alguns segundos, que pareceram horas, Ben só parou quando um forte jato de sangue atravessou a boca e o nariz do outro. Ele deu mais uma olhada no corpo caído, desfalecido de seu subordinado e se foi.
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Com o olhar transtornado e a voz cheia de gana, Sophie projetou o seu braço para frente, transformando a simples ação de um floreio de varinha, em um ataque impiedoso e cruel. – AVADA KE...
Atentas ao movimento da varinha em foco, as quatro moveram-se instintivamente, afinal sabiam que deveriam atacar, era algo necessário para se protegerem, por isso não hesitaram... E mesmo que tomadas por completo pela adrenalina, elas sabiam que precisavam apenas do suficiente para parar Sophie, o suficiente para evitar que qualquer uma delas se machucasse.
- SECTUSEMPRA! – As quatro vozes gritaram em uma simetria talvez inatingível se tivessem combinado, surpreendendo-as, afinal, como era possível que todas elas tivessem pensado exatamente no mesmo feitiço!?
Os quatro raios rasgaram o espaço se unindo mais à frente, antes de alcançar ex-corvinal, e nem mesmo o “PROTEGO” rapidamente proferido por ela foi capaz de barrar o poderoso feitiço...
O ar pesou e por alguns instantes o tempo pareceu parar, enquanto a barreira antes erguida por Sophie explodia lançado no ar uma nuvem brilhante de cacos, varrendo o campo de Hogwarts com uma furiosa ventania, jogando nas pessoas ao redor uma mistura horrenda de poeira, sangue e partes do que um dia fora um corpo com vida, frágil e indefeso diante da junção poderosa do feitiço das trevas... Tudo era tão grotesco, que simplesmente era impossível não se sentir ao menos nauseado diante de tal cena.
Antes que tivesse a face atingida diretamente por um jato de sangue, Melanie se virou, mas ainda assim foi incapaz de impedir a onda de horror que a acometeu tão impiedosamente, levando-a por fim ao vômito.
- O que nós fizemos... – Kayla falou debilmente caindo em um choro desesperado, imediatamente desabando ao chão.
Sarah e Estelar, tão sujas de sangue alheio quanto às outras, só conseguiam encarar o lugar onde Sophie estava a alguns minutos atrás, ambas, com uma expressão indecifrável na face, chocadas demais até mesmo para se mexerem.
A chuva parou tão repentinamente quanto começou, porém a culpa e a dor que pairavam ali, impedindo qualquer um de raciocinar com clareza, permaneceu, mergulhando a todos em uma espécie de torpor coletivo.
- Sarah! – Chamou Draco após alguns minutos de silêncio, finalmente correndo até a filha. – Sarah...
- Não se aproxime! – Uma voz estridente ecoou e repentinamente o campo da escola foi invadido por uma grande concentração de aurores, todos saídos de dentro do castelo, com as suas varinhas em punho.
- Mas o que... – Balbuciou Hermione ainda parada no mesmo lugar, incapaz de se mexer diante do bizarro desfecho daquele dia.
- Nós somos do Ministério da Magia. – Informou o imponente senhor que caminhava à frente do grupo. - E essas quatro alunas estão presas.
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N/A (Ariene): O que foi essa bizarrice toda heim!? É sério, foram tantas coisas que nem dá para saber por onde começar, então eu vou simplificar tudo em uma única frase, a mesma que eu usei no dia em que nós jogamos essa parte da história no RPG. “Caral***, agora sim as coisas ficaram sinistras. Estamos ferradas!” Pois é né!? Afinal quem iria imaginar que as heroínas dessa história acabariam assim, presas pela morte de outra aluna... Ah, mais uma coisa, essa eu não posso deixar passar: BEN!!! Agora finalmente foi revelado o nome daquele por trás de tudo. Lembram desse nome não é, lembram onde ele apareceu!? Pois então... E os mistérios continuam
N/A(Bárbara)²: #Levanta uma plaquinha escrita: # VIVA O BEN!!!!.... Sim, o Ben, é o cara! Outra, eu disse para a Ariene no msn, que se o Ben me chamasse para dominar o mundo com ele, eu ia, mas ia feliz! (Ai a Ariene lembrou, que se nós estivessemos no lugar do Daniel e da Sophie, todos já tinham morrido no 1º cap....Concordo.)
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Crucify (Within Temptation)
Todos os dedos no quarto
Estão apontando pra mim
Eu quero cuspir nas faces deles
Então eu tenho medo do que isso poderia trazer
Eu tenho uma bola em meu estômago
Eu tenho um deserto em minha boca
Figuras que minha coragem pode escolher vender nosso agora
Tenho procurado por um salvador nessas ruas sujas,
Procurado por um salvador por baixo dessas folhas sujas
Eu costumava levantar as minhas mãos
Colocar um prego dentro
Apenas o que Deus necessita
Mais uma vítima
Refrão:
Porque nós
Crucificamos a nós mesmos?
Todo dia
Eu crucifico-me
Nada que eu faça é bom o bastante pra você
Crucifico-me
Todo dia
E meu coração está enjoado de estar nessas correntes
Dar um pontapé em um cachorro
Implorando por amor
Eu comecei a ter o meu sofrimento
De modo que eu possa ter minha cruz
Eu conheço um gato chamado Easter
Ele diz você nunca irá aprender
Você é apenas uma gaiola vazia, garota
Se você matar o passarinho
Tenho procurado por um salvador nessas ruas sujas,
Procurado por um salvador por baixo dessas folhas sujas
Eu costumava levantar as minhas mãos
Colocar um prego dentro
Obter bastante culpa para começar
Minha própria religião
Por favor seja
Salve-me
Eu choro
Refrão:
Porque nós
Crucificamos a nós mesmos?
Todo dia
Eu crucifico-me
Nada que eu faça é bom o bastante pra você
Crucifico-me
Todo dia
E meu coração está enjoado de estar nessas correntes
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