Capítulo Onze




Where Roses Grow Wild
Capítulo Onze


Quando a Sra. Praehurst finalmente a devolveu aos cuidados de Lucy, Hermione viu que a
camareira já tinha estendido um vestido de noite muito decotado de cetim do mais claro tom de rosa. Foi um dos vestidos que Lady Herbert havia escolhido, apesar dos protestos de Hermione, que o achava elegante demais para ela. Como se usar um traje tão decotado não fosse suficientemente aflitivo, Lucy insistiu em entremear algumas das rosas brancas que estavam no vaso ao lado da cama de Hermione no seu cabelo, o que poderia fazer determinadas pessoas a acusarem de se dar ares, segundo achava Hermione.
“A senhorita não tem jóias”, declarou Lucy, com um pouco de indignação na voz. “A senhorita precisa ter alguma coisa no cabelo e ao redor do pescoço também.” A “alguma coisa” com que Lucy apareceu era uma fita de veludo preto, sobre a qual tinha prendido com um alfinete uma rosa semi-aberta perfeita. A brancura da flor fiou em segundo lugar contra a pele opalina de Hermione quando ela finalmente permitiu que Lucy a amarrasse ao redor do seu fino pescoço.
Quando a toalete estava completa, Hermione se examinou criticamente ao espelho. Ela se perguntou se não deveria colocar um pouco de renda no decote, de forma há cobrir um pouco de todo aquele colo que o vestido exibia. O Sr. Worth sabia muito bem que ela não era casada e Hermione havia insistido veementemente, ignorando as risadas de Lady Herbert, que pretendia continuar assim. Porém, apesar dos seus protestos, o costumeiro fez todos os trajes de noite para Hermione escandalosamente decotados.
“É um pecado”, declarara o grande modista, “esconder o que o bom Senhor viu por bem lhe dar, Mademoiselle Granger.”
Hermione não tinha muita certeza se concordava com o ilustre Sr. Worth, mas supôs que, com a atenção de Harry estaria voltada para outro lugar, ela estava segura. Aplicando mais algumas gotas do caro perfume francês nos pulsos e pescoço - o custo até do menor frasco do líquido a tinha deixado escandalizada, mas tinha um cheiro tão divino que não conseguira resistir à compra -, Hermione estava pronta para descer quando Lucy a deteve e lhe deu dois beliscões fortes nas faces.
“Pronto!”, exclamou a moça. “Quem precisa de diamantes? A senhorita tem algo melhor… Rosas nas faces!” De repente nervosa, Hermione só conseguiu dar um sorriso fraco como resposta.
Durante a turnê, a Sra. Praehurst disse a Hermione que os convivas do jantar sempre se reuniam no Salão de Recepções Dourado. Apressou-se a descer as escadas, sorrindo para os diversos criados que a cumprimentaram com entusiasmo no caminho, e parou do lado de fora das portas da sala de recepções. As vozes que ouvia lá dentro eram agradavelmente harmoniosas e um riso feminino tilintante se destacava entre elas.
Hermione passou um dedo sobre a rosa que tinha no pescoço, engolindo em seco. O que havia com ela? Que lhe importava o que uma viscondessa tola penasse dela? E daí que ela não tinha qualquer título de nobreza? Ela tinha, pelo menos, o seu orgulho. O clã Granger era tão antigo quanto qualquer ducado inglês e mil vezes mais nobre. Além disso, tinha certeza absoluta de que a viscondessa não conseguia agüentar tanto uísque quanto ela.
Mesmo assim, estavam vivas as lembranças de como tinha sido tratada pelas outras meninas em Applesby. Como se já não fosse ruim ser a filha do vigário e excêntrica a ponto de gostar mais dos livros do que ficar atrás dos garotos da aldeia, ela tinha a maldição de ser bonita o suficiente para que as outras meninas a invejassem. Hermione esperava que a viscondessa a considerasse indigna de ser notada, de forma que não precisasse falar muito com ela. Hermione não tinha idéia do que dizer a uma viscondessa, da mesma forma que não sabia o que conversar com Maureen Clendening, a filha do dono da hospedaria.
Evers surgiu do nada e inclinou-se. Delicadamente abriu a porta e anunciou a sua chegada ao grupo reunido no salão. Lucy nem precisava ter-lhe beliscado as faces. Hermione sentiu que corava furiosamente quando uma voz refinada exclamou: “Srta. Hermione Granger!”
Oh, meu Deus, ela rezou. Por favor, não permita que eu faça nenhuma besteira. E então ficou brava consigo mesma por se importar com o que qualquer um deles pensasse. Oh, por que havia concordado em sair de Applesby para começo de conversa?
Abrindo os olhos, ela sorriu, pouco à vontade, para Evers, que se inclinou novamente, dessa vez, notou Hermione, com um leve rosado sobre suas próprias faces descarnadas. Ai, meu Deus, pensou Hermione.
Talvez uma filha de vigário não deva sorrir para os mordomos. Mas ele era um amor! Como poderia evitar? Levantando a barra da saia com a mão esquerda, Hermione passou por ele, apressada, esperando que a inclinação régia do seu nariz distraísse o olhar de todos das suas faces enrubescidas.
Tivera esperanças de entrar discretamente no salão, mas o que aconteceu foi o contrário. As conversas no Salão de Recepções Dourado foram interrompidas abruptamente e três pares de olhos se voltaram em sua direção. Hermione, envergonhada, abaixou a saia, notando que tanto Lord Harry quanto o seu amigo, o Sr. Malfoy, levantaram-se apressadamente depois de apenas um momento de hesitação. O que ela não sabia é que a hesitação ocorrera porque os dois ficaram por um momento intimidados pela sua visão ao entrar, as maçãs do rosto rosadas, a figura esguia e olhar timidamente abaixado.
Coragem, Hermione, disse a si mesma e, reunindo suas forças, pôs os ombros para trás e levantou a cabeça. Em seguida, sorriu, cruzou a sala e estendeu a mão para a primeira pessoa com que se encontrou, que por acaso era Draco Malfoy.
“Sr. Malfoy”, disse. “Quanto prazer em vê-lo novamente. Parece que faz muito tempo que não nos encontramos.” Draco Malfoy pegou a mão de Hermione e fez uma mesura, aparentemente incapaz de falar, apesar de Hermione não entender por que. Afastando o olhar preocupado do amigo do seu anfitrião, Hermione voltou-se na direção de Lord Harry. Ele havia trocado as roupas de montaria para um conjunto que não tinha nada de maricas e incluía a indefectível gravata de nó perfeito e um colete bem escuro. Harry a olhou de cima a baixo, mas a expressão era inescrutável e Hermione não sabia dizer se ele tinha ou não gostado do que via.
“Srta. Granger”, disse ele, a voz rouca distante e polida, como se estivesse se dirigindo a uma mera conhecia e não a alguém com quem tinha sido mais do que um pouco íntimo em certa ocasião. “Gostaria de lhe apresentar a viscondessa de Ashbury, Lady Arabella.”
Hermione percebeu que precisava levantar bastante o queixo para olhar para a viscondessa, a qual, apesar de ter inclinado a cabeça em um cumprimento polido, era bem mais alta que Hermione. Mais alta e, Hermione percebeu com o coração pesado, mais bela do que ela poderia ter esperança de um dia a vir a ser, apesar de todos os esforços de Lucy.
Bem mais velha do que Hermione tinha imaginado - Lady Arabella tinha pelo menos quarenta anos muito bem preservados -, a viscondessa tinha uma beleza delicada, inequivocamente inglesa. Tudo nela era tão pálido e suave como uma rosa. O cabelo, que lhe caía em pequenos anéis até os ombros, era quase branco, de tão loiro. Os olhos eram de um azul tão claro que as íris pareciam se dissolver nos brancos, mas eram olhos astutos, que viam tudo, inclusive, notou Hermione corando, a sua falta de jóias. Vestida na última moda, com um traje de seda azul-celeste e a saia tão ampla que Hermione se admirou que ela passasse pela porta, a viscondessa, entretanto, parecia tão frágil quanto uma delicada peça de porcelana. Tinha o tipo de beleza sobre a qual escritores como Tennyson e Browning deliravam em seus poemas. E com a qual mulheres como Hermione nunca poderiam ter esperança de rivalizar.
“Como tem passado, Lady Ashbury?”, perguntou Hermione modestamente.
“Estou bem, obrigada”, respondeu Lady Ashbury. Depois de fazer uma mesura, a viscondessa deu a Hermione à mesma olhada completa, da cabeça aos pés, que esta acabara de receber de Harry. Pareceu não gostar do que viu porque seus lábios - artificialmente rosados, Hermione percebeu - se curvaram em um sorriso tão falso que Hermione se perguntou se Lord Ashbury era cego. A mulher era tão incapaz de esconder os seus verdadeiros sentimentos que era imprudente da parte dela estar tendo casos com vizinhos.
“Espero que a senhorita tenha se recuperado de sua doença, Srta. Granger, e do infeliz acidente sobre o qual Harry me falou.”
Hermione sorriu. “Oh, estou me sentindo muito melhor. Mas o que mais se poderia esperar com um anfitrião tão atencioso?” Hermione voltou o seu sorriso radiante na direção de Harry, que se limitou a reagir levantando as sobrancelhas escuras. Ele não compreendia a inesperada lisonja, já que apenas algumas horas antes Hermione o havia acusado de ser afeminado, em um acesso de provocação.
Ao lado de Harry, Draco Malfoy não conseguiu se conter por mais tempo. Deu um passo à frente, pegou mais uma vez a mão de Hermione e, de olhos abaixados para fitá-la, disse: “Estou muito contente em vê-la de pé e ativa, Srta. Granger. Espero que participe das atividades planejadas por Harry para este fim de semana…”.
Hermione fez um beicinho de desapontamento. “O Sr. Parks me proibiu terminantemente de cavalgar”, disse ela, como se isso fosse à pior notícia que podia receber. Hermione não conseguia imaginar algo que ela gostaria menos de fazer do que galopar por aí pela zona rural no inverno atrás de uma pequena raposa faminta.
“Mas ele não disse nada sobre dançar, disse?”, Draco interpelou-a ansiosamente.
Hermione parecia confusa. “Não, senhor, ele não disse, mas…”
“Sr. Malfoy!” Hermione não pôde evitar de rir. “O senhor é assim tão direto com as parentes do seu anfitrião?”
“Difícil saber. Até o mês passado, ele nunca teve nenhuma”, disse Draco. Pôs a mão dela no seu braço e a encaminhou na direção do sofá baixo em que ele tinha passado o tempo ociosamente. Hermione afundou nas almofadas de veludo um pouco nervosa. Tinha uma sensação inquietante de que estava sendo cortejada. Nunca na vida tinha sido cortejada, a não ser que se contasse o Sr. Weasley… e Lord Harry, naturalmente. Só que não se poderia chamar de cortejar os avanços de Lord Harry. Eram mais um insulto do que qualquer outra coisa. Mas Draco Malfoy era um gentleman em toda a acepção da palavra e Hermione não sabia se deveria levar a sério os seus galanteios ou se ele estava sendo apenas educado com uma pobre parente escocesa do seu anfitrião…
“Cheguei à conclusão de que”, explicava-lhe Draco, “como esta é a sua primeira estada em Potter, a senhorita vai precisar de um guia e eu me autonomeei para essa função…”
“Acredito que já fizeram uma turnê com a Srta. Granger”, rosnou Harry. Mas, quando Hermione lhe deu uma olhada, viu que ele nem mesmo olhava para eles. Harry fitava o fogo, como se tentando determinar se era preciso atiçá-lo. “A Sra. Praehurst deu uma volta com ela hoje de manhã”, completou Harry suavemente…
“Ah!” Draco saltou do sofá para servir uma dose generosa de xerez para Hermione. “E o que achou, srta. Granger? Estava tudo à altura do prometido por Harry?”
“Além do prometido”, garantiu-lhe Hermione, rindo e aceitando o copo que ele lhe estendia. “Ora, mal acreditei em Lord Harry quando disse que o Solar Potter era conhecido pelas suas rosas de inverno, mas, agora que as vi por mim mesma, posso dizer que mesmo os elogios feitos por ele não lhes fizeram justiça.”
Do outro lado da sala, a viscondessa parecia ter fiado admirando o seu próprio reflexo dos vidros escurecidos pela noite das largas janelas. Aparentemente satisfeita com a sua toalete, ela se endireitou e se dirigiu, vagueando, para onde estava Hermione, com as sobrancelhas arqueadas. “Estranho, Srta. Granger, que a sua irmã nunca tenha mencionado as rosas de Potter para a senhorita. Sem dúvida, a notícia de que Kathy Granger conseguira fisgar o herdeiro Potter deve ter caído como uma bomba na sua aldeia.”
Hermione levantou as sobrancelhas. Ela não tinha a menor idéia, já que não a conhecia bem, se a viscondessa estava ou não a insultando intencionalmente. “Ora”, disse ela, tentando manter o tom despreocupado. “Talvez a família Potter não seja tão conhecida como pensa. Eu com certeza nunca tinha ouvido falar deles até Kathy trazer Lord John para casa. E ele, sem nenhuma dúvida, nunca disse nenhuma só palavra sobre a estufa.”
“Acredito nisso!”, riu Draco. “Que homem ficaria pensando em flores de estufa quando tinha nas mãos uma genuína roseira brava?”
Hermione sorriu para ele antes de dirigir sua atenção de novo para a viscondessa, que estava carrancuda. “Além disso”, disse Hermione dando de ombros, “o falecido marido da minha irmã não tinha o menor interesse em nada que não fossem cavalos. Era um homem que só gostava de atividades masculinas, se é que a senhora entende o que quero dizer.” Deu uma olhada rápida e maliciosa para Harry, que lhe retribuiu o olhar com firmeza e, se ela não estivesse enganada, com raiva. Ótimo! Que ele ficasse bravo com ela. Melhor isso do que fazer mais daqueles avanços a que ela não tinha forças suficientes para resistir. Mas a viscondessa tampouco parecia satisfeita. Continuou a vaguear calmamente pela sala e o vulto alto era uma grande vantagem para quem estava de pé. O decote de Lady Ashbury, notou Hermione, era ainda mais radical que o dela.
“Bem, não consigo lhe dizer, Srta. Granger”, afirmou a viscondessa com uma alegria obviamente forçada, “o quanto será encantador ter de novo uma mulher em Potter! Temo que Harry seja ótimo para administrar os estábulos, mas que não tenha a menor idéia de como fazer funcionar uma casa. Ele realmente é incompetente em relação a tudo que não sejam cavalos.”
“Ora, não posso acreditar nisso”, contrapôs Hermione, esquecendo-se, na pressa de correr em defesa de Lord Harry, ela deveria manter a hostilidade do seu anfitrião. “Ele foi tão solícito durante a minha doença, providenciando que me levassem livros e flores…”
Harry pigarreou um pouco alto demais diante do olhar cortante que Lady Arabella disparou contra ele. “Quem não iria querer acelerar a recuperação da Srta. Granger” declarou Harry galantemente, “para que ela pudesse o mais cedo possível enfeitar estes salões cheios de correntes de ar com seu semblante atraente?”
Hermione nem sequer percebeu o elogio. Ainda tentava provar que a viscondessa estava errada. “E, para alguém supostamente tão incompetente na administração de uma casa”, continuou ela, “Lord Harry fez os planos para a caçada e outras festividades desse fim de semana…”
“Oh, mas isso foi tudo idéia de Lady Ashbury”, Draco interrompeu. “Vamos, Arabella, confesse. Você não tem um salão desses na Casa Ashbury e adora usar o de Potter como se fosse seu…”
“Bobagem”, disse Lady Ashbury, com uma frieza inconfundível na voz.
“É verdade”, garantiu Draco a Hermione. “Ela trouxe todos os seus amigos de Londres pelo menos duas vezes apenas nesta temporada.”
“Seu moleque provocador!”, disse Lady Ashbury, de rosto fechado. “Não tenho a menor idéia de por que Harry permite essas suas visitas de um mês de duração. Você não passa de um aborrecimento.”
“Malfoy”, rosnou Harry, que estava perto da lareira. “Comporte-se”
“Ora!”, disse Hermione, virando-se para Draco com ar confuso. “Eles sempre o maltratam assim tão abominavelmente na sua cara? Não entendo por que o senhor fica aqui!”
Draco pareia estar adorando. “Meu Deus, você está defendendo a minha honra! O seu irmão John tropeçou em um tesouro lá na Escócia, Harry. Você acha que existem outras como ela? Eu quero muito uma para mim!”
Hermione não teve chance de dar uma olhada em Harry para ver como ele recebia aquela declaração, já que Evers inesperadamente entrou na sala e anunciou que o jantar estava servido. Mas, para grande surpresa de Hermione , o braço que lhe foi oferecido para escoltá-la até a sala de jantar não foi de Draco, mas o de Harry. Ele a fitou de cara fechada, como se aquela fosse à última coisa que quisesse fazer. Mas pôs os dedos dela no seu braço e a puxou, não muito gentilmente, pondo-se de pé.
“Ora, Lord Harry”, disse Hermione, dando uma olhada por cima do ombro para a viscondessa, que olhava de forma penetrante e maligna para as costas de Harry, fuzilando-o com os olhos pálidos. “Quanta cortesia da sua parte!”
“De forma alguma”, retorquiu Harry friamente. “Você é a minha cunhada, afinal de contas. É meu dever escoltá-la para o jantar.”
Piscando diante da frieza de Harry, ela instintivamente tentou se afastar. Ele reagiu apertando-lhe a mão, e Hermione disse: “Desculpe-me, my lord, mas não preciso da sua caridade…”
“Essa é boa!”, observou Harry. “Considerando-se que, sem ela, a senhora estaria de volta àquele chalé miserável em Applesby.” Ela tentou tirar a mão do braço com um puxão violento e Harry disse, com a expressão mais suave: “Não provoque uma cena! Estou querendo falar com você.”
Ela apertou os olhos, desconfiada. “Sobre o que, por favor?”
“Sobre o que você disse hoje à tarde.” Harry olhava fixamente à sua frente e, quando Hermione levantou os olhos para ele, viu um pequeno músculo se contraindo no queixo magro. “Sobre como eu lhe pareço alguém que tem…”, ele pigarreou, “características femininas.”
“Ora”, disse Hermione, tentando sem muito sucesso esconder um sorriso. “Aquilo!”
“Sim, aquilo. Tenho pensado um pouco nisso.”
“Meu Deus!”, disse Hermione, segurando-se para não suspirar de admiração quando transpuseram a porta da sala de jantar. Já vira a sala naquela tarde, mas então a mesa não estava posta com a prataria Potter e os candelabros não haviam sido acesos. O jogo de luz refletia no teto alto e em arco era de tirar o fôlego. Hermione por pouco não perdeu o rumo da conversa. “Se tivesse imaginado o abalo que um comentário impensado como aquele faria”, disse ela, como que desatenta, “teria mantido a boca fechada.”
“Não”, disse Harry. Ele a encaminhou para a cadeira à sua direita na longa mesa de jantar, mas perto o suficiente, ela notou, da enorme lareira e seu fogo alto, para evitar que Hermione se resfriasse novamente. “Você não teria. Acredito que inventou isso e o disse com a intenção de me irritar. E acho que sei por que.”
Hermione levantou as suas sobrancelhas delicadamente arqueadas mais uma vez. “Sabe?”, perguntou. Um lacaio se apressou a segurar a cadeira para ela se sentar, mas Harry o dispensou com um gesto, e afastou a cadeira de Hermione ele mesmo.
“Sei”, disse Harry. Ele se inclinou e falou, em voz baixa, diretamente em seu ouvido, enquanto ela ajeitava com os dedos o franzido de seu vestido. “Acredito que foi uma farpa com a intenção de me manter à distância.”
Hermione quase bufou, mas lembrou-se de onde estava bem a tempo. “O que você está querendo dizer com isso?”
“Não se faça de inocente comigo. Você sabe a que eu me refiro. A nossa… ahnn… conversa ontem no seu quarto…”
Hermione olhou ao redor rapidamente, as faces ficando escarlate de imediato. “Lord Harry!”
“Sim, foi bem chocante, não foi?” Harry pareia satisfeito com a reação dela, o que a deixou furiosa. “Damas não casadas e cavalheiros como eu não devem se entregar a essas atividades, não é? Mas acho que você está mais chocada com o fato de gostar muito dos meus avanços do que por eu tê-los feito…”
Hermione quase engasgou. “Não seja ridículo!”
“Você é quem está sendo ridícula.” Toda a satisfação consigo mesmo desapareceu da voz grave dele e em seu lugar surgiu alguma coisa que parecia raiva a Hermione . “Você pode negar que existe alguma coisa entre nós, Hermione? Pode?”
“Posso, com toda certeza”, mentiu Hermione sem hesitar nem por um momento. “Sente-se, eles estarão aqui dentro de um momento…”
“Ora, mas eu não posso”, disse Harry, sem entonação na voz. De repente, Hermione ficou tensa, ao sentir os dedos frios dele na sua nuca. Ele parecia estar acariciando os fiozinhos de cabelo que tinham escapado do penteado feito por Lucy. O toque de suas mãos, junto com as palavras seguintes, provocou arrepios para cima e para baixo da coluna dela. “Eu desejo você, Hermione. E parece que você se esquece de que estou acostumado a conseguir o que quero.”
“Então temo que vá ficar decepcionado”, disse prontamente Hermione, mas a sua boca estava tão seca que ficou surpresa até de ter conseguido falar.
Harry baixou os olhos e fitou a coluna esbelta do pescoço de marfim. “Não sei o que você quer dizer.”
“Bem, veja você, também estou acostumada a conseguir o que quero.” Hermione notou a direção do olhar dele e baixou os olhos, vendo a frente do seu vestido. Tinha certeza de que o Sr. Worth não fizera aquilo de propósito, mas Hermione percebeu tardiamente que, quando alguém estava de pé e ela sentada, a pessoa podia olhar diretamente para o corpete do vestido e ter uma vista sem obstáculos dos seus seios erguidos. Apenas, felizmente, os seus mamilos rosados estavam fora da vista devido ao bojo de renda do espartilho.
Hermione engoliu em seco e continuou, com temeridade, sacudindo a cabeça levemente para trazer a atenção de Harry de volta às suas palavras e para longe dos seus seios. “E, se nós dois estamos acostumados a conseguir o que queremos, isso quer dizer que um vai acabar sofrendo uma decepção.”
“Com toda certeza espero que não”, disse Harry suavemente, ainda falando na orelha de Hermione. De repente, ela sentiu os dedos fortes dele se moverem da nuca para seus ombros nus. “Sempre existe a possibilidade de chegarmos a um acordo de seja agradável para nós dois.”
Hermione virou-se na cadeira, de forma a olhar para ele, que estava de pé atrás dela, os olhos apertados de desconfiança. “Lord Harry”, disse. “O senhor está me cortejando?”
O sorriso dele foi claramente diabólico. “E se estiver?”
Ela disse, empertigada: “Então acho que devo lembrá-lo de que estou aqui sob a sua proteção e que seria uma coisa escandalosa se o senhor tentasse me seduzir.”
Pegando o guardanapo, Hermione desdobrou-o com um estalido, som com que pretendia pôr fim àquela conversa. Mas Harry continuou a olhá-la fixamente, de cima para baixo, com expressão não muito diferente da de Jeremy quando lhe cortavam a sobremesa. Ele não conseguia ter a menor idéia do que essa moça estava tramando. A intenção dela seria simplesmente deixá-lo louco? Nesse caso, estava conseguindo. Nunca tinha conhecido uma mulher tão irritante. Ela sem dúvida gostava de seus beijos, no entanto, se recusava firmemente a admiti-lo! Bem, ele merecia aquele tratamento, por se ter permitido ficar tão fascinado por ela. Afinal de contas, era exatamente o tipo de comportamento que seria de se esperar de uma viagem.
Draco Malfoy, entrando na sala com a viscondessa pelo braço, viu Harry inclinado sobre a cadeira de Hermione de maneira íntima e falou alto: “Ei! o que os dois estão cochichando? Você sabe o que a minha babá me dizia sobre cochichar à mesa: ‘quem cochicha, o rabo espicha’”.
O olhar de Harry deixou Hermione e se dirigiu, furioso, para o seu barulhento e inconveniente hóspede. Ao ver o lampejo assassino no olhar do seu anfitrião, Draco soltou uma risada assustada. “Nossa, Harry! Por que está me olhando assim? Tenho rapé no rosto mais uma vez?”
“Vamos discutir isso depois”, resmungou Harry, caminhando para a sua cadeira, “depois do jantar.” Draco depositou a viscondessa na sua cadeira à esquerda de Harry e foi saracoteando para o seu lugar. Harry não disse nem mais uma palavra e se dedicou a acabar com a sopa. Draco, o cabelo loiro caindo sobre um olho, como o de um menino, murmurou audivelmente: “A minha babá também dizia que ‘Amor fraco não merece dama’”.
Um olhar de Harry o fez fechar a boca e Draco buscou conforto no seu copo de vinho.
Harry prosseguiu atacando prato após prato de carnes suculentas e saborosas, deliciosos pratos de vegetais, patês de trufas com peixe e suspiros, com uma determinação muda. A viscondessa, percebendo o mau humor do seu anfitrião, assumiu a tarefa de introduzir na conversa um assunto que todos poderiam compartilhar.
“Srta. Granger”, começou, cortando delicadamente em fatias um pedaço de carneiro no seu prato. “Não posso deixar de pensar na mudança que o Solar Potter deve ser para a senhorita, depois da vida no convento.”
Hermione engoliu um grande gole de clarete e olhou nos olhos da mulher mais velha com um sorriso delicado. “Quer dizer, na paróquia? Sim, é muito diferente. Na paróquia, eu nunca tinha um minuto para mim mesma. Estava sempre ocupada com alguma tarefa. Se não estava assando pão ou cuidando dos doentes ou ajudando a fazer os planos de aula da escola dominical…”
Hermione não tinha intenção de parecer muito religiosa. Estava simplesmente afirmando um fato, mas percebeu que podia parecer muito pedante para os outros quando Draco explodiu: “Meu Deus! A senhorita precisava fazer tudo isso? O que impedia uma coisinha como a senhorita de cair morta de exaustão no fim do dia?”
“A devoção dela ao Senhor, tenho certeza”, murmurou Lady Ashbury, os olhos sobre o próprio prato.
Hermione soltou uma risada polida, para mostrar não ter ficado ofendida com o sarcasmo da viscondessa, apesar de na verdade ter ficado um pouco mortificada. “Bem”, disse ela. “Gosto de ajudar os menos favorecidos que eu, mas não sei se é por devoção que faço isso. Sinto que faço apenas porque é justo que aqueles entre nós que têm tanto dividam com aqueles que têm tão pouco. Nenhum de nós pode ter certeza de que não vai ficar sem nada um dia, como aqueles de quem já tivemos pena…”
“Certo”, disse Draco, a boca cheia de foie gras. “Muito certo. O Senhor dá, o Senhor tira e tudo o mais.”
“Foi a sua querida babá quem lhe ensinou isso, Drakie?”, perguntou Lady Ashbury, de nariz torcido. “Quanta bobagem!”
“Perdoe-me, mas isso não é bobagem.” Hermione baixou o garfo, já sem se importar se parecia afetada ou não. “Depois que o meu pai morreu, Jeremy e eu não tínhamos nada a não ser o que a Igreja podia nos fornecer. Recebemos caridade das mesmas pessoas e quem já tínhamos sido benfeitores antes…”
“Absolutamente escandaloso!”, disse Draco, balançando a cabeça com força. Ao notar o olhar mordaz da viscondessa, ele proclamou: “Ora, Arabella, é sim. É absolutamente escandaloso que um Potter devesse viver da caridade da Igreja.”
Hermione, percebendo pela primeira vez o que ela tinha dito, falou, ofegante: “Oh, não! Não tive intenção de acusar…”.
Harry a interrompeu. A voz dele era ríspida. “A culpa é minha. Eu deveria ter ficado de olho no bem-estar da família do meu irmão.”
Hermione, para grande surpresa de Harry, correu em sua defesa. “Mas como o senhor poderia saber?” Ela olhou, com expressão culpada, para os outros. “Não tive a intenção de sugerir que a família Potter foi de alguma forma negligente…”
“Mas nós fomos.” Harry a olhava, perturbado. Ele não sabia se devia se sentir encorajado ou mortificado pelas exibições ocasionais de lealdade por parte de Hermione. Parecia que tinham se passado apenas alguns dias desde que ela insultara o nome da família dele sem nenhum constrangimento. Parecia que agora, porém, difamar Harry Potter era um passatempo reservado para quando estavam a sós e não algo que pudesse ser feito na frente de estranhos.
“Você não deve se culpar, Harry”, disse Arabella. “Na verdade, é difícil acreditar que John pudesse deixar sua esposa e filho sem um tostão. Você não poderia ter adivinhado.”
“Mas eu deveria.” Harry não sabia, mas uma luz perigosa começou a brilhar nos seus olhos verdes. “Eu, mais do que ninguém, deveria saber disso. Conhecia John muito bem, sabia como ele era.”
“Bem”, disse Hermione com vivacidade, tentando pôr fim à desconfortável guinada da conversa. “De qualquer forma, tudo terminou bem, não foi? Esta carne de veado está simplesmente deliciosa, os senhores…”
“Mas ainda não entendo por que a senhorita nunca entrou em contato com Harry sobre a situação, Srta. Granger” interrompeu Lady Ashbury, os olhos claros enganosamente inexpressivos. “Parece estranho que a senhorita tenha aceitado a caridade de estranhos, mas não a da família do seu cunhado.”
“Bem”, disse Hermione , vacilante. “Eu…”
“Depois do jeito que o meu pai se comportou quando a irmã dela se casou com John”, disse Harry, retribuindo o obséquio e, por sua vez, defendendo Hermione, “não é nenhum mistério o motivo de os Granger evitarem nos pedir alguma coisa. E agora, se você não tiver objeções, Arabella, podemos conversar sobre outro assunto?”
Lady Ashbury parecia espantada. Piscou rapidamente, olhando para Harry como se ele fosse algum bichinho de estimação muito amado que, de repente e sem provocação, a tivesse mordido. Hermione começou a ter um pouco de pena dela. Para mudar de assunto, perguntou-lhe sobre as atividades que estavam programadas para o fim de semana de caça.
Recuperando-se, a viscondessa começou a tagarelar animadamente sobre o número de pessoas esperadas, onde cada uma delas iria dormir, por quanto tempo ficariam lá, quais eram os seus alimentos preferidos e quais os jogos de cartas de que eles mais gostavam. Hermione ouvia sem prestar muita atenção, achando difícil se concentrar em qualquer pessoa que não fosse o seu sombrio companheiro de jantar.
Harry tinha comido bastante, mas em silêncio, e Hermione notou que ele tinha bebido toda uma garrafa de clarete sozinho. Sempre que conseguia coragem, dava uma olhada no rosto dele e quase sempre o encontrava olhando-a fixamente. Mas era só seus olhos se encontrarem que ele os desviava, como se só tivesse olhado na direção dela fortuitamente. Sem dúvida, pensou ela com uma sensação crescente de inquietação, ele não estava falando sério ao dizer aquelas coisas antes do jantar. Talvez estivesse apenas flertando por divertimento. Não era isso que as pessoas da sociedade faziam, flertar descaradamente umas com as outras? Nada daquilo significava nada…
Ou significava?
“E amanhã à noite…” Para surpresa de Hermione, ela descobriu que Lady Ashbury ainda estava catalogando o itinerário do fim de semana, apesar de ninguém, até onde Hermione podia ver, estar lhe dando ouvidos, “depois do jantar, teremos um jogo ou dois de charadas. Tenho um ótimo quadro para você, Harry. Vai ter que se vestir de xeque árabe. Não acha de Harry ficaria elegante de xeque árabe, Drakie? O cabelo dele é tão preto! Quase posso vê-lo em um oásis iluminado pela lua.”
Draco fez um aceno com um copo de madeira na mão. “E presumo que ele esteja dividindo esse oásis com você, não é, Arabella?”
As pálpebras da viscondessa tremularam. “Ora, naturalmente.”
“E você vai ser uma das mulheres do harém dele?”
“Oh!” Lady Ashbury se fez de ofendida, mas nem mesmo Hermione, que estava totalmente desacostumada com os modos da sociedade, se deixou enganar. “Seu velhaco!”
Draco ergueu o copo e examinou as suas profundezas obscuras contra o brilho suave do candelabro. “Aposto que o seu marido pagaria um bom dinheiro para vê-la vestida como uma odalisca, Arabella.”
A viscondessa soltou um gritinho agudo, deliciada diante de tanta ousadia. Hermione, que estava ficando cada vez mais irritada com a atitude de Lady Ashbury, que agia como se fosse dona tanto do Solar Potter quanto de pelo menos um dos seus habitantes, não conseguiu mais segurar a língua. Sem parar para pensar no que estava fazendo, baixou o garfo com um tinido e olhou com uma expressão de assombro para a clara e bonita viscondessa.
“A senhora é casada?” perguntou Hermione, ofegante.
A viscondessa retribuiu o olhar direto, as sobrancelhas quase invisíveis levantadas até o limite. “Sou, claro que sou casada”, disse Lady Ashbury, com bastante sarcasmo na voz. “Com o visconde de Ashbury.”
“Mas eu pensei…”, Hermione olhou de Harry para a viscondessa e dela para ele novamente. “Mas, pela forma como a senhora parece administrar a casa de Lord Harry, eu pensei…”
Ela não precisava terminar. Suas sobrancelhas levantadas diziam tudo.
Draco já tinha se desfeito em um riso silencioso, e os ombros balançando eram o único sinal de que ele achava graça naquela situação. Mas tanto Harry quanto a viscondessa continuaram fitando-a, o primeiro sem expressão no rosto e a segunda com ódio absoluto.
“Sim”, disse Lady Ashbury, depois de uma certa hesitação. “Eu realmente administro os assuntos da casa de Ha… de Lord Harry de vez em quando, já que o Solar Potter não tem uma castelã. Mas…”
“Mas agora já tem, não é mesmo?” O sorriso de Hermione era jovem e vivaz. “Creio que poderei tirar essa carga dos seus ombros, Lady Ashbury. Daí talvez a senhora possa passar mais tempo com o seu marido. Tenho certeza de que ele deve sentir a sua falta pelo fato de a senhora estar fora de casa com tanta freqüência.”
Draco não conseguiu mais conter o riso. Explodiu com uma gargalhada que sobressaltou Hermione. A companheira de jantar de Draco, porém, não se divertia tanto quanto ele. A viscondessa fitou Hermione através de olhos que estavam tão estreitos que eram duas fendas azul-claras. “Obrigada pela sua preocupação”, disse Lady Ashbury, veneno escorrendo da voz. “Mas acredito que devemos deixar para Harry a decisão sobre quem ele quer que administre a sua casa.”
“Na verdade”, disse Hermione, antes de Harry poder dizer qualquer coisa, “não creio que caiba a Lord Harry. Isso não seria da alçada do duque de Potter?” O ódio frio que passou pelo rosto de Lady Ashbury foi resposta suficiente para Hermione. Ela se recostou na cadeira e acrescentou: “Imagino que Jeremy vai concordar comigo de que é pedir demais da senhora que sacrifique tanto do seu tempo pelo Solar Potter, Lady Ashbury. Sei que, se eu fosse casada, gostaria de passar todo o tempo que pudesse como o meu marido e não administrando os assuntos domésticos de outra pessoa”.
A viscondessa se levantou, o generoso peito erguido, e jogou o guardanapo, como se fosse uma luva, num desafio para um duelo. Harry, que tinha se recostado na cadeira, os braços cruzados na frente do peito, afastou o olhar inescrutável de Hermione para Arabella Ashbury, irritado.
“Sente-se, Arabella.”
A voz não era alta, mas ele estava mortalmente sério. Talvez Harry latisse mais do que mordesse, mas o seu latido era, de fato, muito amedrontador.
Empalidecendo de modo a ficar ainda mais clara do que de costume, a viscondessa sentou-se pesadamente, o olhar ressentido. Harry descruzou os braços, inclinou-se para frente na cadeira e pegou o copo de madeira, que de um trago esvaziou e colocou de volta sobre a mesa.
“A Sra. Granger tem toda a razão”, disse ele com uma voz completamente diferente. O tom era controlado, mas ainda exigia atenção total. Quando voltou a falar, o seu olhar, assim como as palavras, se dirigiam a Hermione. “Não há motivo para você administrar os meus assuntos domésticos tanto quanto os seus, Lady Arabella. Isso é demais para se pedir a uma mulher, mesmo para alguém tão capaz quanto você.”
Arabella piscou, sem acreditar. “Mas, Harry”, começou ela, “eu não me importo…”
Ele a interrompeu. “Discutiremos isso depois, Arabella. Alguém quer mais madeira?”
Hermione, que tinha assistido ao pequeno drama se desenrolar diante dos seus olhos com alguma incredulidade, não conseguiu deixar de sorrir, inesperadamente, para o seu cunhado. Aquele era o Harry que ela conhecia, que lhe tinha prometido rosas no inverno lá em Applesby e que tinha enfrentado corajosamente uma nevasca para socorrê-la. Parecia que, apesar de sua tendência para a luxúria, ele era bem capaz de pensar nos outros e não apenas em si mesmo, até quando havia risco de indispor com sua amante. Sentindo-se muito satisfeita, Hermione ergueu seu corpo para ser reabastecido e apenas então levantou os olhos, encontrou os de Harry, o sorriso ainda nos lábios.
Inexplicavelmente, quando os olhos dos dois se encontraram, o sangue rapidamente subiu ao rosto dele…

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Obrigada pelo comentário de Danielle Granger Potter . Espero q tenham gostado!

Por favor, comentem!
Bjos, Jeh


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