O Arenque Defumado



Cap. 26_


             Lílian se espreguiçou sob os lençóis, sentindo uma réstia de luz entrando pela abertura das cortinas e aquecendo fracamente seu rosto.


             Sorriu, ainda de olhos fechados, deitada de bruços, sentindo uma deliciosa letargia. Então, sentiu falta de algo que estivera envolvendo sua cintura durante toda a noite, e abriu os olhos.


             Ao invés de estar adormecido ao seu lado, na cama, Thiago estava bem desperto em uma poltrona, já vestindo a calça do pijama que usava na noite anterior. Ao seu lado, somente uma bandeja com waffles, mel, suco de laranja e uma rosa.


             Ela sorriu mais ainda e se apoiou sobre um cotovelo. _Você acordou mais cedo só para fazer isso para mim?


             Thiago levantou-se de onde estava, deu a volta na cama, sorrindo levemente, e sentou-se ao seu lado, envolvendo sua cintura com o braço. _Eu nem dormi, meu amor. _ele respondeu, plantando um beijo leve na curva de seu pescoço.


             _Sério? _ela perguntou, pegando um waffle _Por quê?


             Ele franziu o nariz, fazendo uma careta _Você realmente ronca a beça.


             _Seu. _Lílian espatifou o waffle que segurava em seu rosto. Thiago se afastou rindo. _Bobo! _e ela mesma começou a rir, enquanto ele sacudia o cabelo, tentando se livrar dos farelos e ela se sentava na cama.


             _É brincadeira, sua agressiva! _ele a puxou e estalou um beijo em sua bochecha, enquanto ela pegava mais um waffle e jogava mel em cima _Sabe, eu não me incomodaria de acordar todos os dias da minha vida assim.


             _Com waffle na cara?


             _Bom, _ele deu de ombros, com ela ainda em seus braços _acho que podemos excluir a parte do waffle, se você for um pouco mais civilizada. Mas eu quero dizer... Isso... Eu não quero deixar de ver você todos os dias, quando sairmos daqui. Entendeu?


             Lílian soltou-se de seus braços e encarou-o, com os olhos abertos e uma expressão alerta.


             _Thiago, você está...


             _Lílian, não precisa fazer essa cara de choque, não estou pedindo você em casamento. _ela relaxou um pouco _Ainda. _ele ficou de joelhos na cama _Mas eu acho que nós podemos preparar as coisas para passarmos mais tempo juntos quando nos formarmos. Como conhecer seus pais, por exemplo. Como seu namorado, quero dizer. Oficial.


             Lílian encarou-o desconfiada, com os olhos estreitos. _Você está se convidando para ir conhecer meus pais? Como meu namorado? Por livre e espontânea vontade? Você?


             Ele ergueu uma sobrancelha. _Está querendo insinuar alguma coisa, com essa surpresa toda?


             _Não, eu não... _ela riu, _Eu só achei engraçado. Acho que vai ser uma imensa honra para meus pais conhecerem você, Sr Potter.


             _Que bom. _ele se curvou, e beijou-a novamente _Porque eu acabo de enviar uma coruja para os meus pais, dizendo que vou levar minha namorada para eles conhecerem na Páscoa.


             Lílian engasgou com o waffle. _Fez o quê?


            _Olha só, quem diria, _ele cruzou os braços _Lílian Evans engasgando diante de um compromisso sério.


             _Não estou. _ela fechou a cara para ele _É que... Isso é realmente importante para mim. _ela ergueu os olhos para ele _É só que... Eu achei que ia precisar arrastar você para isso... Sabe? Foi só um pouco surpreendente você surgir com essa idéia agora.


             Thiago ficou encarando-a. Então, deu um suspiro cansado e sentou-se novamente, puxando-a para seu colo. _Eu amo você. _ele falou, com sua testa encostada a dela _Não existe nenhum passo nessa relação que você vai precisar me forçar a dar, porque eu já vou ter passado sete anos inteiros sonhando com cada um deles.


             _É? _ele fez que sim _Você passou sete anos sonhando com... Com a noite passada também? _Thiago riu e fez que sim novamente _E eu fui... _ela baixou os olhos, constrangida, e corou violentamente _Eu correspondi às expectativas?


            Thiago apertou-a com mais força. _Você foi incrivelmente perfeita. _ele baixou o rosto e beijou-a, levemente _Essa noite foi melhor do que meus mais incríveis sonhos.


             Lílian sorriu. Então, ergueu a mão e a passou por seu rosto, terminando no meio de seus cabelos negros. Ela puxou o rosto dele de encontro ao dela, ocupando-o com um beijo intenso que erguia, gradualmente, a temperatura corporal de ambos.


             Thiago desencostou da cama, sentando-se com as costas retas e Lílian em seu colo, virou-se de frente para ele. Os lábios dele abandonaram os dela, passando de seu rosto para a base de seu pescoço e, dali, para os ombros, puxando as alças de seu baby doll para baixo.


             Lílian apertou seus ombros, enquanto as mãos dele apertavam sua cintura e acariciavam suas costas. Lílian tinha certeza que aquilo deixaria marcas.


             Mas, no momento, ela não estava preocupada.


 ***


             Sírius estava começando a se incomodar com a insistência de Bella em dizer que um dos Marotos estava traindo-o. Não que ela estivesse nem remotamente perto de convencê-lo. Mas ela estava gastando com essa brincadeira de espiã um tempo que seria muito melhor empregado com... Ele.


             Bella estava sentada no gramado, na frente do lago, pensando nas possibilidades. Não apostaria em Thiago Potter. Acreditar que Thiago trairia Sírius era o mesmo que acreditar que Sírius trairia Thiago, porque eles eram parecidos demais. E Sírius trair Thiago, ela sabia, estava completamente fora de cogitação.


             Agora, Pedro e Remo, por mais que Sírius dissesse o contrário, não eram tão confiáveis assim. O que ela sabia de Remo, afinal de contas? Nada. Nada de seu passado, nada de quem eram seus pais, nada do que fizera dele a pessoa misteriosa e cheia de olheiras e hematomas que ele era hoje. 


            E Pedro. Rá! Esse era um rato! Um rato covarde, que ficava se pavoneando a sombra de pessoas mais fortes do que ele, para ser protegido. Não sabia como Sírius, que se orgulhava tanto de ser esperto, não via isso.


            Se ela tivesse que apostar em alguém, seria em um dos dois.


             Enquanto se perdia nos próprios pensamentos, viu os próprios Marotos se aproximarem pelo gramado e sentarem-se do outro lado do lago. Sírius não a viu. Certamente achou que em uma manhã de domingo, ela ainda estaria na cama, e não quebrando a cabeça, tentando descobrir quem era o espião entre eles.


             A Xerife, como Bella costumava se referir a Lílian quando ela se tornara monitora, estava com eles, de mãos dadas com Thiago Potter, e Tonks, sua pequena prima, acompanhava-os a uma pequena distância, lendo um livro.


             Bella espremeu os olhos, examinando-os com cuidado, esparramados na grama, tranqüilos, em uma rara pausa na semana entupida de estudos que haviam tido. Procurava indícios de que um deles estaria disposto a entregar os outros à morte, se lhe fosse solicitado. Um deles seria capaz? Um deles abandonaria os outros, e receberia prêmios em troca disso?


             Percebeu que sabia muito pouco de como eles eram juntos. Nunca andava com os Marotos. Sempre ficava com Sírius a sós, não compartilhava do convívio com eles. Não sentia vontade nenhuma em fazer isso. Eles eram tolos, imaturos e idiotas. E ela não tinha muita certeza se eles a receberiam bem, também.


             Achou que era uma boa hora de descobrir. Levantou-se, livrou-se da grama presa em suas vestes pretas e deu a volta no lago. Todos pararam imediatamente de falar quando a viram se aproximar. Ela percorreu cada rosto, registrando as expressões mal disfarçadas. Lílian estava intrigada. Thiago, divertido. Pedro, assustado. Sírius, surpreso. E Remo com os olhos estreitos e visivelmente contrariado.


             Sentou-se, ao lado de Sírius, sem ser convidada, e sorriu para eles. Somente Sírius sorriu de volta e Thiago riu.


             _Bom dia, amor. _ela curvou-se e beijou o namorado. E depois disso caíram em um silêncio palpável que durou vários e longos segundos.


             Então, Remo se levantou. _Com licença, sim?


             _Ei! _Bella exclamou _Isso só por que eu cheguei? Sou uma presença tão constrangedora assim? Qual é o problema? Qualquer um de vocês sabe que sou namorada do Sírius Black, cedo ou tarde vão ter que me aceitar com vocês, não é mesmo?


             Remo que já avançava alguns passos para longe do grupo, voltou-se furioso. Thiago e Sírius sabiam que a aproximação da Lua Cheia o deixava mais irritadiço e pularam do chão prontos para segura-los, caso Bella dissesse alguma coisa que a fizesse merecer uma azaração.


             _Você ia vender sua prima! _ele sibilou com raiva _Uma menina, com pouco mais de onze anos de idade! Você ia entrega-la a eles, como se ela fosse uma mercadoria, sem nem saber o que eles estavam tramando para ela! Como você espera que eu aceite isso.


             Bella levantou-se, também. Aquela fúria autêntica, aquilo que o cegava por um momento, era isso que ela fora buscar ali? Uma demonstração de lealdade? Uma indignação diante de um ato como o dela, de trair deliberadamente alguém.


             Remo tinha uma fúria tão óbvia, tão explícita, que se tornou imediatamente claro para ela: ele não faria isso.


             Não trairia as pessoas que conviveram com ele durante sete anos. As pessoas que o chamavam de família.


             E isso a levava a Pedro.


             Ela girou o rosto, procurando o único que não tinha pulado do chão para segurar o amigo. Pedro, com seus olhinhos de conta, encaravam a cena com uma expressão interessada e curiosa. Não com medo de que o amigo atacasse alguém e acabasse em detenção. Não com medo de que Sírius se zangasse com ele por tentar atacar sua namorada e isso acabasse com a amizade deles. Somente atenta. Como se esperasse algo importante dali.


             Bella estreitou os olhos novamente. Olhou ao redor. Todas as atenções estavam sobre ela. Como eles não viam, Merlin? Como eles não viam o rosto do garoto a frente deles repleto de algo que não era preocupação.


             Então, lhe ocorreu que talvez ele quisesse uma briga. Talvez ele esperasse que uma briga de Remo e Sírius afastasse Bella. Ou que ela se afastasse com a rejeição deles. E isso seria favorável, porque um espião não ia querer contato com uma pessoa que já fora tão próxima dos comensais.


             Ali. Ali estava o que ela tinha ido procurar.


             _Você é namorada de Sírius. Ótimo. Aceito isso. Mas não espere que isso traga de brinde minha confiança em você, porque não vai trazer. _Remo continuou, mais frio e mais calmo agora _Porque, para mim, você vai ser sempre a pessoa que tentou enganar uma garota inocente, que não tem a mínima noção de perigo.


             Bella ergueu uma sobrancelha. _Tanto faz. _ela respondeu, desinteressada, e saiu caminhando pelo gramado. Já estava extremamente contente com o resultado de sua aproximação, não fora ali buscando a aprovação de ninguém.


             Todos ficaram observando-a se afastar tão chocados quanto quando ela se aproximara. _O que foi isso? _Lílian perguntou, finalmente.


             _Eu posso perdoá-la. _uma voz murmurou, calmamente, atrás deles.


             Remo virou-se. Tonks largara o livro e levantava-se tranquila.


             _Vê? _Remo deu uma risada irônica _Mínima noção do perigo.


             _As pessoas podem mudar, Remo. Todo mundo merece uma nova chance, um voto de confiança. Porque, por amor, as pessoas podem mudar. _Remo revirou os olhos _E eu tenho, sim, noção de perigo. Por outro lado, eu acho que vale a pena enfrentar alguns perigos, pelos motivos certos.


             _Pelo amor de Merlin, Tonks! _Remo exclamou exasperado, esquecendo-se que estavam em público, com Sírius a centímetros deles e com Bella ainda perto o bastante para ouvir _Você queria me ver na semana de lua cheia. Que noção de perigo é essa?


             _Durante o dia. _ela cruzou os braços, teimosa _Qual o problema de ver você durante o dia?


             _Você acabou de ver como eu fico agressivo perto da lua cheia. Quer mesmo descobrir como eu fico quando a lua cheia chega?


             Ela ergueu uma sobrancelha. _É o perigo que vale a pena enfrentar pelo motivo certo.


             E saiu caminhando pelo gramado.


             Remo sacudiu a cabeça, inconformado, e virou-se, finalmente, para o público ao seu redor.


             _Ela queria ver você? _Pedro perguntou, curioso _Na semana de lua cheia?


             Remo revirou os olhos. _Ela acha que eu podia precisar de companhia. _e então virou-se. _Vamos, fim de pausa. Temos que estudar contra-feitiços hoje.


            Pedro fechou a cara. _Por que vocês estão estudando tanto?


             Thiago mordeu os lábios. Se sentia o mais vil, o mais traidor por estar fazendo isso. _Dumbledore disse que nossas notas não estão boas o bastante para conseguirmos entrar na escola de aurores. _era uma mentira. As notas dos três eram mais do que o suficiente para isso. Mas Pedro não ia querer se enfornar na biblioteca a menos que fosse obrigado. E ele não queria a carreira de auror, como os outros três. Queria trabalhar com venda de artefatos mágicos. Suas notas davam para isso.


            _Ah. _ele fez, e se esticou no sol _Bom estudo, então. Vou me divertir o bastante por todos nós.


             Thiago olhou uma última vez, condoído, para seu rosto satisfeito, enquanto ajudava Lílian a se levantar.


             Ele era o pior amigo do mundo.


 ***


             Depois de exaustivos estudos teóricos, Dumbledore achou que eles já estavam aptos a começar um treinamento prático. Thiago e Sírius apertaram as varinhas entre os dedos e chegaram a vibrar de excitação. Mas Dumbledore achou que eles mereciam uma semana de folga, que ele próprio aproveitaria muito bem, procurando um lugar onde eles pudessem treinar tranqüilos e seguros.


             Remo não comentou. Mas achou que o olhar do diretor lampejara em sua direção e que essa semana de folga também levava em consideração o fato de que um de seus alunos estaria impossibilitado de treinar. Ficou intimamente grato por isso.


             Sírius aproveitou seu fim de domingo livre para ir procurar Bella. Mandou-lhe uma mensagem pelo caderno comunicador e foi para a sala precisa. Ela já estava lá quando ele entrou e a sala já assumira o costumeiro papel de quarto, com uma cama de dossel e garrafas de vinho.


             _E então, alguma coisa que queira me explicar? _ele perguntou, se livrando da capa e puxando a camisa pela cabeça, ficando só com a calça do uniforme. Bella não se abalou.


             _Poções? _ela arqueou as sobrancelhas _Transfiguração? Achei que já estivesse estudando bastante para eu precisar explicar alguma coisa.


             _Eu me refiro àquilo que você fez de manhã. _ele subiu na cama, ao seu lado _Isso é seu coração amolecendo? Uma tentativa de virar uma de nós?


             Bella revirou os olhos. _É claro que não quero ser uma de vocês.


             Sírius sorriu, daquela maneira cretina e superior que a irritava. _Você está tentando se aproximar deles, sim. Para fazer ainda mais parte da minha vida.


             Bella riu. _Está brincando? Você acha mesmo que é por isso?


             _Não precisa ficar constrangida. _Sírius deu de ombros _Remo vai relutar um pouco no início, por tudo que aconteceu com a Tonks, mas ele vai ter que aceitar. Porque eu vou passar o resto do meu futuro _ele enfiou a mão no bolso da calça e tirou uma caixinha preta _com você.


              Bella ficou estática por um momento, a boca e os olhos abertos. Então, piscou duas vezes, bobamente, olhando da caixa para ele.


             _Você... Você está me propondo casamento?


            _É uma aliança de compromisso. _ele respondeu com simplicidade, abrindo a caixa e exibindo um par de alianças de prata, gravadas em ouro, na parte interna, com um S e um B _Não somos mais crianças, Bella. Nós dois já sabemos muito bem o que queremos. E ver você indo até os Marotos daquela forma me fez ver que você quer realmente fazer parte da minha vida, tanto quanto eu quero fazer parte da sua. Eles vão ter que aceitar, Bells, porque não vai ser no dia seguinte ao da formatura, claro. Mas, um dia, eu quero que você seja minha mulher.


             Bella continuou com a mesma expressão idiota. _Você? _ela perguntou incrédula _Você, Sírius Black, o cretino, galinha, coração de pedra, Sírius Black, quer assumir um compromisso comigo?


             _Bom, eu vou interpretar isso como um choque, e vou desconsiderar todas essas ofensas gratuitas. _ele puxou a mão dela _No lugar disso, vou fazer de conta que você disse que me ama, e que aceita. _e colocou o anel menor em seu dedo.


             Bella continuava sem saber o que dizer. Sentia-se uma víbora, traiçoeira e imunda. Nem passara pela sua cabeça se aproximar dos Marotos, nem por Sírius nem por nada. A aproximação foi, unicamente, uma desculpa para acusar um deles de traição.


             E ali estava ele, acreditando fielmente em suas boas intenções.


             Não podia aceitar. Não se ele estivesse fazendo tudo aquilo pelos motivos errados. Por acreditar que ela buscava aceitação dos amigos deles.


             Por alguns instantes, ela cogitou a possibilidade de contar-lhe a verdade. De admitir o estratagema que usara para saber qual de seus amigos tinha mais potencial para traí-lo.


             Mas ele estava bem a sua frente, ainda segurando a mão na qual colocara a aliança. Ela sentia o aro frio em seu dedo e o coração quente, derretendo, todo em pedaços.


             Ela não podia fazer isso. Não podia contar. Porque sabia que, se contasse, ele lhe tiraria aquele pequeno aro de prata que já a aquecia e a deixaria. Sabia que ele se voltaria contra ela, que ele a acusaria, que ele mudaria de ideia.


             E ela não queria que ele mudasse de ideia.


             Repentinamente, ela atirou seus braços em volta de seu pescoço e enterrou a cabeça em seus ombros. _Você confia em mim? _ela perguntou, com uma voz chorosa, de cortar o coração.


             _Bella... _Sírius perguntou sem entender, passando a mão em seu cabelo _O que foi?


             _Você pode prometer, Sírius? Que não vai me deixar? _ela o apertou com mais força _Se eu fizer alguma coisa que o deixe triste, Sírius, mesmo que para seu bem, você pode me perdoar? Porque eu amo você. Você vai lembrar disso? Que eu amo você mais do que tudo?


             Sírius se afastou e segurou seu rosto com as duas mãos. _O que você está planejando aprontar, Belatriz?


             Bella fungou, fingindo-se de ofendida. _Eu só preciso que você prometa. São nossos votos de compromisso.


             Sírius deu o sorriso sacana, sua marca registrada e exclusiva de maroto. _Não precisamos de votos. _ele beijou a base de seu pescoço e passou a mão pela barra de sua blusa _Nós temos ligações bem mais fortes do que isso.


             Bella fechou os olhos e inclinou o pescoço. Suas mãos apertaram seu abdômen firme, puxando-o para mais perto.


             _Mais forte. _ela murmurou em seu ouvido _Mais longa.


 ***


             Em uma sala de aula alguns andares abaixo, um grupo pequeno de seleto de alunos se reunia sem o conhecimento da escola. Nenhum professor que passasse por ali, naquele momento, poderia dizer que eles estavam fazendo algo errado. Tudo que eles faziam, naquele momento, era discutir acaloradamente sobre algo.


             O motivo da discussão? Ah, isso sim, poderia incriminá-los.


             _Nunca estivemos tão longe. _Lucius, uma expressão fechada, deu um batida no tampo da mesa _Nunca. Perdemos a metamorfomaga, perdemos Belatriz, e não estamos nem perto de descobrir como faze-lo entrar na escola.


             Uma figura no fundo da sala se mexeu desconfortável.


             _Não sei onde Bella entra na história. _Rodolfo resmungou, mal humorado.


             Lúcius deu de ombros. _O Lorde viu algo nela que não viu em mais nenhum de nós. Ele a quer de volta. Diz que não importa como vamos fazer isso, mas a quer de volta. _Rodolfo bufou _E ele diz que já que fizemos a grande imbecilidade de perder Belatriz Black, _ele fez um sinal de aspas com a mão _palavras dele, não minhas, então temos que conseguir a aluna metamorfomaga também.


             _Bom, isso é problema do Régulos. _Rodolfo retrucou de maus modos _Do mesmo jeito que Bella é tia dela, Régulos é primo.


             _Ah, claro. _Régulos respondeu com ironia _Porque ela vai mesmo cair no mesmo truque duas vezes.


            _Se vira, _Rodolfo retrucou _você não é quadrado.


             _Eu acho que... _uma vozinha fininha e fraca se ergueu do fundo da sala _Acho que sei uma forma de atraí-la para fora. _Todos olharam curiosos para ele, os olhos estreitos e desconfiados, como se ele não fosse uma presença 100% aceita ali _Sei de uma pessoa com quem ela iria se encontrar, se essa pessoa pedisse. A noite, fora do castelo.


             Rodolfo ergueu uma sobrancelha. _E isso nos ajuda em... ? Se ela não pode sair da propriedade, não nos serve de nada.


             Pedro respirou fundo, mantendo sua mente longe da saída do salgueiro lutador. Se eles lessem isso em sua mente, poderiam entrar na escola, e então, tudo estaria perdido. Ele não podia entregar a escola dessa forma, porque os Marotos saberiam que só poderia ter sido um deles. Dumbledore saberia que teria sido um deles. E ele não queria enfrentar nem a fúria dos Marotos, nem a de Dumbledore. Tinha que ser muito esperto para ganhar a confiança deles, sem entregar todo ouro que tinha. Não podia se arriscar a perder tudo que tinha do outro lado.


              Sábado tem visita a Hogsmeade _ele respondeu sucintamente _Eu consigo atraí-la para fora. Não sei o que vocês podem fazer com isso, depois. Mas podem dar um jeito de escondê-la na floresta durante a noite, e leva-la para o povoado no sábado.


              Lúcius estreitou os olhos, examinando-o. _Faça isso. _ele sibilou _Estaremos na orla da floresta, esperando. Mas se for algum truque seu, eu juro que você é um rato covarde morto.


             Pedro engoliu em seco.


             Todos desviaram suas atenções dele. Somente um rosto continuou a mirá-lo. Severo Snape, que sempre pensara que os Marotos eram uma ligação que ninguém nem nada iria destruir. E, no entanto, lá estava um deles, querendo vender os demais, a troco de proteção, morrendo de medo do que poderia acontecer se não cedesse a eles.


             E ele sempre achara que ser um Maroto era ser metido a valente e a leal.


             Riu, deliciado.


             Os Marotos não passavam de uma instituição falida.


 ***


             A semana passou velozmente para uma grande maioria de alunos de Hogwarts. Agora que as provas finais se aproximavam, todos eles achavam que os dias voavam rápido demais, e que não tinham tempo o bastante para estudar. Todos eles se arrependiam de não ter estudado mais antes.


             Somente Pedro não estava querendo retardar o tempo para poder estudar mais. Queria poder fazer isso, para adiar o que precisava fazer.


             Quando a quinta-feira chegou, no entanto, ele soube que não podia escapar. Se Tonks não estivesse na orla da floresta, no fim da tarde de sexta feira, ele estaria perdido.


             E foi por isso que, na sexta feira pela manhã, Tonks recebeu uma carta com uma letra que ela conhecia.


             Pedro passara tempo demais copiando a lição de Remo para não ter aprendido a copiar sua caligrafia.


             Quando a coruja soltou o pergaminho ao lado de seu prato de cereais, Tonks achou que estivesse vendo coisas. Pegou o envelope e olhou atrás, para confirmar o que já suspeitava, pela letra em que estava escrito o nome do destinatário.


             Sim. Era de Remo Lupin.


             Com uma alegria desmedida explodindo no peito, ela pegou o envelope e levantou-se, deixando todo seu café para trás e livrando-se do risco de que Sírius, enxerido, visse a carta e quisesse lê-la.


             Subiu as escadas rasgando a parte de cima do envelope e retirando um pergaminho de dentro.


            Remo era mais doce e mais receptivo do que jamais tinha sido antes.


             “Tonks,
            Passei a semana toda me sentindo culpado pelo modo como a tratei. Não quero que você pense que não desejo sua companhia ou que não a aprecio, porque só Merlin sabe como queria estar ao seu lado, ao invés de ter a companhia de qualquer outra pessoa do mundo. Tudo o que fiz, tentar afastar você, me afastar... Tudo isso foi pensando em seu bem estar. No perigo que você correria ao meu lado, nas coisas que eu poderia fazer.
            Mas, passar mais esta semana longe de você, foi demais para mim. Foi o que faltava para me despertar para o fato de que eu preciso de sua companhia. É desesperador, eu preciso ver você!
            Não posso ainda voltar ao convívio da escola. Hoje a lua cheia começa a minguar e eu já não me transformo, mas Dumbledore teme que eu ainda esteja violento. Mas não há mais perigo, Tonks, eu garanto.
            Por favor, venha me ver. Na orla da floresta proibida. Mas não falte em suas aulas, venha somente no fim da tarde. E, por favor, não conte a ninguém. Não acho que Sírius iria gostar de saber como eu me sinto a seu respeito. 


            Com amor,


            Remo Lupin” 


            Tonks nunca sentira nada parecido na vida. Sua pressão subiu, seu batimento cardíaco acelerou, seu coração se aqueceu. E tudo que ela conseguia pensar era que Remo queria vê-la. Que ele precisava de sua presença.


             Um sorriso deslumbrado se abriu em seu rosto, enquanto ela lia a carta mais uma vez e apertava contra o peito.


            Estava extasiada demais para pensar em coisas lógicas, como na tabela lunar. E no fato de que não fazia ainda uma semana desde que começara a lua cheia, então Remo se transformava, sim.


 ***


             Pedro via a noite se aproximar rapidamente, sentado em uma poltrona ao lado da janela, na torre da grifinória. Forçava-se a pensar que daria tudo certo. Não tinha motivos para dar alguma coisa errado. 


            Remo ainda se transformaria naquela noite, então estava fora do caminho. E Thiago e Sírius já haviam dito que não encontrariam com ele essa semana, sob a forma de animagos. Iriam estudar todas as noites, sob o comando férreo de Lílian e Dumbledore, que dissera que lhes daria uma trégua do treinamento, mas que claramente resolvera controlar, também, seus estudos para os NIENs.


             E eles, tão iludidos, achando que iam descansar a semana inteira.


             Então, eles estariam fora do caminho também.


             O que poderia dar errado?


             E foi quando concluiu a perguntar, mentalmente, que recebeu a resposta.


             Thiago e Sírius entrando pelo buraco do retrato, fazendo tanto barulho quanto sempre faziam.


             _E aí, adivinha só? _Sírius se jogou ao seu lado e Thiago sentou-se no braço do sofá, com os pés no estofado.


             Pedro não respondeu. Forçou um sorrisinho.


             _Fugimos. _Thiago respondeu _Se apronta, vamos ver o Aluado! _e, levantando-se, empurrou seu braço, para que ele saísse do sofá.


             Pedro ficou cor de giz.


             _Algum problema aí, Rabicho? _Sírius, que já seguia Thiago, virou-se para perguntar.


             _Não. _Pedro respondeu e levantou-se, relutante _Nada errado.


             E seguiu-os, pensando que, definitivamente, era melhor não ter perguntado.


 ***


             Quando a noite começou a cair, Tonks checou uma última vez seu reflexo no espelho. Pensou em mudar alguma coisa. Talvez ele gostasse mais de seu cabelo loiro, ou mais comprido.


             Mas no fim, decidiu ir como era. Já estava bem cansada de mentiras, afinal.


             Desceu os sete andares rapidamente, com medo de encontrar alguém pelo caminho. Não tinha certeza se podia sair do castelo àquela hora, mas não pretendia procurar ninguém para perguntar.


             A noite estava agradável, o que indicava a aproximação rápida da primavera, mas os pássaros voavam baixo e um cheiro de chuva podia ser sentido no ar. Das montanhas, já era possível ouvir trovões. Tonks pulou os últimos degraus e parou no gramado. Floresta Proibida. Ele tinha dito Floresta Proibida.


             Isso lhe causava um mau pressentimento, não ouvira boas coisas do lugar. Mas Remo nunca a colocaria em perigo. Se ele dizia que ela podia ir, ela iria.


             Sempre.


             Um vento bem mais frio soprava por entre os galhos das árvores que já se aproximavam. Tonks torceu as mãos, nervosa. Ele ainda não estava lá. Já começava a ficar escuro, e ela não queria ficar ali sozinha.


             Parou na orla da floresta e virou-se para o castelo, para olhar em volta. Já não podia enxergar muita coisa da propriedade. Já estava escuro demais.


             Estranhou não ver nenhuma luminosidade vindo do céu, e ergueu o rosto, para procurar a lua.


             Ela estava encoberta por nuvens negras e pesadas, o que explicava a escuridão repentina e total. Mas enquanto seu rosto estava voltado para o céu, uma lufada de vento empurrou as nuvens que cobriam a lua e ela apareceu, soberana, vertendo raios de luz prateada sobre o gramado.


             Seu sorriso sumiu, e seus olhos se arregalaram em um choque mudo. A Lua ainda estava totalmente cheia, e não começando a minguar.


             Então, somente então, ela percebeu que alguma coisa estava errada.


             E, nesse exato momento, enquanto seu cérebro processava a informação de que tinha sido enganada, um braço forte a envolveu pela cintura e uma mão cobriu sua boca. Ela ergueu as duas mãos, tentando puxar o braço que a segurava. Tentou gritar, mas o som abafado não se propagou. Se debateu, e o braço puxou-a com mais força, fazendo seus pés saírem do chão.


             E a única coisa que ela conseguia pensar era em como podia ser tão burra.


 *** 


            _Mas qual é o seu problema? _Sírius se irritou com um Pedro que não parava de se retorcer sob a capa da invisibilidade. Já era bem difícil ele se esconder embaixo dela com todo o tamanho que ele tinha. Pedro não estava facilitando nada, se agitando como se quisesse escapar do cadafalso.


             _Nenhum. Problema nenhum. _Pedro resmungou, apertando os olhos contra a escuridão. Com um pouco de sorte, eles já teriam terminado o que tinham que fazer e sumido dali. Não havia motivos para acreditar que tudo não daria certo. A noite estava até um breu. Era impossível enxergar, de onde estavam, a orla da floresta proibida.


             Quando se aproximaram do salgueiro, Pedro mais do que rapidamente se transformou para desativar o tronco. Não queria nem pensar no que aconteceria se ele liberasse Remo e algum deles ainda estivesse por ali. Tudo o que queria, naquele momento, era desaparecer entre os talos esverdeados da grama, com a imagem de um ratinho gorducho.


             Thiago, no entanto, não estava prestando atenção no que Pedro estava fazendo. Seu olhar vagara para algumas árvores bem a mais frente, e ele achou que tinha visto uma movimentação.


             _Pedro, espera... _ele murmurou, apertando os olhos, tentando ver melhor.


             Potter. Maldito Thiago Potter, melhor apanhador que hogwarts já vira em muitos anos. Ele tinha que enxergar tão bem?


             Fingiu não ter ouvido. Estava perdido. Não podia dar a Thiago e Sírius a chance de que fossem até lá e descobrissem o que estava acontecendo. Lúcius e Rodolfo iam achar que era uma emboscada!


             Tinha esperanças de que, se liberasse Remo, conseguiria distrair Thiago. E que, dessa forma, Lúcius e Rodolfo tivessem tempo para fugir.


             Correu o mais velozmente que pôde para a base da árvore.


             _Rabicho! _Thiago gritou mais alerta _Não! Volta! Tem alunos ali!


             Mas Pedro não deu atenção. Avançou e apertou o nó na base do tronco, que fez seus galhos se paralisarem. Thiago se retesou.


             _Vai. _Sírius falou, se preparando para se transformar _Avisa eles.


             Thiago ouviu o rugido alto se aproximando pelo túnel. Fez que sim com a cabeça, virou-se e saiu correndo na direção oposta. Tinha que ser rápido. Tinha que tira-los dali muito rápido. Porque se Remo sentisse o cheiro de humanos... Ele nem queria imaginar.


             Correu o mais rápido que suas pernas permitiam. Ouviu o barulho de mandíbulas batendo, atrás de si. Sabia que era Sírius se digladiando com Remo. Ele já saíra. E para estar bravo assim, brigando com Sírius, devia ter sentido o cheiro.


             _Corram! _Thiago gritou, antes de conseguir alcança-los _Aranhas gigantes vindo aí! Centauros furiosos atrás! Corram!


             Mas, quando chegou perto o bastante do grupo reunido ali, parou imediatamente, com uma expressão de choque horrorizado e fúria.


             Duas pessoas altas e fortes vestiam uma longa túnica negra, com capuz e uma máscara branca cobrindo seus rostos. Nos braços de uma delas, uma menina se debatia. Com um horror ainda maior, Thiago reconheceu Tonks.


             Sem hesitar, enquanto os seqüestradores ainda estavam confusos demais por terem sido surpreendidos, ele sacou a varinha e lançou um feitiço estuporador em um deles.


             Mas Tonks se debatia tanto que acabou acertando um chute no agressor que ele mirava, fazendo-o abaixar no exato minuto.


             O agressor que Thiago tentara acertar sacou a varinha e revidou, enquanto o outro continuava segurando firmemente a menina. Thiago pulou para trás de uma árvore e o feitiço explodiu seus galhos mais baixos.


             Ainda ouvia os rosnados graves de Sírius e o rugido furioso de Remo, enquanto seus dentes e garras se batiam, cortando, rasgando, dilacerando, cada vez mais perto.


             Thiago não sabia o que fazer. Não podia se transformar, para ajudar Sírius, porque se fizesse isso, eles levariam Tonks. Mas se Sírius não conseguisse controlar Remo sozinho, todos eles estariam mortos.


             Pulou para frente da árvore novamente, disposto a duelar.


             Tinha esperanças de que ele conseguisse segurar aqueles dois e de que Sírius conseguisse segurar Remo, pelo menos por algum tempo, até Rabicho voltar com ajuda.


             Porque com certeza Rabicho, que não estava em parte alguma, tinha ido buscar ajuda. Aonde mais ele teria ido?






Nas:
Jack, um dia com atraso. Mas soh um :P rsrsrsrsrs Hsuhaushauhsuhasa Jack, se eu parar de comer eu perco as calças!! hushauhsuahsuauhsauhsa Sério, d verdd, eu jah to saindo de algumas das minhas calças sem abrir o botão O.o Preocupante, preocupante... rsrsrsrs Tcharam, o dia seguinte!! Com luzes e com o sol e td mais :P Opaaa, música da garrafa, sucesso nacional, com as crianças xatas de td o país, melhor q a do elefantinho :P rsrsrs Seriooooo? Ql delas? E tirou uma nota aproveitável?? :D rsrsrs Oh, o cap eh grande, vai.... Naum eh akelas coisas q se diga, nouza q bonito tah o cap, mas tem aventura >D rsrsrs Ooooh, naum demorou tanto assim, naum pode me abandonar!!!!! rsrsrs Me fala o q achou ^^ Bjooo!!!

Vanessa, neeeem me fale, final de semestre eh triste msm, t entendo. Mas e aí, terminou com azul em td, td fechadinho e bonitinho? :) rsrsrs Siim, eles entraram novinhos na ordem... Soh falta saber como o sem vergonha do rabicho vai entrar na ordem, covarde desse jeito, neh? rsrsrs Me fala o q achou, tah? Bjoooo

Lari, Ô dó da Tonks neh? Se apega a qlqr coisa q indique que o Remo gosta dela.... "/ Vamos ver o q ele vai achar qnd descobrir que usaram o nome dele para tentar fazer mal a ela hehehehe ;) rsrsrs Soh o Dumbledore para por eles na linha e fazer os Marotos estudarem, neh? rsrsrs Brigadaaa :D Ficou moh feliz :D :D Me fala o q achou desse tb ^^ Bjooo!!!!

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