Capítulo Trinta
Where Roses Grow Wild
Capítulo trinta
As brasas da lareira no Quarto Rosa estavam se apagando. Hermione, vestida apenas com uma das suas camisolas de musselina com arremates de renda, tentava reavivar o fogo, usando o atiçador e o soprador, mas seu coração estava em outro lugar. Nem mesmo percebeu quando as chamas finalmente acariciaram as novas toras que tinha posto sobre as brasas. Estava sentada na frente da lareira, os braços ao redor dos joelhos, abraçando-os de encontro ao peito, com o olhar perdido em um ponto do tapete. Não havia esperança, percebeu. Ela precisava ir embora.
Tinha ido diretamente para o seu quarto quando chegaram a Potter. Suportara a viagem de carruagem da Casa Ashbury em silêncio, os braços ao redor de Jeremy, que chorava. Ela se recusara a encontrar o olhar de Draco ou de Anne, mantendo a vista fixa em cima da cabeça morena de Jeremy, sem arriscar dar nem mesmo uma olhadela para Harry, que, meditabundo, se sentou no lugar ao lado dela em silêncio, uma figura descomunal na escuridão do veículo.
Ninguém tinha dito nenhuma palavra quando ela e Harry voltaram da galeria de retratos. Quando Harry ordenou que pegassem os seus casacos só a viscondessa, tomando fôlego, exigiu uma explicação de por que eles não poderiam ficar para o jantar. Harry apenas lhe dera uma olhada. Os seus mantos apareceram como que por encanto nos braços dos lacaios de peruca e o grupo de Potter deixou a Casa Ashbury em silêncio, silêncio que se estendeu por toda a jornada para casa.
Apenas Jeremy falou, o pobre e inconsolável Jeremy, que se agarrava a Hermione como se a tia fosse a corda de segurança e perguntou várias vezes se ela iria deixar que a mãe o levasse embora. Hermione só conseguia beijar a sua testa e lhe garantir que a mãe queria que ele permanecesse em Potter.
"Ela só queria ver você, Jeremy", disse-lhe Hermione. "Ela só queria vez como você se tornou uma menino crescido e forte." Mas não conseguia convencê-lo de que não havia perigo de a mãe levá-lo embora.
Quando entraram no Grande Saguão em Potter, Draco pareceu recuperar um pouco de seu irreprimível bom humor e sugeriu que fossem todos saquear a cozinha em busca de algo para comer - ainda não tinham jantado, afinal de contas. Hermione, porém, declinou, dirigindo-se com Jeremy diretamente para os aposentos deste. Lá, ficou aliviada ao vê-lo mais animado, com uma xícara de chocolate e um dos famosos pudins da cozinheira. Se, pelo menos, pensou ela com tristeza, observando o rosto do sobrinho enquanto ele adormecia, os seus próprios problemas pudessem ser resolvidos com sobremesa!
Ela sabia que evitaria todo tipo de confronto se permanecesse no santuário dos aposentos de Jeremy. Na casa estavam Anne Herbert, cujo pai Hermione tinha mentido intencionalmente ao lhe dizer que Katherine Potter estava morta; Draco, para quem ela não apenas tinha mentido como também enganado, fazendo-o pensar que havia uma chance de retribuir seus sentimentos de admiração por ela, quando na verdade Hermione sabia que estava apaixonada por Harry Potter; e, naturalmente, Harry.
Bem, ela não havia mentido para Harry, apesar de ter tentado muito, como Deus era testemunha. Tinha contado que Katherine Potter não estava morta, mas deixara de dizer que era dona de um bordel e responsável pelo assassinato do irmão dele. Como poderia um homem amar uma mulher cuja irmã, carne de sua carne, era capaz de tanto mal? Mesmo no melhor dos mundos, em um mundo em que as pessoas fossem julgadas por seus próprios méritos e não por quem eram seus parentes, Hermione não podia imaginar que algum homem conseguisse perdoar alguma coisa assim. Nem mesmo um homem como Harry.
Das três pessoas que acreditava ter mais magoado - e nem estava contando com a Sra. Praehurst e Lucy, que ficariam chocadas e magoadas quando a verdade viesse à tona (e a viscondessa providenciaria para que a verdade fosse conhecida o mais rapidamente possível) -, supunha que a pessoa com menos razão para ficar ofendida era Anne Herbert. Para ter certeza disso, Hermione tinha passado pelo quarto da amiga a caminho do seu, depois que Jeremy tinha caído no sono.
Anne atendera imediatamente a batida leve de Hermione e deixou claro que não importaria nem que ela fosse irmã do próprio Satã. Hermione era amiga de Anne e sempre seria, disse. Hermione achou que devia uma explicação para a moça, mas, quando tentou apresentá-la, Anne não quis ouvir. Tomou as mãos de Hermione e disse apenas: "Não importa, Hermione. Nada disso importa. O que você fez, foi porque ama Jeremy e queria o melhor para ele. Todos vão compreender isso."
Alívio e gratidão a invadiram, como se tivesse tomado um banho de água fresca da chuva. Mas Hermione ainda precisava pedir um favor para Anne, um grande favor, levando em consideração tudo o que tinha acontecido…
Ela pediu e, quando Anne riu e disse que "naturalmente, não seja boba", Hermione sabia que na singela e gentil Anne Herbert tinha encontrado uma amiga que valia muito mais do que o seu peso em ouro.
Mas ela ainda tinha que enfrentar Harry. E isso, Hermione sabia, não seria fácil.
Quase duas horas depois, porém, ela se sentia mais preparada para enfrentá-lo. Os criados já deviam ter todos ido para a cama de forma que não havia perigo de ela se encontrar com a Sra. Praehurst, Lucy ou Evers e agüentar a compaixão ou o desdém deles, como poderia muito bem acontecer. Draco, disso ela estava certa, já estaria bêbado e letárgico havia muito. Havia uma chance de que o mesmo pudesse ter acontecido com o dono da casa, mas Hermione estava que a maior probabilidade seria encontrar Harry na biblioteca e que ali poderiam ter uma conversa civilizada, que não terminasse com uma bofetada ou com eles se jogando loucamente na cama.
Pôs um roupão de seda de corte masculino e bem gasto, que não tivera tido a oportunidade de usar desde a época de Applesby. Naquela noite, pensou Hermione, uma roupa assim lhe daria mais proteção contra o olhar de cio de Harry do que o négligée com plumas, que havia sido usado tão mal. Destrancou a porta do quarto e olhou com cuidado a galeria escura e fria.
Ali, sentado em frente à porta dela, estava Harry, as longas pernas esticadas, uma garrafa de conhaque no chão ao lado da cadeira que havia trazido da biblioteca.
"Boa noite, Srta. Granger", disse ele em tom casual, como se costumasse ficar sentado em frente das portas dos quartos de jovens mulheres. Mas Hermione percebeu imediatamente que havia nervosismo sob o tom de brincadeira.
"Se a senhorita está procurando a sua camareira, eu a mandei dormir há horas. Se a senhorita precisar de qualquer coisa, eu ficaria muito feliz em ir buscar-lhe. Do que, exatamente, a senhoria necessita no momento? Um copo de leite quente, talvez? Um livro da biblioteca para acalmar os seus nervos em frangalhos? Ou talvez um ombro masculino no qual chorar?" Ele fez um gesto amplo com uma mão. Na outra, Hermione notou um copo de conhaque vazio. "Seja qual for o seu desejo, será um prazer satisfazê-lo."
Hermione se apoiou contra a porta e o estudou. Ele não tinha tirado o traje de noite, mas a gravata tinha desaparecido e a camisa estava aberta é a cintura. O pêlo escuro se destacava da camisa e Hermione reprimiu o impulso de ir até ele ali mesmo e apoiar a cabeça nos convidativos ombros largos. Ela disse, com a voz rouca de emoção: "Eu ia procurar você."
Ele levantou uma sobrancelha escura, ironicamente. "Mas veja que auspicioso! Parece que me encontrou."
"Há quanto tempo você está sentado aqui?"
"O suficiente para começar a suspeitar que você não iria sair nunca." Ele esticou as longas pernas e as juntas estalaram em protesto. "Não suponho que você me deixaria entrar, deixaria? Está muito frio aqui fora e a cadeira fica mais desconfortável a cada segundo que passa."
Hermione olhou, nervosa, sobre o ombro. Seu quarto, como sempre, estava agradável e quente, e sem dúvida mais propício a uma conversa confortável do que o corredor ou mesmo, pensou, a biblioteca de Harry, que era um pouco masculina demais, com toda aquela decoração em couro. Mesmo assim, a última coisa que queria era repetir a performance da noite anterior - tinha realmente sido apenas na noite anterior?
Como se estivesse lendo os pensamentos na preocupada expressão de Hermione, Harry pousou o copo vazio e se levantou, um pouco instável. "Por favor, permita-me que lhe assegure, madame, que essas mãos", ele as estendeu para que Hermione as examinasse, jogando os enormes e calejados dedos embaixo do nariz dela, "permanecerão abaixadas o tempo todo. A não ser, quer dizer, que a senhorita exija os seus serviços para alguma coisa."
Hermione não quis se arriscar a imaginar qual seria a "alguma coisa" que ele poderia ter em mente, mas, depois de uns poucos segundos de hesitação, suspirou e abriu a porta totalmente para que ele entrasse. Harry não parecia satisfeito de ter vencido esse pequeno round. Parecia nervoso de um modo pouco usual. Talvez, supôs Hermione, porque iria pedir que ela deixasse Potter. Sem dúvida, tinha dado aquela pequena demonstração de solidariedade, na Casa Ashbury, para manter as aparências, mas, no fritar dos ovos, viver com uma parenta da assassina do seu irmão era pedir um pouco demais. Ora, ele podia ficar tranqüilo quanto a isso.
"Não quer se sentar?", convidou Hermione, tensa, indicando uma das macias poltronas diante do fogo, que crepitava alegremente.
"Não, obrigado." Harry se balançou uma ou duas vezes nas pontas dos pés. Ela sempre ficava impressionada com seu tamanho, mas nunca tanto como quando ele estava em seu quarto. Diante de seu tamanho, a mobília parecia de brinquedo, inclusive a grande cama com dossel, na mesma proporção que ela era muito mais que os brinquedos de Jeremy. "Prefiro ficar de pé, se você não se importa. Já fiquei sentado por muito tempo."
"É sua culpa se está todo dolorido," disse Hermione, um pouco aborrecida. "Ninguém lhe pediu para manter a guarda no meu quarto como se fosse um covil de ladrões. O que faria do lado de fora? Estava com medo de que a criminosa fugisse durante a noite?"
Mesmo enquanto dizia essas palavras, Hermione percebeu que estava sendo injusta, mas a indignação tinha deixado rosado o seu rosto e provocado aquele ataque. Harry ficou olhando-a quieto, com expressão de quem estava se divertindo.
"Na verdade," disse ele, pondo as duas mãos atrás das costas e assumindo uma postura descontraída, "eu queria o seu conselho."
"Meu conselho?"
"Você me disse que não seria prudente derrubar a porta e eu concordei. Era muito mais inteligente simplesmente esperar até você abrir a porta e sair. Você teria que fazer isso mais cedo ou mais tarde. A sua camareira me disse que você não tinha nenhuma comida aqui dentro." Ele sorriu, satisfeito de si. "E você saiu. Acabou saindo."
"Você poderia ter passado a noite toda ali", disse ela, balançando a cabeça sem entender.
"Já passei muitas noites em cadeiras, minha cara. Não fazer diferença para mim." Ele estava olhando-a e Hermione viu que suas sobrancelhas se juntaram, em uma expressão de censura.
"Por que está usando esse trapo velho e horrível?" Ela viu que ele se referia ao roupão. "O que aconteceu com aquela coisa cheia de plumas? Por que não põe aquilo em vez disso?"
Hermione, o longo cabelo solto nos ombros, balançou a cabeça. "De jeito nenhum. Você se lembra do que aconteceu da última vez que usei aquela roupa?"
"Sem dúvida que me lembro." Ele deu um sorriso malicioso. "Com prazer."
Hermione imediatamente corou e abaixou a cabeça para que o cabelo escondesse o rosto em chamas. Aquilo não parecia nem um pouco o prólogo para uma dispensa. Mas, de qualquer forma, talvez fosse porque ele tinha bebido. Portanto, o melhor era ela resolver logo a situação e ficar livre.
Hermione também não estava com vontade de se senta e começou a andar de um lado para o outro, as mãos enfiadas nos bolsos do roupão para que Harry não visse que estavam tremendo. Depois de respirar fundo várias vezes e fazer tentativas de começar a falar, ela disse, como que se dirigindo aos vidros da janela, açoitados pelo vento: "Harry, eu não posso ficar aqui."
"Para onde você quer ir? Há um bom fogo na biblioteca."
Ela balançou a cabeça, sem tirar os olhos da neve que redemoinhava na noite escura. "Não, nada disso. Quero dizer que não posso ficar aqui em Potter."
"Ah." Harry também começou a andar de um lado para o outro. Ela ouvia as tábuas do chão rangendo sob seu considerável peso. "E precisamente por que você não pode ficar aqui em Potter?"
Diante disso, ela se virou, sem acreditar no que ouvia. "Você está falando sério?", perguntou ela ofegante. "Existe, digamos, mil razões." Seus olhos cor de mel se apertaram, com suspeita. "Harry, por favor, não seja condescendente comigo. E também não tenha pena de mim. Eu me viro. Já falei com Anne Herbert e posso ficar com Sir Arthur e a família dele até encontrar uma solução…"
"Uma solução?" As mãos de Harry já não estavam mais nas costas. Ele tinha dado vários passos, afastando-se dela, mas daí voltou e agarrou uma coluna da cama com força. "Pelo que parece, você sem dúvida pensou muito nisso, não é?" Sua voz pingava sarcasmo. "Já encontrou um lugar para ficar até encontrar uma solução! E qual, exatamente, é essa solução?"
Ela ficou olhando-o. "Você sabe muito bem o que eu quero dizer. Um emprego, um cargo. Como babá, tutora ou algo assim."
"Ou algo assim." Harry se soltou da coluna da cama com o ímpeto de uma mola que se desenrola. Hermione recuou contra as cortinas, mas ele andou na direção da lareira e não na dela. "Por favor, me esclareça, porque ainda não entendi, por que você não pode simplesmente ficar aqui."
Hermione estendeu as mãos, viradas para cima, como que em uma súplica. "Harry, é claro que não posso ficar aqui. Não depois de tudo isso. Lady Ashbury vai contar a todos…"
"Claro que vai. E daí? O que é uma fofoca a mais ou uma fofoca a menos sobre a família Potter? Deus sabe que já houve muitas durante todos esses anos."
"Isso não é apenas uma fofoquinha, Harry. Eu sou irmã da mulher que fez seu irmão ser morto, uma mulher que é dona de um bordel…"
"Na verdade, a Sra. Porter tem mais de um estabelecimento", disse Harry, secamente.
Hermione ficou olhando-o, sem entender. Por que ele estava levando tudo isso tão na brincadeira? Não percebia que sue lugar na sociedade estaria ameaçado se ela ficasse aqui? Não percebia que a reputação dele seria arruinada?
"Eu menti para você", disse Hermione, desesperada. "Menti para todos. Sir Arthur, a Sra. Praehurst - todos. Não posso de forma alguma ficar aqui depois disso. As pessoas vão falar."
Harry não a estava olhando. Ele pegou um atiçador de ferro e ficou arrumando a lenha na lareira. Quando falou, a voz estava tão baixa que ela mal o ouviu. "E Jeremy?"
Hermione inspirou e se surpreendeu quando sua voz saiu com um soluço. Ela tentou se controlar. "Jeremy estará bem com você. Ele vai ter que compreender."
"Ele já foi abandonado uma vez pela mãe. E agora você também vai embora?"
Hermione deu um passo à frente, as mãos no peito, os dedos entrelaçados, em total desalento. "Oh, Harry! Por favor, não torne isso mais difícil do que já é. Jeremy vai ser um duque algum dia. Não posso ficar aqui e arruinar qualquer chance dele de obter todas as vantagens da sua posição na sociedade."
Harry continuava sem a olhar. Tinha posto um de seus grandes pés no piso da lareira e cruzara os braços em frente do peito largo e nu. "Nem parece que estou ouvindo a minha liberal de fogo nas ventas. Nunca pensei que você fosse tão preocupada com o que a 'sociedade' pensa. A minha impressão era que você na verdade desprezava a 'sociedade'."
"Detesto os seus amigos", disse Hermione, sucinta. "Mas não é a eles que me refiro quando falo em sociedade. Estou falando de, ora, não sei. De gente de verdade. Gente boa. Pessoa como Sir Arthur e a esposa dele."
Harry então olhou-a com uma lampejo estranho nos olhos cinza. "Você não me disse há pouco que os Herbert vão lhe dar guarida até você encontrar a sua mítica 'solução'?"
"Bem… Disse sim."
"E se os Herbert são da 'sociedade' e ainda assim valorizam a sua companhia o suficiente para recolhê-la até você encontrar algum lugar para ficar, por que está tão preocupada com a minha reputação?"
Hermione abriu a boca para responder, mas fechou-a ao perceber que ele tinha razão. Ela não se incomodava com o que pessoas como a viscondessa pudessem falar a seu respeito. Era com pessoas como a viscondessa pudessem falar a seu respeito. Era com pessoas como os Herbert e a Sra. Praehurst que se importava. E eram exatamente essas pessoas que provavelmente não a desprezariam pelo que tinha feito. Ora, Lady Herbert talvez fizesse a mesma coisa em iguais circunstâncias.
Derrotada, Hermione percebeu que nenhuma das razões que tinha apresentado a Harry para sair de Potter iria satisfazê-lo. E ela não podia lhe contar a razão verdadeira, que não poderia ficar porque o amava perdidamente e sem ser correspondida, de forma que não poderia permanecer debaixo do mesmo teto sem, mais cedo ou mais tarde, voltar a ir para a cama com ele. Porque ele não iria renovar aquela proposta de casamento. Não depois de tudo o que acontecera. Não depois de tudo o que sabia sobre ela.
A advertência da irmã ecoou em sua cabeça a noite toda: Vamos ver então o que será feito da bela e patética Hermione, não vamos? E era verdade, pois mesmo ali, naquela situação, Hermione se sentiu tentada, diante do peito nu e dos pêlos grossos de Harry, a barriga dura e bem definida, o contorno dos músculos dos braços debaixo do casaco de corte perfeito. Hermione sabia que, dada a força de seus sentimentos, não conseguiria se controlar, e que a única forma de escapar de um destino semelhante ao da irmã era ir embora para sempre do Solar Potter.
Mas não poderia dizer nada disso a Harry. Que iria pensar dela? Ele já sabia que ela não tinha mais controle sobre si mesma que um animal ou um homem. Não se esperava que as mulheres nutrissem sentimentos de desejo pelos homens - na verdade, isso era coisa de mulheres como Kathy, mas jamais de mulheres como ela. Harry devia pensar que Hermione não era melhor do que a irmã. E estava certo. Mordendo o lábio e olhando, constrangida, para as botas dele, Hermione tentou pensar em algo para dizer, qualquer coisa, menos a verdade. Não conseguia pensar em nada. Harry foi ficando impaciente com o silêncio dela e de repente tirou o pé de perto da lareira. Virou uma das poltronas para que o assento ficasse virado para Hermione.
"Venha aqui", disse ele, com uma voz profundo e ameaçadora. "Sente-se. Quero lhe dizer uma coisa."
Hermione relutou em se aproximar, já que os seus olhos tinham um brilho perigoso. Mas também não ousava desobedecê-lo, não quando o músculo do queixo dele tremia tão violentamente. Ela apertou o roupão mais firmemente ao redor do corpo magro, deu alguns passos hesitantes para a frente e se sentou, o corpo tenso sobre as almofadas macias.
Harry deu a volta ao redor da poltrona e se dirigiu à outra, mas não se sentou. Foi até a lareira e se agachou ali, de costas para o fogo. Estava tão perto que ela sentia o seu cheiro de couro e tabaco, e, apesar de ele ter bebido, não havia dúvida de que não estava bêbado, pois ela não sentia nenhum cheiro de álcool no seu hálito.
Harry se sentou e pôs os cotovelos sobre os joelhos, os dedos entrelaçados e tensos. O olhar estava voltado para o bico das botas.
"Vou lhe contar uma coisa sobre a minha reputação," começou ele, com uma voz profunda e o habitual tom sarcástico. "A sua irmã não exagerou quando disse que seria difícil encontrar um par de bastardos mais cruéis do que meu pai e meu irmão. As palavras são dela, e não minhas, mas tenho os mesmo sentimentos. Sei que tive muitos privilégios em relação à maioria dos homens e não estou de modo algum me queixando. Ser o segundo filho de um duque não é exatamente a pior coisa deste mundo. Mas, e agradeço a Deus por isso, você nunca conheceu meu pai e meu irmão. Se tivesse conhecido, talvez entendesse por que não culpo totalmente a sua irmã por fazer as escolhas que fez."
Hermione começou a dizer alguma coisa - o que, exatamente, não sabia -, mas Harry levantou a mão e ela ficou quieta.
Harry continuou. "Acredito que tive uma infância feliz e idílica, até minha mãe morrer. Com ela morreu qualquer vestígio de civilidade que meu pai porventura tivesse. Não havia afeto nesta casa, compaixão por ninguém, criado ou cachorro, e nem um pouco de moralidade depois que minha mãe faleceu. Meu pai deixava que meu irmão e eu nos comportássemos como dois selvagens, chegava a nos encorajar a fazer o que quiséssemos, fosse seduzir as auxiliares de cozinha ou torturar os gatos da fazenda. Lamento se a estou deixando perturbada, mas essa é a verdade."
"John sempre foi mais inteligente do que eu e também mais criativo, e acho que é por isso que ele era mais perigoso e mais cruel do que se possa imaginar. Não vou escandalizá-la contando os detalhes do comportamento desumano que ele tinha normalmente. Basta dizer que ninguém e nada estava a salvo a seu redor."
"Quando atingi idade suficiente para perceber que o jeito de viver que o meu pai nos havia ensinado estava errado, eu já era velho demais para mudar. Mas tentei. Convenci o duque a me mandar para a universidade e, depois de formado, fiquei em Londres pelo maior tempo possível. Mas a reputação da minha família tinha chegado muito antes de mim. Não havia uma mãe de família na cidade que permitisse chegar perto de suas filhas e a maioria dos pais não ficava muito satisfeito quando seus filhos começavam a andar comigo. O único amigo verdadeiro que já tive é Draco, que não tinha família para proibi-lo de sair comigo."
"Enquanto isso, o duque e John espalhavam o seu reino de terror por Yorkshire, até não haver uma família no condado disposta a mandar os filhos para trabalhar aqui nem um criador que nos vendesse um cavalo ou cão de caça… Meu pai e John tinham matado muitos. Os cavalos eles matavam de tanto cavalgar e os cães, de tanto bater… Hermione, não olhe assim para mim."
Hermione olhava-o fixamente, os olhos cheios de lágrimas, a mão sobre a boca com uma reputação pavorosa… a própria Sra. Praehurst mal conseguia falar dele e ninguém no Solar Potter mencionava o nome de John. Mas o pai e o irmão de Harry fossem culpados de crimes monstruosos, disso ela não tinha a menor idéia.
Não pôde deixar de sentir pena dele, apesar de saber que isso era a última coisa que Harry queria. Viver por tanto tempo privado de amor parecia a ela uma coisa terrível. Nunca tivera que tolerar uma coisa assim. Pois, até onde iam suas lembranças, sempre tivera seu pai e Jeremy. E eles tinham sido o suficiente. Isso a tinha salvado.
"Sinto muito," disse, tirando os dedos dos lábios. Limpou as lágrimas com a ponta da manga esfarrapada. "Não tinha a menor idéia de que viver aqui tinha sido assim para você."
"Não estou contando isso por querer a sua simpatia, maldição!" Harry ficou de pé e se afastou a passos largos. Quando se virou e a enfrentou, ela viu que seus olhos estavam perturbados por uma emoção que ela não conseguia identificar. "Estou contando para que você saiba que o que as pessoas falam a meu respeito, a respeito da minha família, não pode ser pior do que a verdade. E a verdade é que, por pior que eles fossem, eu não era muito melhor."
Ele soltou um suspiro e Hermione percebeu que o que estava prestes a ouvir era algo difícil para Harry dizer, algo profundo e muito íntimo.
"Eu estive nas casas da sua irmã, Hermione. Estive em muitos lugares de que me arrependo, estive com muitas pessoas de que me arrependo. Poderia dizer que era por causa da minha família que todos da sociedade civilizada se recusavam a me admitir em sua casa. Mas o fato, Hermione, é que eu me liguei a pessoas como Arabella e Lord Derby porque são as únicas em relação às quais eu poderia me sentir superior. E, pelo fato de saber que sou tão inferior à sociedade decente, para mim é importante me sentir melhor que alguém."
Harry virou-lhe as costas, os ombros tensos. Em seguida, em três passos rápidos e largos, estava diante dela. Inclinando-se e apoiando as duas mãos nos braços de poltrona em que Hermione estava sentada, ele a olhou com uma expressão impenetrável. Quando voltou a falar, sua voz estava muito controlada. "E foi assim que vivi durante anos e assim teria vivido por mais trinta anos se um dia não tivesse estado à porta de um chalé em uma pequena aldeia chamada Applesby, quando fui atropelado por você."
Hermione havia se encolhido contra as almofadas macias da poltrona, consciente do calor do corpo de Harry, que era muito mais intenso que o calor que vinha da lareira. Ele estava tão próximo que Hermione via as pontas da barba em seu rosto, o estranho pulsar dos músculos no queixo, as veias latejando no lado do pescoço, onde o cabelo longo, escuro e ondulado se encontrava com a gola da camisa.
Hermione estava mais assustada do que nunca. Era um medo selvagem, mas estranhamente agradável, um tipo de expectativa dolorida por algo que não podia explicar. Levantou os olhos cor de mel, arregalados, a respiração subitamente curta. Sua garganta tinha ficado seca. Hermione não conseguiria pronunciar uma palavra mesmo que pensasse em algo para dizer.
"Você se lembra quando nós nos conhecemos?", ele perguntou, os dentes muito brancos e regulares à luz do fogo. "Você se lembra de todos os sermões que me fez sobre os males da minha classe social? Você me informou, com a voz tão clara e franca como a de uma criança, que eu era responsável por subjugar as massas e impedir que as mulheres obtivessem a igualdade com os homens na nossa sociedade." Ele levantou a sobrancelha. "Para meu completo espanto, aquele anjo pequeno e de pele de porcelana abriu a boca e começou a me censurar com uma língua tão cheia de veneno que pense: 'Esta moça… Esta moça é diferente'."
Hermione engoliu em seco e disse com toda a despreocupação que conseguiu reunir: "Você deveria ter me mandado plantar batatas na mesma hora."
"Ah, não. Porque, no minuto em que você começou a falar, eu soube que ali estava alguém que não poderia deixar escapar. Eu não conseguia entender como uma criatura tão adorável poderia abrigar uma mente tão deturpada. Mas mal tínhamos tocado umas três frases quando me dei conta de que corria o risco de me apaixonar perdidamente."
O queixo de Hermione caiu. Ficou olhando-o, os lábios úmidos abertos, o coração batendo com força debaixo da musselina fina da camisola. Sabia que não deveria dizer nada, mas nunca conseguiria segurar a língua.
"Mas isso é impossível", disse ela, sentando-se mais reta na poltrona de modo que sue rosto ficou a apenas alguns centímetros do dele. "Você não pode estar apaixonado por mim."
"Não posso?" O sorriso de Harry era caído de um lado, contrastando fortemente com os olhos cheios de paixão. "E por que não?"
Hermione começou a enumerar as razões nos dedos. "Você passou todo um mês em Londres…"
"Você se recusou a se casar comigo. Eu não conseguia viver com você, ver você ao alcance da mão toda a noite ao jantar e saber que não podia tocá-la. Sabia que precisava tê-la, mas você estava inflexível…"
Hermione explodiu em indignação, agarrando os braços da poltrona. "Você só me pediu para me casar por um absurdo senso de dever!"
"É claro que sim. Mas não pense que não fiquei contente com o que aconteceu entre nós. Passei todos os dias em Londres rezando para que você estivesse grávida, sendo então obrigada a se casar comigo. Você tinha aquela idéia ridícula de nunca se casar…"
"Mas eu não podia me casar com você!", exclamou Hermione com raiva. "A minha irmã matou o seu irmão e se tornou uma prostituta! Além disso, você nunca falou a palavra amor!"
"Nem você."
"Mas é claro que eu o amava! Eu dormi com você, não dormi?"
"Realmente, Hermione, você me deixa sem ação. Aqui estou eu, tentando propor-lhe casamento e você fica me interrompendo."
"Propor!" Hermione agarrou os braços da poltrona com tanta força que os nós dos dedos ficaram brancos, a voz falhando. "Propor casamento?"
Harry ergueu uma das mãos dela do braço da poltrona e a pegou com tanta força que doeu. Levantando os olhos para examinar seu rosto, Hermione viu que ele a fitava com atenção, a mandíbula determinada, os olhos verde parecendo aço de tanta resolução e acesos com uma estranha luz que reluzia com intensidade febril.
"Sim, propor casamento", disse ele rindo, levando a mão dela aos lábios e arranhando a pela macia com a barba por fazer. "Não ouso propor mais nada, sabendo como você é rápida com os punhos. Hermione, você realmente é a mulher mais irritante, teimosa, de língua afiada, bela e encantadora que já conheci, e, se você não concordar em casar comigo, serei infeliz pelo resto dos meus dias. Por favor, diga que sim."
Antes de Hermione poder dizer alguma coisa, ele pegou os braços dela e a puxou contra si. Ela pôs as mãos abertas contra o peito nu de Harry, sentindo, através dos pêlos emaranhados e grossos, as batidas do seu coração. A cabeça de Hermione caiu para trás, contra o braço dele, o cabelo fluindo como um córrego marrom-avermelhado à luz do fogo, e então os lábios dele estavam sobre os dela, roçando a sua boca com um ardor que mostrava a intensidade de sua emoção. Os beijos insistentes limparam a cabeça de Hermione de tudo, sobrando apenas uma coisa: Ele a amava. Ele a amava. Ele a amava.
Parecia incrível, mas ele a amava, amava o suficiente para querer se casar com ela. E então Hermione deixou-o beijar o seu pescoço, deixou que os dedos rápidos desabotoassem os botões da camisola, deixou que ele sussurrasse o seu nome muitas vezes, a respiração quente contra a sua pele.
"Diga sim", murmurou Harry, os lábios saboreando a pele macia de trás de uma das orelhas. A carícia provocou arrepios febris na espinha de Hermione, fazendo as pontas dos seus seios pressionar com força o tecido da camisola. "Diga sim", ele sussurrou novamente.
"Sim", disse ela, tão cheia de paixão que mal reconhecia sua própria voz. E então começou a beijá-lo com tanta audácia quanto ele e com quase tanta violência. Ela sentia como se alguma coisa dentro de si tivesse sido liberada, alguma coisa indistinta, porém maravilhosa, alguma coisa que de repente fazia que não houvesse problemas se ele lhe arrancasse o roupão fora de moda pelos ombros. Ele a havia puxado para cima, de forma que ela estava ajoelhada sobre o assento da poltrona, os dedos abertos contra o muro duro dos músculos do ventre de Harry, o pescoço na altura da cintura dele. Quando ele finalmente a libertou do roupão, jogou aquela indesejável peça de roupa no chão e Hermione riu da veemência dele.
Mas parou de rir quando seus olhos se encontraram. Os olhos verdes de Harry, semicerrados de paixão, brilhavam de forma estranha. Havia uma luz intensa nos seus traços morenos e sua respiração estava tão rápida e curta quanto à dela. Suas mãos estavam no cabelo escuro dela e, apesar de Hermione não perceber, a luz do fogo mostrava a sua silhueta magra atrás do tecido fino da camisola.
Não era apenas desejo o que levou seus dedos até os botões das calças dele. Havia também a feminina curiosidade sobre o seu poder sobre ele e, apesar de Harry protestar através dos dentes quando os nós dos dedos de Hermione roçaram o pêlo que cercava a virilidade tesa, ela ignorou a advertência. Segurou o órgão pulsante em suas mãos pequenas e ficou admirando aquele instrumento de prazer, observando de perto as veias e a ponta do falo à luz do fogo antes de vagarosa e delicadamente provar a carne intumescida com a língua.
O contato fez Harry, cativo pelo toque, gemer, os dedos fechando-se e agarrando ao longo do cabelo dela. Encorajada com a reação, os lábios de Hermione acompanharam a língua e ela acolheu o máximo dele que pôde, os lábios formando um estojo macio ao redor da lança palpitante. Os dedos de Harry afundaram no cabelo dela e Hermione passou a língua ao longo do músculo duro, fazendo mais um gemido escapar dos lábios dele.
Com uma rapidez que tirou o fôlego de Hermione , Harry se afastou, pôs uma mão embaixo dos joelhos dela e a levantou da poltrona. Instantaneamente, ela rodeou o pescoço dele com os braços, os dedos enredados no seu cabelo. Sem tirar os olhos dos dela, Harry a carregou para as sombras da cama de dossel.
Colocando-a sobre o colchão com sua delicadeza como se ela fosse feita da mais delicada porcelana, Harry deu um passo para trás e, com os olhos na feminina curva dos quadris, tirou o casaco e a camisa, ficando de peito nu à luz do fogo. As botas pretas saíram em seguida, jogadas sem cuidado para os lados. Hermione ficou observando enquanto ele tirava com impaciência a roupa.
E então lá estava ele, nu a seu lado, os braços fortes puxando-a para si, os lábios capturando os dela. A respiração de Hermione foi ficando curta ao sentir os dedos de Harry navegarem com sucesso pelos múltiplos botões de sua camisola. Até aquela leve proteção que a roupa lhe tinha proporcionado deixou de existir e ele puxou a camisola por sobre a cabeça dela e a jogou de lado. A beleza da pele de marfim da moça à luz do fogo, contrastando fortemente com o cabelo escuro dela, era quase demais para Harry. Ele escondeu os olhos deslumbrados contra o pescoço de cisne de Hermione , as mãos movendo-se para envolver a perfeição dos seus seios redondos e de bicos espetados, saboreando a delicada tensão dos mamilos.
Em cada lugar que Harry tocava, Hermione sentia como se tivesse sido marcada a fogo. Ela mergulhou nos travesseiros de penas, atordoada de tanto desejo, puxando Harry para baixo, contra si. Vendo que ela tremia, ela cobriu o leve corpo com o seu, muito maior, e o fogo iluminou a curtida pele masculina sobre a palidez da moça.
A pele delicada do rosto de Hermione estava em brasa devido ao contado com a barba por fazer de Harry e, ao sentir a boca dele queimando uma trilha de beijos que descia pelo seu pescoço, ela sabia que a pele de porcelana dos seus peitos sofreria um destino semelhante. Sues dedos puxavam a cabeça de Harry para mais perto enquanto os lábios dele brincavam com um mamilo e correntes de desejo passavam pelo corpo dela, fazendo o seu corpo se arquear contra o dele. A mão livre de Harry alcançou a parte interna das suaves coxas, os dedos como que sondando sua sedosa porta de entrada. Hermione ofegava diante da ousadia da exploração, mas só conseguia se agarrar mais ainda a ele, ao mesmo tempo que a sua própria mão se fechava ao redor do membro viril. Harry estremeceu e pressionou a boca asperamente contra a dela, abrindo as coxas de cetim de Hermione com um movimento brusco do joelho.
Ela sabia que Harry queria ser gentil, mas que a paixão superava a intenção e, de repente, ele estava dentro dela, preenchendo-a com sua virilidade. Hermione não conseguiu deixar de gritar quando ele a penetrou, com medo, como na primeira vez em que tinham feito amor, de não conseguir abrigá-lo. Suas unhas cravaram-se nos músculos firmes dos ombros de Harry, enquanto se contorcia debaixo dele. Os lábios dele silenciaram o seu protesto inarticulado.
O corpo de Hermione formou um arco de encontro ao dele quando Harry a penetrou profundamente. A necessidade que sentia por ele só poderia ser satisfeita pressionando-se mais e mais ao corpo dele. Ela sentiu como se estivesse navegando sobre a crista de uma onde de desejo que crescia cada vez mais, uma onde que ameaçava jogá-la para alguma praia deserta, deixando-a perdida e desamparada. Agarrando-se aos farrapos de sanidade que ainda tinha, Hermione percebeu que os movimentos de Harry tinham se acelerado, tornando-se mais exigentes, e ela foi instintivamente apertando aquela parte dela dentro da qual ele pressionava.
De repente, a onde em que Hermione navegava, em vez de a jogar para o lado, cresceu até o clímax e arrebentou em cima dela, inundando-a com uma intensa sensação de prazer. Gritando pelo bombardeio sofrido pelos seus sentidos, Hermione se agarrou a Harry, a única coisa estável no redemoinho sem controle daquele vertiginoso universo. Vagamente, teve consciência de que Harry também havia gritado e então, depois de um forte golpe final, o corpo dele se afrouxou pesadamente sobre ela. Ela sentia o coração de Harry bater tão rápido contra seu corpo como se ele tivesse corrido e o ritmo forte, porém regular, dessas batidas a fez sorrir.
Os dois ficaram deitados, ofegando, ao resplandecer do fogo, os corpos deliciosamente relaxados um contra o outro. Demorou vários minutos até que Hermione se sentisse capaz de falar e mesmo assim porque achou que o peso do corpo de Harry poderia esmagá-la. Ele riu com o pedido sussurrado dela e a beijou com ardor, como alguém que tinha ganho um prêmio extremamente valioso. Virando-se para sair de cima dela, Harry empurrou o corpo lânguido de Hermione e o pôs de lado, contornando-o com o seu, o peito aquecendo as costas dela.
"É assim que quero passar todas as noites pelo resto da minha vida", sussurrou no ouvido dela. "Bem aqui, com você nos meus braços. Amanhã iremos a Londres para tirar a licença especial para nos casar imediatamente. Não quero esperar."
"Isso ficou bem evidente", riu Hermione, sonolenta. Harry se inclinou para a frente e beijou-lhe a têmpora. "Desculpe-me, moça, mas foi você quem me atacou há pouco. Fiquei muito chocado com o seu comportamento extremamente ardente."
"Eu? Atacar você? Esta é boa." Hermione estava tão feliz que nem mesmo engoliu a isca que ele tinha lhe posto. "Não pode passar a noite aqui, você sabe."
"O que você quer dizer?" Harry a puxou ainda mais firmemente contra si. "Eu não vou a lugar nenhum desta vez."
"Oh, Harry! O que os criados vão pensar de manhã?"
"Vão pensar que eu sou um homem de muita sorte e que você é uma jovem absolutamente incorrigível."
"Oh, Harry", suspirou Hermione. Mas era impossível ficar brava com ele, pelo menos quando a puxava para tão perto. Ele adormeceu pensando nos filhos que teriam, que seriam realmente muito bonitos se se parecessem com ela. É melhor ter muitos meninos, foi último pensamento consciente antes de o sono tomar contar dele. Muitos meninos para enfrentarem as hordas de pretendentes que as suas irmãs atrairiam.
Hermione, entregando-se ao lânguido torpor que o amor tinha provocado, fechou os olhos contra a luz rosada do fogo. Seu último pensamento consciente, antes de adormecer, foi que Kathy estava errada.
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