Capítulo Vinte e Nove
Where Roses Grow Wild
Capítulo vinte e nove
Hermione nem olhou por cima do ombro para ver se Kathy a estava seguindo ou não. Nunca estivera na Casa Ashbury antes, portanto não tinha a menor idéia de para onde estava indo. Apenas continuou andando, o coração batendo forte, a visão falha. Uma parte dela queria dar meia-volta, ir para a porta da frente e continuar andando, através do pântano, de volta à estrada Post, até chegar em Applesby. A única coisa que a deteve era saber que se sentia mal e que cairia depois de apenas alguns metros.
Foi em uma galeria escura na parte de trás da casa que Hermione ficou sem energia para prosseguir. De um lado, a parede era coberta com retratos da família Ashbury e, do outro, com janelas que davam para o gramado coberto de neve do Parque Ashbury. A luz da lua passava através das cortinas, fornecendo uma luz acinzentada que era apenas o suficiente para Hermione ver que o rosto da sua irmã tinha um sorriso. Hermione segurou o impulso de apagá-lo do rosto de Kathy com os punhos.
“Então…” Katherine passou por Hermione, foi direto para uma das janelas e olhou para a neve varrida pelo vento.
Katherine Granger Potter Porter era dez anos mais velha e quase 15 centímetros mais alta que a irmã. Tinha uma figura voluptuosa, beirando à obesidade, mas ainda era considerada uma grande beldade em certos círculos. Dez anos antes, quando conseguira convencer Lord John Potter a se casar com ela, era ainda mais bonita. O tempo, viu Hermione mesmo no escuro, a tratara com delicadeza, apesar da vida que tinha escolhido. Considerando sua profissão, era um milagre que ainda estivesse viva, quanto mais sem ter perdido a boa aparência.
Katherine olhou para fora da janela por um momento e então voltou os olhos castanhos para Hermione.
“Olá, Mione.” Os olhos não eram calorosos. Nem um pouco. Hermione não esperava que fossem. “ Você cresceu desde a última vez que a vi.”
“Da última vez que me viu eu tinha dez anos.” A voz de Hermione era baixo devido à emoção e à dor.
“De verdade? Foi assim há tanto tempo?” Katherine, porém, não parecia se importar com aquilo. “Eu não pensei…”
“Foi na noite em que trouxe Jeremy. Você e aquele homem.” A amargura da sua própria voz surpreendeu Hermione. Não sabia que ainda nutria tanto ódio por sua única irmã.
“Oh, não pode ser…”
“Você não esperou para me ver de manhã. Eu estava na escola e você e aquele homem voltaram apressados para a cidade, deixando Jeremy para trás, como se ele fosse um pacote, e foram embora, como almas levadas pelo diabo.”
“Por favor, Mione. Não vamos nos rebaixar a xingamentos.”
“Ora,não?” Hermione ouviu a sua própria voz se levantar. Não fique histérica, Hermione. Mantenha a calma, essa é a única esperança. “Tudo bem, então. Eu não vou chamar você de cadela depravada e sem coração.”
A mão de Katherine voou, vinda da sombra, mas Hermione estivou a sua e pegou o gorducho pulso antes que as garras de sua irmã lhes pudessem arranhar o rosto. Katherine pareceu surpreendida com os reflexos da sua irmã caçula.
“Veja bem”, disse Hermione, torcendo o pulso macio, fazendo sua irmã uivar de dor. “Aprendi muita coisa desde que você fugiu. Tive que aprender a tomar conta de mim mesma, assim como do seu filho.”
Katherine soltou a mão com um puxão e a manteve longe de Hermione, olhando para o pulso sem acreditar. Deu um passo para trás e Hermione sabia que ela pensaria duas vezes antes de atacar de novo.
"Você está sendo ridícula", disse Kathy, mas a voz tremeu um pouco. "Você fala como se o papai não estivesse por lá para cuidar de vocês dois…"
"Papai?" Hermione riu de repente. "Oh, sim, papai estava fisicamente, pelo menos. Você partiu o coração dele, sabe, Kathy? Você partiu o coração de todos." Balançou a cabeça. "Como pôde fazer isso, Kathy? Posso entender que quisesse sair de Applesby, mas como pôde abandonar Jeremy daquele jeito?"
Katherine parecia pouco à vontade. "Eu mandei dinheiro…"
"Sei que mandou, no começo. Papai mandou tudo de volta, lembra-se? Papai não iria aceitar dinheiro de uma prostituta, como você deveria saber. Se tivesse se dado ao trabalho de me escrever, de me dizer como poderia entrar em contato com você, eu teria lhe contado…"
Katherine balançou a cabeça e os cachos castanhos - cachos postiços, Hermione tinha certeza, já que seu cabelo nunca tinha sido cacheado assim - se moveram de um lado para o outro. "Não é minha culpa, Mione. Eu tentei, você sabe."
"Tentou?" Hermione balançou a cabeça novamente, não acreditando no que ouvia.
"Qual era a alternativa que eu tinha?" Katherine perguntou em tom dramático. Eu nunca quis ter um filho. E Deus sabe que John também não. Ninguém poderia ser uma mão tão ruim como eu; até mesmo papai, cuja cabeça estava sempre enterrada em um livro, cuidaria melhor dele. E eu sabia que você estava lá, Mione. Sabia que você tomaria conta de Jeremy. Você estava sempre achando animais doentes e perdidos, cuidando deles até que recuperassem a saúde. Era da sua natureza tomar conta das coisas, eu sabia disso, apesar de você ser apenas uma menininha. Portanto, não foi como se eu não achasse que Jerry seria bem cuidado…"
"Certo." Hermione cruzou os braços sobre o peito. "A boa e velha Mione ia criar o seu filho para você. E, quando papai morreu, suponho que achou que eu me viraria sem a ajuda de ninguém."
"Mione, eu nunca soube de sua morte. Ele não tinha nem cinqüenta anos! Como poderia saber que ele tinha morrido?"
"Você poderia ter escrito."
"Poderia." Katherine fez um movimento com os ombros arredondados e que se derramavam por cima do decote. "Mas você sabe que nunca fui boa para escrever, Mione."
Hermione jogou as mãos no ar. Não sabia o que tinha esperado. Sua irmã nunca tinha mostrado muito bom senso antes. Por que começaria a ter agora? Pondo as mãos nos quadris, Hermione enfrentou a mulher mais velha, a cabeça inclinada para um lado. "Então o que está fazendo aqui, Kathy? Veio apenas para me humilhar? Veio para arruinar a vida do seu filho?"
"Claro que não." Katherine examinava o pulso que Hermione tinha agarrado. Havia marcas vermelhas de dedos ao redor da pele claro, como um bracelete. "Aconteceu que sou amiga do conde de Derby…"
"Não me diga!" Hermione virou os olhos para cima.
"Sou sim. E ele e Lady Ashbury me informaram que havia um novo duque de Potter. Nem me passo pela cabeça que o velho mudaria o seu testamento, passando o título para Jeremy. Mas, quando Arabella me garantiu que foi isso que aconteceu, ora, eu não podia deixar de vir." Kathy sorriu, toda maternal. "Eu tinha que ver o meu menino uma última vez."
"Oh, sim! Agora que ele é um duque, é o que você quer dizer!"
Foi à vez de Hermione de andar de um lado para o outro. Ela se virou e rapidamente andou até o extremo da galeria e voltou, os punhos cerrados.
"O que você quer dizer com isso?", interpelou-a Kathy. "Não gosto do que o seu tom sugere."
"Não estou sugerindo nada, Kathy. Só acho interessante que, quando Jeremy e eu vivíamos da caridade da Igreja, sob a ameaça diária de sermos enviados para o asilo, não tivemos nenhum notícia sua. Mas, agora que ele é o dono de uma das maiores fortunas da Inglaterra, você aparece em jantares!"
Kathy torceu o nariz. "Ora, mas que…"
Hermione parou de andar de um lado para o outro e se virou para enfrentar a irmã. "Jeremy é tudo o que eu tenho, Kathy. Eu não queria que ele descobrisse sobre você. Afinal de contas, Kathy, você se casou com o homem que matou o pai dele!"
"Shh!" Katherine levantou um dedo gordo e o pôs sobre os lábios de Hermione. "Não diga isso tão alto, por favor."
"É, mas foi o que você fez. Parecia melhor que eu fingisse que você estava morta."
Katherine olhou-a fixamente. "Suspeito que você esteja certa," disse ela, depois de um momento. Essa reação surpreendeu Hermione. "Bem, você sem dúvida se saiu melhor do que eu pensei. Na verdade, você é bonita."
Hermione fez uma careta. "Obrigada", disse, apenas por educação. Ela não dava muito valor aos elogios da sua irmã.
"Mais do que bonita, na verdade." Os olhos de Katherine estava calculando enquanto se moviam por Hermione , dos seus sapatos de cetim e salto alto ao estilo de cabelo simples, porém elegante. "Você poderia ganhar um bom dinheiro no meu lugar, sabe?"
O rosto de Hermione começou a arder. "Kathy! Pelo amor de Deus!"
"Esta idéia a choca, não é?" Katherine deu a volta ao redor da irmã, sem tirar os olhos da cintura fina e do busto perfeito de Hermione. "Mas conheço homens que pagariam uma pequena fortuna pela oportunidade de… Você não deixou aquele Harry Potter… você não abriu as pernas para ele, abriu?"
"Kathy!" O rosto de Hermione ficou extremamente vermelho. Ela estava perdendo a vantagem na conversa. Isso não podia ser…
"Não, posso ver pelo seu rubor virginal que não deixou. Bem, sempre teve mais autocontrole do que eu. Devo dizer que Harry se saiu muito bem, levando-se em consideração o que o pai dele era. E o irmão também, para dizer a verdade. Impossível encontrar um par de bastardos mais cruéis. Se Thomas não tivesse matado John, eu provavelmente teria."
Essa declaração, feita no mesmo tom suave empregado por Katherine quase toda a conversa, era assustadora na sua crua honestidade. Hermione olhou para a irmã e ocorreu-lhe que não a conhecida de forma alguma. Sempre pensara que Katherine era capaz de muita coisa, mas de assassinato? Nunca tinha pensado que chegaria a tanto. Naquele instante, percebeu que teria de reconsiderar a questão.
Ignorando o choque de Hermione, Katherine disse, em tom casual: "Harry é muito bonito. Mais bonito do que John, sem dúvida. E mais civilizado, dá para ver imediatamente. Ele está apaixonado por você?" Sem esperar pela resposta de Hermione, Katherine fez que sim com a cabeça. "Foi o que pensei. E você? Você o ama?"
Hermione bateu o pé. Já era demais. "Kathy, pare com isso!"
"Parar com o quê? Você acha que sou uma cadela depravada e sem coração e talvez eu seja, mas pelo menos conheço o meu lugar. Você não acha que, depois de tudo isso, Harry Potter vai se casar com você, acha?"
Hermione engoliu em seco. Era como se o seu coração tivesse sido trespassado por um caco de vidro. "Não acho."
"Ótimo. Fico contente de ver que pelo menos você tem um pouco de bom senso. Aquela mulher. A viscondessa. Ela o ama e sabe que ele ama você. É por isso que montou essa pequena charada, você não acha? É uma pena, mas é a natureza da besta. Temos que conhecer o nosso lugar. Agora que você foi posta de volta ao seu, devia ir para Londres comigo."
As sobrancelhas de Hermione se juntaram, em uma expressão de espanto. "Você não pode estar falando sério."
"Claro que estou. Sou uma mulher de negócios, Mione. Conheço um bom investimento quando estou diante de um. Você juntaria uma fortuna. E sem dúvida não pode ficar aqui. Jeremy vai se dar bem. É com você que estou preocupada."
Hermione soltou uma risada de incredulidade. "E então vai tomar conta de mim transformando-me em uma prostituta?" Katherine fechou a cara. Carrancuda, ela mostrava a idade que tinha. "Não gosto da palavra 'prostituta', Mione. É tão vulgar. Prefiro 'cortesã'. E eu não riria tanto, se fosse você. Que outra opção você tem? Não tem instrução suficiente para se tornar babá ou tutora e é cabeçuda demais para ser criada. Você tem talento para números, pelo que fiquei sabendo, mas isso não é trabalho de mulher." Katherine suspirou e baixou os olhos para um dos muito grandes anéis dos seus dedos. "Você poderia se casar, acho, mas o casamento não é em si uma forma de servidão? E, de qualquer forma, quem a aceitaria? Você não tem dote, não tem renda nenhuma. E a sua irmã é uma prostituta. Não, Mione." Ela levantou os olhos e sorriu de forma muito convincente, quase - mas não exatamente - com afeto. "Venha comigo para Londres. Poderíamos ir ainda hoje. Prometo que vai ganhar mais dinheiro do que possa imaginar."
"Eu não quero dinheiro," disse Hermione.
"O que você quer? Amor?" Katherine deu uma risada fria. "Mione, querida, você vai ter tantos homens aos seus pés que nem saberá o que fazer com eles. Escolha o que quiser: dinheiro, jóias e o seu próprio coche, um par de cavalos castrados, uma casa na cidade…"
"Tudo isso parece muito tentador." A voz rouca e masculina parecia vinda do nada. Hermione virou-se, reconhecendo-a. Em um feixe de luz dos candelabros de mesa do corredor, viu a grande figura de Harry Potter recostada contra o arco de pedra que levava à galeria. Estava evidente, pela sua postura à vontade - ele estava curvado contra a parede, os braços cruzados sobre o peito forte - que estava ali havia algum tempo.
Hermione ainda tentava encontrar sua voz quando Katherine disse, com arrogância: "O senhor deveria ter anunciado sua presença!"
"E perder o seu eloqüente discurso sobre os benefícios da prostituição?" Deu uma risadinha. "O meu irmão talvez tivesse interrompido um discurso desses, mas não eu. Não, devo confessar que eu a acho uma oradora muito inspiradora, Sra. Porter. Ou eu a deveria chamar de Katherine? Você é, afinal de contar, minha cunhada."
Katherine olhou-o com cautela. "O senhor pode me chamar do que quiser. Peço desculpas se pareço rude, Lord Harry, mas, neste momento, estou falando com a minha irmã, não com o senhor. Eu agradeceria se guardasse as suas opiniões para si."
"Minhas opiniões? Oh, você quer dizer as minhas opiniões sobre a sua profissão?" Harry fez que sim com a cabeça, passando a mão no queixo com os dedos longos e de pontas quadradas. "Bem, posso entender que queria que eu mantenha minha boca fechada. Afinal de contar, você esqueceu de dizer a Hermione o que acontece com as - como você se classifica mesmo? Ah, sim - cortesãs que ficam velhas demais para trabalhar."
"Não acho que…"
"Você sabe, não sabe, Hermione, que a maioria das cortesãs não passa dos trinta anos? Você não falou nada das doenças em seu pequenos discurso, Sra. Porter. Ou de gravidez. Ou do fato de que a prostituição é ilegal. Quantas de vocês foram presas no último mês, Sra. Porter? E quantas contraíram doenças? E quantas morreram em conseqüência de abortos auto-induzidos, ao tentar se livrar de um bebê indesejado e…"
Hermione não agüentava mais. Pôs as mãos no rosto e disse, com uma voz muito controlada: "Harry, pelo amor de Deus! Por favor, pare!"
Harry se afastou da parede em que estava encostado e foi para o lado de Hermione. Pôs o braço pesadamente ao redor dos seus ombros nus, que tremiam. "Vamos, Hermione," disse ele, os lábios roçando o cabelo dela. "Vamos para casa."
O coração de Hermione de repente recuperou a vida de um pulo, batendo com força. Levantou o rosto machado de lágrimas e o olhou, pensando que tivesse ouvido mal e rezando para que não. Mas foi Katherine quem falou.
"Você não pode estar falando sério." Katherine ria, sem acreditar. "Você não sabe quem ela é?"
"Ela é tia do duque de Potter." O rosto de Harry estava tão inexpressivo que parecia ter sido esculpido em pedra. "Ela o criou desde que era um bebê de colo porque ele foi abandonado pela mãe, se entendi corretamente."
“Ela é irmã de uma prostituta!", disse Katherine, com uma risada que mais parecia um cacarejo. "E o seu querido duque é filho de uma prostituta! O que você tem a dizer, hein? O que você tem a dizer sobre o fato de que o duque de Potter tem uma prostituta como mãe?"
"Apenas o seguinte", disse Harry com uma voz calma como a morte. Fez uma pausa debaixo do arco de pedra, o braço ainda ao redor de Hermione. "Se você algum dia chegar perto de Hermione ou do meu sobrinho de novo, vou fazer com que você vá para a cadeia, Sra. Porter. Vou providenciar para que a senhora seja encarcerada pelo resto da sua vida. Estamos entendidos?"
Hermione viu a boca pintada da irmã abrir-se de espanto e continuar assim. "O quê?", ofegou ela.
"Passe bem, Sra. Porter", disse Harry baixinho. E em seguida guiou Hermione longe dali.
"O quê?", gritou Katherine novamente. "Hermione? Você vai com ele? Você é boba? Perdeu o bom senso que Deus lhe deu, menina? Ele não presta, Mione! Vai arruinar você da mesma forma que o irmão dele me arruinou!" A voz de Katherine foi ficando mais alta e no fim ela já estava gritando, pois Harry tinha levado Hermione para fora da galeria. Mas ela não conseguia se livrar daquela voz aguda.
"Ele me arruinou e depois me abandonou pela bebida, pelo jogo e pelas prostitutas. Espere para ver, Mione! O irmão dele vai fazer a mesma coisa com você e daí o que lhe restará? Estará sozinha, como eu fiquei, a não ser que ele a deixe com um pequeno presente, um presentinho que chora e vaza, como John me deixou. Vamos ver então como a pequena Hermione vai tomar conta dela mesma, não vamos?"
Hermione notou que as sombras dos dois à luz do candelabro que estava sobre a mesa no corredor eram longas no chão de pedra e, como ela e Harry caminhavam muito juntos um do outro, as duas sombras pareciam uma só.
Os gritos furiosos de Katherine os seguiram pela galeria. "Vamos ver então o que será feito da bela e patética Hermione, não vamos?"
nao postei ontem pq o FeB não logava. penultimo cap =/ ultimo vem amanhã ou no maximo sábado. obrigada a Cecilia Granger Potter e may33. comentem =]
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