Capítulo Vinte e Oito
Where Roses Grow Wild
Capítulo vinte e oito
Harry sentiu os dedos de Hermione apertarem o seu braço convulsivamente e, quando se deu conta, ela estava caindo para a frente, desmaiada.
Pegou-a antes de ela atingir o tapete e, com precisão atlética, levantou o corpo leve nos braços. Então se dirigiu para um dos sofás, onde a colocou gentilmente sobre as almofadas brancas e se ajoelhou ao lado. Não tinha a menor idéia da causa do desmaio, mas sabia que Hermione não era das que desmaiam por qualquer coisa. Ela não havia ficado inconsciente no dia em que ele se apresentou nem quando se feriu com gravidade no acidente da carruagem e, apesar da aparência delicada, era tão forte como um pônei. Ele era testemunha disso. Sua mandíbula ainda estava dolorida do golpe que ela lhe dera algumas horas antes.
Jeremy, naturalmente, no instante seguinte já estava ao lado dela, os olhos cinza arregalados de medo. “O que há com Hermione?”, perguntou ele, trêmulo, agarrando as lapelas do casaco de Harry. “O que ela tem? Ela está morta?”
“Não, Jeremy.” Harry pôs a mão na testa macia e branca de Hermione. Estava gelada. “Ela apenas desmaiou. Arabella, os seus sais…”
“Que estupidez a minha!”, disse Arabella, mordendo o lábio. Examinava a forma imóvel de Hermione com deleite. “Eu deveria ter previsto isso.”
Um homem alto que Harry nunca havia visto antes perguntava se deveriam mandar buscar um médico. Draco apanhara um copo de conhaque e insistia em virar um pouco pela garganta de Hermione. A mulher de cabelo castanho claro e vestido espalhafatoso recuara para um canto e ficou lá, parecendo com raiva. Apenas Anne Herbert parecia capaz de se comportar racionalmente. Pegou um fósforo na lareira, acendeu um graveto e balançou-o embaixo do nariz de Hermione.
Depois de um momento, as pálpebras de Hermione tremeram e, com um suspiro, ela recuperou a consciência e olhou para Harry, piscando, com uma expressão de perplexidade no rosto bonito.
“Você desmaiou, querida”, murmurou Harry, roçando a testa dela com os lábios. Já não se importava nem um pouco com o que os outros pensavam. “Me dê aquele conhaque, Malfoy.”
Draco, porém, tinha visto o beijo e ouvido o tom carinhoso. Ficou olhando para Harry, as bonitas feições do rosto retorcidas de espanto.
“Valha-me Deus!”, exclamou. “Eu deveria ter entendido! Não era à toa que você resistia tanto à idéia de eu cortejá-la! Você a queria para si o tempo todo!”
Harry levantou os olhos para ele. “Agora não, Malfoy. Me entregue o conhaque e pare de agir como uma criança.”
Virando os olhos para cima, Draco passou-lhe o copo de conhaque. Harry encostou a beira do copo nos lábios de Hermione e ela afastou a cabeça, fazendo uma careta quando o cheiro do destilado atingiu os seus sentidos.
“Beba”, mandou Harry. Ele se lembrou de outra vez, parecia que há muitos meses, em que tinha dado uma ordem parecida a Hermione. Como da primeira vez, ela se recusou a obedecer, mantendo o rosto virado para o outro lado, o nariz voltado para cima.
“Beba”, Harry rosnou de novo. “É conhaque. Você gostou, lembra-se?”
“Que história é esta?” A voz soou do canto mais afastado da sala, uma voz estranhamente familiar, apesar de Harry ter certeza de nunca a ter ouvido antes. Virou a cabeça e viu que a mulher vestida de forma espalhafatosa se agarrava ao encosto da cadeira coberta de cetim e ria, um pouco histérica, segundo pareceu a Harry.
“Você desmaiar?”, inquiriu à estranha. Seu sotaque, como o de Hermione, tinha um leve toque escocês. Parecia estar achando alguma coisa muito divertida. “Como você se tornou uma dama refinada!”
Harry viu que, depois de ouvir aquela voz, Hermione virou o conteúdo do copo de uma vez só. Pôs o copo de lado e ficou olhando para a mulher, com uma expressão de horror. Jeremy havia recuado contra o sofá e apertava a mão de Hermione com tanta força que os nós dos dedos estavam brancos. Ele murmurou alguma coisa e Hermione fez que sim com a cabeça. O rosto de Jeremy ficou tão branco quanto à neve do lado de fora. O que ele havia cochichado, Harry sabia, foram às palavras: “É ela?”.
Percebendo que tinha tido a presença daquela mulher que fizera Hermione desmaiar, Harry se levantou com raiva e interpelou Arabella, que também olhava para a sua convidada com um sorriso afetado no rosto: “Você poderia fazer a gentileza de me apresentar à sua encantadora convidada Arabella?”
“Com muito prazer, Lord Harry.” O sorriso de Arabella se tornou diabólico. Ele já tinha visto aquele sorriso, antes de a viscondessa soltar uma de suas esmeradas peças em cima de alguma pobre alma que não suspeitava de nada.
Arabella fez um pequeno floreio com a mão enluvada e, com calma enfurecedora, disse: “Lord Harry Potter, gostaria de lhe apresentar…”.
“Não!”
Harry se virou e olhou para baixo. Miraculosamente, Hermione estava de pé, pálida como a morte, mas com um olhar determinado no rosto encantador. O queixo estava empinado, os punhos cerrados e os braços soltos ao longo do corpo. Ela ofegava e os olhos cor de mel ardiam. Harry nunca a tinha visto tão brava - se é que, de fato, ela estava com raiva e não demente. Até Jeremy se afastou dela, encolhendo-se, e agarrou as saias de Anne Herbert, os olhos cinza arregalados.
“Você”, disse Hermione para a mulher de fúcsia. Sua voz era dura como uma rocha. “Uma palavra. Em particular.”
A mulher tinha parado de rir e olhava para a moça furiosa com sobrancelhas levantadas - sobrancelhas, percebeu Harry, que tinham sido totalmente depiladas e redesenhadas com lápis preto.
“Está bem”, disse ela com voz estranhamente baixa, depois da estridente risada. Harry percebeu que a criatura estava um pouco intimidada com a expressão ameaçadora de Hermione.
Ele também ficou alarmado. Quando Hermione se virou na direção da porta, ele a segurou pelo braço, inclinou-se e disse em seu ouvido: “Hermione … Que historia é esta?Quem é ela? Deixe-me ir com você…”
Mas Hermione com um movimento elegante e feito no momento mais oportuno, libertou-se da mão de Harry e desapareceu pela porta aberta. A outra mulher saiu saracoteando atrás dela, a cabeça alta, mas olhando furtivamente para o estranho, que continuava a insistir para que mandassem buscar um médico. As sobrancelhas do homem alto também estavam levantadas, mas com expressão de ceticismo e não de alarme. Quando as duas mulheres desapareceram porta afora, Harry se voltou para Arabella, e a agarrou pelo braço com dedos que machucaram a carne macia.
“O que significa isto, Arabella?” Ele mal reconhecia a sua própria voz. “Diga-me agora ou, valha-me Deus, eu torço esse seu pescoço fino.”
Arabella soltou-se dele, o rosto de repente cheio de medo. “Harry, você está me machucando!”
“Eu arranco o seu maldito braço se descobrir que você fez alguma coisa para magoar Hermione.” Sacudiu-a para mostrar que estava falando sério. “Agora, me diga quem…”
“Harry!”, exclamou Draco puxando-o. “Harry, solte-a. Você está fora de si.”
“Ela é Kathy Porter”, disse Arabella, ofegando e levantado o rosto, que estava tão furioso quanto o de Harry. OS olhos azul-claros dela ardiam como safiras. “Você se lembra de Kathy Porter, não se lembra, Harry?” O sorriso de Arabella era amargo. “Você visitou o estabelecimento dela em Londres diversas vezes, se não estou enganada.”
Harry fez uma careta. Era bem típico de Arabella anunciar uma coisa daquelas na frente de alguém como Anne Herbert, cujos olhos tinham ficado tão arregalados quanto os de Jeremy, apesar de, felizmente, ela parecer não ter a menor idéia de que Kathy Porter dirigia um dos mais caros e mais movimentados bordéis de Londres.
Harry nunca havia visto a proprietária, a Sra. Porter, mas dizia-se que ela era muito qualificada no entretenimento de cavalheiros. Por que Arabella se sentira compelida a convidá-la para o jantar era uma coisa que Harry não conseguia imaginar. E como Hermione poderia conhecê-la?
Harry sentiu um puxão forte no paletó e, olhando para baixo, viu o rosto pálido de Jeremy perto de seu cotovelo.
“Por favor, tio Harry”. Lágrimas corriam pelo rosto do menino. Ele chorava pateticamente. “Por favor, tio Harry. O senhor não vai permitir que ela me leve embora, vai? Por favor, não a deixe me levar embora.”
Harry soltou bruscamente a viscondessa, que caiu para trás, nos braços do estranho alto, desfazendo o seu penteado e parecendo começar a lamentar ter armado aquele esquema. Inclinando-se, Harry pegou os dois ombros de Jeremy e o sacudiu.
“O que é isso, Vossa Graça?” Ele falou com um tom de desafio e provocação que não sentia. “Por que tantas lágrimas?”
Jeremy mal conseguia falar, de tanto soluçar. “Ela veio para me levar embora. Eu sempre soube que ela viria.”
“Quem veio para levá-lo embora, Jeremy? Do que você está falando?”
“Minha m-mãe.” Jeremy soluçou. “Oh, tio Harry, o senhor não vê? Aquela s-senhora é a minha m-mãe!”
Os dedos de Harry apertaram os ombros do menino e Jeremy estremeceu de dor, mas não disse nada. Foi Draco quem agarrou os pulsos de Harry e afastou as mãos dele do menino.
“Calma, meu velho.” A voz de Malfoy, porém, não estava muito firme. “Tenho certeza de que existe alguma explicação razoável…”
“Sem dúvida há.” Arabella tinha se recomposto, alisado o vestido e rearrumado o cabelo, e falava com autoridade, animação e a certa satisfação. “Katherine Potter se casou com o assassino do seu falecido irmão, um certo Thomas Porter, e se tornou ninguém menos do que Katherine Porter, uma das mais famosas damas da noite…”
Harry sentiu como se alguém tivesse virado uma balde de água gelada em suas costas. “Isso é mentira”, disse com voz espremida. “ Você inventou isso, Arabella, com o objetivo de magoar Hermione!”
Arabella riu, um som tilintante e frio, como o som de um sino feito de vidro. “Não seja vaidoso, Harry. Você acha que eu me incomodo de que você esta levando aquela putinha para a cama? Não é da minha conta se você decide se associar com a irmã de uma prostituta.”
“Basta, Arabella”, berrou Harry. Ele olhou para o estranho que tinha insistido em mandar chamar o médico.
“Você”, disse ele para o estranho. “Você é Porter?”
“O matador de seu irmão?” O homem riu, como se achasse essa idéia muito engraçada. “Você espera, de verdade, que eu responda afirmativamente a essa pergunta, Lord Harry? O senhor me dilaceraria, não tenho a menos dúvida.”
Arabella ainda estava sorrindo com uma gata que tinha conseguido derrubar o pote de nata. “Thomas Porter morreu há anos, Harry, em uma briga de bar. Este é o Sr.Clyde Stephens. Ele é o… contador de Kathy Porter.”
Stephens bateu os tornozelos e fez uma mesura zombeteira. “Seu criado, senhor.”
“Bem…” Arabella suspirou, satisfeita. “O jantar será servido em alguns minutos. Alguém gostaria de tomar alguma coisa?” Harry fitou-a, perguntando-se como ele tinha descido tão baixo a ponto de tê-la como amante. Draco também olhava para a víbora loira como se ela fosse um ser bizarro exibido como atração nos parques de diversões. Sem dizer uma palavra, Harry saiu da sala em busca de Hermione.
obrigada a Cecília Granger Potter e a may33. Comentem que tem o penultimo capítulo amanhã, esse é o antipenultimo =]
eu tinha que vir aqui: NADA DE AULAS ATÉ 17 DE AGOSTO POR CAUSA DA GRIPE! nada de função trigonometrica! nada de logaritmo! nada de fisica! (ta bom que depois vão repor nas férias e nos fins de semana, mas vamos curtir o momento!)
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