Capitulo Doze




Where Roses Grow Wild
Capítulo Doze

Mas aquilo era ridículo! Hermione rapidamente afastou o olhar, envergonhada. Só podia ser
um efeito da luz da vela ou talvez fosse resultado do quanto Harry tinha bebido durante o jantar. Mesmo assim, não havia como negar que o rosto de Harry estava avermelhado. E Hermione não foi à única que notou. Draco tinha por fim parado de rir e estava olhando o seu anfitrião de soslaio com uma expressão de incredulidade no rosto.
“Agora que isso está resolvido”, disse Harry, olhando friamente para longe de Hermione, “posso sugerir, Draco, que nos retiremos para a sala de bilhar para um copo de porto? Senhoras, o café será servido do Salão de Recepções Dourado.”
Hermione estava pronta para sair correndo da mesa. Nunca tivera na vida a experiência de uma refeição em que se sentisse tão pouco à vontade. Harry, com a aparência de volta ao normal, segurou friamente a cadeira para ela, olhando-a do alto dos seus quase dois metros como se ela fosse uma lunática que fugira do hospício. Hermione, sentindo o início de um rubor de volta ao seu próprio pescoço, como que se ejetou para fora da sala de jantar.
No Salão de Recepções Dourado, ela respirou com um pouco mais de facilidade - até a viscondessa entrar. Mas que praga de mulher! Hermione queria ficar a sós. Será que poderia alegar que estava cansada e se retirar para o quarto pelo resto da noite? Como a alta sociedade era irritante! Hermione preferia passar o tempo na companhia de Myra MacFearley e a sua prole em Applesby do que com uma criatura fria e calculista como a viscondessa.
Depois de um silêncio considerável, durante o qual Hermione brincou com uma xícara de café que não queria, a viscondessa disse: “Então, Srta. Granger”, como que continuando uma conversa que tivesse sido interrompida, “peço-lhe que me perdoe se pareço atrevida, mas a senhorita parece extraordinariamente… franca para uma filha de vigário. Sobretudo para uma… tão jovem.”
Hermione mordeu o lábio inferior, sem saber como reagir. Por fim, disse, com cuidado: “Eu… ahn… agradeço Lady Ashbury”.
A viscondessa piscou, surpresa. Era claro que não tivera a intenção de que sua ousada afirmação fosse tomada por Hermione como um elogio. “Ah, naturalmente”, disse ela. “Harry me contou que o novo duque é um jovem muito… cabeçudo. Estou vendo de onde herdou essa característica.”
Hermione sorriu polidamente. “Realmente? De quem?”
“Ora, a senhorita tem de admitir, Srta. Granger” ronronou a viscondessa. “A senhora é muito… obstinada.”
Ferida, Hermione explodiu: “E o tio de Jeremy também é!”. Lady Ashbury riu. A risada dela foi bem desagradável, achou Hermione.
“Ora, vamos, Srta. Granger. Lord Harry é impositivo, como deve ser um homem da sua posição!”
“Por que”, inquiriu Hermione, mais para si mesma do que para a viscondessa, “quando um homem afirma o que pensa, ele é impositivo, mas quando uma mulher faz a mesma coisa, ela é vista como obstinada?”
Lady Ashbury baixou os olhos e a fitou com curiosidade. “Como a senhorita é estranha”, disse ela, como se tivesse acabado de descobrir uma nova espécie. “Pergunto-me se incomodaria, minha cara, de me refrescar a memória sobre como o seu cunhado morreu? Acho que esqueci.”
Hermione foi apanhada tão de surpresa que, por um momento, ficou sem palavras. Quando, por fim, encontrou a própria voz, só conseguiu gaguejar: “Como… como disse?”.
“O irmão de Lord Harry, John. Eu estava pensando se a senhorita sabia como ele morreu.”
Hermione gaguejou: “Ah, não. Quero dizer… Não, não sei”.
A viscondessa levantou as sobrancelhas claras e se ocupou com o seu café. Hermione, pensando que aquele assunto tinha sido descartado, levantou-se e atravessou com pressa a sala para ficar perto do fogo. Os vestidos para a noite, ela estava descobrindo, favoreciam a silhueta, mas eram bem frios para as noites de neve em novembro.
“Desculpe se a ofendi, Srta. Granger”, disse a viscondessa, depois de um curto silêncio. “É só que Harry nunca fala no irmão. Tenho a impressão de que os dois não se davam muito bem. E ele nunca me contou como Lord John morreu, apesar de eu já ter ouvido um boato…”
Hermione, subitamente exausta, fechou os olhos e inclinou a cabeça contra o mármore verde da cornija da lareira. O calor das chamas, porém, não aqueceu nem um pouco o crescente frio que lhe corria nas veias.
“… ouvi um rumor de que John foi morto em um duelo.” Hermione engoliu em seco. Sempre soubera que isso ai acontecer, de forma que não ficou particularmente surpresa.
“Se a senhora sabia como ele morreu, por que me perguntou?”, indagou ela, gentilmente, os olhos ainda fechados.
“Bem, eu não sabia com certeza…” A viscondessa teve o decoro de fingir constrangimento. “Eu já lhe disse, foi um boato que ouvi.”
Hermione abriu os olhos e respondeu, em um quase sussurro: “Meu cunhado foi morto em um duelo. Baleado no coração, deixando a minha irmã viúva e o filho sem pai. Espero que isso satisfaça a sua ardente curiosidade”.
Ela ouviu um roçar de seda e, quando percebeu, Lady Ashbury estava ao seu lado, com uma mão quente sobre o seu ombro nu. “Srta. Granger”, disse delicadamente a viscondessa. “Não tive a intenção de perturbá-la. A senhorita não deve responsabilizar a sua irmã pela morte de Lord John…”
Hermione virou o rosto, que estava voltado para o fogo, e olhou para Lady Ashbury com olhos arregalados de surpresa. “Responsabilizar a minha irmã? Por que responsabilizaria Katherine pela morte do seu marido?”
O sorriso de Lady Ashbury não tinha nada de bondade. “Bem, temo que o rumor que circulou na época era que, quando morreu, Lord John lutava pela honra de sua irmã.”
Os olhos arregalados de Hermione ficaram tão escuros quanto o céu lá fora. “O que… o que a senhora quer dizer com isto?”
“Ora”, riu Arabella frivolamente. “A sua irmã era muito jovem e muito bonita e todos dizem que ela iniciou um relacionamento romântico com outro homem em Veneza e que John Potter os achou juntos uma noite e desafiou o sujeito para um duelo.”
Hermione só conseguia ficar parada, olhando fixamente a viscondessa, muda de horror.
“E também se diz que, quando John foi morto, a sua irmã fugiu com o sujeito, deixando para trás o filho pequeno.” Lady Ashbury deu um sorriso brilhante para Hermione. “Na verdade, dizem que ela não está nem um pouco morta, mas…”
De repente, Hermione encontrou a sua voz. “Isso é mentira!”, gritou Hermione, esquecendo-se de onde estava. “Isso não passa de uma maldita mentira!”
A porta se abriu naquele exato momento e os dois homens entraram. Hermione, rodopiando, olhou para seus rostos surpresos, percebeu o que tinha feito e afundou no sofá com um gemido, o rosto escondido nas mãos.
“Meu Deus!”, exclamou Draco, um pouco alarmado. “Foi o peixe?”
“Não seja idiota”, disse-lhe Harry, passando rapidamente por Lady Ashbury e ajoelhando-se ao lado de Hermione. “Srta. Granger? A senhorita está bem?”
“Não sei o que deu nela”, disse a viscondessa com um riso nervoso. “Estávamos conversando sobre a irmã dela e, de repente, ela perdeu a cabeça…”
“Srta. Granger?” Harry pôs a mão no ombro nu e não ficou surpreso ao ver que tremia. “Posso pegar alguma coisa para a senhorita? Um… Um copo de uísque, talvez?”
“Eu lhe disse, Harry”, sibilou a viscondessa, suficientemente alto para que Hermione ouvisse. “É isso que dá receber parentes obscuros. Você deveria ter deixado as coisas como estavam…”
“Basta, Arabella”, vociferou Harry. Suas sobrancelhas escuras estavam com os cantos caídos, em uma carranca assustadora. “Draco, em vez de fiar aí parado, chame Evers e peça para ele mandar alguém buscar o remédio da Srta. Granger…”
“Não”, disse Hermione, ofegante. Recuperando-se com esforço, levantou a cabeça. Felizmente tinha os canais lacrimais sob controle. Se pelo menos conseguisse recuperar um pouco da sua dignidade perdida. “Não, está tudo bem. Desculpe. Não sei o que deu em mim. Suponho que não estou tão bem quanto pensava…”
“Arabella, estou envergonhado de você”, declarou Draco, voltando-se com indignação para a viscondessa. “Você não pode atormentar alguém do seu tamanho? É muito jogo sujo da sua parte, a pobrezinha mal se recuperou de amigdalite.”
“Não sei do que você está falando”, disse Arabella, torcendo o nariz. “A Srta. Granger e eu estávamos simplesmente…”
“Já disse, basta.” A voz fria de Harry interrompeu a explicação de Lady Ashbury. “Draco, dê um puxão naquele cordão da campanha e manda alguém ir buscar a camareira dela.”
“Não preciso de remédio e não preciso da minha camareira”, insistiu Hermione, recorrendo a Lord Harry apenas porque a sua voz não iria mais longe. Os repentinos acessos de mau humor dele a assustavam porque pareciam ser desencadeados pelos menores aborrecimentos. Ela estendeu o braço e agarrou a grande e fria mão que estava apoiada na almofada do assento ao seu lado. Harry baixou os olhos, olhando para os pequenos dedos dela e, depois, para seus olhos. Hermione não tinha como controlar o rubor que se alastrara pelo seu rosto. Tudo o que podia fazer era ignorá-lo e dizer, em um murmúrio o mais firme possível: “De verdade, estou bem”.
“A cor dela está melhor”, observou a viscondessa. Isso fez Hermione rir, a contragosto. O fato de que Lady Ashbury, a mulher mais pálida de Yorkshire, salientasse que a cor de uma outra pessoa estava melhorando pareceu um tanto irônico para Hermione .
“Bem, se ela está rindo, deve estar melhor”, declarou Draco. Deixou o cordão da campainha balançando e se aproximou do sofá, imitando, razoavelmente bem, o Sr. Parks, o médico. “Hmmm”, disse ele, assumindo a postura exata que o médico tinha assumido enquanto examinava Hermione. “Você vai sobreviver.”
Hermione riu de novo. Harry levantou os olhos para Draco, os cantos dos lábios torcidos sarcasticamente. “Se você já terminou…” Draco fez uma mesura. “Cedo o palco para Lord Harry Potter.”
“Obrigado.” Harry deu uma olhada para Hermione e dela para Lady Ashbury, como se quisesse dizer alguma coisa, mas em seguida mudou de idéia. O que fez foi apertar fraternalmente a mão de Hermione e a soltar, enquanto se levantava, ficando de pé. “Acho que a Srta. Granger teve animação suficiente para uma noite”, anunciou Harry para a sala em geral. “Acaba de recuperar o uso da voz e não queremos que a perca de novo.”
Para Hermione, ele disse, com um estranho torcer de lábios, que ela percebeu ser de diversão genuína, sem qualquer cinismo: “Acredito que, se Parks estivesse aqui, ele lhe prescreveria chá com mel e mandaria direto para a cama; eu, porém, conheço a sua preferência por uma bebida forte. Posso lhe servir um uísque, Srta. Granger? O que temos aqui em Potter não tem todo aquele ímpeto da sua bebida em Applesby, mas é uma mistura bem agradável, de qualquer forma.”
Hermione sorriu-lhe e, por um momento, fitou os olhos de Harry, aqueles olhos verde-esmeralda que ela inicialmente achou frios e depois percebeu serem apenas cautelosos, como os de um falcão. Teve a oportunidade de vislumbrar Harry Potter de que a Srta. Praehurst falava, que tinha carregado um cão ferido do campo de caça para casa, que tratava a sua criadagem com tanta bondade. O Harry Potter que prometera um cavalo para um menino e depois cumprira fielmente a promessa.
Que tipo de infância Harry teria tido, crescendo à sombra do seu cruel irmão mais velho, com a mãe morrendo quando ele tinha dez anos e o pai dominante e envolvido demais consigo mesmo para se interessar pela vida do filho caçula? Não era de admirar que Harry fosse facilmente irritável e, às vezes, até grosseiro. O notável era não ter saído mais parecido com John - uma pessoa mais egoísta e malvada do que John Potter nunca havia caminhado sobre a terra.
Então, em uma fração de segundos, o contato foi rompido. Harry afastou o olhar e foi até o aparador para pegar o uísque. E Hermione, que sentia como se o olhar dele tivesse atiçado fogo à sua própria alma, ficou sentada quieta, um pouco abalada pela intensidade do momento que os dois havia tipo entre si. Estaria ficando louca? Esse homem poderia romper todas as defesas dela com um simples olhar e fazê-la render-se e se apaixonar por ele, apesar da firme determinação dela ao contrário? Não. Não era possível. Só podia ser a imaginação ativa de Hermione lhe pregando peças.
Harry Potter era bonito e possuía um magnetismo que ela não podia explicar direito, mas não poderia fazer as mulheres se apaixonarem por ele contra a vontade delas. Pelo menos, não Hermione.


___________________

Ainda estou postando um por dia, mas se quiseram o de amanhã, vão ter que comentar.

Please, COMENTEM!

Bjos, Jeh

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.