I Believe - Ato 1: Céu



*** Capítulo 14 – I Believe - Ato.1- Céu.
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“Eu acredito, eu acredito
Acredito que ainda temos valor
A luta você verá
Há esperança para o mundo esta noite
Eu acredito, eu acredito”

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A noite perfeita. Essa era a definição para aquela noite, uma celebração de vitória, uma celebração de morte. Há vinte anos, Harry Potter e o Lord das Trevas, travaram a batalha que marcaria para sempre os terrenos de Hogwarts... Pessoas queridas foram perdidas ali. Porém um bem maior, sobre o sacrifício de tantos, fora alcançado. Para os mais jovens, desacostumados com aquele terror, nada mais era do que uma celebração, para aqueles que presenciaram o terror, era um rito de superação.

O castelo reluzia, sua decoração tornava a já tão imponente construção em algo magnífico, deixando os já habituados a transitar por aqueles corredores impressionados.

Muitas personalidades do mundo bruxo estavam ali presentes, pois em situação extraordinária, a escola de magia e bruxaria, abria suas portas para receber convidados fora do corpo docente e estudantil.

A diretora caminhava pelo salão, conferindo pela quinta vez, se tudo estava em ordem, sua ansiedade era mais do que visível, porém nem de longe ela estava feliz com aquilo, afinal celebrar a data em que pessoas importantes para ela haviam morrido, não era motivo de felicidade.

Pelo mesmo passava Hermione, que se via arrastada por Neville.

- Vamos Mione!

- Neville! Eu já disse que não quero ir! – Protestava a mulher sendo levada quase que a força pelo amigo, ela já havia colocado aquele vestido sobre pressão, pior seria se tivesse que ir ao baile de fato. Definitivamente não gostava daquele lado mandão do amigo.

- Mione! Por que você não quer ir? Todos vão. Você não pode ficar assim para sempre! – O outro falou já parado, encarando Hermione.

- Eu não posso... – Sua tristeza era notável. – Essa festa só me lembra dor! Acho errado comemorar o pior dia da minha vida! – Lágrimas escorram por seu rosto, querendo sair dali o mais rápido possível, ela aproveitou o momento em que Neville a soltara, para dar meia volta e se afastar, mas acabou sendo parada por alguém em quem esbarrara.

- Humpf. Fugindo Granger? – Malfoy se afastou da mulher, olhando-a com sarcasmo. – Eu sei que ir ao baile com Longbotton deve ser mais do que deprimente, mas não precisa sair correndo... – O professor analisou a mulher a sua frente, de cima a baixo, admirando o conjunto da obra que se formara com o vestido roxo simples agregado ao corpo da professora. “Ok, eu retiro a parte relevante as suas gordurinhas Granger.” - Pensou.

O comentário do homem foi seguido por uma risada feminina, Hermione que olhou por um segundo para Malfoy, se virou, dando de cara com Pansy em um vestido negro com um decote escandaloso, que combinava em cor, com o smoking do marido, a mulher se dependurou no ombro do professor.

- Huhuhu, Draquinho, você realmente é mau. – Pansy sorriu maliciosamente para a mulher. – Porém acho que me enganei, eu sempre pensei que se você fosse trocar o fantasma do seu namorado Weasley, seria por outro Weasley... Não pelo gordinho do Longbotton. – Terminou de forma perversa.

- Mas... – Neville tentou esboçar uma reação, porém fora interrompido pelo pigarro seco de Malfoy.

- Cale-se Pansy. – Falou o professor puxando a mulher pelo braço sem nenhuma delicadeza.

- É impressão minha ou o Malfoy nos defendeu? – Neville se aproximou da amiga enquanto o outro professor puxava sua mulher pelo corredor.

- O Malfoy jamais defenderia alguém... – Hermione estava um pouco distraída.

- He, me defender talvez não... Mas acho que ele defendeu você... – Após o comentário o próprio não se conteve e começou a rir.

- Vamos. – A mulher puxou Neville pelo braço, imitando o gesto de Malfoy.

- Pra onde?! – O professor olhou com um misto de confusão e divertimento no olhar.

- Para o baile! Não era para onde nós estávamos indo?

- Mas você...

- Neville.

- Hum?

- Fica quieto. – Pontuou encerrando o assunto. Ainda assim não pôde retirar o sorriso que marotamente havia se instalado na face do professor de Herbologia.

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Para que as pessoas tivessem acesso ao colégio, um estabelecimento em Hogsmeade foi liberado para aparatações, já que nos terrenos de Hogwarts isso não seria possível. No entanto, os Weasley´s vieram pela rede de flú através da lareira dos Lupin´s, que estava constantemente liberada para eles.

Para essas pessoas aquele dia era uma melancólica comemoração afinal, por mais que vinte anos já tivessem se passado, as perdas ainda eram dolorosas. E por mais que tentassem, era impossível esquecer os momentos de terror passados dentro daquelas paredes. Molly era quem mais demonstrava tal sentimento, no entanto para seu alívio, Fred e Jorge se empenhavam em serem eles mesmos, conseguindo assim arrancar alguns sorrisos de sua mãe, mesmo que ainda fossem discretos.

O grandioso baile teve seu início, assim que o Ministro da Magia Arthur Weasley e sua família chegaram.

- Fico realmente feliz que todos tenham vindo. – Falou a diretora ao recebê-los.

- Obrigado Minerva. – Agradeceu o Ministro. – Apesar de tudo não poderíamos faltar.

- Claro, claro... – Concordou ela. - Como vai Molly?

- Ah, bem... – Respondeu a mulher um tanto quanto desanimada. –Sabe como é... Tanto tempo se passou, voltar aqui depois de tudo é bem estranho na verdade. Tanta coisa mudou...

- Ei, onde está Estelar? – Interferiu Fred mudando de assunto.

- Eu não contei? – Questionou a Senhora Lupin. – Ela está de castigo, só vai chegar mais tarde...

- De castigo logo hoje!? O que ela fez, matou alguém? – Riu Jorge.

- Não! – Disse a mãe da garota, também sorrindo. – Na verdade ela estuporou um aluno.

- E só por isso a pobrezinha está de castigo? Que crueldade... – Debochou Fred

- Hum... – Resmungou Molly. – Vocês definitivamente são péssimos exemplos para a menina. – Concluiu sendo prontamente apoiada pela diretora. – Não é a toa que o Lupin vive reclamando...

- Por falar nele, onde está o Remo? – Quis saber a auror, dirigindo-se a Minerva.

- Logo ali, com alguns alunos. – Respondeu indicando a direção.

- Bom, então eu vou lá falar com ele.

A mulher se afastou, indo na direção do marido, mas antes de chegar onde queria, tropeçou no pé de uma das mesas, e foi por pouco que não caiu na frente de todas aquelas pessoas no salão, e ainda assim ela prosseguiu como se nada tivesse acontecido enquanto sorria abertamente ao chamar por Lupin. Tanto os Weasley´s quanto a diretora, que observavam a cena, soltaram sonoras risadas. “É, tem coisas que não mudam nunca...” Pensou a Senhora Weasley.

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Em frente à entrada do salão comunal da Lufa-lufa, Gustavo caminhava de um lado para o outro, totalmente ansioso. O rapaz tinha a nítida sensação de que cada segundo se arrastava, parecendo uma eternidade. “Maldita teoria da relatividade.” Pensou impaciente.

- Gustavo.

Ao escutar o som do próprio nome o Grifinório parou e se virou para a porta, onde Melanie estava, e por um instante ele soube que o mundo havia parado ao menos o mundo dele sim...

- Gustavo. – Chamou novamente a menina, trazendo-o de volta á realidade.

- Você está linda! – Foi a única coisa que conseguiu responder.

A lufa-lufa trajava um vestido simples, tipo rodado indo até os joelhos, de cor lilás bem claro, combinando com suas sapatilhas, o que lhe dava um ar um tanto quanto infantil o que na opinião do rapaz estava perfeito. Mas de qualquer forma, mesmo que ele a visse da forma mais simples possível, tão corriqueira quanto nos dias de aula, ainda assim a acharia encantadora.

- Obrigada. Você também está muito bonito. – Falou sorrindo enquanto pegava o braço que o rapaz lhe oferecia. – Ficou ótimo de azul marinho. – Elogiou.

Juntos, eles entraram no salão do baile, cada um muito satisfeito com toda aquela situação afinal, nunca antes nenhum dos dois havia se sentido tão bem na companhia de outra pessoa.

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Após todos estarem presentes, dadas às formalidades, O Ministro da Magia foi obrigado a dizer algumas palavras sobre os acontecimentos da batalha, mas por motivos óbvios ele não se estendeu por muito tempo, e logo McGonagall estava anunciando a todos o aluno Peter Dragon, escolhido pelos professores de Hogwarts como um estudante modelo. Por isso, foi pedido a ele que fizesse um discurso, que foi prontamente aplaudido em suma pelos mais velhos, por suas palavras tão eloqüentes. No entanto, os alunos em si, não simpatizaram muito com as palavras do rapaz que mesmo sendo cortês, se posicionava de forma altiva, extremamente arrogante na opinião de alguns. “Eu não suporto esse cara...” Pensava Melanie, enquanto assistia a tudo aquilo ainda chocada. Assim que o Corvinal terminou seu discurso, ele se dirigiu até o salão, onde foi cumprimentado por algumas pessoas, em sua maioria funcionário do ministério, que estavam realmente satisfeitos com o tipo de pessoa que formava aquela instituição de ensino. O que a maioria das pessoas no baile não reparou, foi que após isso a sua presença não foi mais notada.

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- Ai Nem! Ta tudo tão bonito né? – Kayla se manifestou, andando pelo salão ao lado da amiga, as duas chegaram um pouco depois dos discursos já terem terminado, proveniente da indecisão da garota em ir com o vestido longo vermelho ou o amarelo-ouro decotado. Acabara optando pelo amarelo.

- Pois é Kayla.

- Ei, cadê aquele seu cordão bonito? Por que você não ta usando? – Observou a morena, que cobiçava o cordão desde que o vira.

- Hum? Deixei guardado. – Respondeu sem muita animação.

- Que pena. Ia ficar divino com o seu vestido... Ou com o meu. – Comentou a menina, olhando o vestido azul bebê, tão longo quanto o dela, porém bem menos decotado e cheio de estrelinhas que piscavam sem parar. “Ta, ia ficar melhor com o meu...” Pensou.

- Tanto faz...

- Ai Sophie, por que você ta tão triste? É por causa do bobo do Peter?

- Não é bem o que você está pensando...

- Hum... Sei. Você ta gamada nele não é? – Kayla falou sorrindo marotamente para a outra.

- Já disse que não é isso que você está pensando! Os astros me dizem que algo vai acontecer.

- Olha aqui Sophie! Nós viemos juntas ao baile para catar uns gatinhos e nos divertimos! Nada de seção deprê num baile tão bonito! E como está bonito... – O último comentário fora dirigido a um rapaz que passava diante das duas. A morena sorriu para o menino que ficou olhando. – Mais tarde me procura ta nem! – Completou quando teve o seu sorriso retribuído.

- Pára Kayla! É sério!

- Que sério que nada! Aquele chato tomou um fora e ta magoadinho... Relaxa.

- Não... – Sophie parou ao ver de relance Peter se movendo entre as pessoas, e sem se despedir da outra, foi atrás do amigo.

Apressada a Corvinal tentou acompanhá-lo, porém quando o amigo saiu do salão, Sophie não mais o viu, preocupada e decidida a pará-lo, não iria desistir tão fácil, e com esse pensamento, a menina iniciou sua busca pelos jardins.

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-... Não seja modesta diretora. O trabalho que a senhora tem realizado aqui, nesse colégio, é realmente esplendido! – Elogiava um dos funcionários do Ministério. – A verdade é que Hogwarts vive tempos dourados, que eu tenho certeza, vão entrar para a história.

- Não chega a tanto senhor Mendes... – Ponderou Minerva desconcertada.

- Bom, mas não podemos negar que o seu trabalho tem sido ótimo! – Afirmou o Ministro.

- Eu agradeço. – Sorriu a senhora. – Faria qualquer coisa por essa escola... Mas a verdade é que estou velha, velha demais para tudo isso. Por isso, estive pensando, e acredito que já seja a hora de eu me aposentar.

- Com certeza vai ser uma grande perda para Hogwarts. – Disse Lupin também presente na conversa.

- Muito gentil da sua parte Remo, mas tenho certeza que o senhor Weasley teve ter alguém de confiança para o cargo. – Disse a diretora.

- Isso de fato. – Confirmou.

- E quem seria pai, pode nos dizer? – Quis saber Percy interessado.

- Claro, claro... Acredito que Lupin seria muito competente. – Afirmou Arthur sorrindo, sendo apoiado pelos outros.

- Agradeço a confiança Arthur. Mas não acho que seria uma boa idéia na minha condição, se é que me entende...

- E porque não? – Interveio McGonagall. – Alvo tinha plena confiança em você, além do mais, sua condição nunca foi um problema para essa escola.

- Agradeço mais uma vez diretora. – Disse o homem comprazido. – Ainda assim, não acho que estou apto para o cargo. Prefiro continuar com o meu trabalho como professor. E de qualquer forma, tenho certeza que Arthur ainda tem outras opções.

- Bom, existe sim mais alguém. Mas confesso que ficaria mais feliz se você aceitasse... Porém nesse caso, o Sr. Daniel Power, seria uma boa escolha, mesmo ainda sendo tão novo.

- Isso é verdade! – Concordou Percy com veemência. – O Senhor Power tem se mostrado muito competente, além do mais é um educador, o que o enquadraria perfeitamente no cargo.

- Já ouvi falar desse senhor. – Falou Mendes. – É de fato, muito promissor.

- Isso com certeza! Tanto que em breve fará parte do corpo docente de Hogwarts. – Anunciou Minerva.

Antes que alguém expressasse qualquer tipo de reação, os professores Granger e Longbotton se juntaram ao grupo, desviando a atenção do assunto.

- Ah, olá Hermione. – Cumprimentou Percy, ao ver os dois. – Longbotton. – Completou mais formalmente.

Ambos responderam todas as saudações amigavelmente.

- Hermione, Neville, deixe-me apresentar-lhes a um jovem amigo meu, um bruxo com uma carreira promissora, para falar a verdade. – Disse McGonagall se dirigindo aos dois, indicando ao seu lado um jovem loiro, de óculos e um terno bem alinhado.

- Esse é o Erick Mendes, está trabalhando no ministério há pouco tempo, mas tem sido de grande ajuda.

O rapaz estendeu a mão na direção de Hermione, sorrindo amavelmente.

- Muito prazer. Sou Hermione Granger.

- O prazer é meu. – Por mais imperceptível que fosse Hermione notou um ligeiro sorriso com segundas intenções na face do rapaz a sua frente.

- Eu sou Neville Longbotton. – O professor falou, estendendo a mão para atrair a atenção do rapaz.

- Olá.

- O senhor Mendes é um entusiasta de Hogwarts. – Falou a diretora.

- Sim, eu queria ter estudado aqui. Porém como não foi possível, por isso só me resta vir ao castelo e observar esse lugar magnífico... – Comentou sorrindo.

- Você não estudou aqui? – Perguntou o professor de Herbologia.

- Não. Na verdade eu sou brasileiro, porém naturalizado inglês, eu sempre quis vir até onde as coisas acontecem! – Suspirou extasiado.

- Mas agora o senhor está aqui, em Hogwarts, por isso eu espero que aproveite, aliais tenho certeza de que será muito útil. – Completou o ministro.

- Que bom. – Simpatizou Neville. – E o senhor pretende seguir carreira?

- Sim, a princípio vou estar como estagiário, mas logo espero lecionar também...

Hermione alheia àquela conversa passou a observar o salão desanimada, não queria estar ali, nada que Neville falasse, nem ninguém, faria ela se sentir melhor naquele dia.

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Já fazia pelo menos uma hora de baile, e os animados alunos ainda permaneciam extasiados com a grandiosidade do evento. Alheios a isso, Melanie e Gustavo continuavam dançando, aliás, estavam fazendo isso desde que haviam chego.

-... Mas isso é incrível! – Exclamou Gustavo animado. – Eu nunca que ira imaginar, que você é filha do ministro trouxa...

- Eu sei... Não gosto de ficar comentando isso com todo mundo sabe. É meio estranho.

- Imagino... Deve ter sido assim que seu pai conheceu os bruxos então, porque pelo o que eu sei o ministério bruxo sempre envia alguém para tratar de alguns assuntos em comum. Foi assim que seus pais se conheceram? – Quis saber.

- Foi sim! – Tornou a garota sorrindo. – Eles trabalhavam juntos e deu no que deu.

Antes que prosseguissem com a conversa, a música mudou, passando para um ritmo bem mais lento, o que deixou ambos, um pouco constrangidos, afinal, de certa forma esperavam por este momento. Melanie observou o rapaz a sua frente excitar em tomar-lhe a mão e por um momento ponderou tudo o que estava acontecendo por isso, decidida, ela acabou rapidamente com a distância entre eles, encostando os seus lábios nos do rapaz, esperando ansiosa que ele lhe correspondesse, ao que foi prontamente atendida. Todo o clima ao redor do casal, a música lenta, as fadas que voavam pelo lugar como parte da decoração, o beijo terno e calmo, tudo isso denotava a mais completa perfeição, digna de um conto de fadas.

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Sozinha em seu quarto, Estelar se olhava pela enésima vez no espelho conferindo sua produção. “Ainda bem que a Hermione comprou esse vestido pra mim antes de eu ficar de castigo.” Pensou a garota satisfeita, antes de finalmente descer para o salão comunal da Grifinória onde seu irmão já a esperava. A garota desceu as escadas com cuidado, não era sempre que usava salto alto, por isso seu irmão não á ouviu quando chegou.

- Ted. – Chamou a garota.

O rapaz que bebericava um pouco de cerveja amanteigada acabou por cuspir o que tinha na boca, ao se virar e ver a irmã parada ao pé da escada. A garota usava um vestido azul royal, tipo tomara que caia, com uma generosa fenda ao lado da perna esquerda, Ted não teria ficado tão chocado se não fosse pelo fato do vestido ser totalmente colado ao corpo, demarcando cada curva proeminente da garota.

- Mas o que... – Começou ele atrapalhado. – Que roupa é essa Estelar? Por Merlin!

- O que foi? Qual o problema? – Perguntou confusa. – Você não gostou?

- É claro que não! – Exasperou-se. – De onde você tirou esse vestido? Eu pensei que... Ah deixa pra lá! Você não vai sair daqui usando isso, não mesmo! E por Merlin, vai tirar esse enchimento.

- Não é enchimento seu idiota! – Gritou a menina saindo enfurecida pela passagem da mulher gorda.

O ex-grifinório demorou um tempo para entender o porquê de a menina ter ficado tão chateada, e só então ele saiu apressado atrás da irmã, que já estava quase chegando às escadas.

- Espera Estelar, me desculpe! – Falou ele constrangido. – É que...

- Deixa pra lá! – Cortou ressentida. – Eu não quero mais falar disso. – Pontuou.

- Tudo bem então. – Concordou prontamente o rapaz, aliviado por não ter quer discutir como a sua irmãzinha estava crescendo. – Vem, vamos voltar aí você troca de roupa e nós podemos ir para o baile.

- O que? Eu não vou trocar de roupa Ted, mas que cacete!

- Não fala palavrão Estelar! E você vai sim trocar de roupa, eu não quero nenhum moleque tarado cercando você. – Pontuou ele convicto.

- Hurrrrg... Ted você tem o dom de me irritar! – Exclamou a garota, virando as costas ao seu irmão e rumando ligeira para onde acontecia o baile.

Exatamente uma hora e meia depois, assim como McGonagall determinara, Estelar adentrava no salão, com seu irmão vindo logo atrás, um tanto quanto contrariado.

- Ai! – Estelar reclamou quando levou um encontrão com alguém que caminhava apressado em direção a saída.

- Me desculpe! Te machuquei? – Disse o homem, se virando imediatamente.

A Grifinória ficou sem palavras, olhando para o homem a sua frente, que vestia calça jeans e jaqueta de couro, nada apropriado para um baile de gala, mas a garota não pode deixar de observar o quão isso o deixava bonito, o ar selvagem, que era confirmado pelo cabelo negro arrepiado e o sorriso de canto de boca que mantinha em sua face, só serviam, na visão da menina, para completar de forma espetacular todo o conjunto, por isso ela manteve-se durante algum tempo parada de boca aberta, até que voltou a si quando recebeu uma leve cutucada de seu irmão que não estava nem um pouco satisfeito.

- Não... Não machucou. – Respondeu ainda extasiada.

- Que bom. – Sorriu o homem, deixando-a estática, enquanto se afastava rapidamente.

A menina acompanhou os passos do homem até que ele sumisse de vista, não conseguindo pensar em nada. “Ótimo! Agente mal chegou ao baile e ela já está arrumando paqueras por aí.” Pensou Ted chateado, enquanto sua irmã, ainda distraída, se virava para retomar seu caminho, esbarrando mais uma vez em outra pessoa.

- Foi mau. – Resmungou Sarah passando apressada pela Grifinória.

- Ei, onde você está indo? – Perguntou quando viu a outra se dirigindo a saída.

- Sumir! – A sonserina parou, olhando para os lados.

Ted que continuava a se remoer mentalmente a respeito dos trajes da irmã, se viu obrigado a interromper seu raciocínio ao reparar em Sarah Malfoy, que estava vestida com um simples, porém muito elegante vestido preto, que contrastava perfeitamente com sua pele clara, conferindo-lhe um ar formal e ao mesmo tempo encantador, na visão do rapaz, que pela primeira vez, olhou para a garota de verdade.

- Do que você está fugindo Sarah? – Estelar se aproximou da outra.

- Daquele amigo maníaco do Peter...

- Fugindo? Mas você deveria estar questionando ele!

O rapaz que continuava a reparar na sonserina, se obrigou a prestar atenção na conversa das duas, afinal, não era correto olhar de tal forma para a menina que tinha a mesma idade de sua irmã.

- Eu sei! Mas ele não quer conversar. Se é que você me entende.

- Hum... São por essas coisas que eu odeio pirralhos! – Disse Estelar.

- Bom. Vocês não podem culpá-los. – Comentou Ted distraidamente. – Afinal ficam desfilando por aí vestidas desse jeito.

- Ah Ted, por Merlin! Não vai começar de novo com esse maldito papo. – Reclamou a garota.

- Jeito? Que jeito? - Perguntou a sonserina sem entender.

- Hum... – Começou Ted, só agora se dando conta do que havia dito. - Fale baixo Estelar, eu estou bem do seu lado. – Repreendeu como o de costume. – Você está realmente muito bonita Malfoy. – Sorriu o rapaz finalmente falando aquilo que estava em sua mente desde que havia visto a menina. - Ao contrário de você irmãzinha, que está indecente... – Disse aproveitando a oportunidade.

- Eu não estou indecente... – Resmungou a Grifinória. – Estou Sarah?

- Hã... É... Não... Não acho que você esteja indecente... Você é indecente. – Respondeu Sarah levemente corada com o que acabara de ouvir.

- Valeu mesmo heim... Te peço para ajudar e você piora ainda mais a situação! – Reclamou Estelar enquanto o rapaz sorria abertamente com o comentário da outra. - Ah quer saber, eu não ligo! O que é bonito é para se mostrar. – Concluiu a garota sorrindo travessa.

- Hum... Mas eu não disse que era feio... Só disse que você era indecente... – Comentou a outra fazendo cara de ligeira indignação.

- Está vendo Estelar, até ela concorda comigo. – Falou Ted risonho, aprovando o comportamento da outra. – Você deveria seguir o exemplo da Malfoy e ser mais comportada.

- Não enche o saco! – Exasperou-se a garota. – E já que você está virando tão fã dela, aproveita, porque a Sarah é caidinha por você. - Disse a menina chateada saindo de perto dos dois para finalmente entrar no salão do baile.

O auror seguiu com o olhar a sua irmã se distanciando, não queria encarar a filha do professor Draco naquele momento, porque para ser sincero, tinha ficado um tanto quanto constrangido pela revelação que acaba de ter. Mas também não seria educado sair sem falar nada para a garota ainda parada ao seu lado, nem sabia se queria sair do lado dela, na verdade.

Sarah abriu e fechou a boca algumas vezes, antes de conseguir falar alguma coisa, sua vontade era de correr até a grifinória e voar no pescoço dela, porém ela conteve-se e suspirou fundo, tinha que sair logo daquela situação constrangedora.

- Ela... Ela não quis dizer aquilo... – A garota fez uma pausa, avaliando suas palavras. – Quer dizer, quis sim... Mas o que ela disse não é...

- Como? – Disse o rapaz voltando-se para Sarah. - Desculpe, eu não entendi. O que quer dizer com isso?

- Esquece o que ela disse. Ela faz esse tipo de coisa, por mera vingança, nós a deixamos irritada, a única saída que ela teve foi, hum... Nos constranger. – Completou a sonserina de forma indiferente, tentando ao máximo disfarçar seu nervosismo.

- Minha nossa Sarah! Que menino bonito! É seu namorado? - Pansy surgiu perto dos dois, enlaçando o ombro da filha.

- Namorado!? – Engasgou-se Ted. – Não, imagina... Nós só estávamos conversando.

- Huhu... Do jeito que ficou nervosinho, está no mínimo interessado... – Pansy sorriu maliciosamente, dando uma leve chacoalhada na filha. – Eu sabia que você só se fazia de santinha para agradar seu pai... Que no fim, alguns genes meus você tinha que ter! Herdou meu bom gosto... Huhuhu...

- Mãe...

- Relaxa, eu não conto nada pro seu pai ta! – A mulher retirou seu braço do ombro da filha, empurrando-a para perto de Ted. – Tchauzinho pombinhos...

- Bom... – Começou o rapaz constrangido. – Acho melhor eu ir andando, vai que mais alguém aparece, nesse ritmo vão acabar nos casando... Não que eu ache isso ruim, quer dizer... – Atrapalhou-se. – Enfim, eu tenho que ir, não posso deixar a Estelar sozinha por aí. Então, a gente se vê.

- É... Hum... Ta. Tchau. – A garota não o encarou. Se virou e seguiu o caminho para fora do salão, enquanto Ted seguia igualmente apressado na direção oposta.

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- Senhorita Granger?

- Hum?

Hermione se virou e avistou o rapaz que McGonagall apresentara a ela, Erick Mendes, que lhe sorria.

- Poderia me dar a honra de dançar comigo? – Sorriu o homem cortês.

- Eu... É que eu não estou com humor para...

- Não vou aceitar não como resposta.

Hermione ponderou em recusar novamente, porém cedeu ao ser levemente empurrada por Neville que passara aquele tempo todo reclamando em seu ouvido, dizendo que ela deveria se divertir, principalmente depois te ter se encontrado com a Senhora Weasley, que não conseguiu conter as lágrimas ao abraçar a professora, fazendo-a chorar também.

- Tudo bem. Mas só uma dança.

Erick parecia ser bem mais novo que ela, porém agia como um perfeito cavaleiro, mantendo a pose altiva o tempo inteiro. “Parece uma versão genérica e menos sarcástica do Malfoy” Pensou. “Por falar no diabo...” pensou novamente ao ver por cima do ombro de Erick, Malfoy sendo abordado por algumas alunas que insistiam em tirá-lo para dançar.

- Por favor, professor! Só uma dança. – Pediu uma aluna do sexto ano.

- Não! – Malfoy tentou responder de forma seca.

- Porque não? É só uma dança! – Replicou a outra menina que pulava, tentando fazer manha.

- Eu já disse que não! – O professor esta perdendo a paciência.

- Mas professor...

- NÃO! – Gritou o homem se afastando mal humorado, mais ainda assim, sendo seguido pelas alunas que protestavam e insistiam para que o professor mudasse de opinião.

Hermione não se conteve e riu, aquela cena tinha sido deveras engraçada.

- O que foi?

- Nada não.

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Sophie caminhava cuidadosamente pelos jardins do castelo, procurando em cada canto, empenhada em sua tarefa de encontrar Dragon. E pela primeira vez em toda sua vida, a garota mantinha a cabeça alinhada, com o olhar voltado para frente, sem nunca levantá-lo, com receio de olhar as estrelas, e encontrar nelas a confirmação daquilo que seu coração já sabia: Aquela noite não teria um desfecho agradável, assim como a 20 anos atrás.

- Ei você! – Alguém chamou.

A garota olhou ao redor e viu Devon andando em sua direção, parecendo chateado.

- Me diga Malfatine, você por acaso viu a Malfoy por aqui?

- Não, eu não vi. – Respondeu de forma simples.

- Tem certeza? – Perguntou o rapaz desconfiado.

- Sim! Ela não está aqui, te garanto.

- Certo, então! Se a vir, diga que estou procurando por ela.

- Eu digo.

O Sonserino se afastou, continuando sua busca, mas ainda sim não pode deixar de notar o quanto a menina parecia estranha, até mesmo para ela.

- Ele já foi, pode sair daí agora. – Disse Sophie em voz alta.

Porém ela não obteve resposta alguma, por isso, de forma tranqüila, caminhou até um emaranhado de árvores baixas, encontrando Sarah Malfoy parada, escondida, entre elas.

- Eu disse que já podia sair. - Falou sobressaltando a outra.

- Merda Malfatine! Odeio essa sua mania de chegar sem fazer barulho... - Reclamou. - E como é que você... Ah quer saber? Isso não é da sua conta! - Concluiu afastando-se.

- Espere! - Chamou Sophie, segurando um dos braços da sonserina. - Não fique fora do castelo, é perigoso. Volte e fique o mais longe possível do...

- Mas do que você está falando sua louca!? - Interferiu Sarah irritada, definitivamente aquele baile estava sendo o pior de toda a sua vida.

- Sei que não vai acreditar em mim! Já tentei ajudar uma vez e vocês não me ouviram, mas dessa vez é diferente... Precisa confiar em mim. – Pediu.

- Confiar!? – Debochou Malfoy. – E por que eu faria isso? Para ir correndo contar para o seu amiguinho o que eu e as outras estamos fazendo, assim como você já fez antes!?

- Eu não disse nada para o Peter, mas sei que não vai acreditar nisso também...

- Então não perca tempo tentando provar o contrário. – Concluiu a sonserina secamente, virando-se e seguindo em direção aos portões da propriedade, seria uma boa caminhada, mas queria se manter o mais longe possível de toda aquela gente.

- Eu gostaria de não ter visto tantas coisas no céu... - Resmungou a corvinal tristemente, sentando-se onde antes estava Sarah.

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Estelar era a animação em pessoa, tanto que desde que a havia adentrado no salão, não tinha parado de falar um instante sequer. A garota seguia conversando empolgada, com todos os colegas, de casa ou não, que encontrava pelo caminho, o que tornava a sua intenção de ir até a mesa onde estavam os Weasley´s, localizada ao fundo, cada vez mais complicada. Seu irmão a seguia de perto, fazendo questão de espantar qualquer rapaz que tentasse se aproximar da menina, para convidá-la para dançar, fazendo assim, jus ao seu papel de acompanhante.

- Estelar! – Gritou Ninfadora, assim que viu a filha se aproximando.

- Oi mãe.

- Nossa! Você está tão bonita! – Elogiou ao abraçar a menina, sem sequer reparar que aquele não era o vestido que ela havia comprado.

- Obrigada. Você também mãe, está super gatona! – Sorriu. – Oi vó Molly! Vô Arthur... – Cumprimentou a menina, também os abraçando de forma amável.

- Olá querida, estava com saudades. – Disse a Senhora Weasley gentil. – Quando for lá em casa, eu vou... – A mulher não pode terminar o que diria, pois os gêmeos, que só agora voltavam para mesa, a interromperam.

- Minha afilhada favo... – Começou Jorge. - Pelas calças de Merlin! Que vestido é esse?

- Vai já colocar um casaco mocinha. – Completou Fred igualmente chocado.

- Ah qual é!? – Reclamou a menina. – Isso é perseguição não é!?

- Não se preocupe meu bem. – Interferiu sua mãe. – Eles estão agindo desse jeito, porque só agora repararam em como você cresceu. – Comentou risonha, divertindo-se com as caretas de Fred e Jorge. – Desse jeito, aposto como logo, logo arruma um namorado.

- Mãe, por favor, não incentive... – Resmungou Ted acomodando-se em um dos lugares vagos, terminando de cumprimentar as pessoas sentadas a mesa.

- Ah, por falar nisso... – Falou Estelar ignorando o comentário do irmão. – Vô, quem era um homem que estava aqui mais cedo, ele estava usando uma calça jeans e uma jaqueta de couro. Você conhece?

- Um homem com jaqueta de couro, aqui no baile? – Estranhou o senhor.

- É, ele já foi embora...

- Eu sei de quem está falando Estelar. – Intrometeu-se novamente a mãe da menina. – Ele trabalha para o ministério, já esteve na minha seção, se não me engano o nome dele é alguma coisa O’Conell...

- Sim, sim agora me lembro. – Disse Arthur. – Vocês estão falando de um dos inomináveis que estiveram aqui mais cedo.

- Ele é um inominável! Nossa... – Admirou-se Estelar.

- Pois é, vocês precisavam ter visto a cara de boba que ela fez quando trombou com ele. – Brincou Ted. – Igualzinha a essa daí que ela está fazendo agora... – Completou, fazendo os gêmeos rirem.

- É Ted, também está igualzinha a que você fez quando viu uma certa pessoa, ou está pensando que eu não reparei!? – Falou a Grifinória em tom sarcástico.

- Eu não faço a menor idéia do que está falando... – Resmungou o rapaz.

- Ah, mas o cara é mesmo um gato! – Exclamou Ninfadora.

- É, é sim! – Concordou Estelar igualmente animada.

O senhor e a senhora Weasley trocaram olhares divertidos, ao assistirem Ninfadora e Estelar, pularem felizes de mãos dadas enquanto elogiavam os atributos físicos do inominável, mais parecendo duas amigas do que mãe e filha.

- Qual o motivo de tanta animação? – Quis saber Lupin assim que se juntou ao grupo.

- Pai! – Gritou a menina se jogando no colo do homem.

- Oi minha filha. – Sorriu. – Mas... – Começou torcendo o nariz. – Eu não acredito, que tipo de vestido é...

- Vem querido, vamos dançar! – Cortou a Senhora Lupin, impedindo que o homem também reclamasse do vestido da menina, arrastando-o para a pista.

- Ninfa, eu não tenho mais idade para essas coisas... – Protestou.

- Não seja bobo Remo, você ainda é um garotão. – Conclui sorrindo significativamente, deixando-o sem graça.

- Vamos Ted, eu também quero dançar. – Chamou Estelar.

O rapaz já estava começando a se levantar, mas foi impedido quando Fred pós a mão em um dos seus ombros, enquanto Jorge se adiantava para segurar um dos braços da garota.

- Foi mal, mas essa dança é nossa! – Anunciou ele.

- Pois é, é nosso direito como padrinhos. – Completou Fred, agora também segurando Estelar pelo outro braço.

E assim, os três seguiram de braços dados até a pista de dança, onde muitas outras pessoas se divertiam ao som agitado de uma banda jovem. Estelar reconheceu muitos rostos no meio de toda aquela confusão, mas o que mais chamou a sua atenção foi um casal em especial, que dançavam abraçados, sem se importar de estarem fora do ritmo da música. “Que bom que deu certo!” Pensou a garota satisfeita enquanto admirava Gustavo e Melanie.

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Pansy andava pelo salão, segurando em uma das mãos uma taça vazia que foi imediatamente substituída por uma cheia, quando um dos elfos do castelo passou pela mulher, que mal conseguia se manter equilibrada no salta alto. Assim que a ex-sonserina se virou para prosseguir seu caminho, trombou em uma das crianças que corria pela festa, derrubando-a no chão, e também a taça, que virou derramando o líquido no vestido elegante da mulher.

- Seu pivete impuro! Por acaso tem noção do preço desse vestido!? – Esbravejou ela com a voz um tanto quanto mole.

- Me desculpe... – Falou o menino enquanto se levantava.

- Me desculpe? É só isso que você... Ai! – Protestou ela, assim que teve um de seus braços firmemente segurado por Draco.

O professor de poções saiu arrastando a mulher, sem se preocupar se a estava machucando ou não. Odiava atrair atenção em demasia, e Pansy, definitivamente, já estava passando da medida, por isso, a arrastou salão a fora de extremo mau humor, com uma carranca que era capaz de intimidar até o mais corajoso dos aurores, portanto, nem mesmo sua mulher teve coragem para tentar qualquer tipo de reação, restando a ela a opção de se deixar levar. Malfoy adentrou a sua sala particular ainda segurando a mulher pelo braço, seguindo diretamente para a lareira, onde a jogou.

- Poxa Draco, o que você...

- Quieta Pansy! – Esbravejou. – Nem uma palavra ouviu bem!?

Rápido ele pegou um pouco de pó de flú, guardado em um recipiente sobre uma das mesas, aproximando-se em seguida para jogá-lo dentro da lareira, sem se importar com a cara feia que Pansy fazia. “Você é uma vergonha mulher!” Falou ao vê-la desaparecendo em meio as chamas esverdeadas. Com raiva, Draco bateu a porta da sala ao sair, pensando em como seria vantajoso se livrar para sempre da presença insuportável da mulher, cujo único valor estava em Sarah, sua filha, de quem o professor jamais abriria mão.

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-... Então você também toca guitarra!? – Disse Melanie empolgada. – Isso é incrível. Nunca pensei que encontraria alguém com esses gostos aqui em Hogwarts...

- Pois é! Eu também não. A maioria dessas pessoas nem sabe o que é uma guitarra. – Sorriu. – Você sabe o que isso prova Mel?

- Provar? Como assim? – Perguntou a Lufa-lufa confusa.

- Isso prova que nós dois fomos feitos uma para o outro! – Respondeu Gustavo convicto.

- Hum... Pode ser. – Respondeu ela fazendo charme.

- Vamos fazer o seguinte, a gente namora e descobre se eu estou certo ou não.

- O que? – Engasgou-se a menina com o suco de abóbora que bebia.

- Você e eu, namorados, o que acha? – Perguntou o rapaz sério.

- Bom, eu... – Começou Melanie igualmente séria. – Certo! Tudo bem, eu aceito. – Sorriu ela por fim.

- Ótimo! Que bom... – Voltou a sorrir Gustavo, visivelmente aliviado. – Por um momento achei que você não fosse aceitar.

- Bem, eu tinha que causar uma certa expectativa, você não acha!?

- Quanta crueldade da sua parte. E eu que pensei que lufas-lufas fossem bonzinhos...

- Vem, vamos dar uma volta! – Disse a menina levantando-se enquanto pegava a mão do rapaz, o puxando para fora do salão, em direção aos jardins do castelo.

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- Maldita mulher! – Esbravejou o professor, parando em um canto mais afastado do salão ao entrar, tentando o máximo possível para se manter calmo. – Porcaria de pirralhas assanhadas! – Reclamou ao notar os olhares de algumas alunas sobre ele, por isso caminhou de mau humor, um pouco mais para o fundo do salão e sem perceber acabou esbarrando em alguém. – Desculpe. – Disse automaticamente.

- Hum...

- Granger? – Falou olhando a mulher escorada à parede. – Que raios você está fazendo aqui?

- Nada Malfoy. Me deixa em paz. – Respondeu sem muita emoção.

- Cadê o gnomo do Longbotton?

- Já disse Malfoy! Me deixa! Não quero brigar, nem falar com ninguém!

- Hermione! Finalmente te achei.

Draco observou o jovem que vinha até eles, sorrindo, trazendo duas bebidas. Hermione revirou os olhos, porém só ele pode observar isso, era visível o descontentamento da mulher perante o jovem.

- Senhor Mendes... – Foi só ela que disse.

- Eu estava te procurando, trouxe sua cerveja amanteiga... – Erick parou quando viu o professor parado ao lado dela. – Olá... – Se dirigiu ao homem.

Draco encarou Hermione, de forma trapaceira, assim que conseguiu contato visual, leu sua mente, e viu o quanto era tortuoso para a mulher ficar ouvindo a conversa animada do jovem.

- Draco Malfoy. – Cumprimentou com um aperto muito forte na mão do rapaz, que se contorceu para tirá-la da prensa.

- Erick Mendes. – Respondeu após recuperar o fôlego.

- Sei. O que o senhor quer com a professora Granger, senhor Mendes? – A voz sibilada, causou estranheza tanto em Hermione quanto em Erick.

- C... Como assim? – Gaguejou o jovem intimidado.

- Ela não irá dançar com o senhor. E também não fará aquela outra coisa que está pairando sobre sua mente.

O jovem ficou rubro, olhando para Malfoy.

- Sim, eu leio mentes. Se afaste, pois eu também faço outras coisas, muito mais perigosas. – Ele fez uma pausa. – Para você é claro. – Concluiu sorrindo perversamente.

- Então. Eu... Eu... Acho melhor ir conversar com a McGonagall... – Falou desconcertado.

- Faça isso. – Malfoy lhe sorriu, retirando o copo de cerveja amanteigada de sua mão para beber. Erick sorriu sem graça para Hermione e saiu sem olhar para trás.

- Malfoy... Por que você fez isso? – Hermione estava alarmada com a atitude do homem.

- Simples Granger. Você me deve. Lembre-se disso. Pois eu não vou esquecer. – Respondeu em tom seco.

- Aonde você quer chegar com isso?

- Ah Granger, eu só fiz o que fiz, pois me é conveniente. – Um sorriso malicioso surgiu em seu rosto. – Mal posso esperar pelo dia em que você vai me pagar esse favor... – Completou saindo em seguida deixando para trás a professora, totalmente preocupada.

Por mais bizarro que possa parecer, no fim das contas, foi quase apaziguador ter tido aquele encontro com Hermione Granger, depois de tudo que acontecera, e de certo modo, Draco se sentiu satisfeito por ter um motivo para se aproximar da mulher, não que ele fosse agradável para ela, claro, e por isso não conseguiu evitar um pequeno sorriso de satisfação que se formou em sua face.

--

Ted e Estelar caminhavam juntos, de braços dados, através dos jardins de Hogwarts, seguindo em direção aos portões principais, enquanto conversavam amigavelmente, como estavam tão acostumados a fazer, por mais que ás vezes parecesse que estavam muito mais próximos de se matarem.

- Você é certinho demais Ted. Ainda está cedo, tem pelo menos mais meia hora de baile, não precisa ir embora agora... – Resmungou a garota.

- Já disse, eu trabalho amanhã. Não posso demorar porque tenho que acordar cedo. E para falar a verdade, eu nem ia vir nesse baile, só vim mesmo porque você pediu. – Explicou ele mais uma vez.

- Credo, não sei como consegue ser tão anti-social. – Criticou. – E sem brincadeira, ninguém merece esse seu trabalho! Trabalhar fim de semana é um porre, me lembre de nunca seguir a carreira de auror...

- Diz isso agora, mas conhecendo você, eu duvido que escolha qualquer outra coisa. – Comentou com segurança.

- Acredite, não está nos meus planos ficar andando por aí brincando de mocinho caça bandido, quando o máximo que tem é algum maluco sem futuro, que bebeu demais.

- A qual é!? Eu achei que você gostasse de emoções fortes... – Brincou o rapaz fazendo-a sorrir.

- Ted, mudando de assunto... Você está mesmo indo embora por causa do trabalho ou está saindo cedo para ir ver aquela sua namorada metida a besta? – Quis saber Estelar.

- Eu sinceramente não sei qual é a sua implicância com ela. – Riu o ex-grifinório achando graça dos ciúmes da irmã.

- Ah, não sabe!? Você adora se fazer de desentendido não é!? Tudo bem, eu vou refrescar a sua memória. – Falou ela parando de andar, para se postar em frente ao rapaz. – Ai “amorzinho”, você não me dá atenção, nem diz que me ama... Ah! Olha só! Eu quebrei uma unha! – Dizia ela em uma voz fina, enquanto pulava ao redor do outro fazendo a pior careta de choro que conseguiu. – Me diz “fofinho” você me ama, heim? Diz que sim, vai! Eu te...

- Tudo bem Estelar, já chega. Eu entendi, a garota é um pouco grudenta. – Tornou ele ainda sorrindo.

- Um pouco grudenta!? A garota é uma chata, isso sim! Eu morro de vontade de socar a cara daquela patricinha cheia de “não me toques”, toda vez que ela começava com esse nhê, nhê, nhê... Pelo menos com o nariz quebrado ela vai ter um motivo para chorar.

- A sua gentileza me encanta irmãzinha. – Brincou.

- Olha, vamos ser românticos e tal, mas para tudo tem limite! – Reclamou. - E essa louca ninfomaníaca, não deve nem saber o que é ter limites... Não sei como você agüenta ter uma namorada assim.

- Bom, na verdade agora ela é ex-namorada. - Falou Ted recomeçando a andar. - Terminei com ela semana passada.

- Ta de brincadeira!? - Surpreendeu-se a menina. - Bom... - Começou ela seguindo o irmão. - Conheço alguém que vai adorar saber disso.

- Não Estelar! - Cortou ele. - Toda vez que você tenta arrumar alguma garota pra mim, nunca dá certo.

- Não confunda as coisas... Eu disse que ela ia gostar de saber, e não que eu concordava com isso. - Resmungou.

- Ah, agora você tem que aprovar as minhas namoradas!?

- É claro que sim! Afinal, eu sou a sua irmã.

- Certo, acredito então que essa regra seja válida pros dois.

- É justo. - Sorriu a grifinória surpreendendo o outro. - De qualquer forma, quando você ficar sabendo de algo já vai ser tarde mesmo... - Completou de forma travessa.

Os dois continuaram o caminho, ainda conversando e sorrindo, aproximando-se da saída da propriedade, quando se depararam com a figura de Sarah Malfoy encostada no muro, lendo um pequeno livro.

- Eu não acredito! – Falou Estelar em voz alta. – Ainda se escondendo do moleque tarado Sarah?

A garota desviou a sua atenção do livro que lia, e encarou a outra garota por um tempo, ponderando se a azarava ou não, afinal, estava realmente louca para descontar em alguém a sua frustração daquela noite. Mas acabou desistindo da idéia ao repara em Ted Lupin, que estava ainda mais bonito a luz do fogo, que provinha dos archotes espalhados por ali, por isso, limitou-se a voltar para sua leitura, ignorando a presença dos dois, antes que mais alguma situação constrangedora se desse.

- Hum... Malfoy! – Chamou o Rapaz.

- Deixa Ted, ela está de mau humor. – Interferiu a menina. – É melhor você ir, ou não vai acordar na hora amanhã.

- Ok. Então depois a gente se fala. – Tornou ele abraçando a menina.

- Tchau, e valeu por ter vindo. – Agradeceu Estelar correspondendo o gesto carinhoso do irmão.

O auror se adiantou e ao passar por Sarah, pôs uma das mãos nos ombros da menina, desejando-lhe boa noite, provocando nela um rubor, que deixou suas bochechas tão vermelhas quanto a bandeira da grifinória. Logo em seguida ele passou pelos portões e imediatamente as garotas puderam ouvir o som tão característico da aparatação. Sarah olhou para Estelar, se olhar matasse, a grifinória teria morrido ali mesmo. Era visível o desgosto estampado em sua face.

- Huhuhuhu... Sarah, eu estou emocionada! – Disse a Grifinória debochada. – Se continuar assim logo, logo você vai ser a minha cunhada, o que na verdade eu acho uma merda. – Falou aproximando-se da outra. – Mas quem sabe, os seus filhos não herdam a alegria dos Lupin´s, e assim você também coloca um sorriso nessa cara. – Concluiu enquanto levava rapidamente as mãos até o rosto de Sarah, apertando-lhe as bochechas.

A sonserina deu dois tapas na mão da garota, retirando-as de seu rosto.

- Eu jamais me uniria a sua família Lupin, isso não é alegria, é falta de noção. - Disse olhando de canto de olho para a menina.

- Hum, até parece... Você fica toda vermelhinha só de olhar para a cara dele! Mas enfim, vou te dar um conselho. É melhor você aproveitar heim... O Ted está solteiro, e acredite, uma oportunidade assim é rara! – Disse divertida. – Mas não tem a menor possibilidade de eu te ajudar nessa, vai contra a minha conduta de irmã ciumenta, saca!?

- Lupin, acho que você andou bebendo demais, está falando coisas sem sentido. - Sarah desconversou. - Não tenho, nem quero ter nada com ninguém da sua família entende? Já me basta ter que te aturar. - Disse começando a caminhar na direção oposta ao portão.

- Me aturar... Tudo bem, já que você insiste, eu te faço companhia enquanto foge do amigo tarado do Peter. – Falou uma risonha Estelar, seguindo a outra.

Sarah se limitou a olhá-la, resmungando algo que a outra não pôde ouvir, aliás, não poderia. Estelar havia parado de caminhar, e agora olhava ao redor curiosa, algo estava errado, ela sabia.

- Ei Sarah... – Chamou de forma distraída.

- O que? - Falou de mau humor.

- Isso é estranho... Mas, você já reparou em como está ficando frio? – Perguntou, reparando que agora, ao falar, saia fumaça de sua boca.

Sarah parou para olhar a garota, sentindo um leve tremor na espinha, realmente estava frio.

- Verdade... - Concordou, também olhando ao redor.

--

Continua...

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