Beyond the Unknown



*** Capítulo 20 – Beyond the Unknown

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“Além do desconhecido
Espectro poderoso
Rodeando
É isto um sonho
Ou é isto verdadeiro
Além do desconhecido”

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Dias e dias se passaram, deixando para trás a áurea de desconfiança e medo que pairou sobre a mente dos bruxos e bruxas, quando o “Profeta Diário” noticiou o brutal assassinato de um jovem, que hoje não passava de um mero pedaço de papel, sem importância alguma, largando para as sombras a lembrança do rapaz, restando apenas algumas poucas pessoas que ainda lamentavam por ele...

A respeito das investigações do ministério, pouco a pouco, os ânimos foram baixando, deixando minguar a determinação dos aurores, e até mesmo a euforia da imprensa, afinal, não existia mais nada de realmente preocupante, ou até mesmo apavorante, para ser noticiado, por isso agora, o jornal preferia estampar em suas manchetes, qualquer outro assunto mais corriqueiro, fazendo retornar á velha Bretanha o clima de tranqüilidade.

Em Hogwarts, quase todos seguiam normalmente com suas vidas, alheios aos temores de três garotas, que mesmo sem admitirem, ainda receavam viver aquilo que sonharam à um mês atrás, quando ganharam as marcas em seus corpos, que infelizmente carregariam para o resto da vida. Enquanto isso, Minerva e Hagrid começavam a aceitar a idéia de que nunca mais veriam e menina Sophie, irremediavelmente desaparecida desde fevereiro.

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Aproveitando o sol daquela tarde, Estelar sentou-se sobre uma das muitas pedras espalhadas pelo jardim, tentando ao máximo, se afastar das pessoas, no entanto, era impossível para ela se livrar da constante presença do irmão, que tinha agido como uma verdadeira sombra sua, durante todo aquele tempo, já que os aurores fizeram questão de manter a vigilância, mesmo sem nenhum tipo de incidente. “Mas que coisa... Onde é que está a Sarah quando se precisa dela?” Resmungou a Grifinória em pensamento, tentando se concentrar na leitura do pequeno livro que tinha em mãos.

- O que você está lendo? – Perguntou Ted curioso, afinal, não era sempre que via a irmã tão interessada em algo do tipo.

- Não é da sua conta... – Tornou distraída. – Vai procurar o que fazer, vai...

- Não seja tão mal educada Estelar. Custa alguma coisa responder... – Reclamou, no entanto mantendo um tom divertido em suas palavras.

- É custa sim! Eu não quero que... Hurg! – Rosnou ela.

- O que foi? – Perguntou ele, sem entender a repentina mudança nas feições da garota.

- Eu não gosto desse cara!

- Que cara? Do que está falando? – Ted seguiu o olhar da irmã até localizar o professor Daniel, que passava não muito longe deles, voltando para o castelo. – Eu não acredito que você ainda está com essa implicância besta com o Power.

- Não é uma implicância besta... – Reclamou.

- Ah, não!? Então me explica, e nem adianta vir com aquela história maluca de cheiro...

- Se não que ouvir isso, então não me pergunte. Eu não gosto dele e pronto! E se quer saber, eu não ligo se todo mundo acha que o cara é um máximo, porque pra mim ele não presta!

- Você está ficando paranóica... – Suspirou.

- Não enche! – Taxou a garota, encerrando o assunto, disposta a voltar para a leitura, ignorando o irmão.

- Aposto que isso aí não tem nada haver com estudo... – Voltou a falar o auror depois de um tempo. - O que vocês está armando, heim? Ô Estelar! – Chamou ao reparar que a menina sequer parecia escutar o que dizia. – Eu estou falando com você... Estelar! – Disse sacudindo-a pelo ombro.

- Mas que merda Ted! Eu estou tentando ler... – Exasperou-se.

- Mas afinal de contas o que você tanto lê? – Questionou o rapaz.

Ted, que estava parado de pé, próximo à menina, se movimentou rapidamente, puxando o livro das mãos da Grifinória.

- Mas que bonitinho, você tem um diário... – Comentou risonho.

- Me devolve isso seu idiota! – Gritou a menina, pulando ao redor do rapaz, esticando-se para tentar pegar o livro que Ted segurava, erguendo no ar, longe de seu alcance.

- Ah qual é Estelar, não fique tão nervosa! Será que tem algo aqui que eu... AI! – Reclamou, assim que recebeu um dolorido chute na canela.

- Seu bocó! Nunca mais coloque suas mãos nisso ouviu bem!? Nunca mais! – Exaltou-se, enquanto apertava firmemente em seu colo o diário do pai. Ela não queria que mais ninguém lesse ali, os medos e apreensões de Remo, seria por demais constrangedor...

- Dá um tempo Estelar! O que pode ter de tão secreto aí? Afinal de contas o que...

- Você é um saco sabia!? – Retrucou. – Tudo bem... – Suspirou a menina, procurando manter a calma, afinal, sabia exatamente como desviar a atenção de Ted do diário. – Se quer tanto saber querido irmão, esse diário aqui, é onde eu anoto todas as vezes que você sai por aí correndo atrás da Sarah. Ah, e está vendo essa parte aqui? – Perguntou, mostrando ao ex-grifinório algumas páginas em branco, enquanto sorria triunfante por saber que tinha conseguido exatamente o que queria, ao ver os cabelos do rapaz ficarem repentinamente brancos. – Eu estou separando essa parte, para escrever aqui toda a tortura que você vai sofrer, assim que o professor Malfoy descobrir que você anda agarrando a filhinha dele.

- Você não... Não pode, eu... Quer dizer... – Gaguejava ele.

- Hahahahahaha... Você é mesmo muito bobo Ted! – Gargalhou a garota, ao mesmo tempo em que batia com o diário no braço do irmão.

- Isso não teve a menor graça... – Resmungou, agora exibindo uma cabeleira levemente avermelhada.

- Mas é claro que teve! – Sorriu. – Precisava ter visto a sua cara de pânico.

- Sinceramente eu não sei de onde você puxou esse humor negro... Não deveria fazer piada de algo assim tão sério. – Falou Ted.

Por um momento a Grifinória estudou as feições do irmão, prestando atenção em cada detalhe, desde a sua postura até as linhas de expressão, desenhadas no rosto severo do rapaz.

- Por Merlin Ted... – Surpreendeu-se. – Você realmente está apaixonado pela Sarah!

- Eu não... Quer dizer... – Suspirou. – É, eu estou sim. - Concluiu, sentando-se de forma desleixada em uma pedra próxima.

- E você já disse isso para ela? – Perguntou a menina com voz serena, mas ainda assim fazendo o outro se sobressaltar.

- Como assim?

- Como assim o que, ô cabeção! – Exaltou-se. – Você anda por aí, todo apaixonadinho pela Sarah e ainda nem disse isso pra ela... Mas é muito lerdo mesmo! As mulheres gostam de ouvir essas coisas sabia!? Ou você acha que é só ir lá e dar uns beijos nela que tudo vai estar bem?

- Olha, é complicado tá legal! As coisas não são como nesses livrinhos de romance que eu sei que você fica lendo por aí... – Disse ele, se referindo aos livros propositalmente, sabendo que deixaria a menina constrangida. Pronto, agora estava vingado. – Ela é filha do Malfoy e também é muito mais nova do eu! Já pensou nisso? – Continuou alterado. – Toda essa história está completamente errada, tenho noção disso, mas eu simplesmente não consigo ficar longe daquela garota... O que você quer que eu faça?

- Eu quero que você pare de perder tempo! Será que não percebe o quanto está errado? Ficar se prendendo nesses detalhes não vai te ajudar em nada...

- Detalhes!? Como é que você pode...

- Presta atenção! – Interrompeu a menina. – Você gosta dela e ela de você, então fiquem juntos ora essa! Não tem porque ficar fazendo todo esse drama... E daí que ela é filha do professor Malfoy, isso não faz a menor diferença... Se gosta tanto assim dela, enfrente ele, lute pelo que quer.

- Você por acaso, já pensou na tragédia que seria, se o Malfoy descobrisse alguma coisa?

- Seria até melhor assim... Desse jeito não teriam que ficar se escondendo de todo mundo. Ou você acha que a Sarah realmente está feliz assim?

- É... Ela te disse alguma coisa Estelar? – Preocupou-se. – Reclamou de algo?

- Não, ela não me disse nada. – Tranqüilizou. - Mas se eu estivesse no lugar dela, não estaria nenhum pouco satisfeita com a situação... Não é errado gostar de alguém Ted, não importa quem seja. Veja os nossos pais, por exemplo. O papai tem quase o dobro da idade da mamãe, mas ninguém liga, e sabe por que? Porque eles são felizes juntos, e é isso que importa. – Concluiu de forma amena, como se explicasse algo simples á uma criança.

- Você faz tudo parecer tão fácil...

- E é! Você é quem complica tudo. Olha, eu sei que a Sarah também não facilita... Ela tem toda aquela coisa de manter distância e não se envolver, mas eu tenho certeza que ela faria qualquer coisa por você, então... Faça por onde merecer, todo esse carinho que ela tem por você desde de o primeiro ano.

Sem se conter, o auror começou a rir de forma divertida, achando graça do rumo que aquela conversa tinha tomado. Afinal, era muito estranho estar recebendo conselhos amorosos tão eficientes de sua irmã mais nova, que para ele, era ainda tão criança.

- Vem aqui... – Falou ele, ainda sorrindo, levantando-se repentinamente, para segurar firmemente entre os seus braços a irmã.

- É, eu sei que você me ama. – Sorriu Estelar, retribuindo o abraço apertado. – O que você faria sem mim heim!? Hum... Quer saber? – Disse ao se afastar um pouco. – Acho que vou separar mais uma parte nesse diário, para anotar os favores que você fica me devendo...

- O que? – Perguntou confuso.

- Mais uma vez eu vou te ajudar... Sei que fica complicado pra você e a Sarah se encontrarem com aquele auror atrás dela o tempo todo. Então, eu vou dar um jeito de reverter isso. – Pontuou convicta, exibindo nos lábios um sorriso maroto.

- Porque será que toda vez que você sorri desse jeito, eu fico preocupado?

- Relaxa irmãozinho, no final das contas você vai me agradecer. Por hora, é só entrar no clima da coisa. – Disse, fazendo o outro torcer o nariz.

Estelar ficou em silêncio, enquanto olhava ao redor, batendo o pé impaciente por colocar logo em prática a idéia que acabara de ter. “O que será que ela está armando?” Se perguntou o auror curioso e apreensivo ao mesmo tempo. Assim que a menina achou que haviam pessoas o suficiente nos jardins, olhou séria para o seu irmão, lhe piscando significativamente.

- Mas que coisa Ted! – Gritou, parecendo realmente chateada. – Você é um saco! Me deixa em paz, eu não agüento mais você pegando no meu pé o tempo inteiro.

- Mas Estelar o que você...- Começou o rapaz, confuso e envergonhado por estarem chamando tanta atenção.

- Ah qual é!? – Gritou ela mais uma vez. “Qual parte de entrar no clima ele não entendeu!?” Perguntou-se em pensamento. – Eu não sou mais criança, não preciso de babá. – Completou, se virando rapidamente.

- Não tão rápido mocinha! – Falou Ted, segurando-a pelo braço, impedindo que a irmã se afastasse. – Você não vai fazer isso. – Ordenou, sem ter a menor idéia do que dizia, mas finalmente entendendo que o objetivo da menina, era provocar um briga na frente de todas aquelas pessoas, só faltava agora, descobrir por que.

- Você não manda em mim.- Esbravejou, puxando o braço que Ted segurava, enquanto empurrava-o com o que estava livre, para logo em seguida sair correndo.

- Estelar! – Chamou o rapaz de forma autoritária.

- Vai a merda! – Berrou, sem nem ao menos olhar para trás, passando apressada pelos outros estudantes que observavam curiosos toda a cena. “Cara, eu sou uma artista!” Pensou a Grifinória muito satisfeita consigo mesma, no entanto sem demonstrar.

Mais tarde, naquele mesmo dia, finalmente o auror entendeu o motivo de tanto escândalo por parte de sua irmã, quando foi convocado por seu superior, e informado de que agora em diante, não seria mais o responsável pela segurança da menina, á pedido do próprio pai. Ao saber disso, o rapaz teve que se controlar para não rir na frente do seu chefe, quando imaginou Estelar batendo pé e fazendo manha para o pai, parecendo uma criancinha chorona, só para conseguir o que queria. “Mas por que ela...” Começou a se perguntar ele em pensamento, entretanto sendo interrompido, quando o líder da segurança de Hogowarts voltou a falar.

- Quero que troque de lugar com o Senhor Willians. – Informou. – Assim evitamos misturar o pessoal com o profissional... Entendido Senhor Lupin?

- Sim senhor. – Concordou incrédulo.

Ainda meio atordoado, o rapaz se retirou da sala, esforçando-se para não sorrir bobamente, por saber que agora, seria ele quem acompanharia Malfoy, dando aos dois maiores oportunidades de ficarem juntos. “Menina esperta!” Pensou ele agradecido, se referindo a irmã, ao se lembrar que estavam às vésperas de mais um passeio para Hosgmead, depois de tantos meses.

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Sua respiração estava pesada e irregular devido ao cansaço, não sabia se ainda seria capaz de continuar, agora já sentindo os músculos de suas pernas doerem, conseqüência do esforço repetitivo de sua empreitada, que ainda parecia tão longe do fim... Olhando para cima, não conseguiu enxergar nada além de uma escadaria, que seguia sempre subindo e subindo. Por um momento, o garoto olhou para trás, se surpreendendo com o tamanho do caminho que já havia percorrido, no entanto, ao voltar o olhar para frente, um corvo, praticamente saído do nada, passou voando rente a sua cabeça, obrigando-o a se abaixar, e foi por pouco que o Grifinório, não se desequilibrou e caiu. “Caramba! Isso com certeza quebraria o meu pescoço...” Pensou, enquanto se recuperava do susto, olhando mais uma vez para a imensidão da escadaria, que tinha deixado para trás. Com um suspiro resignado, Gustavo recomeçou a subida, disposto a chegar ao topo, e por mais que não compreendesse o por que, sabia que algo importante o esperava lá em cima, por isso continuava.

Ele não poderia dizer quanto tempo estava fazendo aquilo, havia perdido a noção das horas, apenas seguia sempre em frente, subindo, e quando estava começando a pensar que nunca chegaria a lugar algum, avistou uma porta, era o fim da escadaria, tinha finalmente chegado onde tanto queria. Parou por um tempo no patamar, até recuperar o fôlego, e então passou pelos batentes, entrando na ampla sala.

- Eu conheço esse lugar... – Sussurrou.

Girou no eixo do próprio corpo, olhando ao redor, analisando todo o espaço onde se encontrava, e por um instante pode jurar que estava na torre do corujal, mas deixou de lado essa idéia, afinal, a sala estava completamente vazia e limpa... Chegou ao meio do cômodo a passos lentos, sentindo uma leve brisa balançar os seus cabelos, e quando pensou em chamar por alguém, a sala foi preenchida com o barulho de uma risada fina e estridente, quase infantil, fazendo com que o Grifinório reparasse no absoluto silêncio que existia até então.

- Você tem sorte... – Disse a voz feminina.

- O que!? Quem está aí? – Perguntou de forma imperativa.

- Hihihihihihi... Mas não se preocupe, no fim, você também vai perder. – Completou, ainda com o mesmo tom etéreo, com um toque levemente sádico.

- Malfatini!? – Estranhou o rapaz.

Não ouve resposta, e novamente o silêncio caiu, trazendo a Gustavo uma estranha sensação de perigo, por isso, ele procurou ansioso por sua varinha, sentido a antes brisa se transformar em uma forte ventania. Segurando firmemente aquele pedaço de madeira, ele olhou mais uma vez ao redor, procurando por qualquer sinal de perigo. Mas foi ao se virar para a porta, que o Grifinório sentiu o seu coração acelerar descompassado, ao ver Melanie apontando-lhe a varinha.

- Me desculpe... – Falou ela melancólica, enquanto grossas lágrimas escorriam de seus olhos.

- Mel... O que aconteceu? Por que está chorando? – Perguntou alarmado, abaixando a varinha.

Ele viu quando a menina abriu a boca e respondeu a sua pergunta, mas foi incapaz de ouvi-la, pois ao mesmo tempo, um grasnar estridente atingiu os seus ouvidos, machucando-os. E com as mãos em concha sobre as orelhas, sentindo sua cabeça latejar devido ao som alto, o rapaz viu quando um imenso corvo adentrou a sala voando, passando próximo a Lufa-lufa, balançando os seus cabelos coloridos, enquanto ela ainda falava, sem abaixar a varinha em nenhum momento. “Defenda-se” Uma voz nítida e imponente ressoou em sua mente, e abismado, ele assistiu Melanie lhe lançar um feitiço, que por pouco não o atingiu.

- Mel! – Gritou ele. – Mas o que...

A frase morreu em sua garganta quando o corvo pousou em seu ombro, cravando nele suas garras, e sentindo o próprio sangue escorrer em gotas, sem poder fazer nada para impedir, o Grifinório se viu erguendo novamente a mão com a varinha, produzindo um majestoso raio de luz esverdeada, que cortou o ar impiedoso, acertando em cheio o peita da garota.

- NÃO!! – Berrou Gustavo.

- Ei, cara. Tudo bem? – Perguntou o rapaz

Ainda ofegante Gustavo sentou-se, olhando ao redor assustado, sentindo seu coração acelerado, e mesmo aturdido, reconheceu os rostos dos seus colegas de quarto, e por fim onde estava, afinal, tudo havia sido apenas um sonho...

- Tudo bem... – Respondeu ele aéreo se livrando dos lençóis que o cobriam.

- Tem certeza? Você está pálido... - Quis saber um outro, vendo-o levantar de forma trôpega.

- Sim, estou ótimo. – Pontuou, ao mesmo tempo em que se trancava no banheiro.

O Grifinório abriu a torneira, deixando a água correr abundantemente, e distraído ainda gastou algum tempo observando-a, sem realmente ver, para por fim, enfiar a própria cabeça debaixo da água gelada, tentando livrar-se de vez da imagem assustadora de Melanie, com os olhos vidrados e sem vida. Suspirando pesadamente, o garoto se levantou, mirando a sua imagem no espelho, com os cabelos encharcados, pingando água. Passou a mão na franja, tirando os fios da testa, irritado consigo mesmo por ficar tão impressionado com um maldito sonho... No entanto, assim que completou o movimento com o braço, uma fisgada lhe chamou a atenção, e foi com ansiedade que ele retirou a camisa, revelando um leve ferimento no ombro direito, com pequenos furos, tingidos de vermelho sangue, como se uma ave de garras afiadas houvesse pousado ali.

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Fazia apenas alguns minutos que o dia tinha amanhecido, a grande maioria das pessoas do castelo, ainda dormiam, somente alguns poucos faziam questão de levantar cedo em pleno sábado... No salão comunal dividido pelas quatro garotas, juntamente com os aurores responsáveis por sua segurança, o clima era de amenidade, assim como no restante do colégio, naquela manhã de primavera.

- Hum... Bom dia! – Cumprimentou Estelar, assim que saiu de seu quarto.

- O que você faz acordada tão cedo? – Estranhou Ted, o único na sala.

- Hoje têm passeio pra Hogesmead. – Sorriu.

- Sei... E só por isso madrugou, logo você, que odeia acordar cedo!? O que está planejando fazer Estelar?

- Eu, planejando alguma coisa!? – Debochou a menina. – Como pode pensar algo assim? Irmãozinho, melhor do que ninguém, você sabe o quanto eu sou um exemplo de bom comportamento.

- Sei, sei... Hum, quer saber? Eu estou adorando não ser mais o responsável por você, assim não tenho que me preocupar com as idéias malucas que você inventa. Mas é melhor ficar esperta. Não vai ser tão fácil assim enganar o Willians. – Avisou o rapaz risonho. – Se bem que, eu vou adorar ver ele frustrar, mais uma vez, seja lá o que for, que você esteja pretendendo fazer.

- Eu vou dar um jeito no grandão dessa vez, sem problemas... – Afirmou confiante. – Então, o que está fazendo? Vai treinar? – Quis saber, vendo o irmão com roupas esportivas, enquanto segurava em uma das mãos um bastão em madeira. – Posso te acompanhar?

- Claro, pode sim. Mas eu não vou pegar leve com você, só porque é minha irmã... – Brincou, jogando para a garota o bastão que segurava.

- Feito. – Disse ela pegando o que lhe foi arremessado. - E eu prometo não deixar a sua cara mais feia do que já é... Afinal, não queremos correr o risco de você levar um chute da Sarah. – Piscou.

Ted sorriu, já havia se acostumado com as constantes piadas da irmã, a respeito do seu relacionamento com a Sonserina, que ainda continuava sendo algo escondido de todos, mesmo que Estelar tenha aconselhado o rapaz a fazer o contrário. Afinal, para ele, essa era uma situação bastante cômoda, porque o que menos estava disposto a fazer, no momento, era enfrentar o pai da Malfoy.

E como já estavam acostumados a fazer, Ted e Estelar, começaram uma série de movimentos, de ataque e defesa, utilizando os bastões como arma, tal qual o ex-grifinório tinha aprendido na academia de aurores, e que posteriormente ensinou para a menina, que afinal de contas, sempre teve um certo talento para esse tipo de exercício. No entanto, a seriedade do treino não perdurou por muito tempo... Assim que Ted desarmou a menina, ela subiu em um dos sofás espalhados pela sala, jogando-se em seguida sobre o rapaz, que se deixou cair ao chão, onde ambos, feito duas crianças, iniciaram a brincadeira que mais costumava irritar o pai deles. Brincar de “lutinha”, não era exatamente o que o professor Lupin poderia considerar algo saudável, afinal, um dos dois sempre acabava saindo machucado.

- Pede clemência! – Falou Ted rindo, sentado sobre os joelhos da garota, enquanto lhe fazia cócegas.

- Não mesmo... – Respondeu a menina, sem fôlego.

- Pare de ser orgulhosa Estelar, você perdeu essa, se rende.

- Nunca. – Pontuou com a voz engasgada, já chorando de tanto rir.

- Aé, então eu vou...

- Mas que gracinha. – Cortou Sarah debochada, parada na porta de seu quarto, fazendo com que Ted se levantasse depressa, com os cabelos avermelhados, como se tivesse sido flagrado fazendo algo de errado. – Vocês estão parecendo duas crianças, por acaso não têm vergonha de se comportarem desse jeito? É totalmente ridículo como...

- Saraaaah... – Gritou Estelar correndo na direção da Sonserina, que sem tempo de reagir foi jogada ao chão com estrépito, quando a menina pulou em cima dela.

- Sai de cima Lupin. – Exasperou-se.

- Bom dia para você também cunhada. – Brincou. – E pare de agir como uma velha ranzinza, ou vai acabar ficando com a cara cheia de rugas. – Completou, enquanto beliscava as bochechas da outra.

- Já chega Estelar, deixa ela em paz. – Interferiu Ted, puxando a irmã. – Você está bem Sarah? – Perguntou lhe oferecendo a mão.

- Estou ótima. – Taxou mal humorada, ignorando a mão estendida do rapaz, levantando-se sozinha, para em seguida sair da sala, batendo a porta.

- Ih, Ted... Eu acho melhor você ir atrás dela. – Falou a Grifinória.

Com uma careta de reprovação para a irmã, o auror saiu da sala apressado, pedindo mentalmente para que a Sarah não estivesse muito chateada, afinal, tudo não passava de uma simples brincadeira. “Tomara que eles não briguem...” Pensou Estelar, se virando para sair, mas parando, assim que deu de frente com Pietro.

- Não é apropriado que você fique aqui na sala comum, vestida desse jeito. – Reprovou ele, encarando a garota, que ainda estava vestida com roupas de dormir, apenas com um roupão jogado por cima.

- Então porque não para de olhar!? – Respondeu ela em tom casual, voltando para o quarto, deixando-o sozinho.

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- Ei Sarah! – Chamou Ted, vendo a menina mais a frente. – Sarah.

- O quê? – Respondeu ríspida, se virando para o outro.

- Você ficou brava? Com aquilo? Era só...

- Uma brincadeira... É eu sei. Esquece. – Falou a menina de forma desinteressada.

O rapaz ficou observando a outra por um tempo. Não conseguiria dizer se essa estava mesmo brava ou não.

- O que foi?

- Nada, eu só não quero que você fique assim... – Falou o ex-grifinório, se aproximando da menina, sua intenção era beijá-la.

- Sarah?

Imediatamente os dois se afastaram, olhando para quem os interrompera. Ted olhou com curiosidade beirando a irritação para o Sonserino que os olhava.

- Hum... Oi Nott. – A Sonserina olhou desconcertada para o garoto.

- As garotas falaram que você não estava mais lá no dormitório... Eu estava te procurando... – Falou alheio ao que o casal a sua frente, estaria fazendo.

- Er... É. Eu agora tenho que dividir um salão comum com mais três meninas... – Respondeu de forma simples.

- Por causa dos sonhos?

- É...

Ted olhou para o Sonserino que ela chamara de Nott, e definitivamente não gostou do jeito com que ele olhava para Sarah.

- Então, vamos? – Falou o Sonserino, sorrindo para a outra.

- Onde?

- Hoje é dia de visita a Hogsmeade, pensei que podíamos ir juntos, já que você tem que ficar enfiada naquele dormitório, achei que você merecia se divertir um pouco... – Falou colocando a mão no ombro dela.

- Não... Nott, menos. Bem menos... – Respondeu retirando a mão de seu ombro.

- É Nott, bem menos. – Falou Ted, se aproximando mais da menina, olhando sério para o outro.

- E você é... – Falou Nott, só agora reparando na presença de Ted.

- Ted Lupin. Auror responsável pela senhorita Malfoy. – Respondeu, endireitando sua postura.

- Hum... – Foi a única coisa que ele disse, encarando o outro com desdém.

- Então Nott, acho melhor não. Eu nem sei se vou até o vilarejo, a gente se vê durante as aulas ok? – A menina queria muito que o Sonserino fosse embora.

- Hum... Tá bom. – Respondeu, era visível o seu descontentamento, mas ainda assim, ele se virou e saiu.

- Abusado esse seu amigo hein?

- Ele não é abusado...

- Não? Cheio de gracinhas... Te convidando para ir a Hogsmeade... – Reclamou o auror, visivelmente enciumado.

- E daí? Se você não reparou, para o resto do mundo, eu sou solteira, livre, leve e solta... – Alfinetou a garota, olhando de soslaio para Ted.

- Sarah... – Disse tentando assimilar o real sentido do comentário da garota. – Sarah, você sabe...

- É Ted, eu sei... Eu sei... – Respondeu sem muito interesse, saindo do corredor, deixando o auror, preocupado com o que se passava na mente da Sonserina.

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De volta ao salão comunal, Kayla agora também acordada, estava sentada a uma das mesas da sala, onde haviam muitos livros espalhados, que ela consultava regularmente, enquanto escrevia furiosamente em um pergaminho, concentrada em sua tarefa. No entanto, o som de uma das portas sendo aberta lhe chamou a atenção.

- Nossa nem... Como você está bonita. – Sorriu a Corvinal.

- Ah, obrigada. – Respondeu igualmente risonha.

– Aonde vai vestida desse jeito? – Perguntou, avaliando o vestido florido que a outra usava.

- Como assim para onde eu vou? – Falou Estelar. – Hoje tem passeio para Hogsmead, esqueceu?

- Ah, verdade, eu nem tinha me ligado nisso... Mas eu também não posso ir, tenho um monte de dever para fazer. – Explicou. – Você já fez os seus?

- Que nada, eu sempre acabo deixando para a última hora... Mas eu é que não vou ficar aqui trancada, e perder esse sol bonito que está fazendo lá fora. Deixa o dever para depois Kayla, e vem comigo para Hogsmead.

- Não posso... – Suspirou. – Mas já que eu vou ficar aqui, posso dar uma adiantada nas suas tarefas, se você quiser.

- Tá brincando? – Surpreendeu-se.

- Não, to falando sério. Não custa nada...

- Oh, obrigada, você é um amor Kayla! – Tornou abraçando-a. – Pode pegar as coisas lá no meu quarto. Valeu mesmo! Bom, eu vou indo, trago alguma coisa para você da “Dedos-de-mel”.

As garotas despediram-se, e a Grifinória saiu, ganhando rapidamente os corredores do castelo, com Pietro Willians invariavelmente, logo atrás, sempre atento aos seus passos.

- Ei, Estelar! – Chamou.

- Ah, oi Gustavo. – Cumprimentou. – Hum... Você está meio pálido, aconteceu alguma coisa? – Quis saber preocupada.

- Não, não aconteceu nada. Você viu a Mel? – Disse apressado.

- A Melanie ainda está dormindo, mas posso chamar ela pra você. Te falaria para ir lá, mas a minha sombra ali, não vai deixar. – Concluiu indicando Willians parado a alguns passos deles.

- Tá ok. Eu falo com ela depois então.

- Certo. Até mais tarde.

- Até. – Despediu-se ele, acenando, já se virando para ir embora.

- Ele está estranho... – Comentou a garota em voz alta. – Você não acha? – Quis saber, dirigindo-se ao auror que lhe acompanhava.

- E como é que eu vou saber de algo assim? – Retrucou secamente.

- Nossa, quanta falta de gentileza... Vem, querido. – Falou ela, segurando em um dos braços do homem. – Eu te pago uma cerveja amanteigada, e quem sabe você não coloca um sorriso nesse seu rosto.

- Eu estou a serviço e não a passeio... Essa não é uma conduta adequada! – Respondeu, soltando o braço das mãos da garota. – Anda, vai indo na frente. – Ordenou sério, empurrando-a pelos ombros.

“Qual é o problema com esse cara? Ele nunca sorri, tá sempre de cara amarrada! Todos os outros são pelo menos simpáticos... Tsc, tô começando a me arrepender de ter trocado com a Sarah...”. Pensou a menina insatisfeita, enquanto rumava para fora do castelo.

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- Ei, Senhorita Belford! Vá mais devagar, não precisa correr tanto. – Falou Andrew, seguindo a Lufa-lufa que ia à frente.

“Droga, eu dormi demais. Estou atrasada!” Pensava a garota, enquanto continuava correndo pelos corredores, até que, quase sem fôlego, chegou onde ficavam as carruagens, agora restando apenas algumas poucas, sendo essas as que levariam os últimos alunos até Hogsmead. Olhando para os lados, ela procurava por Gustavo, seu namorado, com quem havia marcado de se encontrar ali, cerca de quase duas horas atrás. “Eu não acredito... Será que ela já foi?” Preocupou-se. “Tomara que ele não...”.

- Mel! – Alguém chamou, interrompendo a sua linha de raciocínio, o que não a incomodou, afinal, conhecia muito bem o dono daquela voz.

Assim que a garota se virou na direção de quem a chamava, imediatamente, braços fortes a envolveram, tomando os seus lábios em um beijo arrebatador, roubando-lhe o pouco ar que restava, depois de sua corrida desenfreada até ali. Era bem verdade, que o namoro entre Melanie e Gustavo era um tanto quanto morno, sem volúpia, o rapaz era respeitoso demais, o que por vezes irritava a Lufa-lufa. No entanto, naquele momento, ela podia jurar que o dia tinha ficado repentinamente mais quente, e assim que o Grifinório se afastou, a menina precisou ainda de alguns segundos, até sentir que o mundo havia parado de girar tão rápido.

- Eu te amo! – Sussurrou o rapaz, com a testa encostada a da namorada.

- O que!? – Surpreendeu-se ela, sentindo as batidas do seu coração passarem para um ritmo acelerado.

- Nada. – Pontuou. – Deixa pra lá...

- Ah...

Olhando para os lados, decepcionada, a garota ficou se perguntando desde de quando tinha se deixado envolver daquela forma, e foi por pouco que não repetiu o que ele havia acabado de falar, talvez devesse, mas não tinha certeza, por que ele voltou atrás? Suspirando pesadamente ela voltou a encará-lo, notando o quanto o tranqüilo rapaz parecia inquieto.

- Gustavo você está bem? – Estranhou a garota. – Eu nunca te vi tão agitado. – Completou com uma expressão preocupada.

- Estou bem sim, só estava pensando que talvez, fosse melhor ficar no castelo hoje, sabe. – Falou, tentando ao máximo manter a calma. – Não temos nada para fazer em Hogsmead, e também eu não acho seguro sair daqui depois de tudo o que aconteceu.

- Seguro? O que você quer dizer com isso?

- Olha, esquece o que eu falei...- Suspirou. – Só vamos ficar aqui, eu e você, por favor. – Pediu ele.

- Tudo bem! Ficamos aqui então. – Sorriu. – Ah, Gustavo. – Chamou, segurando o rosto do Grifinório entre suas mãos, olhando-o diretamente nos olhos. – Você sabe que pode me contar qualquer coisa, não é!?

- É, eu sei. – Tornou abraçando-a. – Mas não se preocupe, não existe nada que eu... Hum! – Gemeu assim que Melanie apoiou a mão em seu ombro direito.

- O que foi? – Quis saber alarmada.

- Nada não. – Respondeu endireitando a postura. – Acho que dormi de mau jeito, foi só. Vem, vamos para o salão comunal. – Desconversou. – Aposto que você acordou atrasada e veio direto pra cá, sem tomar café.

- Como você adivinhou!? – Disse a menina fingindo surpresa.

De mão dadas, eles se viraram e voltaram para o castelo, bem na hora em que partia a última carruagem para o vilarejo. Aliviado, Gustavo levava a menina para o lugar que considerava ser o mais seguro, mesmo depois do incidente do baile, afinal, agora existiam ali profissionais, que ele tinha certeza de serem capazes de evitar qualquer tipo de ataque, caso fosse necessário. No entanto, já não poderia dizer o mesmo de Andrew Shaw, que deixava clara toda a sua imaturidade, por isso o Grifinório preferiu ficar, pois sabia que ali Melanie estaria à salva. “Até mesmo de mim...”. Pensou ele melancólico, ao se lembrar mais uma vez do pesadelo daquela madrugada.

- E aí Shaw! – Cumprimentou o rapaz ao passar pelo auror, parado próximo da saída do colégio.

- Ué, porque estão voltando? – Perguntou confuso. – Não vão mais para Hogsmead?

- Não, nós vamos ficar. – Tornou Gustavo.

- Ah... – Foi tudo que Andrew conseguiu responder, entretanto sem esconder a sua decepção.

--

O antes vilarejo de Hogsmeade, agora era uma agitada cidadezinha, cheia de casas e lojas, sempre movimentadas, principalmente em dias como aqueles, quando os estudantes de Hogwarts tinham a permissão para deixarem o colégio. De um lado a outro das ruas, os alunos caminhavam em grupos animados, cheios de sacolas de compras, que vinham principalmente das lojas “Dedos-de-mel” e “Gemialidades Weasley´s”. Durante os anos, muitos outros estabelecimentos, bares e restaurantes, foram inaugurados ali, entretanto, os antigos e tradicionais tal como o “Três vassouras”, ainda eram os mais concorridos.

Dentro da famosa taberna, Ted e Sarah, estavam sentados em uma das mesas mais afastadas, conversando alheios ao falatório das outras pessoas.

- Sarah, você tem certeza? – Falou o rapaz inseguro.

- Ted, eu já disse... Vai ficar me amolando com isso agora?

- Mas é que...

- Mas é o que? Foi pelo que a sua irmã disse? Deixa isso pra lá, o que a Estelar diz, só se aplica a ela... Quanto à hoje de manhã, eu já disse que aquilo foi só uma brincadeira... Não preciso que todos saibam o que está acontecendo entre a gente, o que me é importante, eu já tenho. – Concluiu, olhando no fundo dos olhos de Ted.

- Sarah, eu... - Começou a dizer o rapaz, segurando uma das mãos da menina a sua frente, mas ao ouvir o som alto da voz da irmã, distraiu-se. Ele olhou para os lados, até encontrá-la sentada à uma mesa localizada no centro do salão, junto com uma turma de pessoas, sendo eles, os principais responsáveis pela barulheira do lugar.

- Sarah... Eu acho melhor irmos para outro lugar. – Falou.

- TED!! – Chamou a menina.

- Tarde demais... – Comentou a Sonserina.

- Oi gente! Ui, desculpe. – Disse ao esbarrar em uma cadeira. - Tudo certinho? – Cumprimentou.

- Por que você está falando desse jeito Estelar? O que você está bebendo? – Questionou Ted sério, ao reparar na fala mole da Grifinória. – Onde está o Willians?

- Ah, é só contar até três que ele... Ih, tá vendo!? Ô ele aí ô. – Tornou apontando para o rapaz que parava junto a eles.

- Droga Pietro! Eu não acredito que você deixou ela beber desse jeito. – Exasperou-se o ex-grifinório.

- Do que você está falando? – Perguntou de forma indiferente.

- Ora, disso! – Taxou, estendendo à frente do auror, a caneca que retirou das mãos da menina. – Isso aqui é Wisck de fogo.

- Impossível! Vi quando ela pegou cerveja amanteigada e... Merda! – Resmungou ao provar a bebida.

- Como é que você deixou ela te enganar desse jeito? – Continuou a reclamar Ted. – Achei que fosse mais esper...

- É melhor não completar essa frase Lupin. – Ameaçou. – Além do mais, essa garota já é normalmente alterada, logo não tinha como perceber a diferença...

- Ei Sarah, eu acho que ele tá me ofendendo... – Cochichou Estelar, próxima ao ouvido da outra, e mesmo reprovando a atitude da Grifinória, nesse momento, Sarah foi incapaz de conter o riso de deboche que se formou.

- É o seu trabalho vigiá-la, você deveria...

- Meu trabalho!? Não confunda as coisas... Sou auror e não babá! Se a sua irmã é capaz de fazer algo assim, a falha não é minha, e sim da sua educação. – Pontuou.

- Eu não vou aceitar que você ofenda a minha família Willians! – Exaltou-se Ted.

- Ah, por Merlin! Vocês são dois chatos certinhos e caretas, to de saco cheio disso... – Reclamou Estelar, chamando a atenção de ambos para si. – Vem Sarah, me acompanha até o banheiro. – Chamou, no entanto, já arrastando a menina, sem dar-lhe a chance de protestar, deixando para trás os dois aurores, que continuavam a trocar farpas.

Assim que entraram no banheiro, Sarah se soltou da outra, visivelmente insatisfeita, deixando que a Grifinória se sentasse no chão, sem se importar.

- Você é uma vergonha, sabia!? Se não agüenta beber, não deveria nem começar...

- Ah, fala sério! Eu já estou cheia dessa merda... Não agüento mais esse encosto do Pietro, grudado em mim o tempo todo. Ele só atrasa o meu lado!

- E encher a cara é realmente, uma ótima opção de se resolver as coisas...

- Pelo menos assim fica tudo mais engraçado. – Sorriu.

- Quer saber!? Eu deveria deixar você aqui sozinha, aliais é isso que eu vou fazer. Nem sei porque estou perdendo o meu tempo aqui, por que você não...

- Ih cacete! Eu to muito bêbada. – Cortou a outra.

- Sério!? E você só reparou agora? – Ironizou.

- É sim, to muito doida... To até vendo a Sophie. – Completou apontando para uma das janelas.

Sarah teria retrucado, mas ao se virar, também pode ver a Corvinal do lado de fora da janela, às olhando com o seu costumeiro risinho estampado no rosto. Surpresa e intrigada, a Sonserina se adiantou, indo até a janela, assim que Sophie se afastou, tendo tempo de ver a menina andando calmamente, em meio aos pulinhos, rumo a saída da pequena cidade.

- Vamos atrás dela! – Disse Estelar ao seu lado, assustando-a.

- Ficou doida!? Nós não...

- Ah, dá um tempo! Sai da frente.

A Grifinória empurrou Sarah para o lado, para em seguida subir em uma das pias, pulando a janela logo depois, indo cair sentada do lado de fora.

- Nossa, que doidera... Tá tudo rodando. – Comentou aérea, enquanto tentava se levantar.

- Tenho certeza que vou me arrepender disso mais tarde. – Afirmou Malfoy, ao também chegar do lado de fora. – Anda, levanta daí, ou nós não vamos alcançar a Malfatine.

- Ah, oi Sarah. – Sorriu.

Rolando os olhos, a Sonserina sacou a varinha, movimentando-a rapidamente, produzindo uma luz lilás que atingiu em cheio a testa da outra, que voltou a cair sentada.

- Ei, por que você fez isso? – Reclamou.

- Porque você estava bêbada, e desse jeito não iria servir pra nada, não que vá fazer alguma diferença agora, mas pelo menos está sóbria.

- Muito gentil da sua parte cunhadinha... – Resmungou, fazendo a outra torcer o nariz.

A sonserina não respondeu, apenas se dirigiu para onde Sophie rumara, com Estelar vindo logo atrás.

- Ei Sarah, pra onde será que ela ta indo? Será que é para Hogwarts?

- Não sei... Mas aquele caminho... Acho que ela tá indo para a casa dos gritos...

E de fato, foi para a casa dos gritos que o caminho percorrido pela Corvinal as levou, onde paradas mais atrás, mantendo uma distância segura, as duas puderam ver a menina até então desaparecida entrar na casa, sorrateira, fechando a porta em seguida.

- Merda! E agora? A gente segue ela? – Falou Sarah, olhando para a outra.

- Claro!

- Espera! – A Sonserina impediu a outra, puxando-a pelo braço. – E se ela não estiver sozinha? E se os que mataram o Dragon estiverem lá?

- A gente bate neles!

Sarah revirou os olhos, mas não recuou, entrariam lá, não iria perder a oportunidade de falar com Sophie.

- Ok, Lupin, mas vamos fazer isso de forma sensata.

- Tá bom... – Respondeu um tanto descontente.

Elas caminharam tentando ao máximo não chamar a atenção de ninguém, chegando de fato a entrada da casa dos gritos. Com cautela, adentraram a casa, olhando os primeiros cômodos, constatando que não havia ninguém.

- Para onde ela foi? – Sussurrou Estelar, olhando ao redor, tentando ouvir algo.

- Não sei... Talvez ela tenha ido para Hogwarts... – Respondeu a outra no mesmo tom.

- Não vamos perder tempo, eu não a sinto aqui. Vamos para o colégio então.

- Tudo bem.

- Ei! – Falou alguém atrás das meninas.

Quando as duas se viraram, com as varinhas em punho, se depararam com o professor Daniel Power olhando-as curioso.

- O que vocês estão fazendo aqui? – Perguntou olhando delas para as varinhas.

- Professor? – Estelar olhou desconfiada para o homem.

- Nós vimos a Sophie Malfatini entrando aqui! – Explicou a Sonserina, urgente.

- Como? – Falou, abaixando as varinhas delas.

- É! A Sophie! Que sumiu do hospital! – Concluiu Estelar.

Power olhou intrigado para as meninas, estava estampado na cara dele, a descrença nas palavras delas.

- Meninas, vocês não deviam estar aqui. Onde estão os aurores que acompanham vocês? – Perguntou, pegando-as pelo braço, para levá-las para fora.

- Não! Ela entrou aqui! Só Merlin sabe quando nós vamos encontrá-la novamente! – Gritou a Grifinória. – Me larga! – Ela se debateu com violência, tentando se livrar do professor, que com dificuldade de segurá-las, uma vez que as duas agora se debatiam, as soltou.

- Vocês não estão pensando com clareza! – Gritou ele. – Não tem Sophie nenhuma aqui!

- Claro que tem! Ela entrou aqui! – Esbravejou Estelar, olhando para os lados. – E ela vai fugir!

Com esforço, usando seus instintos lupinos, ela ouviu algo vindo de um cômodo da parte de acima da casa, e sem pensar duas vezes, correu. Sarah olhou para a garota, mas correu também, ela poderia ter visto ou ouvido algo.

- Voltem aqui! – Gritou Daniel correndo também.

Estelar subiu um nível, chegando ao segundo andar, onde ficavam os quartos, alguns com as portas entre abertas, outros com as portas caídas, mas a menina rumou para uma, ao fim do corredor. A única fechada. Uma luz esverdeada saída pelas frestas da porta, e ao ver isso, Sarah parou imediatamente, aquela luz, era idêntica ao seu sonho.

- Sarah? O que foi?! – Gritou a outra, ao vê-la parada. No momento no que elas pararam, o professor as alcançou.

- Vamos volt... – Ele não completou a frase, havia parado, olhando fixamente para a porta. Ignorando as garotas, ele caminhou, parando diante dela, e lentamente ergueu sua mão, fixando-a na maçaneta, a qual girou rapidamente. Um clic foi ouvido, e lentamente a porta foi se abrindo.

- Não! – A Sonserina gritou, desabando no chão.

Estelar olhava curiosa, esperando o que veria detrás daquela porta.

- Isso é um sonho! Isso é um sonho! NÃO É REAL! – Sarah gritava, com as mãos pressionadas contra a própria cabeça, parecia que a menina estava surtando.

A outra tentou correr até ela, no entanto assim que se virou, Estelar ouviu a porta se fechando. Quando voltou a olhar na direção da porta, reparou que o professor já não estava mais lá, ele havia passado pela porta, e se fechado lá dentro. Indecisa se ia atrás do professor ou até Sarah, ela ponderou por um tempo, mas decidiu socorrer a outra, pois essa gritava como se estivesse sob tortura.

A Grifinória se abaixou frente a outra, segurando-a em seus braços, tentando desesperadamente acalmá-la, sem se importar com a intensidade absurda dos gritos que Sarah dava próximo aos seus ouvidos. Por um momento, Estelar apostou que alguém ouviria lá de fora, mas não poderia contar com isso, por isso tentou falar, sacudir, e até gritar, tudo para trazer a outra de volta a razão, mas nada parecia surtir efeito. Decidida, a menina se levantou, deixando Sarah cuidadosamente encostada a parede, tinha que tirá-la dali, mas para isso precisaria da ajuda do professor, por isso pegou sua varinha e rumou até a porta.

Tentou a maçaneta, mas ela não abriu, fez força, e nada. Começou a se irritar, e com isso tentou o feitiço que abria trancas. Mas nada aconteceu. Esmurrou a porta, chutou, gritou, e nada aconteceu. Tomada pela urgência, ela se afastou, pronta para lançar um Bombarda na porta, mas não foi necessário, já que a mesma se abriu... Daniel saiu de lá, com o cabelo jogado no rosto, desalinhado, sua varinha estava em mãos, e rapidamente a ergueu, lançando um feitiço impronunciado que passou de raspão no braço da grifinória.

A menina ia esbravejar, mas não teve tempo, pois o homem já investia contra ela, lançando outros feitiços, ela começou a correr, indo até Sarah para puxá-la, essa que havia se calado quando Daniel aparecera. Porém enquanto corria, a Grifinória começou a se sentir zonza, um cheiro forte emanava do quarto, era um cheiro que ela conhecia de algum lugar... Sua cabeça começou a latejar de forma insuportável, e tentando inutilmente se manter em pé, se encostou a parede, por onde escorregou indo, finalmente, de encontro ao chão. O professor arfava, e de forma débil, ergueu a varinha, mirando na menina.

- Não! Eu não sou igual a você! – Gritou Sarah, se levantando rapidamente. A garota lançou um feitiço em direção ao professor. - SERPENSORTIA! – Uma enorme cobra foi em direção ao homem, se enrolando ao seu corpo.

Toda a gritaria, somada a adrenalina e ainda com aquele cheiro forte que incomodava as suas narinas, tudo, tudo estava ecoando por seu corpo, fazendo parecer que havia alguém martelando sua cabeça... A menina estremeceu, sem poder se controlar, já não era mais capaz de dominar suas ações, mesmo que quisesse.

A cobra apertava com intensidade o corpo do professor, iria começar a quebrar seus ossos em breve, mas não o fez, o feitiço simplesmente se desfez, transformando-a em fumaça... O urro da Grifinória sobrepôs qualquer outro barulho, chamando a atenção para si, mostrando a todos suas pupilas dilatadas. Ela se ergueu, rangendo os dentes, e sem hesitar se lançou encima do homem, sentindo uma raiva incontrolável. Estelar não havia se transformado em lobisomem, mas agia como tal, mordeu o braço do professor com vontade, esse que inutilmente, se debatia tentando se soltar.

- EXPELLIARMUS! – Gritou a Sonserina, quando o Daniel ergueu a varinha para atingir Estelar. A menina também arfava, porém um sorriso de satisfação pairava em seu rosto. – ESTU...

- EXPELLIARMUS! – Gritou alguém atrás delas, desarmando Sarah.

A menina foi imobilizada por braços firmes, por mais que ela se debatesse, não conseguia se soltar. Mais outros dois homens passaram por eles, indo até Estelar que ainda mordia Daniel, e com muita dificuldade, conseguiram retirar a menina de cima do professor, que tinha o braço ensangüentado.

- Senhoritas Lupin e Malfoy! O que está acontecendo aqui? – Gritou Mcgonagall quando as duas foram arrastadas para fora da casa dos gritos. – Por Merlin! – Exclamou, quando viu o braço do professor Power.

- É ele! É ele! – Gritava Sarah descontrolada, sendo firmemente segurada por seu pai.

Já Estelar, que estava mais para o lado, mantinha-se agachada ao chão, quieta, com Lupin ao seu lado, aparando-a.

As garotas não haviam percebido, mas quase uma hora completa havia se passado desde que elas entraram no banheiro do três vassouras... Quando os dois aurores deram por falta delas, e não as encontraram no banheiro, fizeram uso do feitiço de rastreamento posto em ambas, porém quando eles chegaram à casa dos gritos, essa se encontrava selada de tal forma que nem mesmo os dois juntos conseguiram abrir, e não restando outra opção, se viram obrigados a soar o alarme, chamando reforço, e somente após a união de alguns professores mais os aurores, que fora possível entrar na casa, fazendo com que se deparassem com as duas alunas atacando o professor.

- Que estranho. – Cochichou Neville para Hermione, eles estavam mais atrás, o professor fazia um curativo no braço de Daniel. – A Estelar está muito calada, e a Sarah não para de falar... Nem parecem elas! – Observou, fazendo com que a professora as olhasse, também estranhando o comportamento de ambas. Realmente, não pareciam elas...

- Me digam como isso aconteceu? – Perguntou Mcgonagall.

Assim que o local foi vistoriado, as garotas foram levadas para o castelo, por mais que Sarah esbravejasse que Sophie entrara na casa, nada fora encontrado. Nem sinal da menina, muito menos da tal luz esverdeada. Já Estelar estranhamente quieta, respondia somente quando lhe perguntavam algo, concordando sempre com tudo o que a outra falava, caso contrário, sequer abria a boca.

--

Já na sala da diretora, onde todos os envolvidos, incluindo alguns professores e aurores, se reuniam, o clima era de apreensão, pois mesmo agora, após alguns longos minutos de discussão, e principalmente repreensão á cerca da vigília falha dos aurores Lupin e Willians, as pessoas continuavam alteradas... E mais uma vez, mantendo a sua versão dos fatos as meninas, acompanhadas de seus pais, relatavam o que haviam vivenciado, e agora ao que parecia, suas personalidades haviam voltado ao normal, o que só aumentava o estranhamento daqueles que as observavam.

- Eu já disse! Ele nos atacou! Fez alguma coisa com a gente! – Acusou Estelar, de forma urgente, sem fazer a mínima questão de esconder toda a sua antipatia.

- Lupin. Você estava bêbada. Como você pode afirmar isso? – Questionou Pietro Willians de extremo mau humor.

Ted ia responder a isso, mas parou quando Sarah se manifestou.

- Eu já disse que fiz um feitiço para deixá-la sóbria! – Argumentou também de péssimo humor.

- Onde vocês estavam que não fizeram nada! Isso é inadmissível! – Gritou Draco Malfoy pela quarta vez só naquela última hora.

- Malfoy! Não recomece essa discussão! – Falou Mcgonagall, que por mais que concordasse que fora irresponsabilidade dos aurores tinha consciência que do jeito que Draco estava, só iria arrumar mais problemas.

- Mas ele nos atacou primeiro! Só nos defendemos... Aquele cheiro! Eu sempre soube que ele... – As palavras de Estelar sumiram em meio à gritaria.

Novamente a confusão se instalava na sala, eles não haviam conseguido ter uma conversa, só discutiam, cada um com seus argumentos, sem se importar com os outros.

- Diretora. – Falou Daniel entrando na sala. Imediatamente a balburdia parou, as duas meninas olharam fixamente para ele.

- Professor Power, acho que o senhor talvez possa nos esclarecer alguns pontos...

- Olha, eu estou disposto a não levar isso a diante, sei que elas estavam abaladas, não imagino que as duas tenham me atacado com essa intenção. Então vamos esquecer isso. – Falou calmamente, sorrindo para a diretora, que lhe retribuiu com um singelo aceno de cabeça.

As duas garota se olharam, descrentes com o discurso dissimulado do professor. Ele fizera parecer que elas eram as culpadas, e não o contrário. “Pro inferno você, e toda essa sua maldita educação Power...” Cochichou a Grifinória, que prontamente recebeu um olhar de reprovação de seu pai, que na verdade estava agradecido, pois nada o preocupava mais do que a repercussão negativa que aquele ataque poderia ter para Estelar.

Malfoy olhou o professor de cima a baixo, com desdém, ao que parecia, assim como as meninas, ele também questionava essa posição benévola do homem.

--

- Hurg! Eu não acredito que ele acabou saindo como a vítima! – Reclamou Estelar, andando de um lado para o outro, visivelmente contrariada.

A notícia já havia se espalhado, na segunda feira, toda Hogwarts já sabia do ataque ao professor. Porém o que mais irritava a menina, era o fato de que a versão de Power fosse a espalhada, e não a verdadeira, a que ela, junto com Sarah, haviam vivido.

- Mas Estelar, do jeito que ele contou a história, e do jeito que ele voltou... Parecia mesmo que vocês tinham atacado ele...

- Ah qual é Mel!? – Exasperou-se. – Eu já te contei a história! Ele atacou a gente primeiro!

- Já chega Lupin! – Interferiu Willians. – Chega desse assunto, afinal, vocês deveriam era ficarem agradecidas, por não serem denunciadas ao ministério.

- Não se mete na conversa, porque eu não estou falando com você! – Tornou a menina de forma malcriada.

- Vem Estelar, vamos para o quarto. – Chamou Melanie, realmente disposta a impedir mais uma discussão entre o auror e a amiga.

- Mas que merda! Como é que pode uma coisa dessas? – Resmungava a Grifinória, seguindo a outra, porém a passos lentos, sem a menor pressa. – O cara arma direitinho pra mim e pra Sarah, e sai por aí, como se fosse um santo... Eu disse para você, não foi!? Sabia que tinha algo de estranho com ele! Você precisava ter visto, a Sarah pirou quando ele... Espera! Cadê a Sarah? – Falou olhando ao redor. - Ted, onde a Sarah está? – Perguntou ao seu irmão, que estava sentado perto da lareira.

- O Malfoy a levou. – Disse, sem muita emoção, após alguns segundos, saindo de seus pensamentos.

- Pra onde?

- Não sei... Ele só disse que ia fazer o que os aurores do ministério não eram capazes de fazer... – Respondeu dando de ombros, visivelmente chateado.

A Grifinória olhou seu irmão por um tempo, mas logo se voltou para a outra, seguindo-a, entrando finalmente no quarto que dividiam, onde narrou pela décima vez o que havia acontecido na casa dos gritos, sendo ouvida também por Kayla, que havia entrado no quarto junto com elas.

Enquanto isso, em uma outra parte inespecifica do castelo, pai e filha mantinham um “bate-boca” ferrenho, onde nenhum dos dois estava disposto a ceder, por mais que toda aquela situação, já se estendesse por alguns bons minutos, enquanto se encaminhavam para as masmorras.

- Sarah, você vai aprender sim! – Taxou.

- Mas pai...

- Sem mais! – Esbravejou Draco, puxando a filha pelo braço, corredor a fora.

Malfoy sabia que aqueles fatos estavam ligados a feitiços metais, primeiro os sonhos, depois o ataque a Daniel... Para ele, tudo se encaixava, era apenas uma questão raciocínio por isso, sua intenção era ensinar a sua filha como se proteger desses ataques, nem que fosse na marra, já que o ministério e seus aurores incompetentes, eram incapazes de fazê-lo.

- Para pai! Isso não é justo! – Resmungou a Sonserina.

- Malfoy o que está acontecendo?

Se Draco não parasse, derrubaria Hermione Granger que estava vindo na direção contraria.

- Não é da sua conta Granger. – Falou ríspido, passando pela professora, puxando a filha, que protestava avidamente.

- Solte-a Malfoy! Você esta machucando sua filha!

- Já disse que isso não é da sua conta! – Gritou nervoso, se virando para a mulher.

- Solte-a! O que você vai fazer com ela? – Disse enfrentando o olhar ameaçador do outro.

- Ele quer que eu aprenda oclumência! Mas eu não quero fazer isso sozinha! Ele só quer ensinar para mim! – Gritou Sarah, olhando para a professora, como se pedisse ajuda.

Hermione olhou para a menina, porém rapidamente desviou seu olhar para Malfoy, descrente do que ouvia.

- Você pretendia ensinar oclumência só para a sua filha? Como você pode ser tão egoísta?! – Esbravejou puxando Sarah das mãos dele.

- Egoísta? Eu só estou cuidando do que é meu! – Gritou, tentando pegar a menina novamente, porém essa estava atrás da professora, o que dificultava para Draco.

- Você sabe melhor que ninguém que esses ataques mentais são muito perigosos! Como você pode escolher ensinar só a sua filha a se defender? E deixar outras três meninas correndo perigo?!

- Não me interessa! Que cada um cuide de seus filhos!

- E como pais trouxas podem oferecer esse tipo de cuidado?! Só por elas não terem um pai que domine oclumência, elas merecem serem discriminadas? Não! Você como professor devia perceber que é seu dever ensiná-las! – Hermione não acreditava no que o professor estava dizendo. Era desumano. – Como pai, você devia saber o quanto é doloroso ter um filho machucado! Você sabe disso! E mesmo assim, é incapaz de se sensibilizar com isso? Você é um monstro!

- Eu não sou um monstro. – Pontuou sério.

- Você parece seu pai. Só se importando consigo, sem olhar ao redor.

- Eu não sou um monstro. Você não me conhece Granger, não fale sobre mim.

- Você também não me conhece, mas me critica o tempo todo.

- É diferente.

- Não. Não é. – Seu olhar, pela primeira vez, intimidou o olhar gélido do professor, ele viu uma determinação tipicamente Grifinória, que a mulher nunca demonstrara tão bravamente em sua presença, depois que alcançaram a idade adulta.

- Eu desprezo a sua coragem Granger... – Suspirou, se dando por vencido. – Mas você não está de todo errada. – Terminou a frase, saindo apressado do local, sem olhar para trás.

Hermione gastou algum tempo observando o homem se afastar, sozinho, em silêncio. Ela não conseguia compreender as atitudes mais do que contraditórias do outro professor, afinal, algo inédito havia acontecido ali, ele havia dado razão a ela...

- Obrigada professora... – Falou Sarah, ainda parada atrás da professora.

- De nada querida. – Sorriu amavelmente, enquanto olhava a menina se dirigir em direção contrária a que o pai tomara.

Suspirando, a mulher retomou o próprio caminho, sem conseguir retirar do pensamento, o porque de se deixar envolver tanto com aquele tipo de problema, afinal, ela nada tinha haver com a família Malfoy.

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N/A (Ariene): Me digam, o que foi aquilo na casa dos gritos heim!? E o sonho do Gustavo!? Agora ele também está marcado, o que isso quer dizer!? Muito, muito bizarro... Mas maldades e esquisitices à parte, até que tem umas cenas bem divertidas nesse capítulo. É sério, eu sempre me pego rindo quando releio a parte em que a Estelar está bêbada, só se dando conta disso quando vê a Sophie... (rs)

N/A(Bárbara)²: É, eu gosto desse capítulo... (Não tanto um que virá... ) Mas eu gosto... Agora, que é estranho elas terem atacado o Daniel... Isso foi... Será mesmo que o Daniel é mal?? Ou será que as duas estão loucas?? Quantas perguntas ficam no ar agora né?? Huhuhuhuhu... Sei como é ruim ficar na expectativa, afinal eu também sou leitora de fics.. Mas vocês vão ter que esperar bastante para ter as respostas...

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Beyond The Unknown (Incubus)

Noite perfeita
A lua lustra luminoso
Mas coberto com sangue
Porque esta é uma noite má
Chamadas para um sinal
É o que invoco quando estou meditando
As almas do além
Está os ouvindo chamando

Objetos comoventes
Sons sinistros no ar
Nervos enrijecem
Propriedade de mãos apertado
Você pode sentir isto respondendo em todos lugares
Os investigadores estão contentes
Pensando que eles estão ouvindo
A voz do amado deles/delas

Além do desconhecido
Espectro poderoso
Rodeando
É isto um sonho
Ou é isto verdadeiro
Além do desconhecido

Comunicação começada pelo corpo encarnado
Do líder espiritual
São feitas perguntas, resposta correto
Mas eles não sabem os reais horrores
Atrás do espírito do morto

Cerimônia terminou agora
Parentes partiram em satisfação
Sabendo que ele está descansando em paz eterna

Conduza

Dias passaram
Então havia um batendo à porta
Viva na carne
O perdendo para aquele que já estava morto
Recordações que voltam
Percebendo o que eles ouviram
Estava nada mais que uma força maligna
Lhes falando nada mais que mentiras

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