Evil and Flowers



*** Capítulo 13 - Evil and Flowers

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“Você pode encontrar o mal em todo lugar
Se dirigindo às suas flores
Corra, corra e se esconda como puder
Vão te pegar...”

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- Eu discordo! – Esbravejou Draco Malfoy.

- Oras e porque não? – Neville rebateu, para logo se encolher na cadeira devido ao olhar mortal do loiro.

- Eu concordo com Malfoy. – Pontuou Lupin de seu canto. Sendo observado com estranheza pelo professor de Herbologia. – A Estelar não é ideal para ser a aluna do ano.

- O fato é que, a senhorita Lupin, detém um recorde inaceitável de detenções, o número de castigos que ela já cumpriu, ultrapassa o de um aluno do sétimo ano. Isso se compararmos com um dos mais travessos. – Concluiu McGonagall.

- Eu creio que o senhor Peter Dragon do quinto ano, da casa Corvinal, seria a melhor opção. – Falou a professora de runas.

Todos olharam para a professora, ponderando a sugestão.

- Acho que o senhor Dragon é uma boa escolha. – Disse a diretora.

- E quanto à aluna Melanie Belford? – Ponderou Hermione.

- Bom... Sarah Malfoy também é uma excelente aluna. – Falou o professor de História da magia.

- De jeito nenhum. A senhorita Belford tem um comportamento extremamente agressivo! E já ficou em detenção duas vezes só esse ano! – Interveio o professor Lupin. – E a senhorita Malfoy é outra, que pode ter notas ótimas, mas tem um temperamento um tanto difícil.

- Devo concordar com Lupin. Ambas não são bons exemplos para os menores. – Concordou o professor de feitiços.

- A questão não é essa. – Começou Neville tentando argumentar. – Elas são boas meninas... Não são perfeitas, mas ainda sim são boas meninas.

- Não adianta serem boas meninas e aprontarem o que querem! – Falou McGonagall perdendo a paciência. Pelo visto aquela discussão não iria á lugar algum, afinal todos os nomes sugeridos ali, foram recusados.

- Acho que Peter Dragon seria o aluno mais adequado. Tem o perfil de aluno modelo. – Se manifestou novamente a professora de runas.

- Porém o senhor Dragon não tem o histórico limpo. – Retornou Lupin.

- Ele recebeu uma única detenção, proveniente da tentativa de defender sua amiga no campo de Quadribol. Foi um fato isolado. – Falou a professora em defesa do aluno.

- Os fins não justificam os meios. – Pontuou Lupin.

- Eu acho o Peter um excelente aluno. Creio que ele seja um bom exemplo. – Falou Neville, sendo apoiado pela outra professora.

- Quem discorda? – McGonagall tentou forçar a situação para que chegassem logo a uma conclusão, toda aquela discussão já estava ultrapassando o tempo disponível para aquela reunião.

- Eles estão discutindo assim, só para escolher o aluno que vai fazer o discurso no baile? Imagina se fosse algo pior... – Cochichou Hagrid para Hermione, que até então estavam atônitos, calados perante a balburdia instalada na sala da diretoria.

- Pois é... – Retornou a professora no mesmo tom. – Por isso é melhor ficar em silêncio. – Completou dando um meio sorriso.

- Se você ainda fosse aluna, com toda certeza teria sido escolhida. E não teríamos que estar passando por isso. – Sorriu o meio gigante.

- Hagrid... – A professora ia responder, mas parou ao ver o olhar da diretora sobre os dois. Era óbvio que eles aguardavam suas opiniões.

Nenhum dos dois ofereceu objeção quanto a eleger Peter Dragon o aluno modelo. Os outros professores foram vencidos, em sua maioria pelo cansaço, e por fim acabaram concordando que Peter seria mesmo a melhor opção.

Ser eleito o aluno modelo de Hogwarts era mais que uma responsabilidade, pois o aluno teria não só visibilidade perante o mundo bruxo, como também credibilidade, tudo isso em uma das noites mais importantes do colégio.

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As férias de fim de ano passaram, e os alunos regressaram às aulas com a sensação de que todo o tempo livre acabara rápido demais, no entanto, ainda assim era possível notar entre eles uma certa animação, uma ansiedade claramente estampada, principalmente, no rosto dos mais novos. Essa era a primeira vez que todos os alunos poderiam participar do baile anual de Hogwarts, já que naquele ano seria comemorado também, a vitória conquistada na guerra há 20 anos. Entretanto a agitação maior estava nos alunos mais velhos, cuja preocupação do momento era encontrar um par adequado para o baile de inverno, o que fazia com que esquecem de todo o resto, incluindo o ataque mal explicado dos comensais a Hogsmeade. Com essa motivação, Peter caminhava apressado entre os demais alunos, durante o intervalo do almoço, procurando pela lufa-lufa que desde o início daquele ano havia conquistado a sua atenção. Não demorou muito tempo para o rapaz reconhecer os cabelos coloridos da garota, sentada sob a sombra de uma árvore próxima ao lago negro.

- Expelliarmus! - Proferiu o feitiço, desarmando Melanie, sem sequer lhe dar chance de revidar.

- O que você pensa que está fazendo, seu louco?! - Gritou ela descontrolada.

- Eu quero falar com você, por isso me escuta!

- Falar comigo?! - Exasperou-se – Como assim?! Por que me desarmou?! Você por acaso tem, noção...

- Fica quieta! Chega de escândalos e me escuta! Você tem que se afastar daquelas outras duas, elas não servem para andarem com você, elas não...

- Chega! Você é completamente maluco! - Interrompeu afastando-se do rapaz. - Não chega perto de mim, fica longe!

- Ficar longe... Mas e o baile? - Questionou Peter.

- Que baile? - Tornou a garota surpresa.

O Corvinal fez menção de andar até Melanie, mas imediatamente a garota apressou-se em virar-lhe as costas e se afastar o mais rápido possível, deixando-o para trás dividido entre a decepção e a raiva de ser tão prontamente rejeitado. Algo assim nunca tinha acontecido antes...

- Hi, hi, hi... Essa não é a maneira mais romântica de se chamar alguém para o baile. - Sorriu Sophie, aproximando-se.

- Agora não! - Cortou Peter sem paciência.

- Ai nem, não fica tão chateado, se você quiser, eu vou para o baile com você. - Falou Kayla se juntando aos dois.

O rapaz se limitou a olhá-la com desprezo, empinando o nariz em sua característica pose altiva, enquanto a garota sorria displicentemente, sem se dar conta disso.

- Não seja tão rabugento Peter. - Interveio Sophie. - Eu já te disse que os astros não estão ao seu favor... A Melanie não vai aceitar ir ao baile com você de jeito nenhum.

- Guarde todo esse besteirol de astros para você, eu não estou com cabeça para isso agora! - Pontuou, afastando-se das duas.

- Credo! Nunca vi ninguém ficar tão chateado só porque levou um fora... - Comentou Kayla.

- A culpa também é dele, quem mandou ser tão descortês.

- Descortês!? Nossa Sophie, você usa palavras tão bonitas! - Sorriu. - Mas vamos deixar o mal humorado pra lá, no fim das contas ele acaba superando. Eles sempre superam. - Completou, pegando o braço da outra, arrastando-a de volta para o castelo.

- Os astros não me disseram isso...

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No salão comunal do castelo, onde todos se reuniam para o almoço, o assunto que mantinha os alunos agitados era o mesmo, aliás, durante as aulas daquela manhã, tinha sido excepcionalmente complicado manter a atenção dos estudantes, até mesmo para o severo professor Malfoy.

- Mas você realmente acha que ela vai aceitar?

- Não sei Gustavo, vai lá e fala com ela... O máximo que vai acontecer é você levar um não. - Respondeu a Grifinória com tranqüilidade.

- Poxa, você é amiga dela, devia saber esse tipo de coisa, vocês falam dessas coisas, não falam!? Então, a Melanie nunca falou nada sobre mim? E aquele tal de Dragon, qual é a dele? Heim Estelar... Me ajuda! - Suplicou.

- Ta, ta bom... Eu vou ajudar. - Sorriu ela

- Você é o máximo! - Animou-se o rapaz, se esquecendo da comida a sua frente.

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Ainda durante o intervalo das aulas, a grifinória se apressava para atender o chamado feito através do comunicador, encaminhando-se para a sala precisa, onde sabia que Melanie estava esperando. Ela com certeza teria chegado mais rápido, se não tivesse que parar no caminho para se livrar de um sonserino, que insistia em acompanhá-la para o baile.

- Caramba Mel, me desculpa pela demora... Você não vai acreditar! Aquele moleque da sonserina fica me perseguindo, só por causa de uma porcaria de beijinho. Agora ele acha que é o amor da minha vida! Por Merlin... É por isso que eu odeio pirralhos! - Começou a garota assim que entrou na sala.

- Porcaria de beijinho!? Não foi isso que eu fiquei sabendo... - Disse Malfoy, chegando logo em seguida.

- Como assim você ficou sabendo!? Que papo é esse? - Questionou Estelar visivelmente preocupada.

- Ah... Será que nós poderíamos prestar atenção no que é realmente importante!? - Falou Melanie. - Não foi para isso que eu chamei vocês aqui.

- Ele fica espalhando para todo mundo da Sonserina, o quanto você foi... Como eu posso dizer? Ah sim, impetuosa! - Respondeu Sarah, ignorando a Lufa-lufa e deliciando-se com o olhar contrariado da outra. - Existe toda uma riqueza de detalhes na narrativa dele, que são realmente interessantes de se ouvir. - Completou Sarah com sarcasmo.

- Eu vou lá matar ele! - Alterou-se a grifinória, já se virando em direção a saída enquanto puxava a sua varinha.

- Você não matar ninguém Estelar! Sossega porque temos coisas mais sérias para resolver. - Interferiu Melanie, puxando a outra pelo braço. – Aliás, eu não sei por que você está tão chateada...

- Como assim!? E se o meu pai ficar sabendo!?

- Eu não me preocuparia com isso Lupin, afinal tem pai por aí que é cego.

- Engraçado você dizer isso Malfoy, porque o seu também faz questão de ser quando se trata da filhinha dele. - Debochou a grifinória.

- Ta bom, já chega! Vamos parar por aqui antes que vocês duas se peguem no tapa mais uma vez. - Cortou Melanie alteando a voz. - Certo. - Continuou ela, após as outras duas ficarem em silêncio. - Chamei vocês aqui para falar do Peter...

Em alguns minutos ela narrou os acontecimentos de mais cedo, deixando bem clara toda a sua contrariedade em servir de isca para o rapaz, uma vez que estava mais do que óbvio que ele não iria contar nada para ela, não depois da sua negativa em aceitar o convite de participar de seja lá o que for que ele estava armando, isso sem contar a tentativa falha de invadir a reunião algumas semanas atrás. Afinal, a garota tinha quase certeza de que elas não conseguiram passar por despercebidas depois de todo aquele fiasco.

- Ele está desconfiando de vocês duas... - Falou ela.

- Eu nunca fiz questão de esconder a minha antipatia mesmo... - Comentou Sarah indiferente. - Mas uma coisa é certa, nós precisamos das cópias do mapa, pelo menos assim dá para ter uma idéia de quando...

- Verdade! Mel, você não conseguiu nada durante as férias não!? - Quis saber Estelar.

- Qual é o seu problema Lupin, ela não tinha como fazer nada, não podemos usar magia fora do colégio!

- Ah, é mesmo... Tinha esquecido esse detalhe. - Comentou a menina de forma aérea sem prestar atenção quando a sonserina resmungou algo muito parecido com “Cabeça de vento”.

- Sobre o mapa, dessa semana não passa! Garanto isso á vocês... Vou gastar todo o meu tempo livre nisso.

- Legal! Enquanto isso, eu vou tentar sei lá... Ah, antes que eu esqueça, vocês já repararam no cheiro estranho que o Peter tem? Eu não sei o que é, mas que é esquisito isso com certeza!

- Esse foi um comentário realmente útil. - Alfinetou Malfoy.

- Pelo menos nós estamos nos esforçando, a única coisa que você sabe fazer é reclamar, ta igual velha Sarah! - Falou Estelar.

- Eu não tenho culpa se sou a única aqui que tem...

- Chega! Que coisa, vocês parecem duas crianças. - Interferiu mais uma vez a lufa-lufa. - Vamos fazer o seguinte, tanto eu quanto a Estelar já servimos de isca para esses caras estranhos, é a sua vez agora Malfoy. Vai lá e joga charme para cima de algum deles e tenta descobrir alguma coisa.

- Eu adorei a idéia Mel! - Completou uma entusiasmada Estelar, ignorando a cara mal humorada da sonserina.

As garotas ainda perderam algum tempo discutindo o assunto até convencerem Malfoy, antes de se retirarem apressadas para as aulas da tarde.

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- Atenção! Esse ano quinto-anistas, vocês vão prestar os Nom´s, os exames que vão avaliar o seu nível de aprendizado, por isso, para a aula de hoje, eu preparei algo que tenho certeza que todos vão gostar! - Disse o professor Lupin - Vamos, todos vocês, façam uma fila e preparem as suas varinhas, um bicho-papão pode parecer algo bem inocente, mas na verdade o que vocês vão aprender aqui é a enfrentar os seus próprios medos. - Completou feliz pela comoção que causou nos alunos.

Os curiosos estudantes se movimentaram rápido, enfileirando-se, enquanto observavam o professor de DCAT afastar as mesas e cadeiras, ao mesmo tempo, que trazia para o meio da sala um grande baú, que não parava de se mexer, uma vez que o bicho papão em seu interior debatia-se ansioso pela liberdade. Muito pacientemente Lupin explicou aos alunos todos os mistérios que envolviam a criatura assim como a sua história e também algumas curiosidades, respondendo prontamente todas as perguntas, para por fim mostrar o feitiço para rebater o animal mágico. Um a um grifinórios e sonserinos postavam-se em frente ao baú que era aberto pelo professor, liberando o bicho papão que era imediatamente repelido, deixando Remo Lupin bastante satisfeito. A aula seguia em um clima descontraído...

- Vamos Estelar! Agora é a sua vez. - Chamou. - Você sabe o que fazer.

A garota, uma das últimas da fila, caminhou até a posição indicada muito segura, e despreocupadamente esperou até que seu pai abrisse o baú, revelando a criatura que por um momento pairou diante da Grifinória sem uma aparência definida. Estelar sem saber o que fazer abaixou a varinha e olhou para o seu pai, que se mantinha quieto, enquanto alguns grifinórios começam a dizer que a filha do professor não temia nada, o que a deixou bastante feliz. “É claro, afinal eu sou uma grifinória” Pensou, mas ao voltar a olhar para o bicho-papão, a garota surpreende-se ao ver a si mesma, com os cabelos desgrenhados e sujos, escondendo as suas feições.

- Ahá, isso quer dizer o que? Que ela tem medo de andar por aí descabelada! - Debochou um sonserino com os colegas de casa.

No entanto a garota não ouviu, toda a sua atenção estava voltada para o bicho papão a sua frente, que aos poucos foi levantando a sua cabeça e afastando os cabelos, até revelar uma Estelar com os olhos injetados e dentes afiados, tão proeminentes em seu sorriso sádico manchado de sangue. A grifinória sentiu o ar faltar em seus pulmões, esquecendo-se totalmente de onde estava, tanto que não percebeu quando a varinha escorregou de suas mãos indo rolar pelo chão da sala.

- Ridículus! - Alguém gritou ao mesmo tempo em que soava o sinal indicando o fim da aula.

Os demais estudantes assistiram chocados Sarah Malfoy sair de um dos cantos da sala, voltando a guardar em um dos bolsos do sobretudo, a varinha que acabara de usar, mantendo no rosto uma expressão de completa apatia, enquanto o professor se apressava em voltar a trancar o bicho-papão no baú. “Classe dispensada!” Ele falou um tanto alterado, dirigindo-se até sua filha que permanecia parada, enquanto os demais alunos se retiravam de sala.

- Tudo bem com você querida? - Perguntou Lupin preocupado, devolvendo a garota sua varinha.

- Eu... - Suspirou Estelar de cabeça baixa. - Eu estou ótima pai! - Disse voltando a erguer a cabeça enquanto sorria.

- Tem certeza, eu não acho que...

- Relaxa, eu estou bem, não foi nada demais. - Tranqüilizou, beijando o rosto de seu pai.

Lupin se manteve no mesmo lugar, observando sua filha sair animada da sala, como se nada de significante tivesse acontecido. Por um momento ele se culpou por passar para alguém como ela sua maldição, mas em seguida deixou esse pensamento escapulir, dando lugar ao que tinha aprendido durante todos esses anos... Tinha certeza de que a sua filha ficaria bem, afinal a garota tinha uma família que a amava e amigos, e ao contrário dele, ela nunca deixaria algo assim reger sua vida, disso Lupin tinha certeza. No final das contas, Harry Potter estava certo, ele teria cometido o maior erro de todos se não insistisse em lutar e ser feliz ao lado das pessoas que estimava, essa foi uma lição que aprendeu com seu aluno e, por isso, ele seria eternamente grato.

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- Senhores! Façam silêncio! – Falou McGonagall já perdendo um pouco a paciência.

A diretora em prol dos bons costumes estava disposta a ensaiar pessoalmente os alunos, para que todos eles estivessem aptos a dançar como damas e cavaleiros no dia do baile, por isso havia planejado aqueles ensaios, porém lidar com os empolgados alunos estava se mostrando uma tarefa mais difícil do que parecia ser a princípio.

Naquele momento, os alunos do quinto ano, estavam agrupados em cantos diferentes da sala, cada casa em seu canto e em cada canto um burburinho mais alto que o outro. A diretora tentava ensinar-lhes a dança principal, uma formalidade na verdade, mas ninguém sequer prestava a atenção e quando ela pedia para que todos formassem pares para dançar, só recebia risadas em resposta.

- Vamos retomar! Senhores, por favor, formem pares. – Pontuou a senhora, tentando chamar a atenção dos estudantes, porém sem obter resposta.

- Silêncio! – Falou o professor Malfoy, de seu canto, utilizando o feitiço “Sonorus”. Ele já estava farto de estar ali.

- Muito bem. – Começou a mulher, quando todos os alunos se aquietaram, enquanto dirigia ao professor de poções um sorriso de satisfação. Foi nesse momento que a sua face se iluminou, quando uma idéia lhe veio à mente. – Professor Malfoy? – Chamou a senhora olhando-o.

- Hum...

- Venha um instante aqui, por favor.

Draco observou a diretora, que lhe sorria e não gostou daquilo, porém se moveu, e lentamente foi até ela, era visível sua má vontade.

- Que tal se o senhor demonstrar como um cavaleiro se comporta perante uma dama? Creio que vindo de onde veio, sua educação impecável é mais do que um bom exemplo para esses jovens.

Com uma sobrancelha erguida, Malfoy parou ao lado de McGonagall, incrédulo com o que aquela mulher estava insinuando.

- Diretora... – Sibilou. – Onde a senhora espera chegar com isso?

- Simples meu querido. Dance comigo. Mostre aos jovens como se guia uma dama. – McGonagall ignorou a cara de Draco, já pegando na mão dele. – O senhor foi educado para dançar em grandes salões, não acho que haja melhor professor para esses rapazes. – Completou, ordenando com um gesto que a música iniciasse.

O plano da diretora surtiu o efeito esperado e logo as alunas voltaram seus olhares admirados para o professor, que guiava a diretora com uma cara de desagrado, porém de forma impecável. Já os alunos olhavam pasmos, em sua maioria rindo do professor. Porém todos estavam olhando.

- Acho que conseguimos a atenção necessária. – Falou a diretora sorrindo, pausando a música. – Porém, eu não posso explicar-lhes o passo a passo e dançar ao mesmo tempo. – Ponderou. - Senhor Malfoy, vamos eleger uma dama para que o senhor conduza.

Draco estreitou o olhar, querendo muito azarar a diretora, mas ficou quieto.

Sorrindo marotamente, a diretora passou os olhos sobre as meninas, que tão entusiasticamente se ofereciam para ser a “dama” do professor de poções, porém a mulher não iria escolher uma aluna, sabia que estava pisando em solo perigoso. Por isso olhou para o corpo docente que estava ali, com exceção dela, não havia nenhuma outra professora.

- McGonagall, eu...

- Acalme-se professor... – A senhora sorriu, ao ver a professora de transfiguração entrar no salão, acompanhada pelo professor de Herbologia. – Professora Granger?

Hermione ergueu o rosto, olhando para a diretora.

- Pois não? – Falou meio incerta, ao ver que todos ali a olhavam.

- Venha até aqui querida. – A diretora falou amigavelmente, encorajando-a a vir.

A professora o fez, enquanto caminhava, reparou nas expressões descontentes de algumas alunas ali presentes, sem entender o motivo.

- Bom. Professor Malfoy, por favor, conduza a professora Granger enquanto eu explico aos alunos a dança. – Falou a diretora guiando Hermione pelo braço, aproximando-a de Malfoy.

- Como assim?! – Exclamou Hermione sem entender. Draco ia protestar, porém aproveitou-se do fato da outra ter se manifestado primeiro, para se passar por prestativo perante a diretora, deixando que a outra resolvesse a situação pelos dois.

- O que eu disse querida. É só uma dança. – Respondeu a diretora já se voltando aos alunos.

- Então. - Começou a mulher, ordenando novamente que a música começasse - Os passos a seguir que vão ser demonstrados pelos professores, fazem parte da dança principal... – A diretora olhou para os dois, que permaneciam parados, um encarando o outro, com uma expressão de total desagrado. – Professores? – Ao serem chamados eles puderam notar que não só a diretora, mas como todos os alunos os olhavam.

- Eu não vou participar disso. – Resmungou Hermione, já se virando para sair.

Nem bem a professora começou a se mover, e sentiu a mão de Malfoy puxando-a.

- Aonde você pensa que vai? – Draco cochichou, já com Hermione firme e suas mãos.

- O que você está fazendo? – Perguntou alarmada, quando Malfoy postou a mão em sua cintura, começando a se mover ao ritmo da música.

- McGonagall estava ponderando em chamar a Trelawney aqui para que eu dançasse com ela. Acho que não! – Respondeu sem sequer olhá-la, Mantendo a sua característica postura e nariz empinado.

- Por que você não dança com a murta?! Me solta! – Ela tentou se livrar dele, mas não conseguiu, uma vez que o professor a segurava fortemente e se movia de forma rápida, ou Hermione “dançava” ou ela seria atropelada. Não havia tempo para uma reação.

- Eu até que poderia, mas trocar uma assombração por outra não é um bom negócio. – Respondeu, girando Hermione com certa força. – Porém. Creio que a murta ainda seria melhor companhia, uma vez que ela não reclama tanto quanto você.

- Muito bem! – Exclamou a diretora, que iniciou as explicações com relação aos passos.

- Pra você toda mulher que não baba com um sorriso seu é idiota não é!? Pois saiba que é o contrário... - A única saída da professora era reclamar, pois se sentia como refém naquela dança, e para complicar, Draco guiava bem até de mais, restando à professora apenas a opção de se deixar levar afinal, ela nem precisava pensar no que estava fazendo. - Tem que ser muito idiota para cair aos pés de um perdedor como você.

- Ou trouxa... – Completou quando a puxou para si.

Hermione ficou vermelha de tão irritada com o comentário, porém esse ato involuntário foi interpretado de forma errada pelo outro.

- Que lindo... Até a frígida da professora Granger fica vermelha perante a minha presença. Ahá, não se acostume com isso, pois essa foi a primeira e a última vez que você me teve tão perto. – Comentou Draco com o seu melhor sorriso sarcástico no rosto.

- Mas que... Malfoy! Você é ridículo! Fica se vangloriando, mas não passa de um idiota covarde! – A professora já não estava pensando em formas melhores de ofender ao outro, disse o lhe veio à mente.

- Hum... Você parece com a filha do Lupin. Quando pressionada, começa a falar bobagens sem sentido. Porém você já está meio velhinha para isso... Ainda mais para alguém como você, que já está tão perto da crise da meia idade.

O professor estava sacaneando a outra abertamente, disposto a fazer daquela dança um martírio para a mulher em seus braços. Estar ali, em uma posição superior, lhe deixou de extremo bom humor negro. Já Hermione, estava cada vez mais desgostosa, o que tornava urgente a sua saída dali, pois sentia que mais um pouco, iria bater no professor ali mesmo, na frente dos alunos.

- E o que você entende sobre isso Malfoy?! – Ela estava se amaldiçoando por não conseguir raciocinar direito. O maldito perfume forte do outro entrava violentamente por suas narinas, dificultando ainda mais o raciocínio. “Maldita fragrância de zinco!” era só o que conseguia pensar.

- Claro que entendo... Quando os homens chegam à meia idade, ficam mais atraentes, maduros e seguros. – Ele arqueou uma sobrancelha, mirando a mulher a sua frente. – Já as mulheres, bom, ficam decadentes, cheias de pés de galinhas, viram compradoras compulsivas de cremes e poções milagrosas, que obviamente não funcionam como o esperado e sem contar é claro, as gordurinhas que marcam presença... – Concluiu rindo da própria comparação.

- Ridículo! – Hermione tentou sair novamente dos braços do professor, causando risos ao outro, que se divertia com as falhas tentativas de se livrar dele. - Por que você não vai se divertir com a murta Malfoy?! - Ela estava cansada daquilo. - Aposto que ela está esperando para ouvir suas lamentações e claro limpar suas lágrimas... – A professora falou de forma mordaz, sentido que havia retomado o controle.

Draco Malfoy soltou bruscamente a mulher, sem olhá-la, retirando-se rapidamente do salão, deixando Hermione para trás sem entender.

- Hum... então, agora eu quero que todos formem pares para treinar o que aprenderam. – A diretora ordenou rapidamente, não dando tempo para perguntas.

Prontamente os alunos iniciaram o troca-troca de lugares, buscando pares, instalando uma ligeira “muvuca” no local.

- Hum... Estelar, você gostaria de... – Começou um rapaz da Corvinal.

- Agora não! – Pontuou a garota desviando-se do menino enquanto seguia apressada na direção de Gustavo Thompson. – Vem comigo. – Falou ao chegar perto do outro, puxando-o pelo braço.

- Espera Estelar, o que você está fazendo? – Perguntou ele um tanto quanto surpreso.

- Você não pediu a minha ajuda? Pois então, estou ajudando... – Explicou sem dar tempo de o rapaz processar a informação. – Melanie. – Chamou parando em frente à lufa-lufa. – O Gustavo quer dançar com você. – Disse empurrando-o na direção da garota. – Agora é com você. – Completou em voz baixa, próximo ao ouvido do Grifinório enquanto batia amigavelmente em seu ombro, ao mesmo tempo em que piscava significativamente para Melanie.

A garota logo se afastou, deixando os dois sozinhos, que prontamente começaram a conversar. Muito satisfeita com a sua função de cupido, Estelar começou a sua missão de fugir daquele ensaio o mais rápido possível. De maneira despercebida, encaminhou-se na direção da saída, dispensando um ou outro convite para dançar, até que conseguiu chegar a porta por onde saiu ligeira, ainda assim tendo tempo para ver um rapaz se aproximando de Malfoy.

- Ei Sarah?

- O que é Nott? – Respondeu a garota se virando para o colega.

- Então... Nós vamos juntos ao baile? – Perguntou o menino sorrindo.

- Hum... Pode... – Sarah estava prestes a responder afirmativamente, quando se deparou com outro sonserino a sua frente, um dos amigos do Peter, ela o vira na reunião. – Pode esquecer Nott. – Cortou rapidamente, indo até seu alvo, deixando o garoto estático sem entender.

- Ei, Devon? – Chamou a garota se aproximou do menino.

- Pois não? – Respondeu encarando-a.

A sonserina sorriu. Sorriso esse que foi prontamente retribuído.

- Então, você quer ir ao baile comigo? – Falou indo direto ao ponto.

- Eu? Hã... – O menino sorriu de forma tosca, o que irritou profundamente a garota.

- É, você. – Tentou responder da forma mais paciente possível, não queria afastá-lo.

- Claro! – Ele ainda sorria debilmente.

- Então... Vamos ensaiar... – Sarah puxou o garoto pelo braço, tentando se manter calma. Ela tinha planos para aquele sonserino, iria conseguir algumas informações a respeito daquele grupo, nem que tivesse que usar uma poção para isso... Definitivamente iria mostrar as outras duas o quanto ela poderia ser eficiente quando queria.

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-... Ficaram doidos! Para falar a verdade, os meus pais demoraram um bom tempo pra aceitarem que eu sou um bruxo. Até hoje ainda me fazem umas perguntas meio esquisitas... É engraçado. – Falou o rapaz.

- Dá para imaginar... - Respondeu a lufa-lufa também sorridente. - No meu caso já foi mais simples. A minha mãe é bruxa, daí o meu pai já tinha uma idéia de algumas coisas.

- E ele aceitou tudo numa boa? No geral, os trouxas não conseguem encarar a bruxaria de uma forma positiva.

- Isso é por causa de todo aquele misticismo que existe. Sabe aquele lance de que os bruxos comem criancinhas e tal...

- Verdade! Uma coisa agente tem que admitir, a imaginação deles é fértil. – Completou Gustavo em meio às gargalhadas.

Já fazia algum tempo que os dois estavam caminhado pelos jardins do castelo após o ensaio, enquanto conversavam calmamente. Essa era a primeira vez, desde o início do ano letivo, que conseguiam conversar direito. Todas as outras vezes, o máximo que conseguiam, era trocar umas poucas palavras. “Preciso me lembrar de agradecer a Estelar por isso” Pensava Melanie muito contente.

- Então... – Começou o grifinório. – Eu estava pensando, sobre o baile sabe!? Eu sei que está um pouco em cima e tal, mas se você ainda não tiver um par, eu queria saber se você...

- Melanie! – Gritou alguém, chamando a atenção do casal.

- Peter!? – Surpreendeu-se a menina.

- Eu quero falar com você! – Disse ele taxativo, enquanto pegava a Lufa-lufa pelo braço, se apresando para afastá-la do outro.

- Você por acaso está ficando maluco!? – Gritou ela. – Quantas vezes eu vou ter que repetir? Fica longe de mim! – Completou tentando, sem sucesso, soltar-se das mãos do rapaz.

- Eu não quero saber! Você vai me ouvir e...

- Ô cara, solta ela! – Interveio Gustavo, tentando ser educado.

- Fica fora disso! – Respondeu rispidamente o Corvinal.

- Peter me solta agora, ou eu juro que amaldiçôo você. – Ameaçou.

- Fica quieta! Você por acaso sabe com quem está falando? – Gritou ele de volta. - Não tente me ameaçar porque você não faz idéia do que eu posso...

Peter não pode completar o que dizia, uma vez que foi acertado diretamente no rosto, por um soco desferido sem aviso pelo Grifinório.

- Nenhum marmanjo ameaça uma garota na minha frete e fica em pé para contar a história. – Falou Gustavo sério.

- Seu babaca! – Esbravejou o outro. – Não faz idéia do que acabou de fazer...

- Ah, eu faço sim! – Cortou, segurando o outro pelo colarinho. - E vou fazer de novo se você se aproximar da Melanie outra vez, entendeu bem? Dá o fora Dragon, enquanto você ainda tem um pouco de dignidade – Completou empurrando-o.

Por alguns segundos Peter encarou Melanie e Gustavo, enquanto realinhava as suas vestes, até que resolveu se afastar. “Maldita! Nenhuma menina metida vai me fazer de palhaço, isso vai ter volta, com toda a certeza.” Pensava enfurecido, enquanto se encaminhava rápido de volta para o castelo.

- Você está bem?

- Eu estou bem Gustavo, obrigada. – Respondeu a menina sorrindo, mesmo ainda estando um pouco nervosa.

- Tem certeza? Não acha melhor comunicar a algum professor o que aconteceu aqui? – Quis saber o rapaz preocupado.

- Não, ta tudo bem. É melhor deixar pra lá...

- Você quem sabe, mas se precisar de qualquer coisa fala comigo, ok!?

- Ok! Então... – Começou ela, tentando retomar o assunto de onde tinham parado.

- Então...

- O que você estava dizendo?

- Ah sim, verdade! É que eu queria saber se você... Sabe? Se você quer, se já não tiver sido convidada por ninguém, é claro! – Dizia Gustavo visivelmente atrapalhado.

- Eu ainda não tenho par para o baile... Estava esperando você me convidar. – Falou Melanie decidida.

- Uau, tudo certo então. – Respondeu o rapaz sem disfarçar o sorriso de satisfação. – Vamos juntos para o baile, você e eu, certo!?

- Sim, vamos juntos. – Tornou a menina, voltando ao clima descontraído de antes.

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A semana foi passando, e os alunos dividiam o tempo entre os estudos e os ensaios para o baile, que estava cada vez mais perto, o que só aumentava o clima de excitação e ansiedade entre os jovens estudantes. No entanto, ainda existiam outros assuntos que ocupavam as mentes de alguns alunos em especial.

- Espero que tenha nos chamado aqui para algo de útil Belford. – Disse Malfoy.

- Totalmente útil na verdade! – Respondeu a lufa-lufa. – Podem me agradecer, porque eu acabei de fazer mais três mapas do maroto. – Completou muito satisfeita consigo mesma.

- Eu não acredito! – Animou-se Estelar.

- Hum... Já estava mesmo na hora.

- Não tem de quê Sarah. – Falou Melanie já acostumada com o humor nada sociável da sonserina. – Aqui... – Continuou, entregando as outras duas os pergaminhos. – O feitiço que aciona o mapa é o mesmo do original, está tudo praticamente idêntico. A única diferença é que eu incluí um pedaço da floresta proibida, nada demais, é só um pedacinho.

- Você é incrível Mel! Sabia que ia conseguir... – Parabenizou a Grifinória enquanto abraçava a outra.

Ao mesmo tempo Sarah apressava-se em proferir o feitiço para conferir a eficácia do mapa em suas mãos, que prontamente revelou os diversos corredores do castelo, incluindo as pessoas em seu interior. “A lufa-lufa é inteligente, tenho que admitir.” Pensou ela sem esconder o meio sorriso que se formou em seus lábios. Porém logo voltou a ficar séria, ao localizar no mapa a segunda pessoa com quem mais discutia naquele colégio, Peter Dragon.

- O Dragon está de novo junto com aquele pessoal, todos enfiados dentro da biblioteca. – Comentou.

- Por falar no Peter, vocês repararam em como ele está diferente? – Questionou Melanie.

- Como assim diferente? – Quis saber a Grifinória.

- Diferente ué! Não sei explicar... Ele só me parece mais sombrio, sei lá! Às vezes eu tenho a sensação de que ele fica me observando, e sinceramente isso é apavorante.

- Relaxa Mel, qualquer coisa você chama o Gustavo e ele te defende. – Falou Estelar risonha.

- Olha, se vocês duas vão entrar, de novo, nesse papo de namorinhos eu vou embora. – Resmungou a sonserina.

- Dá um tempo Sarah! Só porque você vai ter que ir ao baile com o tal de Devon, e não com quem queria, não quer dizer que tem o direito de estragar a nossa alegria.

- Nossa alegria!? – Debochou a sonserina. – Até onde eu sei, você é a única aqui que ainda não tem um par Lupin...

- Isso é uma questão de média querida. – Tornou Estelar igualmente debochada. – Mas te garanto que não foi por falta de convite. De qualquer forma, o que importa é que eu vou para o baile com o Ted, assim não preciso ficar ouvindo as crises de ciúmes do mau pai. Sem contar que as outras meninas vão ficar morrendo de inveja... Nessas horas é bem útil ter um irmão bonitão. – Completou animada.

- Só você mesmo para enxergar qualquer vantagem nisso... E de qualquer forma, está perdendo tempo, porque eu duvido que o seu pai se convença do seu bom comportamento com isso! – Disse Sarah.

- Não precisa ficar tão nervosa Sarah... Se for boazinha, eu deixo você dançar com o meu irmão, tenho certeza que isso vai te deixar menos rabugenta!

- Vai para o inferno Lupin! – Exasperou-se a menina.

- Você também provoca Estelar... – Comentou a lufa-lufa vendo a outra sair da sala precisa, batendo violentamente a porta ao passar.

- É força do hábito, não consigo evitar. – Respondeu marotamente.

- Sei...

- Então, também não posso demorar. Tenho que aproveitar esse tempo vago, preciso convencer o meu pai a me dar um vestido novo.

- Um vestido novo? Mas a sua mãe não mandou um pacote para você esses dias?

- É mandou. Mas eu não posso sair por aí usando um vestido lilás de estrelinhas rosa...

- Caramba, o senso de moda da sua mãe é bem... Hum... Diferente.

- Eu na verdade considero nulo, mas se você quer ser gentil, tudo bem.

- Ok. – Tornou Melanie sorrindo. – Eu também preciso ir, tenho aula de transfiguração agora...

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Melanie teve que se desculpar muitas vezes com a professora Granger, por chegar atrasada em sua aula sem um bom motivo, e ela sentiu-se realmente aliviada por não perder pontos para a sua casa. Nessas horas, é que valia todo o esforço para ser a melhor aluna em transfiguração... A garota entrou em sala e logo estranhou a disposição das mesas, todas colocadas aos pares, ficando ainda mais preocupada ao reparar quem estava sentado na cadeira que fazia par com o único lugar vazio.

- Senhorita Belford sente-se com o Sr. Dragon, hoje nós estamos trabalhando em duplas. – Anunciou a professora.

A lufa-lufa obedeceu e se sentou no lugar indicado, fazendo questão de manter o olhar em qualquer outra coisa que não fosse o rapaz a sua frente. Em silêncio ouviu as instruções da tarefa e logo começou o seu trabalho, tentando não deixar transparecer o seu nervosismo, mas era complicado afinal, ainda que não encarasse o corvinal, ela tinha a estranha certeza de que Peter estava sorrindo e divertindo-se com a situação, o que a deixava ainda mais apreensiva. Melanie esforçou-se além da conta para transfigurar o mais rápido possível a maldita almofada no pombo branco pedido pela professora, por isso assumiu a tarefa sem nem ao menos questionar o seu parceiro, tendo todo o seu trabalho recompensado após alguns minutos, quando finalmente conseguiu o que queria.

- Até que enfim... – Suspirou a menina aliviada.

- Você não deveria ficar animada. – Falou Peter. – Acidentes podem acontecer... – Completou o rapaz exibindo no rosto um sádico sorriso.

Pela primeira vez desde que chegara à sala, Melanie o encarou a tempo de ver o rapaz sacar a varinha para em seguida desenhar no ar um semicírculo, fazendo um feitiço sem pronunciá-lo em voz alta. Chocada a garota assistiu o pombo, há pouco tempo transfigurado, ter a sua cabeça separada do corpo, manchado a mesa de sangue, sem se conter, a garota soltou um grito de horror, abafado pelo som do sinal. Assustada, olhou ao redor procurando pela professora, que estava ao fundo da sala auxiliando uma outra dupla, a teria chamado, mas Peter tocou em sua mão, por isso voltou a olhá-lo, que sem esperar uma resposta, já se levantava enquanto juntava o seu material, exibindo nos lábios um sorriso de satisfação. Sobre a mesa, o antes pombo degolado havia voltado a ser a almofada de veludo vermelho. Confusa a garota o viu se afastar, saindo de sala junto com os demais alunos.

- Está se sentindo bem Senhorita Belford? Você está pálida. – Preocupo-se Hermione.

- Ah... Não foi nada professora... – Respondeu Melanie, tentando aparentar uma calma que não tinha. – Só fiquei um pouco tonta, acho que foi porque não tive tempo de almoçar direito. – Mentiu.

- É melhor não ficar tanto tempo sem comer, isso não é saudável.

- Eu sei professora, não vou mais fazer isso. – Falou a menina sorrindo, enquanto juntava o seu material, para logo se dirigir a saída da sala.

“Merlin! Eu estou começando a falar igualzinho a Senhora Weasley.” Pensou Hermione, voltando a sua mesa, tinha muito trabalho para fazer, aliás, essa era a única coisa que ela fazia ultimamente, trabalhar!

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Dragon andava apressado pelos corredores, carrancudo e mal humorado, ele não se importava com o que as pessoas pensariam a respeito, por vê-lo de tal forma, para falar a verdade, não tinha porque se preocupar com isso afinal, não devia satisfação do que fazia para qualquer pessoa daquele castelo. “Eu estou acima disso!” Pensava o rapaz com freqüência. Enquanto caminha pisando duro, ponderava tudo o que havia acontecido desde o início daquele ano, quando a sua importância aumentou tão drasticamente dentro da sociedade ao qual pertencia, e no final das contas, só conseguia se ver como um tolo, alguém bobo o suficiente por se deixar levar por uma menina, que no final das contas não passava de apenas mais uma. Pensar em Melanie, só aumentava o mau humor do rapaz, que parecia poder explodir de raiva e rancor a qualquer momento. “Quem ela pensa que é? Eu sou muito melhor do que aquele grifinório almofadinha... Vaca interesseira! Vou fazer você se arrepender do que fez...” O garoto interrompeu a sua linha de raciocínio ao chegar do lado de fora do castelo, para observar os poucos alunos que se aventuravam no frio que aos poucos se acentuava, uma vez que o sol já estava começando a se por. Mas foi quando o corvinal avistou Sarah Malfoy, sentada próxima a fonte, lendo um pesado livro, que ele resolveu esclarecer algumas coisas, por isso caminhou até a garota ao invés de seguir o seu rumo.

- Malfoy. – Chamou.

Muito calmamente a menina desviou o olhar do livro, para encarar com desprezo o rapaz a sua frente, que mantinha no rosto uma expressão muito parecida com a dela.

- O que você quer?

- Me responda uma coisa... Para alguém que se julga tão inteligente, você realmente acha que pode me enganar?

- Seja mais específico, porque eu não faço a menor idéia do que está falando... – Respondeu.

- Não se faça de tonta, porque isso você não é! – Tornou de forma rude. – Você cometeu um grande erro sabia!? Deveria ter aceitado o meu convite quando teve a chance, agora é tarde demais.

- Pare de tomar o meu tempo Dragon... Faça-me um favor, desaparece da minha frente!

- Engraçado! Eu fico me perguntando que tipo de pessoa é você, que diz não se importar com nada e se empenha tanto em descobrir o que acontece nas minhas reuniões... Está inclusive se prestando a andar com a insuportável da Lupin! Quem vocês pensam que enganam?

Por um momento Sarah ficou sem saber o que responder. “Ele sabe que invadimos a reunião!” Pensou ela preocupada. Porém, sua mente rápida, logo tratou de encontrar uma saída.

- Que coisa... - Falou levantando-se. - No final das contas até que você não é tão burro. - Sorriu com sarcasmo a garota. - Mas não perca o seu tempo pensando no que eu faço, ou com quem eu ando por aí... Preocupe-se com os seus seguidores afinal, ter ao seu lado pessoas como a Malfatini, faz com que qualquer plano que você tenha esteja fadado ao fracasso.

- Não tenha tanta certeza Malfoy. Existem muitas coisas que você sequer...

- E aí Peter!? - Gritou Estelar enquanto acertava um sonoro tapa no ombro do rapaz, para em seguida se postar ao lado da sonserina.

- Você por acaso perdeu o juízo? - Gritou ele. - O que pensa que está fazendo?

- Seguinte, eu vou resumir... Se você se meter com a Melanie de novo, eu acabo contigo! Entendeu? - Disse séria. - Viu só!? Eu também sei fazer ameaças. - Completou sorrindo com sarcasmo.

O corvinal encarou Estelar por um tempo, depois também observou Sarah, que se mantinha quieta, e por um momento, pairou no ar um clima de completa hostilidade entre os três, mas que logo foi quebrado quando o rapaz começou a sorrir abertamente, o que deixou as duas garotas confusas.

- Vocês não fazem a menor idéia de onde estão se metendo... – Resmungou ele ainda sorrindo. – Sejam espertas e fiquem longe do meu caminho! – Completou agora voltando a sua habitual postura séria.

- Escuta aqui ô “projeto de bruxo das trevas”, eu não vou engolir desaforo seu! Por isso...

- Do que você me chamou? – Perguntou de forma altiva.

- Disso aí mesmo que você escutou. – Respondeu a grifinória em tom abusado. – Mas se quiser eu posso repetir, afinal não...

- É melhor tomar cuidado com as suas palavras Lupin, ou pode acabar se arrependendo, aliás, vocês duas. – Disse Peter com mordacidade.

- Vá em frente Dragon, continue nos ameaçando, olha só como eu estou morrendo de medo! – Debochou Sarah enquanto Estelar ria de forma audível.

O rapaz avançou na direção da grifinória, mas retrocedeu ao avistar um grupo de alunos do terceiro ano, que caminhavam apressados voltando para dentro do castelo. Rapidamente Peter se virou, começando a andar, dando por encerrada a discussão, disposto a voltar para o seu salão comunal.

- Babaca... – Resmungou Estelar.

Ao ouvir a garota, Peter sentiu o seu sangue ferver e imediatamente tornou a se virar, voltando o pouco caminho percorrido enquanto sacava a sua varinha, no entanto, não foi rápido o suficiente e antes até mesmo de proferir o feitiço que tinha em mente, já havia sido desarmado pela grifinória.

- Você vai se arrepender de ter feito isso Lupin. – Esbravejou ele.

- Peter você é uma saco sabia!? – Falou Estelar, ainda mantendo no rosto uma expressão divertida.

- Eu vou destruir vocês duas, eu vou...

- Quer saber, você já me encheu. – Reclamou Sarah com apatia, também sacando a sua varinha e apontando-a para o rapaz.

- O que vocês vão fazer? – Perguntou Peter visivelmente preocupado.

Por um momento as garotas trocaram olhares cúmplices, como se combinassem mentalmente o próximo passo, antes que o corvinal desse um segundo passo adiante, dois raios de luz vermelha o atingiram no peito, lançando-o violentamente para trás, fazendo com que o garoto passasse por um dos arbustos do jardim, caindo desmaiado do outro lado. “Estupefaça” foi o feitiço executado com igual maestria por Sarah e Estelar.

- Além de tudo é covarde. – Disse a grifinória.

- Pois é... – Falou a outra voltando a guardar a varinha.

A sonserina teria estendido o seu comentário, mas guardou silêncio ao escutar uma movimentação próxima ao arbusto onde o rapaz havia caído.

- Droga! – Resmungou ela. – Agora nós vamos ter que...

- Não! – Cortou Estelar taxativa. – Vai embora Sarah! Não vai dar tempo das duas saírem daqui sem que nos vejam... Por isso, vai você que eu seguro quem estiver vindo.

- O que você está falando? – Perguntou Chocada.

- Estou te devendo umas, então vai nessa! Mais uma detenção na minha ficha não vai fazer a menor diferença. – Respondeu a menina sorrindo.

- Mas...

- Vai logo Malfoy, que merda! – Irritou-se.

Ainda confusa, Sarah apressou-se para sair do local, bem na hora em que o monitor da lufa-lufa chegava junto com o professor Longbotton, que passava por perto, dirigindo-se mais uma vez para as estufas, quando tudo aconteceu. Ele vinha levitando Dragon, ainda desacordado.

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Já fazia alguns bons minutos que Estelar estava sentada dentro da sala da McGonagall, enquanto esta transcorria um discurso interminável, sobre boas maneiras e uso correto da magia. “Caramba, essa nem é a primeira vez que eu estuporo alguém... Não sei por que ela ta tão nervosa. Pela idade que tem, é bem capaz de ter uma síncope se continuar gritando desse jeito” Pensava a garota, sem prestar atenção em sequer uma palavra dita pela diretora.

-... Você por acaso compreende o que fez senhorita Lupin? – Perguntou a mulher exasperada. – Estelar! – Gritou após não obter resposta da garota, que se assustou ao ouvir o próprio nome. – Me diga o que você está tentando provar? Por que se empenha tanto em causar confusão? Eu sinceramente não entendo como consegue ter um comportamento desses... – Falou encarando-a, que só agora se mantinha atenta.

- Mas diretora, eu não ataquei o Peter, só me defendi. – Argumentou a menina, usando a sua velha tática de olhos brilhantes e voz chorosa.

- Pode ir parando por aí mesmo senhorita! – Exclamou McGonagall. – Esse tipo de truque não funciona comigo. Pode convencer o seu pai... – Falou a mulher, indicando com um gesto o professor Remo, parado em um canto. “Ah, valeu! Agora mesmo é que eu vou passar a eternidade de castigo...” Pensou a grifinória ao ver a carranca de seu pai. – Olhe para mim! – Chamou. – Vou lhe dar um aviso Estelar, você está por um fio entende? A quantidade de caos que você já causou, é inadmissível. Olhe para isso! – Disse a mulher jogando sobre a mesa, um amarrado de pastas com diversos pergaminhos em seu interior. – Essa é a sua ficha escolar. Está cheia desse jeito, porque aí estão relatadas todas as suas traquinagens e detenções, que obviamente não surtem o efeito necessário, por isso, eu estou disposta a tomar uma atitude drástica. Se você aprontar mais uma das suas Estelar, eu juro, por mais que me doa, que expulso você deste colégio. – Concluiu a diretora cansada.

Estelar manteve-se quieta, estava chocada demais para ter qualquer tipo de reação. Nunca achou que algo assim poderia acontecer...

- Diretora. – Chamou o professor de Herbologia.

- Entre Senhor Longbotton. Como está o aluno?

- Ele está bem. A enfermeira já o liberou, não foi nada demais na verdade... - Respondeu.

- Nada demais!? Por favor, Neville... – Chocou-se a senhora. – Tudo bem. – Suspirou tentando recobrar a compostura. – Ele disse alguma coisa?

- Bem... Disse, mas eu não acho que ele esteja certo. Deve estar confuso, ou algo parecido, eu não sei. Acreditem vocês, o Senhor Dragon me contou que foi estuporado não só pela Estelar, mas também pela Senhorita Malfoy. – Falou o professor achando graça. – Onde já se viu? Logo elas duas...

- Vai ver ele bateu a cabeça. – Interferiu Estelar. – Nunca que eu iria me ferrar sozinha, enquanto a Sarah fica por aí, bancando a filhinha perfeita do papai.

- Comporte-se Estelar! Se limite a responder apenas quando lhe fizerem alguma pergunta. – Esbravejou Lupin. – Que absurdo, eu nunca imaginei que chegaria o dia, em que eu sentiria tanta vergonha do comportamento de um filho meu!

- Pai eu não...

- Nem mais uma palavra mocinha! Você já está grande o suficiente para entender as coisas, e também para arcar com as conseqüências de seus atos. Por isso diretora, sinta-se à vontade para fazer o que achar melhor, sem levar em consideração os laços de amizade. – Concluiu o homem, controlando-se para não dar uns tapas em sua filha pela primeira vez.

- Muito bem. – Começou McGonagall. – Eu não vou lhe dar uma detenção Senhorita Lupin. Afinal de contas, já está mais do que comprovado que é uma perda de tempo... Mas como castigo, você só poderá ir para o baile depois de uma hora e meia, que a festa já tiver começado. Entendido?

- Sim senhora. – Respondeu a garota de cabeça baixa.

- Hum... Você deveria era ser proibida de ir à festa, isso sim! – Voltou a falar o professor de DCAT.

- Não pai, isso não, por favor... – Choramingou Estelar. – Já me proibiu de ir ao do ano passado, eu não quero ficar de fora esse ano também.

Lupin teria repreendido a menina mais uma vez, mas foi só olhá-la, com o rosto manchado de lágrimas, para sentir o seu coração apertar e toda a raiva passar, para ele, simplesmente era impossível ficar zangado com a filha durante muito tempo...

- Isso é tudo, mas lembre-se Estelar, se você sair da linha mais uma vez, eu não vou ser tão condescendente, fui clara? Certo então... – Continuou após ver a garota confirmar, ao menear positivamente a cabeça. – Pode se retirar agora. – Pontuou a diretora.

Lentamente a Grifinória se levantou da cadeira, um tanto quanto receosa, dirigindo-se até onde estava seu pai.

- O senhor sente mesmo vergonha de mim pai? – Perguntou cabisbaixa.

- Claro que não meu bem! – Respondeu o homem de forma carinhosa, esquecendo-se de onde estava ao abraçar fortemente a menina.

Sem demora, os Lupin´s se retiraram da sala, restando apenas a diretora e o professor de Herbologia.

- Diretora, a senhora vai mesmo expulsar a Estelar do colégio, caso ela faça mais alguma besteira? – Quis saber Neville preocupado.

- Claro que não... – Respondeu com tranqüilidade a mulher. – Acredito que só o susto que ela passou aqui, já foi o suficiente para mantê-la quieta por um bom tempo. – Concluiu.

- Espero que sim...

--

- Malditas sejam! – Gritou enquanto arremessava à parede um pesado porta retratos, que se partiu em diversos pedaços.

- Mas o que está acontecendo? – Questionou Sophie entrando no quarto do amigo, lacrando a porta e também isolando o som com feitiços.

- Aquelas desgraçadas... Quem elas pensam que são? Isso não vai ficar assim Sophie, de jeito nenhum eu vou deixar isso passar... – Esbravejava o rapaz transtornado. – Elas não podem me humilhar dessa forma, não mesmo! Vou fazer com que se arrependam amargamente, cada uma delas, até mesmo aquela aproveitadora da Melanie.

- Tente se controlar Peter. – Ponderou a menina. – Vai ser melhor para você não se envolver mais com elas, acredite em mim...

- Eu não quero saber! – Cortou ele rudemente. – Não vou deixar isso barato. Escreva o que estou lhe dizendo Sophie, eu vou fazer de tudo para acabar com a vida delas! E você sabe que posso, sabe que eu sou capaz.

- Olha, eu sei que você não vai me escutar, mas eu sou sua amiga, e tenho a obrigação de te avisar... Não tente nada contra elas, os astros me disseram, não é você quem vai...

- Fica quieta Sophie! Não me importa o que você viu, leu, ou eu sei lá o que com as estrelas... Nada e nem ninguém vai me parar agora. – Falou de forma taxativa. – Eu definitivamente vou fazer todas as três caírem gritando aos meus pés. – Concluiu Peter sorrindo sadicamente.

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N/A(Ariene): Essa finalmente é a última parte da trindade du mal, cheia de bloqueios de criatividade! Mas fazer o que!? Eram capítulos necessários para explicar a postura de alguns dos personagens daqui para frente... Por isso espero que gostem, afinal ainda existem algumas cenas dignas de boas risadas. (Se vocês não rirem, não liguem... Sou eu que tenho humor negro.).

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Evil and Flowers (Bonnie Pink)

Você pode encontrar o mal em todo lugar
Se dirigindo às suas flores
Corra, corra e se esconda como puder
Vão te pegar

Sempre estão prontos em sua mente
Nenhum homem vivo pode vê-los
Eles aparecem conforme as flores caem
Então você deve ir

Ir a algum lugar para encontrar a si mesmo
Se você não puder se ajudar
Embora o mal e as flores ambos vêm e vão

De qualquer forma, você não tem que encontrar escolha
Passando horas vagas
Meio longas pra você superar
Quem sabe a que lugar pertence
Estamos sempre petrificados e amarrados
Queria poder subir uma escada
Noite escura, noite escura virá muito em breve
E então você tem que ir

Ir a algum lugar para encontrar a si mesmo
Se você não puder se ajudar
Embora o mal e as flores ambos vêm e vão
O mal e as flores ambos vêm e…
O mal e as flores ambos vêm e vão

O Mal e as flores

O Mal e as flores

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