Capítulo Vinte e Seis



Where Roses Grow Wild
Capítulo vinte e seis


  O sono não encontrou Harry tão facilmente. Andando de um lado para o outro no seu


quarto, agarrando uma garrafa de uísque pelo gargalo, ele passava a mão pelo longo cabelo e praguejava em voz alta.


    O único motivo de ter ido a Londres, apesar de dizer que a viagem era uma forma de livrar Potter de seus convidados indesejados, fora esquecer aquela mocinha atrevida que estava do outro lado do corredor. A atração que sentia por ela tinha ultrapassado as proporções, culminando na noite do baile. Depois disso, tentara fazer o que é certo, primeiro lhe propondo casamento e, depois retirando-se para ficar longe da tentação.


    Tudo não passara de uma paixão passageira, foi o que dissera a si mesmo. Era porque ela era novidade e estimulante. Hermione  o havia surpreendido com a sua impertinência, impressionado com sua inteligência, encantado com sua beleza. E o deixara estonteado com sua paixão na cama. Ele só precisava de algumas semanas longe dela para recuperar o equilíbrio e algumas semanas para reordenar as suas prioridade. Tinha muita sorte por ela ter recusado sua proposta e mais sorte ainda por não ter ficado grávida.


    Tinha pensado que estava curado.


    Chegara mal fazia uma semana e não adiantava agora ficar se enganando com joguinhos. Ele a desejava. Não se deteria diante de nada para tê-la. Mil viagens a Londres não o curariam daquilo.


    Harry andava de um lado para o outro no seu quarto, dando grandes goles na garrafa de uísque. Sua teste estava coberta de suor. Abriu todas as janelas do quarto, mas mesmo os cruéis ventos do pântano não esfriariam o seu ardor. Não sabia o que fazer. Sem dúvida, não poderia permitir que as coisas continuassem daquele jeito.


    Exausto, Harry afundou em uma das poltronas de couro preto ao lado da lareira e ficou olhando as chamas, sem vê-las. Isso seria amor? Não podia pensar em outro nome para aquilo. Nunca tinha sentido nada parecido. Só conseguia pensar nela. O que ia fazer a esse respeito? Não via como contornar a situação. Teria de pensar em um jeito de convencê-la a se casar com ele.


    Casar-se com a irmã da assassina do seu irmão? Essa idéia tinha algo de claramente repugnante. Mas, na verdade, ela não podia ser responsabilizada pelas ações da irmã. Quem se importava com o que a irmã dela fizera? O importante era que ele precisava se casar com ela, de um jeito ou de outro.


    O que ele diria a Draco?


    Fechando os olhos, Harry recostou a cabeça e a lembrança de como deixara Hermione  apenas uma hora antes e voltou-lhe à mente como uma inundação. Os lábios macios levemente separados no sono, e respiração suave, os dedos ainda no cabelo dele quando ele levantou a cabeça da pele macia do seu quadril. Hermione  tinha acariciado o seu cabelo durante horas depois de fazerem amor, provavelmente sem nem mesmo perceber. Harry, porém, percebeu o geste e ficou pensando nele. Seria possível que, apenas de ter declarada a intenção de nunca se casar com ele, ela o amava?


    Tinha consciência de que Hermione  achava que ele lhe propusera casamento por se sentir obrigado.


    Na ocasião, tinha sido isso mesmo. O que mais poderia ter feito? Ela era hóspede de sua casa, uma década mais nova e ele tinha se aproveitado da situação. Não importa que ela tivesse sido uma parceira mais do que apaixonada. Cavalheiros simplesmente não dormem com suas concunhadas virgens. Não que Harry alguma vez tivesse afirmado ser um cavalheiro, nem que Hermione  algum dia tivesse dito que se considerava uma dama.


    Mas ele tinha tentado acertar as coisas e ela tinha frustrado as suas melhores intenções. E depois, em um piscar de olhos, tudo tinha acontecido novamente. E havia sido ainda melhor, deixando-o suspirando por mais.


    Não era de admirar que tivesse deixado a moça dormindo e saído em busca de uísque.


    Foi apenas quando a aurora começou a iluminar o céu que Harry caiu em um sono agitado e o valete só o acordou na hora do almoço. E com más notícias.


    "Desculpe aborrecê-lo, my lord", disse o valete, dando um olhar crítico para as botas que Harry não se dera ao trabalho de tirar antes de cair no sono. "Mas acho que o senhor gostaria de ser informado de que Lady Ashbury está lá embaixo."


    Harry que havia dormido totalmente vestido no sofá, sentou-se assustado ao ouvir essas notícias. "Arabella?" O sono tinha deixado a sua voz rouca, de forma que ela estava ainda mais profunda que o seu rosnado habitual. "Meu Deus! Arabella está aqui?"


    "Sim, senhor." Daniels pegou a gravata do patrão do chão e a estudou com repugnância. "Ela pede para vê-lo. Posso sugerir que faça a barba, senhor, antes de descer?"


    Harry se inclinou, apoiando os cotovelos nos joelhos e passou a mão pelo rosto áspero. Arabella, ali? Por que não estava em Londres? Maldição, era a coisa mais inconveniente que se poderia imaginar, aparecer bem naquele dia. O que Hermione  iria pensar?


    Maldição! O que ia fazer a respeito de Hermione? Levantando os olhos para o criado, Harry lhe perguntou, com uma indiferença que não sentia: "Há alguém… ahn… com a viscondessa neste momento ou ela está sozinha?".


    Daniels movia-se de um lado para o outro do quarto, recolhendo as várias peças de roupa que Harry tinha esparramado durante a noite anterior. "Creio que o Sr. Malfoy está neste momento recebendo Lady Ashbury na sala matinal."


    "É? E eles estão a sós? Quero dizer… Você por acaso sabe, Daniels, se… a Srta. Granger está com eles?"


    Para imenso alívio de Harry, Daniels balançou a cabeça, mas aquilo poderia apenas significar que ele achava um absurdo ter acabado de descobrir a garrafa virada aos pés da cama. "Não, senhor", respondeu, distraído. "A Srta. Anne Herbert chegou há pouco para fazer uma visita e ela e Srta. Hermione  estão na estufa, se não me engano."


    Harry soltou um suspiro de alívio. Pelo menos Hermione  foi poupada da indignidade de receber sua ex-amante no dia seguinte a… bem, no dia seguinte. Talvez Draco tivesse, de alguma forma, interceptado a mensagem de que Arabella havia chegado e a estivesse mantendo longe de Hermione.


    O que, em nome de Deus, ele ia fazer me relação a Draco?


    Dez minutos depois, banhado, barbeado e vestido com roupas limpas, Harry abriu com um empurrão a porta da sala matinal e tentou tirar a careta que havia se colado em seu rosto. Seria melhor, concluiu, não antagonizar Arabella demais. Ela podia ser implacável quando contrariada.


    "Arabella", disse, sem fazer nenhuma tentativa de esconder a falta de entusiasmo. "Que prazer!" Arabella virou-se da janela, de onde olhava para fora, e sorriu para ele. Estava, como sempre, no auge da moda, com um vestido azul-celeste de gola alta cheio de babados com arremate de renda branca. A seu lado, Draco tinha uma expressão tão infeliz que era quase cômica. Ele se animou ao ver Harry.


    "Ah, Harrie!", exclamou. "Você está horrível. Exagerou um pouco no velho porto na noite passada, meu velho?"


    Harry lhe deu um meio sorriso. O outro lado da boca se retorceu, em uma expressão de desânimo. Ao seu ver aquele rosto confiante, tinha voltado a pensar no que diabos iria dizer a Draco. "Escuta aqui, Malfoy. Desculpe, meu velho, mas me apaixonei pela moça que você está cortejando e você simplesmente vai ter que se afastar." Harry não estava certo de que Draco recuaria sem causar problemas. Na último vez que os dois entraram em conflito por causa de uma mulher, tinham chegado às vias do fato. Dessa vez, Harry suspeitava que iria ser ainda pior. Pistolas ao amanhecer, com a maior possibilidade.


    "Não é uma amabilidade da nossa velha Arabella, Harry?" Draco sorria de forma pouco convincente na direção da viscondessa. "Ela veio fazer uma visita para Hermione. Só que aquela moça Herbert chegou aqui primeiro e não sei onde as duas foram parar. A Sra. Praehurst está tentando encontrá-las."


    Harry deu um sorriso mecânico. "Quanta gentileza!"


    Arabella tinha no rosto a expressão de uma gata satisfeita depois de aprontar alguma. Havia algum motivo oculto para essa pequena visita e, surpreendentemente e sem preâmbulos. Arabella o revelou, gesticulando com uma mão enluvada.


    "A razão por que surgi assim tão de improviso, Harry", ronronou Arabella, "é que me sinto muito mal em relação à pobre Srta. Granger."


    Harry levantou uma sobrancelha, zombeteiro. "Oh? Como assim?"


    "Ora, vivo a uma distância tão curta do Solar Potter e ainda não recebi a minha nova vizinha na Casa Ashbury nem mesmo para uma xícara de chá. Sinto-me muito constrangida."


    Não constrangida o bastante, infelizmente, para se manter longe do Solar Potter. Harry se perguntou por quanto tempo ela pretendia mantê-lo ali preso na sala matinal. Ele não iria agüentar por mais de cinco minutos. Precisa conversar em particular com Draco e depois encontrar Hermione. “Macacos me mordam se tivesse que esconder meus verdadeiros sentimentos por muito mais tempo”, pensou Harry. Era mais do que um homem poderia tolerar.


    Ignorando o silêncio pouco encorajador de Harry, Arabella começou a andar de um lado para outro da sala, a saia balançando de lá para cá. Harry entendeu qual era o plano dela e reprimiu um bocejo. Puxa, como seria bom tomar alguma coisa como café-da-manhã! Onde está Evers com o café?


    "Então disse para mim mesma: Arabella, querida'", Arabella sempre se referia a si mesma em termos carinhosos, "'é melhor você fazer um convite para a Srta. Granger jantar na Casa Ashbury com urgência'."O perambular de Arabella a havia levado para o lado de Harry. Puxou a manga do casaco dele e olhou, sedutora, para os seus olhos cinza-claros. "E aqui estou para fazer isso pessoalmente, de forma a tornar mais difícil uma recusa. E você não vai recusar alguma coisa para mim, vai, Harry?"


    As pálpebras de Arabella estremeceram, em uma imitação perfeita de consternação. Harry virou os olhos para cima.


    "Tudo bem, Arabella, o que você quiser. Agora volte para casa, ok? Eu quero tomar o café-da-manhã."


    Arabella soltou-lhe a manga do casaco imediatamente. "Oh, Harry, você sempre foi tão grosseiro. Espero vê-los todos às oito horas em ponto. E vejam se chegaram sóbrios, está bem?" Virou-se para ir embora.


    "O quê?" A voz tonitroante de Harry a fez parar. Arabella virou-se da entrada, parecendo aborrecida.


    "Tenha dó, Harry", disse ela, fazendo beicinho. "Já pedi para você não dizer 'o quê'. É tão vulgar!"


    "Não podemos jantar com você hoje à noite", disse Harry enfaticamente.


    "E por que não?" O tom de Arabella era despreocupado. "Vocês têm outros planos?"


    "Sim", disse Harry. "Temos, não temos, Malfoy?"


    Draco se deixara cair em uma poltrona e olhava distraído para o fogo, fazendo fantasias, disso Harry não tinha a menor dúvida, sobre as esbeltas coxas brancas de Hermione  - o que era ridículo, já que ele nunca as tinha visto. Se já as tivesse visto, Harry seria obrigado a matá-lo.


    Cruzando a sala com três passos largos e rápidos, Harry deu um chute na poltrona, assustando Draco e tirando-se de seu devaneio de amor. "Não temos, Malfoy?", interpelou-o Harry em tom de ameaça.


    "Não sei do que você está falando, velho", disse Draco, piscando como alguém que acaba de acordar de um cochilo. "Planos para hoje à noite? Nós não temos nenhum plano, não senhor."


    Arabella bateu palmas, encantada. "Maravilha! Então espero você pontualmente às oito. E não se esqueçam de levar o jovem duque. Quero conhecer melhor essa adorável criança. Até lá, então, cavalheiros."


    Ela saiu pela porta antes de Harry poder recuperar o fôlego para argumentar. Não que fizesse muita diferença tentar argumentar com Arabella. Se não gostasse do que você tinha a dizer, ela simplesmente o ignorava.


    Maldição, que situação inconveniente! Agora teria que ficar durante todo um dos monótonos jantares dela e assistir a Malfoy admirar Hermione  com olhos melosos a noite toda. Ora, ele não ia agüentar isso. Ia resolver a questão com Malfoy ali mesmo e naquele momento e para o inferno com o jantar. Virando-se, decidido, Harry começou, com a voz rouca: "Veja bem, Malfoy…"


    A porta da sala matinal se abriu com um impulso e Evers surgiu carregando uma bandeja de prata com os itens para café e fogareiros. "O seu café-da-manhã, Lord Harry", anunciou Evers.


    "Sim, sim", disse Harry, com um gesto. "Ponha em algum lugar por aí."


    Ever ignorou o patrão, que andava de um lado para o outro, e arrumou a mesa para o café-da-manhã com calma. Harry assistia aos movimentos dolorosamente lentos do seu mordomo com uma careta no rosto.


    Draco, ainda jogado na poltrona, disse, distraído: "Espero que Arabella não sirva aqueles malditos ovos de codorna cobertos de geléia de novo. Não suporto aquilo."


    Os ombros de Harry tremeram, de modo desconfortável. Maldito, Evers! Mas ele já tinha ouvido coisas piores. "Escute aqui, Draco. A respeito de Hermione."


    Draco levantou os olhos da unha que estava examinando. "Sim? E o que tem ela?" Observando a expressão de sofrimento de Harry pela primeira vez, Draco fez uma careta: "Oh, Potter, por favor. Você não vai começar de novo a falar que não devo cortejá-la, vai? Porque não suporto aquele lero-lero da sua parte, toda recatado, sobre ela ser apenas uma criança e estar sob a sua proteção, e…"


    "My lord." Evers estava de pé com as costas empertigadas. "O senhor deseja mais alguma coisa?"


    Harry fez um sinal de que não com a cabeça e de agradecimento, e o velho se retirou, não, porém, sem antes dar uma risadinha muito discreta. Ou seja, agora toda a criadagem ficaria sabendo. Ora, que se dane, eles pensavam que sabiam de tudo, de qualquer forma. Harry decidiu tentar de novo.


    "Escute, meu velho", começou. Então, a porta foi aberta de novo, dessa vez pela própria moça de quem falavam. Hermione  pareceu tão sobressaltada ao ver Harry quanto ele ao vê-la entrar. A face da moça imediatamente ficou toda rosada e Harry sentiu um calor subindo ao seu próprio rosto. Não conseguiu olhá-la nos olhos e ficou fitando um ponto qualquer da saia de veludo verde que ela usava.


    "Oh, desculpem-me", disse ela, com uma voz gutural que parecia não combinar nem um pouco com a delicadeza de sua figura. "Eu pensei… Ever me disse que Lady Ashbury estava aqui e queria me ver."


    "Estava sim." Draco saíra de seu torpor na poltrona com um pulo e correra para o lado de Hermione. "E queria vê-la. Mas Potter conseguiu dispensá-la prometendo jantar com ela esta noite."


    Harry levantou os olhos e procurou os dela, ansioso para que Hermione  não entendesse errado. "Ela nos convidou a todos", disse. "Para jantar na Casa Ashbury. Não consegui pensar em uma desculpa para ficar livre disso e o nosso amigo aqui…"


    "O que eu fiz?", perguntou Draco, parecendo ofendido. Ele tinha levado Hermione  pela mão e a puxava na direção de um divã baixo, obviamente para os dois se sentarem bem juntinhos e ficar sussurrando. Harry ficou aliviado ao ver que Hermione  apresentava certa resistência a esse plano.


    "Na verdade, Sr. Malfoy", dizia ela, puxando os dedos na tentativa de fugir ao insistente aperto de mão de Draco. "Tenho que voltar à estufa. Anne está à minha espera…"


    "Deixe aquela moça enfadonha esperar." Draco representava o papel de pretendente perdido de amor sem nenhum disfarce. Harry deu uma olhada ameaçadora para ele e conseguiu apenas deixar Hermione , que parecia muito consciente de cada gesto que ele fazia, ainda mais nervosa.


    "Não, não posso deixá-la esperando", disse Hermione , torcendo a mão com um pouquinho de desespero, àquela altura. "E também não posso jantar na Casa Ashbury hoje à noite porque convidei Anne para jantar aqui."


    Harry não agüentava mais. Com um passo largo, chegou ao lado de Hermione . Estendeu a mão e agarrou o punho de Draco, torcendo o braço dele para trás com força. Draco, que era menos que Harry, pareceu mais surpreso do que com dor. Hermione  puxou a mão e examinou os dedos de perto, como se pudessem ter sido esmagados.


    Curvado devido à pressão exercida por Harry sobre seu braço, Draco vociferou: "Potter! Tenha dó! O que você quer fazer, quebrar o meu braço?"


    Mantendo o aperto de ferro em seu amigo, Harry grunhiu no ouvido dele: "Não será má idéia; ensinaria você a manter as suas mãos longe dos outros, meu velho."


    "Do que você está falando?" A voz de Draco falhou. Obviamente, estava sentindo um pouco de dor. "Eu só…"


    "Harry." Hermione  tinha parado de afagar os dedos e colocara as mãos na cintura. Superara sua timidez inicial ao se deparar com Harry e agora sua expressão era de impaciência. "Deixe de ser idiota. Solte-o."


    "Ouça o que ela diz, Harrie", disse Draco. Ao ser chamado de "Harrie", Harry apertou mais o braço de Malfoy, com maldade, e Draco gritou de dor.


    Hermione  estava em cima deles, como uma gata repreendendo seus filhotes malcomportados.


    "Harry", disse ela com rispidez, dando-lhe um forte tapa na cabeça. "Solte-o já! Honestamente, vocês dois…"


    Harry ficou tão espantado com o ataque que soltou Draco; este se afastou aos tropeções, passando a mão no braço dolorido. O que havia com aquela moça? Grande ingrata! Como se ele gostasse de machucar seu melhor amigo! Bem, pelo menos não muito.


    Pelo menos ela não correu para confrontar Draco por seus sofrimentos. Hermione  estava quieta no meio da sala, as mãos sobre os quadris e as maçãs do rosto rosadas. Olhava os dois, as adoráveis sobrancelhas unidas em sinal de desaprovação. Harry poderia beijá-la ali mesmo, de tão encantadora que ela estava. Seu tom de voz, porém, era duro. "Com sua licença, cavalheiros, e estou usando este termo com certa liberdade, vou voltar para a estufa para conversar com minha amiga. Não vou participar do jantar com a viscondessa, de forma que lhes desejo uma noite agradável. Passem bem."


    Com uma virado insolente que fez a armação da saia subir um pouco, presenteando os dois com um vislumbre dos seus tornozelos esbeltos, Hermione  saiu da sala. Harry olhou para Draco, viu que este ainda estava zangado devido ao braço dolorido e saiu correndo atrás dela. Alcançou-a no Grande Saguão e, pegando-a pelo braço esguio, puxou-a para uma área sombria atrás de um grande pilar de madeira.


    Hermione, os olhos castanhos muito abertos, fazendo lembrar um pouco um animal encurralado, recuou, afastando-se dele até encostar no pilar. Mas procurou manter a aparência, levantando o queixo e afastando uma atitude de indiferença.


    "O que você quer?", perguntou, desafiadora, cruzando os braços na frente dos pequenos, mas, como Harry sabia muito bem, perfeitos seios.


    Harry pôs uma mão de cada lado da cintura de Hermione, prendendo-a entre o pilar e os seus braços. Olhou-a e percebeu que seu coração começara a bater com força. Nenhuma mulher o tinha afetado como essa bruxa diminuta e de olhos cor de mel. Ele não sabia ao certo como o conseguira, mas ela havia lhe roubado o coração e Harry não se importava se nunca mais o tivesse de volta.


    "Escute aqui", disse ele, a voz grave como um trovão. Sentia o cheiro do perfume que ela usava, leve, limpo e fresco, como flores silvestres. Isso desviou sua atenção. Notou que, apesar de a boca de Hermione  estar comprimida em sinal de desaprovação, os lábios eram de um vermelho encantador.


    "O quê?', ela o interpelou com impaciência. "O que você quer? Anne Herbert está à minha espera na…"


    "Eu sei, eu sei, na estufa." Do que, em nome de Deus, aquela moça era feita, de pedra? Como poderia ter esquecido a paixão que tinham vivido na noite anterior?


    "Escute, Hermione. Você precisa dizer algo para Draco."


    "Preciso dizer algo para Draco?" A voz de Hermione  elevou-se uma oitava. "ora, essa é boa!"


    "Shhh!" Harry pôs um dedo sobre os lábios dela, que estavam com expressão indignada. "Não faça barulho ou ele vai ouvir…"


    "Ele é seu hóspede", disse Hermione  apesar do dedo de Harry. "Por que você não diz alguma coisa para ele?"


    "Eu já disse." Harry tirou a mão da boca de Hermione  e a colocou de novo ao lado da cintura dela, já que a moça fizera um movimento para fugir do seu abraço. O que havia com ela? Seria de pensar que, depois da noite passada, ela não teria nem um traço de modéstia. Por que se mostrava assim tão distante? "Draco não me dá ouvidos, Hermione. Eu não quero magoá-lo…"


    "Nem eu."


    "Mas vai ter que fazer isso. A não ser que queira que eu o esmurre até ele não se lembrar de nada."


    "Não sei por que você está se comportando de forma tão infantil." Hermione  tinha baixado a voz e falava sussurrando, mas, ainda assim, parecia estar ralhando com uma criança. "O que aconteceu entre nós noite passada não muda nada, você sabe disso."


    Harry ficou olhando para ela, sem acreditar. "Não muda nada? Do que você está falando? Muda tudo!"


    "Não muda nada." O queixo dela estava empinado de forma ainda mais atrevida do que antes. "Nós meramente perdemos a cabeça de novo. É melhor esquecer isso tudo e continuar com a sua vida como sempre."


    "Continuar com a vida? Hermione, você ficou louca? Você não entende? Eu a amo…"


    Ele foi surpreendido. Com um lampejo saindo das sombras, a mão dela surgiu, virada para cima, e ela o esbofeteou com força, um golpe que feriu a dignidade dele mais do que a mandíbula. Olhando fixamente, sem acreditar, para aquela moça irascível, Harry ficou em silêncio, atordoado. Tentara lhe dizer que a amava e ela tinha lhe dado um tapa! A moça seria desequilibrada mental? Os olhos dela estava cheios de lágrima, porém, e não de ódio, e tinha soltado um soluço. Qual era, por Deus, o problema dela? O que ele tinha feito de errado?


    Hermione  não conseguiu falar, de tão extenuada. Harry estendeu os braços para pegá-la pelos ombros e impedi-la de fugir, mas ela foi mais rápida. Foi embora, como uma lugada de veludo e renda, os sapatos de salto alto fazendo barulho pelo corredor. Completamente perplexo, Harry ficou parado olhando aquela figura em fuga, uma mão sobre a bochecha esbofeteada. A moça estava fora de si. Ele lhe daria um tempo para ficar sozinha e daí tentaria de novo.


    O que mais poderia fazer?


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dois caps de uma  só vez! e só faltam 4 caps para o fim da fic. =/
obrigada a may33 e cecilia granger potter, e com 3 comentários temos o cap27. com 5 comentários, temos os  caps 27 e o 28.
comentem!
bjos,
jeh

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