Cold Contagious



*** Capítulo 19 – Cold Contagious

--

"..."

--

Fevereiro tinha ficado para trás, permitindo que o tempo, antes frio e cinzento, desse lugar a um clima agradável trazido pela estação das flores, sempre muito bem recebida por todos. No entanto, os bruxos e bruxas da Bretanha, não eram capazes de compartilhar com a explosão de vida trazida pela natureza, muito pelo contrário... Naquela manhã, todos acordaram, e iniciaram o dia, com a trágica notícia de um brutal assassinato, tendo como vítima, um jovem estudante, Peter Dragon, cujo corpo foi encontrado, abandonado em um bairro trouxa. Mesmo que esse rapaz tenha sido o principal mentor do ataque a Hogwarts, a alguns messes atrás, ainda assim, era perturbador o estado em que foi achado, fazendo as pessoas pensarem, no tamanho da crueldade sofrida por ele. E o que todos se perguntavam era quem seria capaz de cometer tamanha atrocidade?

- Eu não entendo pai... Por que você não evitou que essa notícia fosse publicada pelo “Profeta Diário”? – Perguntou Percy Weasley.

- Porque se eu fizesse tal coisa, estaria passando por cima do direto, que as pessoas têm de saber a verdade. – Respondeu o senhor, com um pesado suspiro.

- Ainda assim... Teria sido muito melhor para todos, que isso não viesse a público, afinal...

- Melhor para todos!? – Interrompeu o Ministro. – Não cometa esse erro meu filho. Ignorar os fatos, nunca ajudou ninguém, e não vai ser agora, que irá ser diferente...

- Mas pai, o senhor sabe o que estão dizendo!? – Tentou argumentar o rapaz. – Toda essa história de ataque a Hogwarts, comensais e marca negra...

- Sei o que vai dizer Percy, por isso, preste atenção. – Disse Arthur seriamente. – Eu estava lá quando aconteceu, e você também. Vimos com nossos próprios olhos, Harry derrotá-lo... – Por um momento o homem parou, refreando toda a onda de lembranças dolorosas, que tentavam invadi-lo. – Você-sabe-quem está morto, e não importa o quer aconteça, isso não vai mudar!

--

Mais uma vez, como vinha acontecendo em diversas outras noites, as meninas faziam uso do mapa do maroto, desviando-se dos aurores após o horário de recolher, para se reunirem na costumeira sala precisa, onde voltaram a rotina de treinos e outras atividades, como acontecia antes, deixando de vez para trás, a briga acontecida entre elas à quase um mês, voltando ao clima de tranqüilidade, isso até aquele momento... Já fazia algum tempo, que Melanie, Sarah e Estelar, estavam em silêncio, sentadas à mesa, onde repousava o profeta diário daquela manhã, relatando o triste fim do aluno Peter Dragon.

- Isso é chocante! – Exclamou Estelar. – Nunca pensei que algo parecido pudesse acontecer nos dias de hoje.

- Pois é... – Suspirou a Lufa-lufa. – Sabe, eu até que não estava me preocupando muito com a Sophie, mas agora... O que será que aconteceu com ela?

- Ninguém sabe! Pelo que o Ted me disse, as investigações não pararam, mas ainda assim, ninguém conseguiu nada sobre ela, é como se a Sophie tivesse virado um fantasma... – Respondeu, sem nem ao menos notar a agitação de Sarah, ao mencionar o nome do irmão. – Vocês já repararam na diretora? – Quis saber ela preocupada. – O meu pai falou, que ela chora sem parar... A Sophie era como uma filha pra ela! Eu simplesmente não consigo nem imaginar o que a McGonagall está sentindo agora.

- Realmente, perder um filho deve ser insuportável... – Comentou Melanie ressentida, sem conseguir conter a lembrança do sonho, onde via a sua mãe chorando, sobre o seu caixão.

- Quer saber... Eu não entendo. – Resmungou a Grifinória, após um breve período de silêncio. – Quem é que pode ter feito isso com o Peter?

- Isso nós não temos como saber, até por que...

- Na verdade, é tudo uma questão de raciocínio. – Interferiu Malfoy, que até o momento esteve quieta.

- Como assim? – Disse Estelar.

- Pensem comigo. – Pediu a menina. – Quando nós fomos até a floresta proibida, descobrimos algo que deveria ser segredo...

- Mas nós não sabemos de nada que acontecia lá. – Argumentou Melanie.

- Isso não importa! – Tornou a Sonserina. – A questão é que, sem querer, nós interferimos em algo grande...Vocês viram a quantidade de coisas que tinham lá na floresta, aquilo tudo com certeza não foi o Peter sozinho que fez, então eu só consigo pensar que ele morreu porque foi castigado, afinal, deixou que nós atrapalhássemos, seja lá o que for que estavam planejando fazer.

- Isso faz sentido... – Falou a Grifinória pensativa. – Então, quer dizer que a Sophie também está...

- Eu duvido! – Cortou Sarah. – Se alguém tivesse invadido o hospital para pegá-la, teria com certeza terminado o que o Peter começou no baile, e nós não estaríamos aqui agora. Por isso, acho que a Sophie saiu de lá sozinha, e não importa o que digam, eu não consigo enxergá-la como uma vítima em tudo isso...

- Pensando por esse lado, até que você está com a razão. – Concordou a garota.

- Tá, eu também concordo com isso. – Começou Melanie. – Mas a questão agora é, quem poderia estar por trás de tudo isso? Quem estava ajudando o Peter a conseguir tudo aquilo que vimos na floresta?

- Isso é fácil. – Sorriu Malfoy, satisfeita por chegarem a esse ponto da conversa. – Ben Marvolo. – Pontuou convicta.

- O fã do Voldemort!? – Debochou Estelar, sem se importar com o visível desconforto da Lufa-lufa, em mencionar o nome de um dos piores bruxos do passado.

- Sim, ele mesmo...

- Que doidera! Eu nunca pensei que a gente estivesse lidando com algo tão sério... – Comentou a filha do professor de DCAT. – Como alguém poder ser tão idiota, a ponto de seguir ideais como os do Vol...

- Pelo que eu sei, muitas pessoas fizeram isso no passado. – Falou Melanie apressada, antes da menina completar o nome do bruxo.

- E daí!? – Exasperou-se Estelar. – Eu não consigo entender... Não entra na minha cabeça que as pessoas continuam seguindo alguém, que foi burro o suficiente para perder o mesmo tipo de batalha duas vezes.

- Talvez não tenha perdido...

- Onde está querendo chegar Belford? – Questionou Sarah intrigada.

- Bom, ele já enganou a morte uma vez... – Disse apreensiva, como se tivesse medo de expressar tal pensamento em voz alta. - Então, eu acho que... Que ele poderia fazer de novo...

--

Ele não sabia o porque de estar fazendo aquilo, quando viu, já estava fazendo. Ha dez minutos estava seguindo Sarah Malfoy pelos corredores, assim que viu a menina passado por ele, enquanto fazia sua ronda, sem perceber iniciou uma caminhada na mesma direção que a sonserina. Não tinha nenhum motivo para tal coisa, ele só a estava seguindo, não conseguia deixar de achar bonito o jeito com que ela andava, ou o movimento que seu cabelo fazia ao leve balançar de seu corpo devido a caminhada. Era tudo tão bonito. “Você não devia fazer isso...” Tentanva sériamente desviar sua atenção da menina a sua frente, mas simplemente não conseguia.

- Ei, onde você tá indo?

Ted se sobressaltou, não havia percebido onde estava, ao olhar para o lado, viu um sonserino robusto, que chegava a ser quase maior que ele. Quando se virou para onde Sarah havia seguido, percebeu que estava nas masmorras, ali devia ser a entrada do salão comunal da sonserina.

- Eu to falando com você! – Enfureceu-se o garoto.

- Eu... – Ted estava tentando pensar em uma desculpa, afinal não havia motivos para ele estar ali. – Eu queria dar uma inspencionada no salão da sonserina. – Falou exercendo seu direito como auror.

- E por que? Que eu saiba isso não faz parte da patrulha. – O sonserino encarava o outro de forma ameaçadora. Porém o ex-grifinório não se deixou intimidar.

- Porque os aurores tem permissão para fazer o que acharem necessário.

- E por que você veio logo no salão da sonseina? Vai no da grifinória.

Ted estava seriamente se sentindo tentado a seguir o conselho do outro, mas não iria deixa-lo pensar que saira por cima.

- Eu estou tentando ser simples, é só uma olhada, nada de mais. Porém se for necessário eu iriei requisitar uma vistoria em conjunto com o professor Malfoy.

- O que está acontecendo?

Ted se virou e viu Sarah saindo da passagem que levava ao salão. O sonserino se enrijeceu, olhando-a também.

- O auror quer fazer uma inspeção no nosso salão... Eu não deixei, afinal nenhuma outra casa foi inspecionada... – Respondeu, fulminando o auror com o olhar.

- Frank, não acho que você devia ter feito isso... Afinal o que o nosso auror vai pensar da sonserina? Que temos algo a esconder... Enquanto na realidade não temos... – Falou a menina de forma simples, olhando o sonserino atrás dele, para depois olha-lo.

- Bom, agora que estamos em concordância, pode vir Lupin, é por aqui. – Ela completou, voltando a andar pela passagem.

Ele a seguiu, tendo em seu encalço, o sonserino robusto. Estava se sentindo um idiota, tudo aquilo por não ter sido capaz de controlar seus instintos.

- Pode olhar a vontade. – Disse a sonserina de forma simples.

Ted começou a andar pelo salão comunal, olhando desligado para as objetos ali presentes, não queria inspecionar nada daquilo, mas teria de seguir diante com aquela cena. Sentiu que o tal sonserino continuava em seu encalço, olhou para trás e confirmou que de fato ele estava bem perto, olhou para as poltronas e viu Sarah jogada em uma delas. “Por que ela não ficou aqui, ao invés dele?” Pensou contrariado.

O auror fingiu de fato estar olhando tudo, porém não procurou nada de verdade, passados alguns minutos, terminou sua “busca” e começou a andar em direção a saída.

- Já acabou? – Ouviu a voz da sonserina.

- Sim. Como disse, não era nada de mais... – Disse olhando-a, se sentindo muito idiota por toda aquela situação.

- Tudo bem, eu te acompanho. – Falou largando a revista que tinha em mãos, se levantando.

- Não precisa.

- Você vem? – A menina já estava de pé, se dirigindo a saída.

Eles caminharam pela passagem em silêncio, Ted se amaldiçoando por ter feito papel de palhaço, e no fim das contas não ter sequer falado com ela...

- Lupin...

- O que? – Respondeu saindo de seus pensamentos.

- O que você queria realmente? – Perguntou de forma direta, olhando-o séria. Eles já haviam saído da passagem, estavam agora em um corredor das masmorras.

- O que? Como assim, eu já disse...

- Você sequer inspecionou o salão direito... Eu estava olhando...

- Hum... Estava?

Sarah o encarou séria, parando de frente para ele.

- Tudo bem. Eu estava te seguindo... – Falou de forma direta “ Que seja, já que estou aqui, vou direto ao ponto.”.

- Como? – Perguntou com a característica sobrancelha erguida.

- É, eu estava te seguindo... Foi por impulso, mas quando vi, já estava aqui, parado diante da entrada do salão da sonserina, com um gigante me perguntando o que estava fazendo... Eu não sabia o que fazer... Inventei aquela desculpa. – Narrou o ex-grifinório com os cabelos ficando furiosamente vermelhos.

- Me seguindo... E o que você queria me seguindo?

- Nada! Quer dizer... – Atrapalhou-se, não mais encarando a menina. – Eu acho que queria falar com você... Mas isso não saiu como deveria...

A sonserina estava cada vez mais confusa, ele estava mesmo demonstrando interesse? Era isso mesmo?

- Deixa ver se eu entendi... – Começou a menina a falar, porém sendo interrompida por ele.

- Desculpe. – Falou tentando manter o tom calmo. – É errado pensar essas coisas ao seu respeito, você tem a mesma idade da minha irmã... É filha do professor Malfoy, sem contar que você jamais...

- Hum... Eu... – A menina estava ficando tão vermelha quanto o cabelo do outro, porém tentou se manter calma. – Não é ruim... O que você falou sabe? – O olhar de constrangimento do ex-grifinório deu lugar a um certo brilho de expectativa. – Sabe... Eu também... – Ela deixou a voz morrer, não ia continuar, achava que aquilo só podia ser uma brincadeira.

Ele esperou que ela continuasse, mas como isso não aconteceu, resolveu tomar uma atitude.

- Me desculpe. – Falou após um tempo ponderando.

- Pelo que? – Perguntou sem entender.

- Por isso. – Disse se aproximando do rosto dela, indo por fim de encontro ao seu lábio.

Sarah ficou estática, não teve reação ao perceber que seu maior objeto de admiração e cobiça, estava ali, com os lábios colados aos seus, porém o fato dela não corresponder, acabou sendo interpretado de forma errada por Ted, que achando que essa o havia rejeitado, se afastou, sem graça. – Me desculpe. – Falou tentando se virar.

- Ted! – A sonserina fechou sua mão no ombro dele, agarrando-se ao sobretudo, impedindo-o de se virar completamente, não deixaria que aquilo acabasse assim. Determinada, ela o puxou de encontro a si, beijando-o com vontade, beijo esse prontamente correspondido por ele.

Para Sarah, aquela situação havia se saído bem melhor do que qualquer uma que ela já tivesse imaginado no fim a prática era bem melhor que a teoria.

Os dois ficaram assim por algum tempo, porém o som de passos próximos os fizeram se afastar rapidamente.

- Esse auror ainda tá te incomodando? – O tal sonserino brutamontes parou diante deles, com outro colega de casa.

Os dois observaram o casal, Ted tinha o sobretudo amassado, na altura do ombro e seu cabelo incrivelmente vermelho, estava um pouco desgrenhado, Sarah que costumava ter o cabelo perfeitamente alinhado, juntamente com seu uniforme, parecia ter passado por uma ventania.

- Ela só estava me respondendo umas perguntas. – O auror falou encarando o sonserino.

- Pode deixar Frank, eu acho que o auror não tem mais nenhuma dúvida com relação a nossa querida sonserina. – Respondeu Sarah se virando para retornar ao salão comunal.

Os outros dois, olharam feio para Ted.

- Vocês não deviam estar aqui... Já vai dar o horário de recolher, vocês não deviam voltar para seu salão? – O auror fez exercer sua autoridade, os dois sonserinos se olharam, mas por fim voltaram por onde vieram. Deixando Ted parado no corredor, ponderando tudo o que havia acontecido ali.

No dia seguinte, Ted se viu procurando com o olhar a sonserina, mas estava difícil de achá-la, queria ter continuado a procurar, porém suas obrigações como auror lhe impediram. Por isso esperou que o horário das aulas passasse para procurá-la no único lugar onde teria certeza de que a menina podia estar. Por isso ele se dirigiu a biblioteca, já adentrando os corredores em sua busca. “ Onde será que ela se escondeu?” Pensava, já ponderando se de fato sua atitude na noite anterior não teria sido por demais indecorosa. “Será que ela está se escondendo?” Mesmo que seu pensamento fosse de dúvida, não interrompeu sua busca. “Eu não presto... Estou indo atrás da filha do professor Malfoy. Uma criança...” Ele tentava não ser perceptível aos outros, fazendo sua busca de foram muito discreta. “Mas ela não é tão criança. Na verdade sempre foi muito adulta...” Ao virar em um corredor, viu em um canto mais afastado, Sarah vasculhando uma prateleira. Ele sorriu, e começou a caminhar até ela, porém foi interrompido por uma mão em seu ombro.

- Lupin, o que você faz aqui? – Alguém falou um pouco alto, quando se virou, deparou-se com um dos aurores que trabalhavam com ele. Pietro Willians.

- Eu estou procurando algo. – Respondeu encarando o outro.

- Hum... Mas você não deveria ter saído de seu local de ronda. – Falou repreendendo-o.

- Eu sei... Mas é que...

- Deixa pra lá. Vamos fazer o seguinte, eu vou para lá, quando você terminar nós trocamos ok? – Falou já se dirigindo a saída da biblioteca.

Ted olhou para o colega, achando estranha a atitude dele, uma vez que não fazia seu tipo ser tão solidário. Porém mesmo questionando mentalmente, não exteriorizou uma vez que aquilo havia vindo em boa hora.

Caminhou até a menina, repassando mentalmente algo para dizer a ela.

- Olá. – Falou se amaldiçoando em seguida por sua boca não obedecer a seu cérebro.

- Hum... Oi. – Sarah desviou seu olhar da prateleira, encarando-o.

- Hum... Tudo bem?

- É... Tudo... E com você? – Respondeu olhando intrigada.

- Tudo.

Os dois ficaram se olhando em silêncio por um tempo, algumas pessoas passavam pelo corredor de vez em quanto, nesses momentos Sarah se virava para observá-las, se voltando depois para o auror a sua frente, mas nenhuma palavra era proferida.

- Então... – Os dois falaram ao mesmo tempo, se interrompendo mutuamente. - Fala você. – Novamente, os dois falaram juntos, causando riso nos dois.

- Tudo bem, pode falar. – Ted sorriu.

- Não... Fala você. – Sarah retribuiu o sorriso.

- É que... – Ele foi deixando morrer à medida que ia se aproximando dela. Antes que seus lábios se unissem, Ted se afastou com um sobressalto, pois duas alunas passaram conversando ao lado deles.

- Eu acho que isso não está certo... – Falou o auror constrangido.

- Hum... É.

- Desculpe.

- Você pede desculpas demais... – Falou a garota ligeiramente irritada.

- O que você quer então?

- Nada... – Respondeu se afastando um pouco dele.

- Sarah.

- O que?

- Nós podíamos nos encontrar em um lugar menos movimentado... Sei lá... Pra conversar... – Falou ele um pouco inseguro.

- Conversar? – Ela riu. – Tá...

- Onde então? – Mentalmente, o rapaz ficava se amaldiçoando por não ser capaz de dar continuidade a uma conversa com a garota. “Ela me deixa nervoso” Ponderou sobre o assunto.

- Sabe a torre de astronomia? Pode ser lá. Depois do jantar... – Falou de forma corriqueira.

- Torre de astronomia? – O ex-grifinório sabia a fama que a sala tinha, de servir de palco romântico para namorados. Ele como ex-aluno sabia muito bem disso, porém não conseguia crer que a séria e comportada Sarah Malfoy também a conhecia. – Você conhece a torre Sarah? – Um sorriso se instalou no canto da boca do rapaz.

- Claro... Eu tenho aulas lá. – Concluiu com uma piscadela, saindo em seguida.

--

Ao contrário do que parecia, Kayla Drumonnd era uma garota estudiosa e aplicada em suas tarefas, por mais que às vezes fosse por demais avoada. Para ela, ser filha de pais trouxas uma complicação enorme, já que era obrigada a viver em dois mundos, o que para ser sincera a confundia... Ainda assim, a menina estava disposta a se tornar uma grande bruxa, e por isso estava se dedicando quase que integralmente aos estudos, já que naquele ano prestaria o Nom’s, restando apenas, algum tempo para um namoro aqui ou ali. A Corvinal bem que tentou, mas não conseguiu uma brecha que fosse, para vasculhar mais uma vez os pertences de Sophie, que ainda continuava sumida, e talvez por isso se sentisse tão desconfortável, e inexplicavelmente ansiosa durante todo aquele dia. Era angustiante saber o que tinha que fazer, e não ter como... E a cada dia que passava a sua sensação de dever não cumprido só aumentava.

De noite, quando foi dormir, ainda remoia esses pensamentos, e por esta razão, caiu em um sono leve e agitado. Viu repetidamente o rosto de Sophie, pairando a sua frente, lhe pedindo, sem parar, que encontrasse o tal cordão com pingente de pedra. Por isso, tomada por uma certa urgência, Kayla se levantou, aproveitando que as suas colega de quarto dormiam pesadamente, para conseguir o que tanto precisava. Sorrateiramente, a menina alcançou a parte do quarto que pertencia a Corvinal desaparecida, e com cuidado, iniciou sua busca.

Quase meia hora depois, ela ainda se empenhava em checar cada pedacinho que fosse, mas sinceramente já estava ficando cansada, e muito tentada a desistir...Mas foi nesse momento, que uma pequena caixa de madeira, talhada com figuras estranhas, chamou a sua atenção. Com extremo cuidado, ela pegou a caixa, mas em querer, esbarrou em uma pilha de livros próximos, derrubando-os no chão, causando um barulho alto. Assustada Kayla olhou para os lados, esperando as meninas acordarem, no entanto isso não aconteceu... “Que estranho. Elas costumam acordar com qualquer barulhinho.” Pensou ela sem entender. Dando de ombros, a Corvinal se sentou em sua cama, colocando sobre ela a caixa, que foi imediatamente aberta, revelando aquilo que tanto procurara.

--

“Onde você estiver
Você sempre carregará .
A verdade das cicatrizes.
E a escuridão de sua fé”

--

Estava tudo muito escuro, uma estranha falta de sons, aquilo a estava incomodando. A sensação de estar presa, a claustofobia que sentia por estar presa, era tudo angustiante, não queria ficar ali, queria sair, correr... Novamente seu coração apertava, sabia que já tinha vivido aquilo antes, era um lugar familiar.

As paredes pareciam intermináveis, como se movessem, para lhe prender. Como nada via, Sarah apoiou-se na parede, que encontrou com muito custo e caminhou.

Para onde não sabia, só sentia a urgência de sair dali, seu coração apertava, lhe dando a confirmação de que algo ruim iria acontecer, o que quer que fosse ela não queria estar ali para ver.

Andou, andou e não chegou a lugar nenhum, sua impaciência começou a aumentar, queria sair logo dali, tinha que sair. Começou a correr, na tentativa desesperada de chegar ao fim, mas nada, estava arfando, e nada. Odiava se sentir vulnerável, incapaz, mas ali ela não era nada. As paredes brincavam com ela.

Sentiu ao correr atrás dela. Para piorar não estava sozinha, procurou sua varinha mas não estava lá, voltou a correr na direção oposta ao que estava, mas de nada adiantou, além do lugar não ter fim, sentia que agora haviam mais vultos ao seu redor. Desesperada, viu um brilho esverdeado, vindo de um corredor mais a frente, foi o mais rápido possível até a luz. A menina constatou que havia uma porta, e o feixe de luz vinha de suas frestas. Não teve tempo de parar para pensar se abria ou não a porta, os vultos vinha em sua direção, meteu a mão na fechadura e abriu a porta de uma vez, correndo para dentro do recinto esverdeado e fechando a porta em seguida. As chamas que vinha da tocha eram verdes, era delas que vinham a luz de cor estranha. Ela constatou olhando o lugar que estava em uma espécie de sala, não havia janelas, ou qualquer outra porta, somente uma mesa no meio, contendo um livro sobre ela.

Cautelosamente, colocou o ouvido na porta tentando ouvir algo do outro lado. Nada. Seria seguro sair? Achou melhor esperar um tempo, sua curiosidade se aguçou ao reparar que a luz verde também saia do livro, sem pensar foi até ele, abrindo-o.

Havia nomes, muitos deles, passando o olho, Sarah reconheceu alguns alunos de Hogwarts, alunos esses que participavam das reuniões com Peter, alguns estavam riscados. Com um olhar mais atento, ela encontrou um padrão, no meio dos nomes de alunos estava o de Peter Dragon e Sophie Malfatini, o do corvinal estava riscado com tinta vermelha, o de Sophie continha um asterisco, mais a frente estavam os delas. Sarah Malfoy, Estelar Lupin e Melanie Tompson. Se perguntando que livro era aquele, começou a ficar preocupada, havia asteriscos também em seus nomes. Um cheiro de ferro invadiu as narinas de Sarah, olhando mais atentamente o livro, percebeu que a tal tinta vermelha, era sangue. O liquido viscoso começou a pulsar e a transbordar pelas páginas do livro, assustada deu uns passos para trás, porém se assustou mais ainda quando esbarrou em alguém.

Ao olhar para a figura postada atrás de si, viu um homem curvado, muito branco, com o cabelo desalinhado, jogado em sua face que lhe impedia de ver seu rosto por completo, Sarah não sabia dizer se já o tinha encontrado antes, mas sentia um medo terrível daquela presença sinistra, ele emitiu um som estranho, como se estivesse sentindo falta de ar, a garota imóvel tentava pensar na melhor maneira de sair dali, mas seu corpo simplesmente não a obedecia.

O homem ergueu a mão, colocando-a entre o ombro e o pescoço da sonserina, essa sentiu uma longa dor, como se seu ombro estivesse pegando fogo, a mão do homem agia como uma prensa, não lhe permitindo correr, saia fumaça de sua pele, estava sentindo-se fraca, não iria conseguir. Tudo ficou escuro, só a dor prevaleceu.

Sarah acordou gritando, sentindo a agonia do ombro, sentia sua pele encharcada, suor misturando com sangue, duas de suas companheiras de casa tentavam lhe segurar, mas a agonia era maior do que o bom senso queria gritar, e foi o que fez. Os berros da sonserina ecoaram pelas masmorras, todos que entravam no quarto viam abismados uma enorme quantidade de sangue manchando as roupas dela, um ferimento inexplicável. Draco chegou ao dormitório, assim que uma aluna apareceu em seu quarto gritando que Sarah estava feria, foi quase que voando até lá, não conseguia acreditar no que via, mas não parou para analisar nada naquele momento, só queria ajudar a filha, por isso a carregou no colo, já desmaiada após longos minutos gritando, estava levando-a para a ala hospitalar, naquele momento Malfoy era incapaz de raciocinar plenamente.

--

O vento gelado zunia em seus ouvidos, não sabia precisar a quanto tempo estava ali, subindo as escadarias da torre, não sabia também o porquê de estar fazendo aquele trajeto, mas sentia que devia chegar até o topo da torre.

Por um bom tempo, só subiu, encontrava a resistência do vento, que tornava seu objetivo algo difícil de ser alcançado, porém não desistiria.

Quando Melanie finalmente chegou ao topo da torre, notou que não havia nenhuma coruja ali, nada. Só o silêncio. Bem ao centro, havia um poleiro, vazio, aquela visão lhe remetia a algo que não conseguia lembrar prontamente. O silêncio ficou ainda mais estranho, quando subitamente o vento parou de zunir. A menina entrou em estado de alerta, olhando para os lados.

Uma ventania se iniciou após alguns minutos de calmaria, fazendo-a fechar os olhos devido à intensidade, o vento lhe fez recuar alguns passos, sentiu-se atingida por algumas coisas em meio a ventania, tentando precariamente ver algo, semicerrou os olhos contatando que eram corujas as causadoras da enorme ventania, milhares delas, cruzando o lugar, em uma fuga desesperada. Quando o recinto voltou a ficar silencioso, ela desejou que o barulho continuasse, o silêncio era tenebroso, só restaram algumas penas, nada mais.

A lufa-lufa ouviu um barulho familiar ao longe. Um corvo negro de olhos vermelhos pouso no poleiro a sua frente. Ponderando em como aquele animal chegara tão rápido ali, assustada deu alguns passos para trás, a ave continha um envelope tão vermelho quanto seus olhos, preso ao bico, sentindo algo pegajoso pingar em seu ombro ela se afastou mais. Ao olhar para cima, viu o teto se desfazendo, como se fosse feita de cera. Tudo ao seu redor estava derretendo, com isso urros horrendos se fizeram ouvir, quanto mais a estranha cera derretia, mais nítida era a visão da menina, rostos deformados emergiam das paredes, tetos, num primeiro momento imóveis, porém a media em que ficavam livres da cera, se mexiam desesperados, buscando algo em que se agarrar. A menina tentou correr, mas seus pés estavam atolados, na cera do chão, essa que a própria não havia percebido até presente momento. O corvo iniciou sua estridente canção, agredindo furiosamente seus ouvidos.

Para o maior desespero de Melanie, quanto mais se mexia, tentando se libertar, mais presa ficava, seu pavor aumentou, quando sentiu que mãos tocarem seu ombro, eles tentavam afunda-la, com muito esforço resistiu, porém a quantidade de seres que se aproximavam dela de forma débil, estava lhe deixando e desvantagem. No meio da confusão, reconheceu em um dos rostos desfigurados dos tais “bonecos de cera”, alguém familiar, estática, observou aqueles que estava ao seu redor, se esquecendo que devia lutar para sobreviver. Aqueles rostos, pareciam sua família, seus amigos. Uma expressão de pavor invado-a, porém não lhe foi permitido sequer reagir, mãos emergiram do chão, firmes, puxaram a menina, afundado-a com mais agressividade. Porém sequer conseguia lutar, aquela visão lhe tirou qualquer chance que tinha de lutar, ou sair dali, no momento em que estava prestes a ser engolida totalmente, viu o corvo levantar vôo, o animal soltou o tal envelope que foi absorvido pela cera, bem próximo a ela, a ave continuou lhe observando com os olhos assustadoramente vermelhos até o momento em que sumiu de sua vista.

O ar sumiu, tudo ficou escuro, sua luta pela vida se tornou infundada, de nada mais adiantaria. Então só se deixou levar pela escuridão.

Com um grito desesperado, a lufa-lufa acordou, buscando todo o ar que seu pulmão pudesse comportar. Olhou para o lado, constatando que estava em seu quarto na casa da lufa-lufa, a professora Hermione Granger estava ao seu lado, olhando-a aflita.

- Senhorita Belford? O que houve?

- Professora? O que a senhora... – A menina arfava.

- Suas companheiras de casa me chamaram, a senhorita estava gritando descontrolada, o que houve? – Falou Hermione pacientemente.

Olhando para sua cama, a lufa-lufa buscou algum resíduo da tal cera, ou algo que comprovasse a loucura que acabara de viver. Perto de seu travesseiro, estava o envelope vermelho, largado pelo corvo. O medo a invadiu. Aquilo fora real. Não podia ser.

Desesperada, pegou o envelope, queria abri-lo e ver o que havia nele, porém assim que tocou nele, sua mão ferveu, rapidamente, largou-o no chão. Gritando de desespero, tamanha era sua dor.

A professora de transfiguração olhou assustada para a menina, porém não pensou duas vezes, pegou-a pelo braço, para levá-la a ala hospitalar. Não sem antes se virar, buscando o envelope com o olhar, mas não o achou, saiu com a aluna, afinal era mais urgente cuidar dela.

--

Uma ligeira movimentação. As árvores se moviam ao doce balançar do vento. Era uma noite nublada. Tranqüila até de mais.

Estelar olhou ao redor e só viu mato, as longas árvores lhe impediam de ver muito além... Resolveu caminhar, afinal não havia mais nada para se fazer...

O que para a menina era uma caminhada calma no início, começou a se tornar algo angustiante à medida que ela percebia que aquele caminho não a levava a lugar algum. Odiava aquilo, era por demais impaciente para ficar caminhando eternamente.

Seus ouvidos captaram um som ao longe. Ficou em alerta, não conseguiu distinguir o que era, ou de onde vinha. Mas sentia que não era boa coisa e esse sentimento ruim, aumentava à medida que os provedores do som se aproximavam, ela podia sentir isso.

Eram uivos. Muitos deles.

A menina percebeu uma correria vinda do escuro da floresta, e começou a correr também, mesmo que não tivesse certeza de para onde, sabia que ali, não deveria ficar.

Enquanto ela corria, sentiu que aqueles seres passavam de um lado para o outro, muito rentes a ela, deixando-a ainda mais nervosa, foi então que sem olhar por onde corria, tropeçou em algo. Resmungou consigo mesma, mas parou, horrorizada, ao ver o que a havia feito cair. Aquele era o corpo de seu irmão, Ted, sujo de lama e sangue. A Grifinória teria dado tudo para não ver aquilo, para não reparar na pele do rapaz, que parecia ter sido arrancada, para não notar que seus órgãos estavam estirados pelo chão, manchando tudo ao redor de sangue. Sangue esse, de seu irmão.

- Ted... – Sussurrou enquanto grossas lágrimas riscavam o seu rosto, sentindo o ar faltar e o seu peito doer violentamente.

Forçando-se a ter esperança, a garota rezava para que tudo fosse apenas um sonho, mas quando levantou a cabeça e abriu novamente os olhos, deparou-se com um lobo acinzentado, rangido os dentes afiados para ela. Sentiu também que outros lobos a estavam cercando, todos rosnando ameaçadoramente. Lentamente, sem tirar os olhos do animal a sua frente, a menina começou a se levantar, e assim que se pôs de pé, analisou a situação ao seu redor. Havia pelo menos cinco lobos, cercando-a, dentro de um limitado círculo. Dois deles avançaram raivosos, a garota conseguiu habilmente se desviar do primeiro, entretanto o segundo abocanhou seu braço com fúria, derrubando-a no chão. Os outros três também avançaram para o ataque, porém pararam estáticos quando um uivo mais forte foi ouvido ao longe, fazendo com que rapidamente os lobos iniciassem uma corrida desenfreada, pela mata adentro.

Estelar sentiu-se aliviada, mas também culpada, não queria estar ali, não daquele jeito... Por um instante, voltou a olhar para o corpo de Ted, porém não foi capaz de sustentá-lo, algo se mexeu a frente, assustado-a, por isso se pôs de pé, preparada para lutar com aqueles malditos lobos, afinal, precisava tirar o seu irmão daquele lugar.

Tal qual não foi sua surpresa, quando viu seu pai, sair de meio a mata, com o corpo sujo de sangue, carregando algo, que parecia ser um corpo... Havia um brilho avermelhado nos olhos daquele homem que lhe era tão familiar e tão estranho ao mesmo tempo. E em seu colo, a mulher que tão amavelmente lhe cuidara, sua mãe, morta.

- Pai... Você...

- Me... Desculpe. – Foi tudo que saiu da boca do homem, que perdia sua consciência naquele momento. A lua despontou no céu, quando as nuvens que a escondiam permitiram sua passagem, a jovem não se transformou, tinha o controle sobre isso, porém seu pai, já havia largado o corpo de Ninfadora, abrindo espaço para que sua transformação se completasse.

O imenso lobo amarronzado uivou com voracidade, olhando-a com os olhos estreitos, fazendo-a se encolher de medo.

Uivou novamente, com as presas a mostra, seu pai não estava mais ali, sucumbira totalmente à fera, e estava agora se aproximando perigosamente dela.

- Pai! – Gritou debilmente, tentando chamá-lo para a sanidade.

O lobo avançou com gana, porém fora detido por algo, como se estivessem puxando o enorme animal pelo pescoço. A menina observou uma espécie de coleira envolto ao pescoço do pai, e direcionando o olhar para onde a corda tinha seu seguimento, viu um homem em meio às árvores, ele tinha um cheiro familiar, mas não conseguia identificá-lo. O tal homem, puxou o lobo, causando-lhe mais fúria, ele não estava tentando deter a fera, mas sim, atiçá-la. Assustada, Estelar se virou, não conseguiria lutar contra o próprio pai, então iria aproveitar a brecha para tentar fugir.

Ela correu, ouvindo em meio aos sons da floresta, uma risada, que se fundiu ao uivo de seu pai. O temor veio em seguida, quando ouviu as largas passadas se aproximando de si. Ele havia soltado seu pai. Ele estava vindo.

Não via nada, mas sentiu com exatidão, quando as presas cravaram em seu ombro, para em seguida mergulhar ao chão com brutalidade, tendo em cima de seu corpo, um enorme lobo fazendo-lhe pressão. A dor de sua pele sendo triturada por aquelas garras e seu corpo retalhado, só não era maior que a dor psicológica de saber que seu algoz era seu próprio pai. Nem sequer lutou, a apatia que lhe dominou foi abrasadora, por isso se deixou morrer, pelas mãos daquele que um dia lhe dera a vida.

Tudo ficou escuro, e mais uma vez, a estranha sensação de estar morrendo invadiu seu ser. Sabia o que vinha a seguir... O nada.

- Pai! - Estelar gritava a todo tempo, chamando por seu pai, que estava ali, ao seu lado tentando acordá-la.

- Professor Lupin! O que faremos? – Gritou uma aluna, a mesma que fora chamar o professor, quando sua filha começou a ter delírios.

O ombro da menina começou a sangrar, como se estivesse sendo trucidado por algo invisível.

- Vou levá-la para a ala hospitalar! Isso não é um mero sonho! – Gritou exasperado. Pegando a filha no colo, para iniciar uma corrida desenfreada, em busca de ajuda.

Assim que Remo avistou o corredor onde se situava a ala hospitalar, também viu Malfoy, correndo com sua filha no colo, os dois entraram quase que juntos no recinto, gritando por ajuda. Ambas as meninas sangravam muito no ombro. A senhora que cuidava da ala, olhou assustada para aquilo, mas sem perder tempo fez com que os dois professores depositassem suas filhas em leitos paralelos, iniciando um processo de atendimento urgente para as duas.

Alguns minutos depois, Hermione Granger adentrou a ala, apressada, puxando Melanie pelo braço, porém parou sem saber o que dizer, vendo Lupin e Malfoy desesperados, tentando auxiliar ao máximo a enfermeira, no tratamento de suas filhas.

- Mas o que houve? – Perguntou a professora, não esperando obter uma resposta.

- Hermione? Lupin e... Malfoy? – Falou Neville surpreso, olhando todos na ala hospitalar, ele trazia consigo, a aluna Kayla Drummond, com a mão enrolada em um pano.

--

Cansada e preocupada, Minerva McGonagall, estava sentada em sua cadeira na sala da diretoria, segurando firmemente sua cabeça com uma das mãos, tentando, inutilmente, refrear as irritantes pontadas, presentes desde que toda a gritaria havia começado. Por mais que a senhora se esforçasse, ela não conseguia conter os ânimos alterados das pessoas presentes na sala, e também não era capaz de compreender o que tinha acontecido naquela noite, quando as quatro garotas chegaram feridas à enfermaria, mesmo que usasse todo o seu conhecimento, adquirido durante todos aqueles longos anos, sejam eles de guerra ou de paz.

Com um longo suspiro, a diretora voltou a chamar pelas pessoas, pedindo que mantivessem a calma, e mais uma vez foi ignorada, enquanto Malfoy esbravejava aos quatro cantos, transtornado.

- Basta! – Gritou Longbotton, acertando um sonoro soco na mesa, surpreendendo a todos. – Já chega de tanto tumulto, isso não vai nos levar a lugar nenhum. Precisamos manter a calma, ou não vamos conseguir ajudar as garotas. – Concluiu sensatamente.

- Ele tem razão. – Concordou Minerva agradecida pela atitude do homem, mas para ser sincera, não esperava algo do tipo vindo dele. – Temos que pensar com clareza, o que poderia ter causado os ferimentos das alunas? Lupin, você é especialista no estudo das artes das trevas, não consegue pensar em nada?

- Eu não sei... – Respondeu ele com um muxoxo, incapaz de raciocinar, sem tirar a cabeça dentre as suas mãos, ainda sentado, em choque, na mesma cadeira desde que entrara naquela sala.

- Quando as meninas da Lufa-lufa me encontraram no corredor, e me levaram até a senhorita Belford, ela estava sonhando. – Interveio Hermione. – Tentei chamá-la várias vezes, mas demorou até que acordasse... Eu sei que pode ser meio sem nexo, mas eu só consigo pensar em...

- Indução mental! – Completou Malfoy amargamente.

- Mas isso não faz sentido... Para algo assim acontecer, quem induz as imagens, tem que estar próximo da vítima, caso contrário... – Tentou argumentar a mulher.

- Não necessariamente. – Voltou a se manifestar o professor de DCAT. – Existem outros meios de se fazer isso. E aquelas marcas... Não são simples ferimentos, e sim feitiços poderosos. Estamos lidando com magia das trevas, disso eu não tenho dúvidas. – Completou visivelmente preocupado.

- Então, o senhor quer dizer que elas podem estar amaldiçoadas!? – Questionou incerto.

- Neville... – Sussurrou Granger em reprovação, sem esconder a expressão de surpresa e até medo, que se formou em sua face, ao ver o professor de poções, arrancar o friso superior da lareira, onde estava apoiado.

- Não vamos fazer conclusões precipitadas. – Ponderou McGonagall. – O que temos a fazer, por enquanto, é esperar que o professor Hagrid traga as senhoritas Belford e Drumonnd. Só então poderemos saber o que realmente aconteceu, e aí sim, tomar as providências necessárias.

E como um fardo pesado e desagradável, o silêncio se instalou na sala, deixando cada uma daquelas pessoas imersas nas suas próprias teorias e temores, conferindo ao ambiente uma áurea de tristeza quase que palpável.

Hermione observou os semblantes abatidos dos outros professores, torcendo as mãos, aflita por não poder fazer nada, confusa e chateada por não saber ou entender nada... Por isso, se levantou e decidida, foi até uma parte da sala, onde ficava uma diminuta cozinha, disposta a fazer um chá. Na verdade, ela estava se achando uma tola, por aquele tipo de atitude, mas qualquer coisa seria melhor que ficar parada, pensando. Sentia que sua cabeça explodiria se continuasse. Então, a mulher se concentrou na nova tarefa, a realizando de maneira minuciosa, deixando de lado suas indagações, mesmo que por alguns poucos minutos.

- Aqui professor Lupin. – Falou, estendendo ao homem uma xícara fumegante de chá.

- Obrigado. – Sorriu ele, por pura educação, afinal não estava com a mínima vontade de estar ali. Queria mesmo era ficar ao lado da filha, mesmo sabendo que não seria adequado permanecer na enfermaria enquanto avaliavam os fatos.

De um em um, Hermione foi entregando as bebidas. Satisfeita por poder fazer ao menos alguma coisa, por mais banal que pudesse parecer... Mas foi ao reparar, que todos estavam servidos, exceto Malfoy, que ela se perguntou se estava fazendo a coisas certa, afinal, tinha a nítida impressão, que o professor arremessaria nela o chá, caso se aproximasse. Ainda assim, tomada de uma coragem tipicamente Grifinória, ela se aproximou, cautelosa, colocando diante dos olhos do homem, a convidativa xícara, cheia de um cheiroso chá.

- Hum, Malfoy!? É melhor beber alguma coisa... – Disse gentilmente. – Sei que não resolve nada, mas pelo menos ajuda. – Sorriu.

- Eu não quero seu chá Granger, guarde sua inutilidade para você. – Respondeu amargo, com a mão na cabeça, sem sequer olha-la.

A mulher suspirou, fechando os olhos, clamando por paciência. “É a filha dele quem está na enfermaria... No lugar dele, com certeza, também estaria assim”. Pensou compreensiva. Voltou a olhar para o homem a sua frente, estudando as suas feições, e quando abriu a boca para responder, a porta da sala abriu, chamando a atenção de todos.

- Finalmente! – Exclamou Draco.

- Sentem-se queridas. – Pediu Minerva, indicando as meninas duas cadeiras. – Como se sentem?

- Assustadas... – Resmungou Melanie.

- Hum, isso aqui vai ficar assim marcado? – Questionou a Corvinal, enquanto esfregava nervosamente uma mão na outra. – E se os meus pais verem, o que eu vou explicar?

A diretora segurou o um dos ombros da menina, de forma compreensiva sem, no entanto, sem responder a pergunta. Hagrid, que parecia estar a ponto de chorar, foi se juntar ao professor Lupin, dirigindo a ele um olhar preocupado.

- Como estão às outras? – Perguntou a mulher.

- Dormindo... – Tornou o meio gigante. – A enfermeira já as medicou, estão bem, disse que não vão demorar em acordar. – Completou, para o alívio de Remo e Draco.

- Quem bom. – Suspirou ela. – Certo, agora eu quero que as senhorias me contem exatamente o que aconteceu.

- Mas diretora isso vai ficar marcado? – Voltou a falar Kayla, enquanto apontava para a própria mão.

- Já falamos sobre isso. Agora eu preciso que digam o que houve. – Taxou a diretora. – Senhorita Belford? – Incentivou.

- Tudo bem... – Concordou a menina.

Imediatamente, a Lufa-lufa começou a narrar todos os detalhes do seu estranho sonho, esforçando-se para não se deixar abalar pelas lembranças, enquanto todos ouviam atentamente, exceto Kayla, que insistia em ficar mexendo em seu curativo.

- Eu já estava lá quando isso aconteceu. – Disse Hermione, após o término da narrativa. – Era um envelope vermelho, muito simples na verdade, mas depois que Belford queimou a mão, ele desapareceu.

- Eu vou até o dormitório ver se encontro algo. – Falou a professora de Runas antigas, retirando-se apressada.

Atendendo ao pedido da diretora, Kayla contou a todos o sonho que teve com Sophie, onde ela lhe pedia que encontrasse a pedra, mas a todo momento a menina se confundia, sem saber exatamente o que tinha acontecido de fato ou imaginado, esquecendo também de alguns detalhes ou até voltando a perguntar se sua mão ficaria marcada.

- Sim vai ficar marcada! – Afirmou Malfoy, já sem paciência com a Corvinal. – Agora conta de uma vez como você conseguiu isso!

- Então, eu não tava conseguindo dormir, aí lembrei da pedra, e fui procurar. Ela ficava num cordão sabe!? Era tão bonito e...

- Se limite a contar o que houve. – Cortou o professor de poções de forma ríspida.

- Tá bom... – Concordou a menina com uma careta. – Então, aí eu achei o cordão e peguei ele, só que aí “Puft” ele derreteu na minha mão e ficou assim. Desse jeito, olha só! – Concluiu, retirando a atadura e mostrando o desenho, antes entalhado na pedra, agora marcado em sua palma, como em uma queimadura.

- Desenho engraçado... – Disse Neville.

- Mas isso não é um desenho comum, é uma Runa, e muito antiga por sinal. – Afirmou a professora de transfiguração. – Eu vou ter que...

- Hum... Eu já vi isso antes. – Comentou Melanie, interrompendo a mulher.

- Sério nem!? Onde? – Quis saber Kayla interessada.

- Foi no livro que o Peter carregava... A Sarah falou que quer dizer algo como “inominável”.

- Mas eu sabia que esse moleque ainda iria... – Começou Draco alterado.

- Malfoy, por favor, se contenha. – Advertiu Minerva seriamente. – Existe mais alguma coisa que queiram contar? Certo, nesse caso vocês já podem ir. – Continuou após a resposta negativa das garotas. – Hagrid acompanhe-as até a enfermaria.

Sem demoras, o professor de trato das criaturas mágicas se retirou, levando consigo as duas alunas, uma silenciosa e cabisbaixa, e outra ainda se perguntado se realmente ficaria com a mão marcada.

Assim que a porta se fechou, o falatório recomeçou, no entanto, o que era dito agora, em sua maioria, eram ofensas e reclamações sobre o aluno Peter Dragon, principalmente por parte de Malfoy, que não conseguia se conformar, que alguém como ele, fosse capaz de causar tantos problemas, e mesmo estando morto, o professor não se importava, o que ele queria mesmo, era alguém que pudesse culpar, mesmo que fosse apenas uma memória. A diretora perdeu algum tempo se lamentando por Sophie, de certa forma estar envolvida nos acontecimentos, entretanto, foi obrigada a deixar os sentimentos de lado, para controlar a situação, que ficou ainda pior, quando a professoras de Runas voltou, dizendo que não encontrara nenhum envelope vermelho no quarto da Lufa-lufa.

- Senhores... Senhores! – Gritou ela, caindo sentada em sua cadeira logo em seguida, devido a uma vertigem.

- Diretora. – Preocupou-se Longbotton.

- Eu estou bem, não foi nada de mais. – Tranqüilizou.

- A senhora se importa, que tome a palavra? – Manifestou-se Daniel, pela primeira vez. – Obrigado. – Sorriu ele, diante da confirmação da mulher. – Nós devemos contatar o Ministério. É muito importante que tenhamos ajuda especializada, porque em se tratando de ataques mentais, todo cuidado é pouco.

- Eu concordo. – Apoiou Lupin, satisfeito por finalmente estarem fazendo alguma coisa. – Tenho certeza que o senhor Weasley não se negará em ajudar.

- Claro que não se negará. – Tornou a falar Daniel. – Mas todos nós vamos precisar ficar atentos, não sabemos como isso está sendo feito, por isso acho importante manter sobre elas uma espécie de vigilância, para o caso de acontecer de novo.

- Eu só quero por as mãos no infeliz que fez isso... – Terminou Malfoy.

Durante mais alguns minutos, os professores permaneceram de portas fechadas, enquanto entravam em contato com o ministério da magia e juntamente com ele, traçavam a melhor maneira de solucionar a questão.

--

Hermione saiu da reunião com os pensamentos a toda, aquela situação com as garotas, tudo lhe deixou muito confusa, tinha um mau pressentimento sobre tudo aquilo.

Caminhou sem rumo, não querendo voltar para seu quarto, ao virar no corredor que levava a ala hospitalar, viu Malfoy sentado no chão, perto da porta. Ver o homem que sempre se manteve alheio a todas essas coisas humanas, ali, preocupado com sua filha, lhe despertou um sentimento de pena. Tinha pena dele e da situação que lhe era imposta. Com um suspiro, pensou em deixá-lo só. Mas sua consciência não lhe permitiu, mesmo sendo Draco Malfoy, não poderia deixá-lo só em um momento difícil, ela sabia mais do que ninguém o quanto era necessário ter alguém para nos amparar, e ao que parecia Draco não tinha ninguém.

- Malfoy? – Chamou incerta, afinal não esperava que ele a tratasse bem.

- Hum? – Respondeu sem olhá-la.

- Alguma notícia?

- Não.

- Ela vai ficar bem. – Disse calmamente, se sentando na parede a frente dele. – A Sarah é uma menina forte.

Draco ficou em silêncio, Hermione sem saber o que dizer, não falou mais nada, apenas ficou ali, olhando para o homem.

- Isso deve ser uma espécie de punição... – Falou o homem após um longo silêncio.

- Como? – Ela não entendera o que ele havia dito, estava dispersa.

- O que houve com a Sarah, fico me perguntando o porquê de ter acontecido justamente com ela. Só consigo pensar que é uma punição. Por ser quem eu sou. – Se penalizou, olhando para o chão. Aquelas palavras simplesmente saíram de sua boca, sem se importar com o fato de ser Hermione Granger a ouvir sua confissão, podia ser qualquer um, ele só não queria ficar só.

- Claro que não! – Ela estava confusa, não conseguia crer que ele fosse capaz de pensar algo assim. – Todos podem ser perdoados Malfoy, você errou no passado, mas construiu uma família, criou sua filha. O simples fato de você ter ser arrependido, já lhe faz merecer o perdão. – O tom em sua voz, era reconfortante.

- Falar é muito bonito... Viver nem tanto. – Completou com certa amargura.

- Nossa, se alguém me dissesse que eu presenciaria uma cena como essa, te juro Malfoy, chamaria a pessoa de louca... – Falou a professora, sorrindo, tentando descontrair o clima.

- Que seja Granger, você só está aqui, por que é uma intrometida, não consegue deixar de se meter na vida alheia. – Retrucou, voltando ao tom habitual.

Hermione gargalhou não podia se conter, diante da pose que o outro fazia.

- Do que raios você está rindo?

- De como é incrível que mesmo em uma situação como essa você tenta manter a pose...

- Cala a boca Granger.

- Malfoy.

- O que?

- Vai dormir. Essas olheiras não combinam com você, e sem falar que se você ficar com uma aparência pior do que a da Sarah, como você vai dar apoio a ela? – Falou de forma sensata, querendo-lhe chamar para a razão. Ela sorriu de forma singela, ao ver que suas palavras surtiram o efeito que queria. – Vá dormir. Amanhã aposto que você poderá vê-la. – Completou, se levantando.

Malfoy a observou por um tempo, mas levantou se dirigindo as masmorras, Hermione ainda ficou parada, olhando o homem se afastar, perguntando o porquê de ter feito o que fez, sendo Malfoy quem é, se ela estivesse em seu lugar, tinha certeza de que ele tentaria humilha-la ou deixa-la pior. Talvez pelo fato de Draco não agir como um Malfoy, se tratando de sua filha, talvez por isso, ela tenha se comovido, ele era humano afinal... Talvez ela quisesse ver mais o lado humano dele. Ao invés do arrogante e prepotente Malfoy.

--

Durante toda a madrugada, os familiares das garotas foram impedidos de entrar na ala hospitalar pela enfermeira, que se mostrava irredutível perante os apelos de pais e mães, sempre com a intenção de fazer o melhor pelas estudantes, que acima de tudo, precisavam descansar. Pela manhã, logo cedo, um médico do Sant Mung´s foi enviado ao colégio, para constatar a saúde das meninas, que mesmo debilitadas e assustadas, mostravam estarem saudáveis, sem nenhuma maldição ou qualquer tipo de conseqüência grave decorrente dos pesadelos, a não ser as marcas físicas. Sem a necessidade de uma transferência para o hospital, tendo sido comprovada por um profissional, a enfermeira não teve outra opção a não ser permitir as visitas, que assim foram liberadas, transformaram o ambiente calmo da enfermaria em um constante vai-e-vem.

Draco rumou para a ala hospitalar, a lembrança da filha ensangüentada lhe perturbava, queria ver com seus próprios olhos, falar com sua filha, só assim ficaria mais tranqüilo.

Passou pela enfermeira, sem sequer olha-la, foi diretamente a onde sua filha estava, já lhe abraçando, sem se preocupar com as outras pessoas no lugar.

- Pai... – Falou a menina calmamente, ainda debilitada.

Draco não a escutou, tinha a necessidade de apertar a filha para garantir que ela estava mesmo bem.

- Pai, assim o senhor vai me machucar... – Reclamou a menina, com um tom calmo.

- Desculpe. – Draco olhou para a filha, havia um sorriso singelo em sua boca, estava realmente feliz em ver a filha bem, afinal tudo o que vinha em sua mente, era a cena dela sofrendo.

- Tudo bem... – Respondeu sorrindo tranquilamente.

- Sarah.

- O que?

- Eu sei que não é uma boa hora, mas eu preciso saber... – Malfoy olhou a filha sério. – Vocês de alguma forma provocaram esses ataques? – Falou olhando de relance para Estelar no outro leito. A garota ficou em silêncio por um tempo, sem saber o que dizer, mas tentou da forma mais tranqüila que podia, responder ao pai.

- Não. Nós não fizemos nada. – Falou olhando nos olhos do pai, sabia que ele se tranqüilizaria se visse que era verdade, só palavras não bastavam.

- Entendo. – Falou se penalizando.

- Pai. Nós não provocamos isso... Nem o senhor. – Com dificuldade devido o recente ferimento, ela se aproximou de seu pai, que prontamente a acolheu. – Não acho que o culpado esteja aqui pai. De qualquer forma, eu sei que se ele aparecer, meu pai acaba com a raça dele... – Completou sorrindo.

- É. Eu acabo mesmo. – Disse se sentindo um pouco melhor, apertando mais a filha.

Tão afoitos quanto Malfoy, o Senhor e a Senhora Lupin, respectivamente pálido e descabelada, entraram na enfermaria, correndo para encher a filha de mimos, dando fim à angústia que sentiram durante toda a noite. Lara Belford, mãe de Melanie, também já estava junto às portas da ala quando as visitas foram liberadas, no entanto, ao contrário dos demais, ela se portava como uma lady, falando baixo e com movimentos contidos, afinal, ela já estava acostumada a se comportar de tal forma por ser a esposa do ministro trouxa, que nem mesmo a preocupação que passara, foi capaz de fazê-la perder o controle.

- O seu pai ficou muito nervoso, quando recebemos a coruja da diretora... Queria ter vindo, mas sabe que isso não é possível, ele não pode entrar aqui em Hogwarts. – Explicou a mulher com sua voz aveludada.

- Eu sei mãe... Fala para o papai que está tudo bem – Respondeu a menina. – E que estou com saudades. – Completou.

- Eu falo para ele. – Sorriu.

- Você está mesmo bem Mel? – Quis saber Gustavo, também parado ao lado da cama. – Me parece pálida...

- Estou sim, não se preocupe. – Tranqüilizou. – Foi só um incidente bobo.

Do outro lado da sala, Estelar era espremida entro o pai e a mãe, que não paravam de perguntarem como ela estava se sentindo, ou se estava de fato bem, por mais que respondesse que sim. E mesmo que estivesse com sono e cansada, a Grifinória não se importava de ficar onde estava, para falar a verdade, era bastante reconfortante estar entre duas pessoas que lhe passavam tanta segurança e afeto. Ali, ela sentia que nada a atingiria, e por essa razão, a menina culpava a si mesma, por sonhar com algo tão bizarro e cruel, afinal de contas, sabia que sei pai era uma das pessoas mais gentis que conhecia, e não a besta que a mordera.

- Aqui. – Chamou sua mãe. – Os gêmeos te mandaram alguns presentes. Disseram que teriam vindo, mas sabe como é, a Senhora Weasley os proibiu, não queria que eles te perturbassem. – Disse, mostrando para a garota uma cesta abarrotada de doces.

- Mas eles não me perturbam... – Resmungou com a voz fraca.

- De qualquer forma meu bem, você precisa descansar, por isso é melhor não se agitar muito. – Falou Remo.

- Quando posso sair? – Quis saber a menina. – Odeio ficar deitada tanto tempo...

- Ah Estelar, não seja afoita, logo, logo vai poder sair. – Tornou Ninfa. – Aí você vai...

- Com licença. – Interrompeu McGonagall, entrando na enfermaria acompanhada de Hermione e Ted. - Boa tarde a todos. - Cumprimentou. - Antes de qualquer coisa, aqui está querida. - Falou, entregando a Kayla um envelope. - É uma carta dos seus pais, como eles são trouxas e não podem vir até aqui te visitar, eu pedi para alguém ir até sua casa. - Explicou.

- Obrigada diretora. - Sorriu a menina, realmente agradecida por não ver seus pais agora, afinal ainda não tinha inventado uma história realmente boa para explicar a cicatriz na sua mão.

“Que estranho! A mãe da Malfoy não veio visitá-la... Eu também não me lembro dela no hospital. Como é que uma mulher pode negligenciar tanto assim a própria filha!?” Pensava a professora Granger, enquanto observava Malfoy agarrado a menina. Ao mesmo tempo, Ted abraçava a irmã, aliviado por vê-la bem, mesmo que ainda um pouco pálida, devido à perda de sangue.

- Atenção senhoritas, por favor... – Disse a diretora, chamando atenção para si. – Nós, professores, juntamente com os pais de vocês, tomamos algumas decisões importantes, que vão nos ajudar a entender o que está acontecendo. Peço que colaborem conosco, para que tudo termine o mais rápido possível... O ministério da magia está nos apoiando nas investigações, por isso, um grupo de aurores em especial, foi destacado para vigiá-las até esclarecermos algumas questões. E para que isso seja possível, vocês serão retiradas dos seus dormitórios e transferidas para um outro local, onde...

Enquanto a mulher seguia com as explicações, Kayla desviou a sua atenção para as outras pessoas, que se mantinham atentas as palavras da diretora, até aquele momento, quando Estelar e Melanie começaram a protestar sobre o fato de terem que sair de seus quartos, no entanto sendo obrigadas a parar, afinal, a decisão já estava tomada, e a elas restava apenas a alternativa de acatá-la.

De um jeito muito prático e sucinto, Minerva esclareceu às meninas, o porquê de serem colocadas sob tutela, e assim que acabou se retirou, louca para ir para o próprio quarto descansar e finalmente poder se deixar abater, sem ter que ser a fortaleza de coragem e sensatez que todos esperavam que fosse. “Sophie...” Era só o que a senhora conseguia pensar.

Na enfermaria, logo os parentes das alunas, foram convidados a se retirarem, e por mais que insistissem em continuar, a enfermeira foi categórica, não cedendo nem mesmo as ameaças de Malfoy. E enquanto todos se despediam, mais uma vez, Kayla se concentrou em observá-los, reparando pela primeira vez, na família Lupin toda reunida. “Caramba... Como a Estelar é diferente deles, a única com o cabelo e olhos pretos”. Constatou, sem deixar de notar também, o quão carinhoso Gustavo era com a Lufa-lufa. “Tão românticos!” Pensou animada, mas o que realmente lhe chamou a atenção, foram os constantes olhares que o irmão da Estelar, lançava para Sarah, parecendo um tanto quanto ansioso, porém logo a garota deixou isso de lado, voltando a se deitar, tentando mais uma vez, inventar uma desculpa convincente para a marca em sua mão.

À medida que todos iam se retirando, Ted ainda permaneceu ao lado de sua irmã, vendo-a pegar novamente no sono, até que Malfoy se afastou o suficiente e ele teve a oportunidade de fazer aquilo que queria desde que entrou naquela sala. Primeiro, para não levantar suspeitas, o rapaz foi até Melanie e depois até Kayla, desejando-lhes melhoras, para finalmente chegar a Sarah.

- Como você está? – Sussurrou, no entanto mudando rapidamente de postura, ao perceber que o professor de poções ainda estava próximo a porta. – Eu realmente espero poder ajudar, e em nome do ministério, prometo fazer tudo o que estiver ao meu alcance. – Falou apertando a mão da menina, que sorriu.

Sarah retribuiu o cumprimento, sem ter como evitar que as sua face se tingisse de vermelho, desejando pela primeira vez, que seu pai estivesse longe, para que pudesse se deixar confortar por Ted.

Com uma piscadela e um sorriso tão tipicamente seu, o auror se despediu, passando ligeiro por Draco, que parecia mais preocupado em dar instruções para a enfermeira. “Vou liberar essas garotas logo amanhã de tarde, elas já estão recuperadas mesmo... O que não dá, é ficar agüentando esses pais tentando me ensinar como fazer o meu trabalho”. Pensava ela aborrecida.

--

Assim como havia ficado decidido na reunião, as garotas foram retiradas de seus dormitórios e encaminhadas para uma parte um tanto quanto afastada, onde as grandes salas inutilizadas, foram adaptadas para recebê-las, juntamente com o grupo que seria responsável pela segurança e também pelo acompanhamento da rotina das alunas, afinal, era crucial saber, se a possibilidade de elas estarem sendo vítimas de ataques mentais era real.

- Muito bem, prestem atenção! – Falou a diretora, enquanto abria a porta que levava ao interior do tal salão. – Vocês vão ficar aqui, todas juntas, até que as coisas sejam resolvidas, como já lhes informaram na ala hospitalar. Agora, nós só vamos esperar os... Ah, aí estão eles. – Sorriu a senhora, por mais que não tivesse vontade alguma para isso.

Quatro rapazes entraram na espaçosa sala, estando entre eles Ted Lupin, que demonstrava estar preocupado e até desconfortável com a situação, já que os seus cabelos estavam tingidos de preto, ao invés do costumeiro castanho, no entanto, assim que seu olhar cruzou com o de Sarah, os cabelos do rapaz mudaram imediatamente, para um tom avermelhado, denotando todo o seu constrangimento. “Hunf... Mas ele é mesmo um bocó! Não consegue nem disfarçar...” Pensou Estelar divertida ao observar as atitudes de seu irmão perante a Sonserina, que com suas bochechas rosadas, deixava evidente, na visão da Grifinória, a existência de algo. “Eu sabia que tinha alguma coisa nessa história toda... Os dois estavam muito diferentes esses dias!” Concluiu ela sabiamente.

- Deixem que eu os apresentem...Esses são Andrew Shaw, Pietro Willians, Ryan Jhones e Ted Lupin. – Disse Minerva, indicando cada um deles. – Eles são os aurores escolhidos pelo ministério para acompanhá-las durante esses dias. Todos são muito competentes, os melhores da classe... – Elogiou. – Por isso, sintam-se à vontade para lhes informar qualquer tipo de anormalidade, afinal eles estão aqui para ajudá-las. Eu sinceramente espero que as senhoritas se comportem e colaborem com as investigações, é de extrema importância que não escondam nada e nem tentem descobrir algo sozinhas, entendido Senhorita Lupin?

- Totalmente diretora. – Sorriu a menina, fazendo a mulher torcer o nariz em preocupação.

- Certo! Vou explicar como funciona esta sala... – Continuou a mulher, após passar o seu olhar especulativo por cada uma das meninas presentes. – Aqui vocês têm esta sala em comum e mais quatro quartos, com lugar para duas pessoas cada. Por isso eu quero as Senhoritas Malfoy e Drumonnd à esquerda e Senhoritas Lupin e Belford à direita, enquanto os aurores ficarão nos quartos agregados, onde existe uma passagem os ligando, para o caso de haver um perigo eminente, fora isso o acesso ao quarto das garotas é vedado.

- Espera um pouquinho, diretora. – Interferiu Kayla confusa. – Por que eu vou ter que dividir o quarto com a Malfoy? Eu queria ficar com a...

- Isso não está em discussão, a decisão já foi tomada. – Cortou McGonagall severa, fazendo a garota voltar a ficar quieta. – Muito bem, devo ressaltar também que as senhoritas devem manter sigilo a cerca do que está acontecendo, para não atrapalhar as investigações.

- Mas e se perguntarem o porquê de estarmos separadas dos outros alunos? – Questionou Estelar.

- Tenho certeza de que a Senhorita é criativa o suficiente para pensar em uma resposta convincente. – Respondeu Minerva. – Os aurores as seguirão de perto, mantendo apenas uma certa distância para que não levantem suspeitas. E acho desnecessário dizer que vocês quatro estão limitadas a esse salão fora dos horários das aulas, fui clara!? Ótimo. – Prosseguiu após ver a confirmação das alunas, que não estavam nem um pouco satisfeitas. – Como as meninas têm horários e matérias diferentes, eu sugiro que os senhores se dividam para vigiá-las, mas isso eu deixo ao encargo de vocês... Preciso me retirar agora. Boa tarde. – Despediu-se a senhora, para logo em seguida se retirar apressada do salão.

- Certo! – Falou um dos aurores, assim que a porta da sala bateu. – Lupin você fica encarregado de vigiar a sua irmã, enquanto eu olho a Malfoy. Shaw fica com a Lufa-lufa e Jhones com a outra. Alguma objeção? – Perguntou, no entanto sem nenhuma vontade de ser contrariado.

- Por mim tudo bem. – Sorriu Andrew, sendo prontamente apoiado pelos demais.

“Caramba, ele parece um anjinho. É tão mais simpático que os outros...”. Pensou Kayla ao reparar no sorridente auror, que tinha os cabelos loiros e cacheados, fazendo a menina se lembrar das imagens dos querubins retratados nas igrejas cristãs freqüentadas pelos seus pais.

- Vamos começar então com as investigações. – Anunciou Pietro com sua voz grave.

--

Em outra parte do castelo, mais especificamente no dormitório feminino da Corvinal, um grupo enviado pelo ministério, reunia e apreendia os pertences da aluna Sophie Malfatini, com o intuito de descobrir algo significativo, uma vez que partiu de suas coisas, aquilo que tão prontamente feriu uma outra estudante.

Com passos rápidos, mesmo estando em uma idade tão avançada, a Diretora de Hogwarts chegou e se reuniu ao grupo, acompanhando de perto todos os movimentos dos aurores, sem, no entanto, conseguir esconder a sua feição triste.

- Não deveria se preocupar tanto diretora... – Disse um homem, parando ao lado da senhora.

- Eu sei... – Suspirou. – Mas ainda assim, eu não posso deixar de ficar perguntando a mim mesmo, o que poderia ter feito para evitar tudo isso.

- Não vale a pena, se fazer esse tipo de pergunta. – Tornou o inominável de forma compreensiva. – O que podemos fazer agora é nos empenhar para descobrir o que está acontecendo. Todo o ministério está trabalhando para isso... Não vamos parar até prender os responsáveis, garanto isso para a senhora. – Sorriu confiante.

- Obrigada Senhor O’Conel. Fico feliz em saber que existem pessoas tão obstinadas quanto você à frente das investigações.

- Não precisa me agradecer, esse é o meu trabalho. – Sorriu o homem.

--

Tão logo assim que Willians mencionou a tarefa a ser feita, imediatamente, de acordo com a divisão feita por ele, os aurores se empenharam em sondar as mentes das meninas, em busca de qualquer pista que pudesse ajudá-los, no entanto, o máximo que conseguiram foram lembranças corriqueiras, sem muita importância. Enquanto o que seria realmente útil parecia sequer ter acontecido, tudo estava na mais perfeita ordem, o que intrigou ainda mais os competentes profissionais.

- Isso não faz sentido... – Suspirou Jhones – Como pode não existir nenhuma lembrança conclusiva à cerca do dia dos sonhos?

- Está tudo tão confuso que não dá para entender nada. – Resmungou Andrew decepcionado.

- Mas nós vamos entender. – Taxou o auror que até então assumia a liderança do grupo.

- É melhor, irem descansar agora. – Falou Ted de forma gentil, dirigindo-se as garotas. – Ter a mente invadida assim é muito cansativo.

Sem protestar, as meninas se retiraram, sonolentas e cabisbaixas, dirigindo-se para os quartos indicados pela diretora, que no final das contas, não eram muito diferentes dos que tinham antes, exceto pelo fato de ali haver duas e não cinco camas. Elas notaram ainda, a existência de duas portas, uma sendo para o banheiro, e a outra provavelmente, aquela que ligava ao quarto do lado, que seria ocupado por uma dupla de aurores. “Eu realmente espero que esse feitiço funcione”. Pensou Melanie preocupada, lembrando-se da explicação dada por Minerva. No entanto, a Lufa-lufa não perdeu mais tempo pensando, e assim como Estelar, sua companheira de quarto, ela se deixou cair na cama, muito agradecida por poder dormir.

No outro extremo do salão, Sarah e Kayla também descansavam sossegadas, enquanto os aurores reunidos no salão comunal, aproveitavam a deixa, para lançarem feitiços de proteção, certificando-se assim, de que ninguém entraria ali sem a devida autorização. Pietro, o mais velho dos quatro, um rapaz de feições sérias, perfeitamente alinhado, com o cabelo curto e escuro contrastado com sua pele clara, penteado para trás, mantinha seus olhos tão escuros quanto seus cabelos, analisando tudo a todo tempo, sendo o mais experiente, fazia questão de, assim que possível, colocar feitiços localizadores nas meninas, para o caso de ser necessário.

--

Enquanto os dias passavam, e as meninas se esforçavam para conviverem tanto tempo juntas, sem se matarem, as investigações a respeito da morte do aluno Dragon, juntamente com os outros incidentes, seguiam a todo vapor, exigindo toda a atenção da diretora, que por mais que se empenhasse, não conseguia dar conta de tanto trabalho, mesmo contando com a ajuda, do sempre prestativo professor Daniel Power. Por isso, quebrando o protocolo, a senhora adiantou a contratação de um estagiário, para que então pudesse ter a devida ajuda, sem interferir na já tão atarefada vida acadêmica dos professores.

E era por esse motivo, que ele, Erick Mendes, caminhava pomposamente pelos corredores do colégio, indo de encontro à diretora de Hogwarts.

- Diretora? – Chamou o rapaz já adentrando a sala.

- Olá Erick. Muito obrigada por responder prontamente. – Lhe sorriu a senhora.

- Não há de quê. Eu aguardava ansioso por essa oportunidade.

- Muito bem. O Senhor Power, irá lhe mostrar escola e aonde o senhor irá se instalar. – Disse apontando para o homem que estava ao seu lado. – Mais uma vez, obrigada.

- De nada diretora. – O jovem retribuiu o sorriso, porém demorou um tempo para se mexer, reparando no quadro do falecido diretor de Hogwarts, Alvo Dumbledore, olhando fixamente para Daniel. Porém sua curiosidade espaireceu, quando o próprio lhe chamou, já posicionado perto da porta. “ Que engraçado” Pensou, acompanhando o outro.

--

- Esse cara tem mesmo que ficar te seguindo? – Resmungou Gustavo contrariado.

- É... Ele tem. – Resmungou a menina.

- Ele já está fazendo isso há dias... Poderia ao menos ser mais discreto. Tá todo mundo reparando que esse tal de Shaw fica andando atrás de você. Até o armário que segue a Kayla consegue chamar menos atenção...

- Isso é verdade! – Sorriu Melanie. – Mas não vamos condenar o menino, coitado. Pelo menos ele se esforça.

- Hum, sei...

- Ah, qual é Gustavo!? Eu não acredito que você está com ciúmes!

- Mas é claro que não! – Respondeu prontamente. – É, que... Bom, eu só acho estranho ter que andar por aí com você, com esse mané aprendiz de auror, na nossa cola.

- Não seja tão reclamão, e tente ver as coisas de uma outra forma. – Disse, parando de andar, para ficar de frente para o namorado. – Antes o bobo do Andrew, do que o mal-encarado do armário, como você mesmo o apelidou.

- Verdade! – Concordou, sem evitar a risada ao se lembrar do ruivo crescido, tanto para cima, quanto para os lados. – Ele mais parece um mini-trasgo...

- Pois é, se não estivéssemos em meio a bruxos, eu juraria que ele, é um daqueles caras de academia, que se enchem de anabolizantes. – Brincou.

- Ei, Mel... – Chamou após cessarem as risadas. – Até quando isso vai durar? – Perguntou ele sério.

- Eu não sei... – Suspirou. – Acho que até descobrirem, quem foi o responsável pelos sonhos. – Completou, enquanto olhava para a própria mão, marcada pela dolorosa queimadura.

- Isso vai deixar marca... – Comentou o rapaz, ao segurar a mão da namorada entre as suas.

- Eu sei... – Respondeu ela fazendo uma careta.

- E então, está afim de dar um perdido no auror? – Questionou marotamente, preocupado em fazer a menina se esquecer dos problemas, afinal, a última coisa que queria era vê-la com um olhar tão triste.

- Eu acho uma excelente idéia. – Concordou ela, feliz por poder ter alguém como Gustavo ao seu lado.

E assim, sem muito esforço, o casal se misturou aos outros alunos, andando apressados, deixando Andrew para trás, até poderem estar sossegados e sozinhos, em uma parte tranqüila dos jardins de Hogwarts, onde finalmente conseguiram desfrutar, um da companhia do outro, após todos aqueles dias.

--

- O que você está fazendo? – Questionou Pietro Willians se aproximando de Sarah.

- Só estudando. – Respondeu sem desviar seu olhar do livro pousado a mesa.

- Vou te ajudar. – Falou, já se sentando na cadeira vazia, a esquerda da sonserina.

- Não precisa.

- Eu insisto. – Respondeu com uma expressão superior. – Afinal, eu entendo que o orgulho sonserino, não permita que você aceite ajuda, mas faço questão. Afinal lembro-me perfeitamente de minha época de estudante. O quanto era difícil. – Completou o auror, como muito orgulho na voz.

- Hum... Realmente, não precisa. Eu sei de cor, tudo o que está aqui. Além, disso, o que eu estou estudando, é matéria do sétimo ano. – Sarah disse no tom mais casual possível. Se voltando ao livro. Deixando o homem estático, olhando-a surpreso.

Ted estava sentando na poltrona, perto da lareira, porém não olhava para ela, ou para sua irmã que estava na outra ponta, seu olhar pairava sobre Malfoy. Desde que aquela segurança com as quatro garotas começara, sequer havia falado com ela.

- Ted? – Chamou Estelar, ao reparar que seu irmão não estava ouvindo nada do que ela falara. – Ted? – Ao não receber uma resposta, cutucou o irmão.

- Hum? – Respondeu distraído, se virando para a garota.

- O que foi? – Ela perguntou, mas não esperou uma resposta, pois ao olhar para onde seu irmão olhava tão distraidamente, percebeu o que houve. – Há... Sarah...

Assim que o nome da outra fora mencionada, o auror se remexeu incomodo, com os cabelos ligeiramente avermelhados.

- Me fala. Tá rolando alguma coisa entre vocês? – Perguntou a menina, meio que adivinhando a resposta.

- Hum... É...

- Tá tudo bem! Já vi que está acontecendo algo, afinal, você é péssimo em esconder esse tipo de coisa – Cortou, vendo o nervosismo do irmão, levantando-se com um sorriso. – Eu vou te ajudar, mas você vai ficar me devendo essa... – Concluiu marotamente.

A Grifinória foi até Melanie e Kayla que estavam no quarto que ela divida com a Lufa-lufa, voltando alguns minutos depois, com elas, todas trazendo em mãos alguns livros, indo até a mesa onde estavam Malfoy e Willians. Propositalmente, elas iniciaram um barulhento grupo de estudos, onde a cada um minuto uma das três perguntava algo ao auror, que prontamente as respondia, entretendo-se com as estudiosas meninas.

Sarah se levantou quando nem bem tinham passados cinco minutos, afinal, odiava estudar com barulho, por isso se dirigiu até a porta de seu quarto, porém ao passar por onde Ted estava, esse se levantou, olhando-a significantemente, para sair em seguida. A garota ponderou por um segundo, mas por fim o seguiu, após é claro disfarçar os seus movimentos. “Hunf... Pra quem disse que nunca se misturaria a um Lupin, até que você está bem envolvida” Pensou Estelar divertida, a única a observar os passos da Sonserina, até a saída.

Como vinha acontecendo há quase um mês, mais uma vez Kayla, Melanie e Estelar, se uniam para distrair o auror Pietro Willians, com a desculpa de precisarem de ajuda para estudar para os NOM´S, deixando assim o caminho livre para Sarah e Ted, que muito sabiamente mantinham-se o mais afastado possível tanto do auror, quanto do professor Malfoy, indo se encontrarem em um local já conhecido por eles há algum tempo.

- Como você sabe que eles estão na torre de astronomia? – Perguntou Andrew confuso.

- Sinceramente, eu não sei como você conseguiu se formar auror, sendo assim tão desligado. – Reclamou Jhones. – Se esqueceu dos feitiços de localização que colocamos nelas!? É por isso que o Willians está aí, tranqüilo, deixando essas três pensarem que o estão enganando... – Comentou, indicando o rapaz sentado à mesa, explicando algo para as meninas.

- Ahhh... Agora sim isso faz sentido. – Sorriu o rapaz loiro, fazendo o outro rolar os olhos. – Afinal de contas, o Pietro é sempre tão exigente.

- E você parado demais. Isso não é uma brincadeira... Não leve as coisas como se estivesse de volta para o colégio, isso é o seu trabalho, portanto tenha um pouco mais de atenção, se esquecer assim de algo tão simples, por mais que não pareça, pode ser um grande erro. – Repreendeu com veemência, para logo em seguida se levantar. - Vou fazer uma ronda. – Anunciou, retirando-se da sala.

Era bem verdade, que todo aquele clima de paz e tranqüilidade, estava deixando os aurores, pelo menos a maioria deles, ainda mais preocupados. Afinal, tanto tempo de quietude após um incidente sério, para eles só significava a tão conhecida calmaria antes da tempestade.

--

N/A (Bárbara): Hum... Nesse cap, temos muitas coisas interessantes acontecendo... Os sonhos, as marcas. Devo lembrá-los, TUDO tem seu significado... Fiquem atentos!! O Ted e a Sarah se acertaram!! Finalmente!! Devo dizer que fiquei muito feliz em chegar nessa cena!! É muito legal! E as coisas estão se intensificando vocês não acham? Daqui para a frente, teremos muitas informações e acontecimentos bizarros... Aguardem. Vou parar de falar, pois meus dedos estão coçando para dar alguns spoilers, e eu sei que não pode...

N/A (Ariene): Olha que capítulo grandão!! É sério, enquanto nós fazíamos esse capítulo, a gente tinha a sensação de que ele não acabaria nunca. Digitar 32 páginas do Word não é brincadeira...

--

Cold Contagious (Bush)

Onde você estiver
Você sempre carregará .
A verdade das cicatrizes.
E a escuridão de sua fé.

Seguindo lentamente.
Como chegamos aqui?
Tudo deu errado.
A gravidade tomando suas lágrimas.
Tudo parece tão melhor agora.
Tão melhor agora.

Cheio de pele

Você terá o seu
Você terá o seu

Você não tem direito de me perguntar agora
Você nunca estava por perto
E eu senti falta

Viagens diárias à realidade
E o seu casaco me serviu sempre.
Desligue a luz.
Estivemos acordados por dias.
E ninguém vem aqui mais.
Ninguém vem aqui mais

Você terá o seu

Você não tem direito de me acalmar.
Você nunca esteve por perto.
E eu senti falta.
Senti falta.

Contagioso frio.
Todos os homens poderosos.
O que você guarda é...
O que você perder no final
Contagioso frio

Pinte seu dia perfeito.
Não me importo.
Estou melhor sem pelo jeito.
Profundamente no chão.

Você terá o seu.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.