Sunday, Bloody Sunday



Capítulo 23 – Sunday, Bloody Sunday

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“Quanto tempo...

Quanto tempo teremos de cantar esta canção?

Quanto tempo? quanto tempo...

Porque esta noite... podemos ser como um

Esta noite

E a batalha apenas começou

Muitos perderam,

Mas me diga quem ganhou

Trincheira cavadas dentro dos nossos corações

E mães, crianças, irmãos, irmãs separados”

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Sem de fato raciocinar, Daniel apenas correu até a aluna caída no chão, pegando-a no colo e dando início a uma ágil e angustiante corrida até a ala hospitalar, tendo Estelar em seu encalço, descontrolada por ter a Sonserina arrancada de suas mãos por alguém como ele... A menina gritava enfurecida com o professor, exigindo que esse soltasse a aluna Malfoy, afinal ele poderia machucá-la de alguma forma, e isso Estelar não iria permitir, por isso continuava a esbravejar as suas acusações e ameaças, não se importando com a atenção desnecessária que estava chamando, até que finalmente alcançaram a enfermaria do colégio, onde Sarah foi prontamente atendida e Estelar afastada, sendo mantida a um canto. Devido à gritaria da Grifinória, logo o boato de que a filha do professor de poções havia sido atacada chegou aos ouvidos de todos, inclusive do próprio Malfoy.

- Mas o que houve!? – O homem adentrou a ala já gritando, procurando sua filha com o olhar.

O pandemônio só se tornara pior com a junção dos berros do professor, pois Estelar já gritava enfurecida com Daniel Power, essa que era acusada por ele de ter atacado a aluna.

- O que houve com minha filha Power!? – Berrou Malfoy puxando o outro pelo braço, se fazendo ouvir.

- Não pergunte a mim! Pergunte a Lupin! Ela atacou sua filha! – Falou ele tão alterado quanto Draco, apontando para a menina.

- Você fez o que!? – A fúria do professor de direcionou para a garota, sacudindo-a pelos ombros, exigindo uma explicação. – Vamos, comece a falar! O que fez com a Sarah?

Aquelas perguntas vindas de Malfoy caíram como uma pesada pedra sobre a Grifinória, que por alguns instantes se manteve quieta, enquanto observava as próprias mãos manchadas pelo sangue de Sarah, fazendo com que percebesse o quão cega estava por sua antipatia pelo professor. Fora ela e não Daniel quem de fato ferira a Sonserina! Estelar não soube o que dizer ao encarar a expressão irada e acusadora de Draco, por isso apenas o olhou assustada, não tinha como responder aquilo, para falar a verdade, ela temia tal resposta. Ao ser sacudida mais uma vez, Estelar finalmente conseguiu ter alguma reação, mesmo que só fosse se debater, querendo se soltar, louca para se ver livre de todos aqueles olhares, onde ela podia ler claramente: “aberração”. E mesmo que Draco a segurasse com força suficiente para manter cativo um homem adulto, ele não pode resistir quando a menina fez uso de sua força lupina, se não a soltasse, quebraria sua própria mão. Uma vez livre, a aluna correu assustada pelos corredores, não sabia para onde ia, nem o que fazer, só queria poder acordar daquele pesadelo. Sim, era isso... Só podia ser um pesadelo, tinha que ser.

Em meio ao desespero e sem rumo, Estelar passou pelos portões de Hogwarts, deixando para trás um rastro de alunos confusos e também assustados, ao se depararem com a figura transtornada da Grifinória que parecia impossível de ser detida, mesmo com tantas pessoas em seu encalço. Por fim, ela alcançou a orla da floresta proibida, onde arfando olhou para os lados, se vendo cada vez mais cercada por aqueles que a seguiram desde o castelo.

- Lupin! Se acalme! – Gritou alguém em meio ao cerco que se formava.

Como um animal acuado, Estelar foi se encolhendo cada vez mais, se agachando ao chão, onde de cócoras protegeu com as mãos sua cabeça, tentando acalmar a própria mente, cheia de culpa.

- Lupin!

- ME DEIXEM EM PAZ! – Seu grito seguido de um urro, fez um ou dois aurores recuarem com receio. Mas Remo continuou andando até parar de frente a filha.

- Estelar minha filha, se acalme. – Pediu o homem com a voz falha.

A menina não respondeu, soltou apenas um estranho suspiro, deixando que sua mãos pendessem ao lado do corpo, enquanto batia no chão com os joelhos.

- Estelar... – Chamou o professor de DCAT em um sussurro confuso, ao reparar no rosto da menina, agora totalmente inexpressivo. – Estelar! - Gritou ele aflito, porém continuou sem obter resposta.

- Lupin se você pensa que vai escapar assim... – Draco arfava, sinal de que também viera correndo da ala hospitalar até ali. Porém não completou sua frase ao ver o estado catatônico em que ela se encontrava. – Mas o que...

- Malfoy... Me ajuda! – Suplicou Remo, olhando o outro nos olhos. – Por favor, tem alguma coisa errada... - Completou, sem saber ao certo o que dizia, mas talvez, a intervenção do professor na mente de sua filha encontrasse alguma resposta ou até uma solução.

O homem se manteve parado durante algum tempo, apenas observando a cena, tentando ignorar o máximo possível os olhares de expectativa direcionados a ele. No entanto, Draco desistiu, e resolver não ponderar muito sobre tudo aquilo, por isso simplesmente se ajoelhou perante a menina, colocando sobre a testa dela as suas mãos, sem muita questão de ser gentil, concentrado apenas em lhe penetrar a mente, o que ele sabia, não seria difícil...

Logo que invadiu a mente de Estelar, se deparou com um grande vazio, e por alguns instantes Draco se sentiu confuso, não era o que esperava ver. Porém decidiu continuar a investigar mais a fundo, até que sem perceber, o professor cambaleou zonzo. Algo não estava certo... Como um choque, sentiu sua cabeça pesar ao mesmo tempo em que com um baque em sua mente, tudo ficou escuro.

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Andando pelos corredores de Hogwarts, ele se sentia confuso e assustado, perdido entre o caos que havia se apoderado do lugar, onde a maior batalha do mundo bruxo acontecia, justamente dentro dos muros do castelo, que um dia já tinha sido considerado, o local mais seguro de toda a Bretanha... Draco sequer tinha uma varinha, o que o obrigava a se esgueirar pelos cantos escuros, rezando para que não fosse encontrado, enquanto podia ouvir claramente os sons da guerra que acontecia, deixando pelo caminho uma trilha de sujeira, sangue, dor e morte, fazendo do rapaz de apenas 17 anos, um assomo de puro pavor. Entretanto, o que mais lhe incomodava, era a risada sádica e enlouquecida de Belatrix Lestrangue, sua tia, que parecia sobrepor qualquer outro som, enquanto ela se divertia arrancando, da pior maneira possível, a vida de todos aqueles que cruzavam o seu caminho, e o do seu amado senhor. Foi então que tudo parou, e um tenebroso silêncio se apoderou de todo o castelo, deixando suspenso no ar o mistério...

Com passos lentos e temerosos, o jovem Malfoy chegou às portas do salão principal de Hogwarts, onde a maioria das pessoas duelavam, e de lá ele pode ver o preciso momento em que a caçula dos Weasley´s caiu ao chão, ao lado de Belatrix, ambas inertes e sem vida.

- Bela! – Urrava o bruxo ao desferir o feitiço mortal, atingindo a menina, vingando-se por sua mais fiel seguidora.

- Não! – Gritou Harry dolorido, deixando-se cair de joelhos, ao assistir uma pessoa que tanto amava, morrer sem poder fazer nada para evitar.

- Draco. – Disse alguém, chamando a sua atenção.

Imediatamente o rapaz foi envolvido pelos braços calorosos de sua mãe, ao mesmo tempo em que recebia algumas batidas amigáveis em seu ombro, dadas por Lúcio, no auge de sua demonstração de afeto. O Sonserino sentiu-se reconfortado e seguro em meio aos seus pais, enquanto podia ouvir a voz emocionada de Narcisa, que parecia querer embalá-lo em seu colo, como se ele ainda fosse um bebê.

No entanto, Draco sabia que não podia ficar ali, não agora, enquanto algo tão importante acontecia... Remexeu-se inquieto, se esforçando ao máximo para ouvir o que o “menino-que-sobreviveu” esbravejava, porém, por mais que tentasse, era impossível compreender, ele conseguia captar apenas a dor dilacerante que embargava a voz do Grifinório... Quando finalmente Draco conseguiu se ver livre daquele abraço fora de hora, ele concentrou toda a sua atenção na cena à frente, onde as pessoas formavam um grande circulo, cujo meio era ocupado por Harry e Voldmort, que travavam a batalha mais terrível que ele já havia visto. Com esperança, o loiro acompanhava cada movimento dos dois, ansiando pelo momento em que cairia ao chão, derrotado, o homem a quem ele mais odiara.

- Vai para o inferno! – Berrou Potter, com gana na voz, dotado de uma raiva que Malfoy nunca imaginou que ele pudesse ser capaz de sentir. – AVADA KEDRAVA!!!

- AVADA KEDRAVA!!!

Gritaram as vozes em uníssono...

Com a respiração em pausa, o Sonserino acompanhou a trajetória dos feixes de luz, enxergando com perfeição o exato segundo em que ambos os feitiços atingiram os seus alvos, lançando os corpos com brusquidão para trás, enchendo o ar de fagulhas em vários tons de verde.

- Ahhhhhhhh... – Gritou alguém, preenchendo o súbito silêncio que caiu sobre o castelo, cortando o ar como uma lâmina afiada, trazendo a dor e a tristeza.

Enquanto a escuridão o envolvia, desfazendo tudo ao seu redor, Draco foi capaz de encontrar em meio aos muitos lamentos, aquele que insistia em ecoar na sua mente, parecendo ser o mais dolorido de todos. Era Hermione Granger quem gritava, tornando o seu desespero quase que palpável, a ponto de comover até o mais frio dos homens...

Quando tudo voltou a se clarear, o salão estava vazio, exceto por ele mesmo, que zanzava por entre os escombros, ainda remoendo todas as suas emoções conflituosas à cerca do desfecho trágico daquela guerra. “Malditos Grifinórios burros...” Pensava Draco, ao se lembrar de Harry Potter e Rony e Gina Weasley, todos mortos agora. “Tsc, do que adianta lutar tanto, se no final das contas, vocês não estão nem vivos para ver como tudo acabou!?”

Ainda com uma estranha sensação de vazio, o rapaz continuava andando distraidamente, esperando de alguma forma colocar em ordem os seus pensamentos, e por isso, ele não percebeu quando no seu caminho um objeto reluziu a luz do sol, sendo imediatamente quebrado embaixo de seus pés. Curioso, Malfoy se abaixou para ver o que era, e chocado, ele deparou-se com os óculos de Harry Potter, o que de uma louca forma o encheu de uma raiva desmedida impulsionando-o a partir em pedaços ainda menores o já danificado objeto. E em meio a sua loucura, enquanto socava o chão, algo rolou e encostou-se em sua mão, trazendo-o de volta a razão.

- Mas o que... – Começou ele sem entender.

Ao esticar sua mão e segurar a varinha, O Sonserino pode sentir o poder que emanava dela, preenchendo-o de uma sensação de invencibilidade, enquanto mais uma vez a escuridão voltava a envolvê-lo, fazendo com que a cena mudasse...

Agora Malfoy estava na diretoria, sentado de frente para Minerva, que estava dividida entre a incredulidade e a surpresa, fazendo com que o rapaz se sentisse ainda mais desconfortável ao encarar o quadro de Dumbledore, que direcionava a ele os gentis olhos azuis.

- O senhor por acaso compreende que tipo de relíquia tem em mãos jovem Malfoy? – Perguntou o homem do quadro.

- É claro que sim! – Tornou o rapaz sem paciência. – Já disse que não a quero... Podem ficar com essa varinha, e façam o que quiser com ela, eu não me importo! – Completou, largando a varinha sobre a mesa, saindo da sala apressado, deixando que a porta batesse atrás de si, cobrindo-o novamente com a escuridão.

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A luz do dia feriu os seus olhos, impedindo-o de enxergar plenamente, ao mesmo tempo em que na sua mente pairavam as lembranças de um tempo de caos e sofrimento, lembranças essas que Draco fazia tanta questão de enterrar bem fundo em sua memória, para que não voltasse a sentir a confusão de sentimentos que elas lhe proporcionavam... Com sua cabeça doendo de forma quase enlouquecedora, o professor de poções conseguiu, com esforço, reconhecer os campos de Hogwarts, o lago negro, e por fim a filha do professor Lupin, parada a sua gente, com um olhar sem foco. Malfoy teria dito ou até reclamado de algo, mas a dor em sua cabeça o impedia de raciocinar, e assustado ele percebeu o sangue que manchava as suas mãos, escorridos de seu nariz, enquanto tudo parecia rodar de um jeito absurdamente rápido, levando-o por fim a inconsciência.

- Malfoy! – Surpreendeu-se Lupin, ao ver o outro professor desabando ao chão.

- Por Merlin... Mas o que foi isso!? – Indagou Minerva chocada, ao alcançar o grupo e presenciar a cena.

Sem dizer nada, apenas direcionando um olhar preocupado ao filho, Remo se apresou em socorrer Draco, levitando-o com um feitiço, e rumando apressado para a ala hospitalar, onde sabia que o professor poderia ter o tratamento necessário. Ted, que também havia seguido sua irmã até ali, se adiantou até ela, ansioso por saber como a menina estava.

- Estelar. – Chamou ele, a segurando pelos ombros. – Estelar... – Disse novamente, deixando sua voz morrer, quando compreendeu o porque dela não responder.

- Ted. – Falou a diretora. – Nós precisamos levá-la para a enfermaria, se não formos depressa...

- Ela não está aqui... – Sussurrou com tristeza o rapaz, enquanto estudava a expressão fazia da Grifinória.

- Eu sei. Mas ela pode voltar, sempre existe uma chance. – Tornou a senhora com a voz gentil, ao mesmo tempo em que puxava a garota das mãos do irmão.

- Não. – Pontuou ele. – Eu levo. – Completou, segurando Estelar no colo, rumando em seguida para o interior do castelo.

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Enquanto na ala hospitalar de Hogwarts as pessoas recebiam o devido atendimento, dentro da sala da direção outras decisões igualmente importantes eram tomadas... Já havia ao menos uma hora em que professores, aurores e até mesmo alguns enviados do ministro da magia, estavam trancados ali, exceto por Draco Malfoy, Remo e Ted Lupin, que continuavam na enfermaria, ao mesmo tempo em que os outros se reuniam esperando encontrar uma explicação e uma solução para os constantes incidentes, envolvendo um determinado grupo de alunos.

- Basta! – Disse Minerva em tom enérgico, cortando o discurso do representante do ministério. – Eu ainda sou a diretora desse colégio, portanto a decisão de manter ou não essa menina aqui ainda é minha.

- Diretora... – Começou Daniel de forma gentil. – Entendo que tenha um certo apreço pela Senhorita Lupin, mas não podemos ser tão condescendente a esse ponto. Eu ainda acho que os inomináveis estão certos, talvez seja realmente melhor deixar que ela seja afastada de Hogwarts, ao menos até...

- Professor Power, não confunda as coisas. A relação de amizade que existe entre mim e a família da Estelar não vêm ao caso agora. Portanto, não questione o meu profissionalismo.

- Mas em momento nenhum passou pela minha cabeça tal coisa diretora, pelo contrário. Estou apenas...

- Gente por favor! – Interrompeu. – Nós precisamos manter o foco. Se continuarmos a discutir assim, não vamos chegar a lugar algum.

- Você está certa Mione. – Ajuntou o professor de Herbologia. – A questão aqui é que não é de hoje que essas coisas vêm acontecendo... Esses eventos estranhos, eles tem que estarem ligados de alguma forma, talvez se nós pudéssemos estabelecer uma conexão, tudo ficasse mais fácil.

- Bom, tudo isso começou depois do baile de inverno, então eu só consigo pensar nas acusações que elas fizeram na época, quem sabe não seja algum tipo de retaliação... – Ponderou Hermione.

- Desculpe, mas eu não vejo o menor sentido nisso... - Disse Érick. – A idéia de algo assim é completamente estapafúrdia.

- Estapafúrdia ou não, esse é o nosso ponto de ligação, por isso eu acho que deveríamos dar mais crédito a essas garotas. – Argumentou a professora de transfiguração com convicção. – Logo a idéia de afastar qualquer uma delas daqui seria loucura, até porque eu tenho certeza que nenhuma delas possa representar qualquer risco para quem quer que seja.

- É claro. Até concordo que a Estelar seja causadora de arruaça e coisas do gênero, mas eu duvido que ela decida machucar alguém tão deliberadamente.

- Senhor Longboton, você não está sendo imparcial neste momento... – Voltou a falar Érick. – Esse ataque não é o primeiro que a Senhorita Lupin pratica, ou por acaso já se esqueceu do episódio na casa dos gritos!?

- Não! Eu não me esqueci. Bom, eu só... É... – Atrapalhou-se ele.

- Foi o que eu pensei. – Afirmou o estagiário Mendes. – Os senhores estão claramente deixando que o emocional guie as suas decisões. E por mais triste que possa ser – Suspirou. – Isso é algo que não pode ser permitido, portanto eu acho...

- Você não tem o direito de achar nada. – Pontuou Draco ao entrar na sala, chamando a atenção de todos para si.

- Professor Malfoy. – Surpreendeu-se a diretora. – Mas o que faz aqui? O senhor deveria estar na enfermaria se recuperando e não...

- Como envolvido no incidente eu achei que gostariam de ouvir o que tenho a dizer, afinal a minha opinião será com certeza a mais importante aqui. – Cortou ele com veemência, em uma nítida tentativa de alfinetar o estagiário, enquanto buscava ao máximo os seus olhos, na tentativa de ler sua mente, porém sem sucesso, já que Érick se recusava a encará-lo. “Continue a tentar fugir de mim, eu não me importo... Tenho paciência o suficiente para te pegar no momento certo.” Pensava o professor de poções.

- Certo então. Sente-se Senhor Malfoy e conte-nos o que sabe. – Manifestou-se um dos inomináveis enviados pelo ministério.

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No dia seguinte, mais rápido do que qualquer coisa existente seja no mundo trouxa ou mágico, a notícia do ataque sofrido por Sarah Malfoy se espalhou por toda a Hogwarts, alarmando os estudantes, que pela primeira vez enxergaram na Grifinória uma ameaça eminente, já que havia ficado claro, ao menos para eles, que Estelar não era capaz de se controlar, ao contrário do que ela própria afirmara tão categoricamente.

Sem esconder sua irritação, Melanie seguia deixando que seus ombros trombassem de propósito nos seus colegas de classe, abrindo caminho até chegar à saída da sala de aula, por onde passou de forma intempestiva.

- Oi Mel! – Cumprimentou Gustavo assim que avistou a garota. – O que aconteceu? Que cara é essa? – Estranhou.

- Nada. – Bufou ela, continuando a andar em seu ritmo apressado.

- Ei, espera! Calma... – Pediu o Grifinório, segurando-a pelos ombros, fazendo com que parasse. – Me diz o que aconteceu, talvez eu possa te ajudar. Onde está indo com tanta pressa?

- Estou indo para a ala hospitalar ver a Estelar. – Informou Melanie com impaciência.

- Hum... Eu não sei se essa é uma boa idéia Mel. – Disse torcendo o nariz. – Eu não acho que seria seguro você se...

- Chega! Para o seu próprio bem é melhor não terminar essa frase. – Tornou a Lufa-lufa com a voz alterada e seu indicador em riste, apontando-o na direção do rapaz. – Isso tudo é uma grande palhaçada sabia!? Até pouco tempo atrás todo mundo achava a Estelar o máximo e agora estão todos agindo como se ela fosse a pior pessoa que existe. Isso é ridículo! São todos uns falsos isso sim. Onde é que fica a amizade nisso tudo? Ela jamais machucaria alguém...

- Eu sei que não, mas isso não depende dela. Você não entende? Olha... – Suspirou. – Atacar ou não uma pessoa não é uma escolha que ela possa fazer. Essa maldição não permite que...

- Mas que merda! - Exasperou-se – Será que todo mundo ficou cego derrepente!? Ela não poderia ter atacado a Sarah, nem se quisesse... A porcaria da lua que está no céu é minguante! Será que não percebe!? Alguém armou isso pra ela, eu tenho certeza.

- O que? – Surpreendeu-se. – Espera. Então, nesse caso, ela realmente não... Mas eu não entendo, por que alguém faria isso?

- Eu sei lá Gustavo. – Suspirou a menina, voltando ao seu tom de voz normal. – A única coisa que eu sei é que não é justo tratar a Estelar como se ela fosse um tipo de aberração, então não me peça para me afastar dela ou algo do tipo, porque isso não vai acontecer. – Taxou com convicção.

- Não, eu não vou te pedir isso. – Sorriu. – Afinal, você está certa. Vem, eu te acompanho até a enfermaria. – Completou sentindo-se um tanto quanto encabulado.

- Obrigada. – Falou retribuindo o sorriso, enquanto segurava a mão no do namorado.

Gustavo e Melanie seguiram juntos pelos corredores, até chegarem a enfermaria, onde encontraram Kayla parada do lado de fora das portas cerradas, zanzando de uma lado para o outro enquanto ruía as próprias unhas.

- O que está acontecendo? – Quis saber o Grifinório.

- As visitas estão proibidas até segunda ordem. – Informou Jhones.

- Ah, qual é nem... – Resmungou a Corvinal. – A gente só quer dar uma olhadinha nela, para saber se está tudo bem. Não é gente!? – Concluiu, buscando o apoio do casal, que prontamente o cederam.

- Quantas vezes eu vou ter que repetir até que você entenda!? Se não são da família não podem entrar. E não adianta tentarem argumentar. – Pontuou ao perceber a Lufa-lufa fazer menção de se manifestar.

- Tudo bem, tudo bem nós já entendemos. – Falou Melanie, sem esconder a insatisfação. – Vamos gente, vamos procurar a Sarah, ela saiu da enfermaria de manhã, deve saber de alguma coisa.

Os três jovens voltaram o caminho, tendo Andrew e Jhones sempre por perto, o que impedia que a Lufa-lufa usasse um de seus vários recursos para encontrar Sarah, restando apenas a alternativa de procurá-la pessoalmente, o que com certeza levaria bastante tempo, afinal ninguém era tão talentoso em se esconder, longe da vista de tudo e de todos, como a Sonserina.

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Para Hermione Granger, a noite anterior e todo aquele dia também, haviam passado como um grande borrão, onde todos os seus pensamentos eram dirigidos para o incidente entre Sarah e Estelar, deixando que seu cérebro trabalhasse furiosamente enquanto tentava de todas as formas encontrar uma resposta para as suas diversas perguntas. Entretanto, o que mais a incomodava era o foto de que, mesmo tendo motivos suficientes para levantar suspeitas sobre o estagiário Mendes, o professor de poções ainda não tinha sequer se manifestado, deixando-a cada vez mais intrigada a medida que as horas passavam. Foi então que, suspirando pesadamente, a mulher tomou uma decisão. “Eu não acredito que estou fazendo isso.” Pensava ela, ao se encaminhar, pela primeira vez desde que se tornara professora, para as masmorras do castelo.

Com cuidado, ela bateu na porta que levava aos aposentos particulares de Draco, se perguntando de uma forma quase divertida, o que os seus amigos pensariam se pudessem vê-la nesse momento.

- Pode entrar. – Disse o homem de dentro da sala.

- Malfoy!? – Estranhou, mas ainda assim abrindo a porta.

- Granger!? – Sobressaltou-se, não era ela quem ele esperava ver passando pelos batentes. – O que faz aqui?

- Bom, eu...- Suspirou enchendo-se de coragem. – Malfoy, eu vim até aqui porque preciso lhe fazer umas perguntas.

- Perguntas? – Tornou em tom debochado, erguendo uma de suas sobrancelhas, na sua típica feição de escárnio. – É Granger, para você se dar ao trabalho de vir até aqui, só pode realmente estar desesperada por algum tipo de atenção, o que é até...

- Ora, por favor... Não vamos perder nosso tempo com implicâncias infantis, tudo bem!? – Falou a professora de transfiguração rolando os olhos. – Temos assuntos sérios a tratar então eu agradeceria se você, pelo menos uma vez na vida, não fosse tão pedante.

Surpreso com aquele tipo de atitude vinda de Hermione, o homem se manteve em silêncio, esperando não que ela falasse, mas por uma oportunidade para ler sua mente, porém essa tarefa estava se mostrando muito difícil, já que a professora tomava o cuidado de não encará-lo. “Sabe-tudo irritante!” Pensava ele exasperado.

- Ótimo. – Falou, finalmente fechando a porta, entendendo o silêncio de Draco como uma concordância de paz momentânea. – Eu estive me perguntando o porque de você, até agora, não ter feito nada a respeito do Érick...

- Eu já disse, para certas coisas é preciso saber esperar o momento certo.

- Certo, mas isso não quer dizer não poderíamos nos assegurar de que ele não...

- Granger! – Cortou ele com rispidez na voz. – Refreie a sua necessidade de heroísmo. Você não tem porque se intrometer nisso, eu estou mantendo tudo sobre controle.

- Pois não é o que parece. – Alfinetou a professora. – Afinal de contas como você explica o que aconteceu com as...

- Não foi ele! – Pontuou apressado, afinal não estava disposto a prolongar aquela conversa por muito mais tempo. A presença daquela mulher na sua sala o estava deixando nervoso. – Li a mente desse tal de Mendes depois que saí da enfermaria, e ele não sabia de nada. E não acho que ele seria capaz de esconder alguma coisa assim... Nunca vi uma mente tão fraca! – Menosprezou.

- Mas isso não quer dizer que ele não possa estar envolvido de alguma forma. – Ponderou Hermione.

- Não, não quer dizer.

Foi então que um silêncio estranho se apoderou da sala, enquanto um estudava as feições e os poucos movimentos do outro... Entretanto, mesmo assim, com todas as coisas indicando que aquela conversa havia acabado, Draco mais uma vez se surpreendeu, quando viu Hermione se sentar na cadeira á sua frente, mantendo no rosto uma expressão intrigada.

- Só mais uma pergunta Malfoy... Depois disso eu vou embora. – Disse com tranqüilidade. – Mais cedo, quando o ministério mandou aqueles inomináveis para avaliar o caso, por que você interferiu a favor da Estelar? Me desculpe a sinceridade, mas eu acreditava que você seria o primeiro a querer trancá-la em uma cela em Azkaban... Então, por que isso? O que viu na mente dela?

- Ela é de menor Granger, não pode ser presa...

- Você entendeu o que eu quis dizer.

- Se eu te responder, você sai da minha sala? Ótimo. – Falou após ver a confirmação da ex-grifinória. – Não seria inteligente retirar essa menina daqui agora, porque seja lá o que for que fizeram com ela, mantendo-a por perto teremos mais chances de descobrir. E sobre o que vi na mente dela, é isso que me intriga... Eu não vi nada! – Continuou, deixando que seus pensamentos vagassem em voz alta. – Isso não faz o menor sentido, era como se existisse um grande muro ao redor da mente dela, que não me permitisse entrar. E eu tenho certeza que a Lupin não seria capaz de fazer algo assim, então tudo me leva a crer que alguém fez isso por ela, não há outra explicação.

- Isso faz sentido. – Concordou Hermione.

- É claro que faz. – Respondeu ele de forma automática, voltando a prestar atenção na mulher.

- E sobre o estado dela... Acredita que Estelar possa se recuperar?

- Não me pergunte isso Granger, eu não tenho como saber. – Taxou. - Então...– Pigarreou se levantando, sentindo-se incomodado com a forma reprovadora que ela o encarava. – Ela não teve nenhum tipo de reação? – Perguntou. Não que ele estivesse preocupado com a grifinória é claro, mas toda aquela situação envolvia a sua filha, e isso sim, era de suma importância.

- Não. Ela continua da mesma forma catatônica, sem nenhuma reação. – Suspirou, abaixando a cabeça de forma tristonha.

Draco ficou observando a professora, sabendo que ela deveria estar sofrendo com aquilo tudo, afinal não era segredo para ninguém que a relação que ela tinha com os Lupin´s era de estreita amizade, no entanto o que mais o incomodava, era olhar para ela e se lembrar de uma certa noite, à pouco mais de vinte anos atrás, quando a viu chorar tão doloridamente ao perder seus amigos. E agora, mesmo para alguém tão frio quanto ele, era impossível ficar indiferente a isso, quando a própria Hermione o havia apoiado tão prontamente, quando Sarah esteve na enfermaria. Quem sabe, talvez, ele não devesse retribuir isso nesse momento...

Em um gesto de nervosismo, o homem passou a mão em seus cabelos platinados, jogando-os para trás, em uma tentava vã de afastar seus pensamentos conflituosos a respeito do que estava prestes a fazer, enquanto dava alguns passos à frente.

- Granger... – Começou, esticando sua mão em direção ao ombro de Hermione, porém sem encostar nele de fato.

- Pai!? – Chamou Sarah com um certo tom de incredulidade na voz, afinal, quando em toda a sua vida ela imaginou ver lago parecido? Seu pai e a professora Granger juntos em uma sala, mantendo uma conversa civilizada... “Mas o que está acontecendo aqui?” Perguntou-se a menina, percebendo o leve sobressalto de seu pai.

- Hum... Oi Sarah. – Cumprimentou Hermione.

- Oi. – Tornou com educação.

- Bom, eu vou deixar vocês sozinhos. – Sorriu ela para a menina.

Era engraçado, mas a verdade é que Hermione sempre teve um certo apresso por Sarah, afinal não era difícil reconhecer a si mesma na filha do professor, que era sempre tão aplicada, assim como ela em seu tempo de estudante. Sem contar que, ao contrário do pai, ela era muito mais fácil de se conviver, mesmo que só dentro do castelo de Hogwarts.

- Obrigada por responder minhas perguntas Malfoy. – Continuou enquanto se levantava, no entanto sem deixar de torcer o nariz, ao perceber o quanto era estranho dizer “Obrigada” para alguém como ele. - Boa noite.

Pai e filha acompanharam com o olhar atento, cada um com suas próprias indagações, enquanto a mulher se retirava calmamente da sala, enfim deixando-os sozinhos.

- O senhor me chamou?

- É. – Falou Draco encarando a filha, que ainda estava parada perto da porta. – Entre feche a porta e depois se sente. – Ordenou, ao mesmo tempo em que voltava a se sentar em sua cadeira, ganhando tempo enquanto colocava os seus pensamentos em ordem.

Era ela quem ele estava esperando, a havia chamado ali para esclarecer algumas coisas, afinal após o incidente com Estelar Lupin, suas preocupações tinham no mínimo dobrado, e era preciso tomar algumas providências. Sarah se sentou, olhou de relance para o pai, mas não sustentou o olhar, tinha medo de todas as coisas que Draco poderia ler através dele.

- Sarah, quantas vezes eu já pedi para você se afastar daquelas garotas? Principalmente da Lupin? – Quis saber ele, dando início ao seu plano tão cuidadosamente montado.

- Várias. – Pontuou, já sabendo sobre o que se trataria aquela conversa.

- E porque você não o fez? – O tom lento e falsamente calmo de seu pai, deixava e menina nervosa.

- O senhor sabe que é muito difícil ignorar aquelas três, elas passam praticamente o dia inteiro ao meu redor...

- Você ignoraria se quisesse! – O grito de Malfoy, assustou de tal forma a filha, que quase a fez cair da cadeira. – Mas você não quer! E isso me entristece muito Sarah.

- Para com isso pai. Eu sempre fiz tudo o que o senhor queria... Eu não...

- Você é minha filha e eu te amo Sarah. Você sabe disso, sabe que eu só faço isso para o seu bem. – Falou, retornando ao tom calmo, se aproximando dela. – Eu só não posso te perder para eles Sarah. – Draco se agachou abraçando a menina.

- Eu também te amo pai. – Disse apertando mais o abraço.

- Eu sei. E por isso você vai fazer o que é melhor para nós... – O homem sorriu calmamente para a garota assim que desfizeram o abraço. – Não é?

- Vou. – Respondeu com um suspiro. Mais uma vez Draco havia convencido Sarah a se livrar das presenças incômodas daquelas garotas, e após o ataque, ele julgava que poderia de fato afastar a filha de tudo aquilo. Perder sua filha não era uma opção.

- Pai, eu posso ir agora?

- Você não quer ficar? Eu trouxe livros novos...

- Não, eu tenho que fazer uma coisa. – Falou sem encarar o pai, que tentava de várias formas, manter o contato visual com a menina.

- Tudo bem então. – Permitiu, beijando a testa da filha, para em seguida sair de seu caminho.

Sarah saiu sem dizer mais nada, não sabia o que deveria fazer. Não queria fazer nada. Sentia-se culpada, pois queria deixar o pai feliz, mas no fundo, a felicidade de seu pai, só remetia a sua tristeza. Quando levantou a cabeça, viu Ted parado mais a frente no corredor, como era ele o auror quem a acompanhava, era de se esperar que estivesse ali. Porém o rapaz era a última pessoa quem ela queria ver agora. Com as palavras de seu pai ainda latejando em sua mente, ela passou direto pelo auror sem olhá-lo.

- Ei Sarah! O que houve? – Ted perguntou, parando a menina quando se pôs a frente dela.

- Nada. – Respondeu seca, tentando passar.

- Não minta. Aconteceu algo...

- Não aconteceu nada! – Quando percebeu que não passaria pelo outro, desistiu de tentar fugir.

- Sarah...

- Ted... Escuta. – Falou finalmente encarando ao outro. – Eu... Eu acho melhor nós paramos por aqui.

- Pararmos? Com o que? – Questionou sem entender. Não sabia onde a menina queria chegar, mas não estava gostando daquela conversa.

- Com isso. Com nós...

- Sarah, o que houve?

- Não houve nada! Ok? Nada! – Gritou. Não agüentaria muito tempo se ele continuasse a questionando assim, por isso chegou a uma conclusão, e por mais triste que fosse, se tinha que cortar relações, que começasse então pela mais proibida de todas elas. – Só que eu não quero mais continuar com uma coisa que não tem futuro! De que adianta ficar se agarrando por ai Ted? Eu só estou satisfazendo minha fantasia e você brincando comigo! Pra que continuar com isso?! – Falou em tom alterado.

- Sarah... – Ted não podia acreditar nas palavras da garota, definitivamente algo estava errado. – De onde você tirou essas coisas? Eu não estou brincando com você! Não posso acreditar que tudo o que você disse, seja o que realmente pensa! Me diz... O que aconteceu? – Falou urgente, segurando a menina pelos ombros, em uma clara tentativa de mantê-la perto.

- Para... Esquece isso... Mesmo que não fosse só uma brincadeira... Não ia chegar a lugar algum!

- Para de dizer isso! – O nervosismo de Ted era tanto, que acabou dando umas balançadas na menina, como se o fato de chacoalhá-la fosse fazer com que ela parasse de falar aquelas coisas.

- Para Ted! – Gritou se soltando dele.

- Sarah... Você não pode estar falando sério... – Há cada momento em que a menina insistia naquela afirmação, deixava-o ainda mais triste.

- Sim, eu estou falando sério. Agora vamos deixar isso para lá de uma vez por todas. – Concluiu, virando-se depressa, louca para sair daquele lugar.

– Não! – Disse com veemência, voltando a segurar a menina, forçando-a a encará-lo. – Eu não me importo com o que aconteceu, não faz diferença... Tudo o que interessa agora Sarah, é que eu amo você.

- O que? – A incredulidade estava estampada no rosto da Sonserina.

- Eu te amo. – Repetiu ele em um sussurro, aproximando o seu rosto do dela.

- Solte-a! - Draco gritou enfurecido, ao ver Ted Lupin com os braços envoltos em Sarah, próximo demais para o seu gosto.

O professor estava ouvindo a conversa desde seu início, havia seguido a filha quando essa se recusou a ficar com ele. Sabia que havia algo de errado, mas descobrir que sua filha estava se envolvendo com um Lupin daquela forma havia sido algo inacreditável, quase um pesadelo na verdade. Foi preciso muito autocontrole para se manter incógnito até aquele momento, e por muito pouco que não interferiu antes, afinal sua filha já havia tomado a iniciativa de acabar com tudo, como ele mesmo havia sugerido. Porém não sabia se ela resistiria aos apelos sentimentalistas do outro, e em função disso, resolveu acabar logo com aquilo, antes que Sarah se deixasse levar.

- Pai! – Sarah se afastou do rapaz, olhando para o pai assustada.

- Nunca mais se aproxime de minha filha! – Ele estava mesmo enfurecido. – Ouviu bem?! – Pontuou se aproximando de Sarah, puxando-a para si.

De imediato Ted sentiu um calafrio percorrer por todo o seu corpo. Aquele homem a sua frente, o intimidava, mas naquele momento já não importava mais, existiam coisas bem mais importantes.

- Eu não posso fazer isso! – Respondeu encarando o olhar maligno do professor de poções. – Sinto muito. Mas eu amo a sua filha e não vou abrir mão disso.

- Como você se ateve!?

- Ted. Vai embora... – Sarah olhou nos olhos do rapaz suplicando para que ele não enfrentasse seu pai.

- Eu só quero que o senhor entenda que eu não estou brincando com a sua filha. – Ted ignorou o que Sarah havia dito.

- Não me interessa o que você quer. Saia daqui. Não nos incomode mais!

- O senhor não pode fazer isso! Não pode tratar a Sarah como se ela fosse uma propriedade sua, porque ela não é! – Tornou enfrentando-o, já não existia mais receio em suas palavras.

- Seu pirralho abusado, como você tem a coragem de me dizer algo assim!?

- Simples. Porque eu estou certo!

- Ted... – Sussurrou a Sonserina, sentindo o pânico se espalhar por seu corpo.

- Já chega! – Esbravejou Malfoy, já com o rosto vermelho, sentindo-se afrontado como nunca antes. – Eu não vou tolerar esse tipo de coisa vindo de alguém como você. Portanto é melhor que se vá ante que eu...

- Não precisa tolerar então. – Cortou Lupin alteando a voz. – Poderia fazer isso de uma forma muito mais simples, mas já que se recusa a enxergar o óbvio, então vamos deixar que ela decida.

Um silêncio mordaz invadiu o corredor por alguns segundos, enquanto Draco e Ted se encaram, parecendo prontos para pular um no pescoço do outro a qualquer momento.

- Sarah? – Chamou o auror. – Diga, o que você quer. Conte para ele. – O rapaz a olhou, mas essa não o encarou e não respondeu.

Ao contrário do que o rapaz esperava, a Sonserina se encolheu, aproximando-se mais do pai e se afastando dele, deixando-o perdido entra a raiva, tristeza e decepção, enquanto sentia o peso do sorriso sádico de Draco Malfoy sobre si. E então, sentindo-se terrivelmente mal por dentro, ele reuniu a dignidade que lhe restava, e ergueu a cabeça, virando-se para sair dali, caminhando com passos duros lívido de fúria.

- Ted... – Sarah falou olhando para o chão, após o rapaz dar as costas.

- Não faça essa cara! Você sabe que ele não é ninguém e nunca merecerá um Malfoy.

- Para de falar esse tipo de coisa! – Esbravejou a garota se afastando do pai para encará-lo.

- O que você quer dizer com isso? Tudo o que eu faço é para o nosso próprio bem!

- Não. Não é! É para o seu próprio bem! – Sarah encarava o pai com fúria. – Você faz essas coisas porque não suporta perder! Mas a sua felicidade resulta na minha infelicidade!

- O que você está dizendo Sarah? – O tom intrigado beirando a irritação, não assustou a filha como Malfoy pretendia.

- Eu... Eu... Eu sempre fiz o que o senhor queria que eu fizesse, só para deixá-lo feliz... Mas agora eu percebo que eu sou como um animalzinho que o senhor mantém. Nada mais que isso... O senhor não respeita os meus sentimentos!

- Você por acaso enlouqueceu?

- Não! Sinto muito pai. Eu tentei fazer o que o senhor queria, mas não dá. Não posso largar de lado o que eu sinto, só para agradá-lo. Eu realmente quero ficar com o Ted.

- Não faça isso Sarah! Eu não estou brincando! – Draco tentou pegar a filha pelo braço, mas ela se esquivou.

- Eu também não! – Gritou se afastando, indo na direção em que Ted havia se dirigido.

- Se você for atrás dele, eu juro que te deserdo! – Malfoy não raciocinava com clareza, estava usando de todo e qualquer argumento que lhe viesse à mente.

- Tanto faz pai. Me deserde então. Eu tenho competência o suficiente para fazer minha própria fortuna. – Falou se olhar para trás, saindo correndo em seguida, deixando seu pai para trás, completamente sem fala.

Sarah correu pelo longo corredor da masmorra, na esperança de alcançar Ted, desejava aflita que ele não tivesse ido muito longe. Até que finalmente o avistou em um corredor que já dava acesso a saída da mesma.

- Ted! – Gritou sem ar, devido à corrida. Ele se virou olhando sem entender a menina que só parou quando se chocou ao seu peito, lhe fechando em um forte abraço. - Me... Desculpa... – Falou ainda arfando.

- Sarah? O que...

- Desculpa por não ter vindo antes. Eu precisava falar com meu pai primeiro. – Interrompeu o auror, olhando séria para ele. – Eu quero ficar com você. Não me importo com o que meu pai pensa. Não mais. – Completou falando tudo de uma vez, com todo o ar que lhe restava.

- Mas o que aconteceu? Eu não entendo... O que te fez mudar de idéia?

- Eu... Eu não sei lidar muito bem com essas coisas... Mas acho que o fato de eu estar aqui já é o suficiente pra você saber o que eu sinto... – Falou sem graça com o rosto afundado no peito dele.

Um sorriso se formou na face de Ted, que intensificou o abraço, voltando a sentir a paz que normalmente sentia sempre que estava ao lado da menina... E como sempre acontece em situações desse tipo, ambos perderam a noção do tempo, apenas desfrutando do caloroso abraço, repleto dos mais variados significados, até que por fim o auror se afastou, para segurar o rosto de Sarah entre as suas mãos, olhando-a diretamente nos olhos.

- Por Merlin Sarah, nunca mais faça isso. Por um momento me fez sentir raiva de você, e eu não... – Suspirou. – Só me diga que nunca mais vai me deixar sentir que tudo é vão.

- Está tudo bem Ted, eu não faço mais. – Afirmou a garota. – E também prometo que nunca mais vou deixar você encarar o meu pai sozinho daquele jeito.

- Isso com certeza seria bastante útil. – Sorriu. – Juro que pensei que ele me azararia.

- Eu não teria deixado.

- Que ótimo... – Sussurrou Ted, enquanto traçava os contornos do rosto da menina com as mãos. – Sarah. – Agora ele encostava seu rosto ao dela, deixando que seus lábios tocassem de leve a sua orelha esquerda. – Amo você. – Completou, para em seguida recuar e finalmente tomar os lábios da Sonserina com carinho.

--

Três dias já haviam se passado desde de o ataque feito por Estelar, e ainda assim as coisas continuavam do mesmo jeito... Com os aurores do colégio em alerta, o ministério, principalmente por parte do senhor Weasley e família, em estado de apreensão e Hogwarts com os seus alunos divididos entre a pena, pela menina que continuava hospitalizada, e o preconceito, por mais que Melanie e Kayla se escorçassem, gastando o seu tempo para defender a Grifinória. Entretanto, o que mais surpreendia a todos, era o fato de Sarah Malfoy agora ser vista constantemente na companhia das outras duas meninas, apoiando-as prontamente em sua causa, para o desgosto de Draco, que por mais que tentasse não conseguia se aproximar da filha. A Sonserina, no auge de sua rebeldia, finalmente tinha tomado a decisão de fazer aquilo que gostaria, e não o que agradasse seu pai, o que a levava exatamente onde estava... Com as amizades que queria, e é claro ao lado do rapaz que havia escolhido, por mais que isso ainda continuasse a ser um segredo para o resto do mundo.

Com o silêncio característico de situações como aquela, a enfermaria seguia imersa na quietude incômoda, por mais que constantemente existisse um vai-e-vem de pessoas, sendo elas inomináveis, médicos, e alguns familiares, todos direcionados à uma parte separada da ala hospitalar, onde estava Estelar Lupin, deitada sobre a cama, perdida em sua inconsciência, mesmo que ainda mantivesse os olhos perturbadoramente abertos.

Movido pela curiosidade, e algo a mais que ele próprio não conseguia identificar, Draco já havia estado ali, tentando mais uma vez ler a mente da garota, porém não encontrando nada além de um grande vácuo. O que de fato era uma situação preocupante, ele admitia, já que estava claro ao menos para si, que alguém muito poderoso havia mexido profundamente na cabeça da Grifinória, levando-a aquele estado vegetativo, até quando ninguém saberia precisar...

Ninfadora, que não havia saído do lado da filha um instante sequer, estava parecendo agora anos e anos mais velha, com a sua magia de metamorfomaga refletindo seu dolorido estado de espírito, enquanto aguardava, acreditando piamente na recuperação da garota.”Nós precisamos acreditar na Estelar, ela é uma menina forte, vai conseguir sair dessa.” Foi o que a mulher disse em meio a um sorriso, ao seu marido e filho, quando esses pareciam prestes a sucumbir a dor. Sentada próxima a cama da filha, a senhora Lupin se mantinha distraída, enquanto tentava refrear seus pensamentos negativos, e talvez por isso, ela tenha se assustado tanto, ao ponto de cair da cadeira onde estava, ao perceber a súbita movimentação de Estelar, ao se sentar com brusquidão na cama.

- Sarahhhhhh... – Gritou a Grifinória com a voz esganiçada, como se aquele grito estivesse a muito reprimido.

De imediato, Pietro se ergueu da cadeira onde estava sentado, sacando a sua varinha, pronto para o que quer que acontecesse. Enquanto a enfermeira entrava alarmada naquela parte da ala, guiada pelo grito, dividindo-se entre o alívio e a preocupação ao ver a Grifinória sentada à cama, olhando para as próprias mãos com uma expressão de assombro e medo.

- Estelar. – Falou Ninfa rindo e chorando ao mesmo tempo, estendendo a menina as suas mãos, prontas para um reconfortante abraço materno.

- Não!!! – Berrou, acertando um tapa nas mãos da mãe, afastando-as de si.

A garota se ergueu na cama, correndo sobre ela e saltando por cima do alambrado, fugindo do contato de quem quer que fosse.

- Volte aqui Lupin... O que pensa que está fazendo!? – Interferiu o auror Willians, tentando segurá-la.

- Tire as suas mãos de mim! Não quero que me toque.

- Se controle. – Disse ele, esforçando-se em manter a menina sobre o seu controle. – Gritar desse jeito não te ajudar em...

- ME SOLTA!!! – Urrou ela, estourando todo os vidros da enfermaria.

Os milhares de cacos voaram pela sala, obrigando os presentes a se protegerem, dando a oportunidade de fugir a Grifinória, que assim que se viu livre do Auror, correu para a porta da sala, porém ela se viu obrigada a parar, quando se deparou com Minerva e seu pai entrando na enfermaria, atraídos até ali pelo barulho ensurdecedor dos vidros se partindo.

- Meu bem... – Chamou Lupin, tentando se aproximar.

- Não! – Gritou Estelar. – Não chega perto! Por favor... Eu não quero machucar ninguém! – Completou acuada, ao se encostar a uma das paredes.

- Estelar, minha filha, você não vai me machucar... – Falou a mãe da menina, tentando ao máximo deixar a sua voz gentil, enquanto lutava com as próprias lágrimas.

- Eu vou... Eu não quero... – Falou se encolhendo ainda mais no canto, quase que se unindo a parede.

Ted e Sarah entraram na ala hospitalar alguns segundos depois, sem saber o que estava acontecendo, se deparando com um círculo de pessoas viradas para onde Estelar deveria estar.

- Ted, será que aconteceu alguma coisa? – Questionou Sarah andando junto de Ted até a movimentação.

- Mãe, o que houve?

A pergunta dele não precisou ser respondida, afinal o casal avistava agora a menina agachada ao canto, abraçada em seus próprios joelhos, tentando ao máximo se afastar de todos que insistiam em tentar acalmá-la, mergulhando o rapaz em tristeza, deixando-o sem ação, tendo como resposta a tudo aquilo o rápido tingir de seus cabelos, que passaram do usual castanho para um branco opaco e sem vida.

Tomando a iniciativa, a Sonserina passou pelos pais da menina e por todos ali parados, ficando no campo de visão de Estelar.

- Estelar. – Chamou ela, ganhando prontamente a atenção da Grifinória, que assustada e respirando com dificuldade, levantou seu olhar, deixando que uma lágrima escorresse por sua face, fazendo-a relaxar o corpo, largando suas pernas, ao se deparar com Sarah.

- O que você... – Pietro ia agarrar o braço de Sarah quando essa começou a se mover em direção a outra, mas Ninfadora o impediu, sabia que aquela era a chance que eles tinham de acalmá-la.

- Me desculpa! Eu não queria ter machucado você! – Sussurrou Estelar, deixando as lágrimas correrem livremente pelo seu rosto.

- Tá tudo bem. Você não me machucou. – Falou Sarah calma, olhando-a nos olhos enquanto sorria levemente ao se agachar em frente a Grifinória.

- Mentirosa... Por que tá fazendo isso? Sabe o que eu fiz...– Em sua voz, havia todo o peso de suas ações, a menina sentia muito. – Eu machuquei sim! – Afirmou ao perceber atordoada o curativo no pescoço da Sonserina. – Viu!? - Disse, levando sua mão trêmula até a altura do ferimento, porém parando antes de tocá-lo. – Machuquei... – Choramingou, recuando a mão, porém Sarah a pegou, fechando em suas mãos quentes, o punho gelado de Estelar.

- Você não me machucou. Você seria incapaz de fazer uma coisa dessas. Eu sei disso. – Falou puxando a outra levemente pelo braço para trazê-la para perto. – E você também sabe. – Concluiu ao fechá-la em um abraço.

A Grifinória recebeu aquele carinho de bom grado, se agarrando ao máximo que pôde a outra, sentindo o peso de toda a sua culpa se esvair com as lágrimas que tão avidamente derramava, sem se importar com as diversas outras pessoas que acompanhavam tudo.

- Vai ficar tudo bem enquanto estivermos juntas. – Sarah pontuou em tom baixo, para só Estelar ouvir.

Sentindo-se mais aliviada, a menina ofegou, e mesmo que quisesse não poderia impedir o sorriso tênue que se formou em seus lábios ao finalmente perceber que mais nada importava... Tudo o que Estelar precisava era ter as pessoas a quem amava por perto, nada além, pois ela sabia que nada seria mais importante do que aquilo, por isso, tomada por uma resolução tão tipicamente sua, a garota decidiu que dali por diante, não importando a situação, o fato de ser um lobsomem não mais interferiria em sua vida, afinal, era ela quem controlava a fera e não o contrário.

--

N/A (Ariene): {***Autora pulando feliz, sacudindo freneticamente os pon-pons no ar, gritando aos quatro cantos: “Ted, Ted, Ted...”} Viram? Eu disse, eu disse... O Ted não foi colocado na Grifinória por mera questão de sangue... O cara é SIM corajoso! Ele enfrentou o Malfoy, e sozinho, e venceu!!!!! Enfim... Viva ao casal Ted e Sarah!(^^)

N/A(Bárbara) : Tá, vou dar mérito ao Ted, pelo menos na fic ele é Homem... No rpg ele era bem mais bundão.. XD

N/A (Ariene)²: Após o meu momento tiete... Então, esse capítulo fecha alguns pontos importantes na história, como a amizade das quatro meninas, e também alguns dos sentimentos que as motivam. Isso sem contar é claro, com o encontro memorável e cheio de sensações conflituosas entre Draco e Hermione. E sim, as recordações de Malfoy sobre o que aconteceu no dia em que o Lord das trevas caiu, terá um grande porque de ter sido narrada aqui. Esperem e verão... Ah, mais uma coisa. Chega de Estelar com crises de emo (Nada contra) mas ninguém merece, alguém como ela, chorando pelos cantos. Afinal, nós gostamos mesmo é de vê-la arrumar confusão e fazer piada. Não concordam!?

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Sunday, Bloody Sunday (U2)

Não posso acreditar nas notícias de hoje

Oh, não posso fechar os olhos e fazê-las desaparecer

Quanto tempo...

Quanto tempo teremos de cantar esta canção?

Quanto tempo? quanto tempo...

Porque esta noite... podemos ser como um

Esta noite

Garrafas quebradas sob os pés das crianças

Corpos espalhados num beco sem saída

Mas não vou atender ao clamor da batalha

Ele me irrita, me encurrala,

Domingo, sangrento domingo (4x)

E a batalha apenas começou

Muitos perderam,

Mas me diga quem ganhou

Trincheira cavadas dentro dos nossos corações

E mães, crianças, irmãos, irmãs separados

Domingo, sangrento domingo (2x)

Quanto tempo...

Quanto tempo teremos de cantar essa canção?

Quanto tempo, quanto tempo?

Porque hoje à noite podemos ser um

Hoje à noite

Hoje à noite (4x)

Enxugue suas lágrimas

Enxugue suas lágrimas

Enxugue seus olhos injetados

Domingo, sangrento domingo (6x)

E é verdade que somos imunes

Quando o fato é ficção e a tv realidade

E hoje milhões choram

Nós comemos e bebemos enquanto amanhã eles morrem

A verdadeira batalha começou

Para reivindicar a vitória que jesus conquistou

Domingo, sangrento domingo

Domingo, sangrento domingo (5x)

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