4ºCapítulo -É agora?

4º Capítulo: É agora?

 

       Rony, que comia seu lanche tranquilamente, não se alarmou com o chamado de Hermione, apenas riu.

 

-Dessa vez eu não caio! –falou com um sorriso e continuou a comer.

 

       Hermione respirava lentamente com uma das mãos na barriga e a outra agarrada a colcha.

 

Por que Rony está demorando? –pensou desesperada.

 

       De repente seus olhos se arregalaram. Um líquido entre suas pernas começou a descer. Levantou a colcha lentamente com medo do que veria, e ali estava a prova de que chegara a hora: sua bolsa estourara.

 

-RONYYYY!!! –Hermione gritou novamente com todas as suas forças. Lágrimas eram vistas em seus olhos. Levantou-se da cama com dificuldade, respirando profundamente.

 

       E se não chegassem a tempo? E se Rose nascesse ali? E se não conseguisse? Hermione tremeu e deixou as lágrimas rolarem.

 

-RONYY! –gritou mais fraco com a voz chorosa.

 

-Ok, Mione! Já vou! –gritou aos risos em resposta sem ter ideia do que estava acontecendo. Guardou os utensílios que estavam em cima da bancada, pegou o copo d’água que Hermione pedira, e subiu as escadas.

 

-Mione, isso tudo é saudade? –perguntou quando abriu a porta do quarto. –Estava...-sua fala morreu e o copo foi ao chão.

 

       Hermione estava curvada vestida apenas com uma calça e sutien, preste a vestir a blusa e sua face molhada de lágrimas.

 

-Ahhhh! –Hermione gemeu sentindo outra contração. Agarrou-se na cabeceira da cama e fechou os olhos tentando controlar a respiração como Adela lhe ensinara.

 

        Rony continuava estático e de olhos arregalados olhando para Hermione.

 

-RONY! –gritou chamando a atenção do ruivo que pareceu levar um choque.

 

-Mi..co..o que..quand... –Rony não conseguia formular uma pergunta. –PELAS BARBAS DE MERLIN! É AGORA! –falou em choque como se acordasse de um sonho.

 

       Rony correu até ela e ajudou-a a sentar-se.

 

-Mione, porque não me chamou? –perguntou eufórico.

 

-Eu te chamei três vezes, Ronald! –falou raivosa.

 

-Eu pensei... Isso não importa! Certo... –falou olhando de um lado para o outro.

 

-Rony, minha bolsa já estourou... ela vai nascer. –falou com a voz chorosa.

 

       Rony envolveu o rosto de Hermione em suas mãos e beijou seus lábios.

 

-Vai dar tudo certo, ok? Não chore... está tudo bem. Só precisamos ir ao St. Mungus e tudo ficará bem. –falou nervoso.

 

       Hermione assentiu e Rony a beijou novamente.

 

       Rony foi até o armário, abrindo a porta com fúria, e começou a jogar tudo o que estava dentro para fora. Roupas voavam para tudo o que era lado.

 

-O que você está fazendo? –Hermione perguntou confusa.

 

-Procurando as bolsas que deixamos prontas. –falou se embolando com as roupas que estavam no cabide.

 

-Rony... elas estão na poltrona. –Hermione não conseguiu deixar de rir.

 

       Rony parou afobado e olhou para a poltrona.

 

-Ahh sim. –falou sem graça.

 

       Rony pegou as duas bolsas, passando-as por seu ombro e foi até Hermione ajudá-la a vestir a blusa.

 

-Está vindo outra. –Hermione falou se agarrando a Rony.

 

-Respira lentamente. –orientou o ruivo. –Isso.

 

-Isso dói! Eu estou com medo, Rony! –falou com lágrimas descendo novamente.

 

-Calma, pequena. Você está indo bem. Vai dar tudo certo, não tenha medo. Agora vamos, antes que o parto seja aqui mesmo.

 

-Espera.

 

-O que foi?

 

-Você vai assim?

 

       Rony olhou para si e notou que vestia apenas uma samba canção. Riu sem graça para Hermione e tirou as bolsas do ombro. Correu até as roupas jogadas procurando por qualquer coisa e vestiu uma calça jeans e uma camiseta. Calçou os tênis rapidamente, voltou a colocar as bolsas nos ombros.

 

       Antes de ir até Hermione, Rony mandou um Patrono para Adela de pré-aviso. Pegou Hermione no colo e perguntou:

 

 -Pronta?

 

       Hermione confirmou. Os dois sorriram e aparataram.

 

       Adela estava em sua sala no St. Mungus quando recebeu o Patrono de Rony. Um sorriso brotou em seus lábios e se levantou animada para trazer mais uma vida ao mundo.

 

       Rony chegou ao St. Mungus muito afobado. Encontrou Adela a espera e sorriu.

 

       Hermione foi levada até um quarto e deitada na cama logo em seguida. Rony olhava de um lado para o outro vendo alguns medibruxos ao redor.

 

       Um deles, moreno e alto, foi até Hermione para tirar-lhe a roupa para que vestisse a camisola adequada.

 

-Pode ir tirando a mão colega! –Rony falou colocando-se entre Hermione e o medibruxo. –Eu faço isso. –falou pegando a camisola da mão do profissional.

 

       O medibruxo olhou-o sem entender nada e Adela, que estava ao seu lado, riu.

 

-Deixe ele, Max. –Adela falou com o colega.

 

       Rony trocou a roupa de Hermione com maestria. Ela o olhava com os olhos banhados em lágrimas com todo o cuidado para com ela.

 

-Você está bem? –Rony perguntou pousando a mão sobre sua barriga.

 

-As contrações estão mais fortes.

 

-Daqui a pouco vai passar. –falou sorrindo. Daria tudo para dividir a dor com Hermione.

 

-Não sai do meu lado, por favor. –pediu suplicante entrelaçando sua mão a dele.

 

-Eu não vou sair, meu amor. Vou estar aqui. –beijou sua testa.

 

       Com Hermione já vestida, Adela foi até ela.

 

-Está chegando a hora mamãe! –sorriu sendo retribuída por Hermione.

 

       Adela tirou a varinha de dentro do jaleco e fez um feitiço sobre a barriga de Hermione. Um fio num tom de rosa claro ficou interligado entre os dois e logo depois, o fio rosa fixou-se na parede, transformando-se num quadro de informações referente à Hermione e Rose.

 

-Estamos indo muito bem. –Adela falou analisando o quadro. –Oito centímetros de dilatação, batimentos perfeitos.

 

-Oito centímetros? –Hermione perguntou assustada.

 

-Sim, querida. Sei que o nascimento trouxa é mais demorado. Já tive a oportunidade de acompanhar alguns.

 

       Hermione engoliu em seco.

 

-Não tenha medo. Você vai se sair ótima. –Adela falou carinhosa.

 

       Enquanto Adela conversava com Hermione, Rony mandou Patronos a Harry e Molly. Não demorou muito e alguns dos Weasley’s estavam na sala de espera, muito alegres. Vinte minutos depois os pais de Hermione também chegaram.

 

      Todos deram um olá breve para Hermione, pelo fato de o parto estar próximo. Sua mãe sendo a última, chorou com a filha muito emocionada.

 

       Hermione já estava com dez centímetros de dilatação. As dores eram fortes e Rony estava sempre ao seu lado.

 

-Dilatação completa, Hermione. Chegou a hora. –falou Adela pronta para o parto com sua assistente.

 

       Hermione sentiu um tremor pelo corpo. Daqui a alguns minutos teria sua filha nos braços.

 

-Vai dar tudo certo. Você é forte! –Rony falou em seu ouvido.

 

-Fica comigo. –Hermione pediu ofegante.

 

-Eu estou aqui, pequena. –sorriu.

 

-Hermione, preciso que faça força quando a contração vier. –orientou Adela. Hermione confirmou.

 

       Logo a contração veio, e Hermione utilizou de toda sua força e fez a primeira tentativa.  Rony lhe dava força, sentindo uma emoção sem igual o dominar. Falava palavras de força e carinho fazendo com que Hermione se sentisse mais confiante.

 

       A cada contração, Hermione se dava inteira fazendo força para que sua filha viesse ao mundo. Seu peito subia e descia rapidamente, seus cabelos estavam molhados pelo suor.

 

       Porém, o esforço a estava cansando. Sentia-se esgotada e sonolenta.

 

-Vamos Hermione, você está indo ótima! –Adela falou animando-a.

 

-Eu não consigo mais. –falou com a voz fraca sentindo-se derrotada.

 

-Vamos pequena, só mais um pouco. –falou secando sua testa. –Hermione Jane Granger Weasley não desiste fácil assim! –deu-lhe o mais belo sorriso.

 

       Hermione respirava pesadamente e sorriu para Rony. Embriaga com o seu olhar brilhante e extremamente azul, Hermione utilizou de sua última força e com um grito final um choro foi ouvido.

 

-Aqui está a mais nova Weasley! –Adela falou sorridente. –Parabéns Hermione, você foi maravilhosa.

 

       Hermione sentiu seu coração parar. Seu corpo trêmulo reagiu instantaneamente aquele som que para ela já era familiar. Seus braços se estenderam em direção ao pequeno ser que fora colocado em seus braços. 

 

       Quando Hermione teve o primeiro contato com sua filha, um soluço escapou de sua garganta intensificando seu choro.

 

       Rony quando viu a filha nas mãos de Adela, ao contrário de Hermione, sentiu seu coração acelerar. Seu olhar ficou preso a pequena garotinha de pele branca e pequenos tufos de cabelos ruivos. Estava sem fala, sem ação. As lágrimas que desciam pela sua face demonstravam toda sua emoção.

 

       Em pouco tempo nos braços da mãe, Rose silenciou-se ficando apenas a se remexer em seus braços.

 

       Hermione olhou para Rony e sorriu. Estava cansada, mas não queria desgrudar um só segundo o olhar de sua filha.

 

       Assim como Hermione, Rony se via completamente sem fala. Agachou-se ao lado de Hermione e alisou os cabelos da filha.

 

-Ela é linda. –falou hipnotizado e virou-se para Hermione sorrindo.

 

       Hermione juntou sua testa a dele e o beijou.

 

-Eu amo você. –falou com a voz fraca devido ao cansaço.

 

-Você me deu o presente mais lindo do mundo! –falou alisando seu rosto. –Vocês são os amores da minha vida.

 

       Hermione sorriu de olhos fechados e suspirou. Ofereceu Rose a Rony que a recebeu com extremo cuidado nos braços. Hermione os olhou e mais lágrimas desceram. Era inevitável.

 

-Precisamos levá-la por uns instantes. –falou Adela.

 

-Não! –Hermione exclamou fraca, tentando puxar Rony, com Rose nos braços, para mais perto de si.

 

-Não se preocupe. Serão apenas alguns minutos. –Adela a acalmou.

 

-Você precisa descansar. –Rony falou entregando Rose para Adela e voltou-se para Hermione.

 

-Não quero. –falou tentando resistir. –Quero ficar com Rose.

 

-Descanse. –Rony falou vendo-a resistir. –Vou ficar do seu lado. Estarei aqui quando acordar.

 

-Eu... –tentou falar, mas Rony a calou com um beijo.

 

-Dorme, meu amor. –falou carinhoso.

 

        Hermione sorriu se entregando ao sono. Entrelaçou sua mão a de Rony.

 

-Não sai. –falou inconsciente já adormecendo.

 

       Rony beijou sua testa.

 

-Eu te amo. Você foi perfeita.

 

       Depois de ficar alguns minutos com Hermione e ter certeza que ela adormecera, Rony foi até a sala de espera.

 

-NASCEU! –gritou eufórico assustando a todos que esperavam ansiosos.

 

       Arthur foi o primeiro a abraçar o filho, muito emocionado. Rony retribuiu o abraço com entusiasmo. Logo sua mãe veio ao seu encontro chorando de felicidade.

 

       Rony cumprimentou a todos os presentes, com um sorriso sem igual.

 

-Eu sou pai! Pai de uma linda garotinha! Não dá para acreditar! –falava com um sorriso estampado no rosto.

 

-Pois acredite, cara! Agora você está no clube dos papais! –Harry falou divertido.

 

       Rony ficou breves minutos com os familiares, alegando que precisava voltar para ficar com Hermione.

 

       Chegou ao quarto e encontrou Rose já no berço ao lado da cama de Hermione. Com um sorriso nos lábios, Rony não resistiu, foi até ela e pegou-a nos braços.

 

-Minha princesa. –falou baixinho. Olhava-a completamente abobado. –Esperei tanto por você! Como é linda! –beijou a testinha da filha que resmungou e remexeu  pernas e braços.

 

       Rony sentou-se na cadeira ao lado de Hermione e mirou sua feição relaxada. Beijou seu rosto e fico a ninar a filha nos braços.

 

       Passada algumas horas Hermione acordou. Abriu os olhos lentamente e não viu Rony ao seu lado e sentou-se apressada.

 

-Estou aqui. –Rony falou do outro lado do quarto.

 

       Hermione se virou e quando o viu sorriu feliz. Rony caminhou até ela, com Rose nos braços e sentou-se na beirada da cama.

 

-Adela disse que ela deve estar com fome. –falou entregando-lhe a filha.

 

       Hermione o olhou duvidosa se conseguiria.

 

-Você sabe como fazer. –incentivando-a.

 

       Rony desceu um dos lados da camisola de Hermione, revelando um dos seios, e Hermione o ofereceu a Rose que instantaneamente começou a sugar o leite da mãe. Rony passou o braço sobre o seu ombro, alisando os cabelos da filha com a outra mão.

 

-Não disse que você sabia? Você será uma ótima mãe! –falou sorrindo.

 

        Hermione olhou em seus olhos e deixou uma lágrima cair. Rony beijou seu rosto secando a lágrima com os lábios.

 

-Ela é a sua cara! –Hermione falou.

 

-E vai ter a inteligência da mãe. –riu.

 

 

       Os dois ficaram assim até Rose terminar de se alimentar e em seguida arrotar. Logo em seguida a pequena ruivinha pegou no sono e foi colocada por Rony em seu berço.

 

       Os familiares entraram para visitar a nova integrante da família e parabenizar os pais. Todos ficaram encantados com Rose e de como ela é parecida com Rony. 

 

       Harry tirou muitas fotos do casal com a filha sendo o último a ir embora com Gina.

 

       A noite chegou e Rony estava ao lado do berço enquanto Hermione o olhava. Rony se virou e sorriu para ela.

 

-Deita aqui. –chamou Hermione apontando para o canto da cama. Rony se ajeitou ao seu lado.

 

-Eu amo vocês. –Hermione falou com a voz embargada.

 

-Não chora, amor. –falou sorrindo.

 

-Não consigo segurar. Estou muito feliz.

 

-Eu também estou, muito, muito feliz!

 

-E cansado também! –Hermione comentou rindo vendo Rony soltar um bocejo.

 

-Isso não é nada.

 

-Você está cansado, ficou comigo o dia todo, não comeu direito. Vá pra casa. –falou com a voz gentil.

 

-Mas... –foi argumentar, mas viu que esses lhe faltavam.

 

-Não tem argumentos para me contradizer. –riu.

 

-Ta ok. Eu vou. Mas eu só vou porque quero estar cem por cento amanhã para levar vocês pra casa.

 

       Hermione não disse nada. Subiu o corpo ficando com parte dele sobre Rony e o beijou. Os lábios macios de Hermione acariciavam os de Rony lentamente. As línguas quentes se movimentavam de maneira sensual, fazendo com que o ambiente esquentasse.  As mãos de Rony foram até a nuca de Hermione a puxando para si, enquanto a outra passeava por sua coluna.

 

       Com a falta de ar, Rony terminou o beijo com vários selinhos colantes e grudou sua testa a dela.

 

-Esse resguardo vai ser uma tortura.

 

       Hermione suspirou e olhou em suas íris azuis.

 

-Eu te amo, grandão. –falou alisando seu rosto.

 

-Eu também te amo, pequena. –beijou-a novamente. –Descanse. –sussurrou em seu ouvido.

 

       Hermione ficou sentada na cama observando Rony se afastar. Ele lhe soprou um beijo no ar e Hermione sorriu, vendo-o sumir pela porta.

 

       O que Rony não podia imaginar era que essa seria a última vez que veria Hermione, que sentiria o calor de sua pele, o sabor de seu beijo. Última vez que a ouviria dizer que o amava de maneira tão doce e encantadora.

 

       Dia em que a felicidade reinou, mas o pesadelo estava ali bem ao seu lado esperando apenas uma brecha para se tornar realidade.

 

“Alegrias nunca são apagadas, apenas ofuscadas.”

E.P.

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 N/A: Um abraço espercial para você Thamires... Obrigada por esatar sempre aqui!!!!

Boa leitura a todosss!!!!

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