Roud II - Nocaute!



Cap. 25_


            Lílian não estava prestando atenção total no que Dumbledore estava dizendo, ainda que aquilo fosse de extrema importância. Aubrey, já completamente normal, graças a um contra feitiço muito eficiente do diretor, estava sentado molemente em uma cadeira.


            Ele não lembrava de absolutamente nada.


             Bella, que havia sido chamada para explicar o que tinha visto, estava parada, perto da porta, mordendo de modo nervoso no lábio inferior.


            O feitiço que Dumbledore desfizera, de acordo com ele, não era um Imperius, era somente um feitiço de confusão e de alteração de memória muito potente. Não importava o que Bella poderia dizer a respeito de que tinha alguém espionando Sírius Black, não era Aubrey.


           Ele não estava sendo controlado, afinal.


            _Professor... _Bella chamou aflita _Eu sei que tem alguém espionando Sírius Black.... _ela carregou o sei de ênfase e de urgência _Rodolfo Lestrange sabe de todos os passos dele... Todos mesmo... E... _ela deu um passo a frente _Ele tem... Motivos para querer saber e...


             Dumbledore estava virado para a janela, passando, compenetrado, a mão pela barba espessa. Mas virou-se, interrompendo-a.


             _Srta Black, tem algo que queira me contar? _Bella parou. Os olhos azuis do diretor brilharam _Algo que queira contar ao conselho da escola sobre alguns alunos?


            Sírius virou-se para ela ansioso. Ela ficou em silêncio por alguns segundos, os olhos negros impassíveis e calmos.


            _Não. _ela respondeu resoluta.


             Sírius deu um sorriso desanimado. Tudo bem, ela não estava pronta para isso ainda. Um passo de cada vez. Mas ela estava ali, certo? Estava ali por ele, não é mesmo? Isso já era um começo.


             Dumbledore virou-se novamente para a janela, sem demonstrar embaraço com a resposta. _Sr Black, Srta Black, queiram, por favor, acompanhar o Sr Bertran a enfermaria, sim? Digam a Madame Pomfrey que eu acredito que um ou dois dias regados a chocolate, como o bom Merlin sabe, só ela pode providenciar, resolveriam o problema dele.


             _Sim, senhor. _Sírius respondeu contrafeito, mas Lílian viu o lábio de Aubrey tremer, enquanto ele certamente pensava que a última coisa que precisava era sair dando voltinhas com Sírius Black pelo castelo.


             Quando a porta bateu, após o trio sair, Dumbledore virou-se novamente para Lílian.


             _Lílian, _Lílian já aprendera ao decorrer dos anos que quando o diretor usava seu primeiro nome é porque se tratava de um assunto de ordem pessoal e estritamente particular, não tendo absolutamente ligação com suas tarefas de monitora ou de estudando _pedi para que os três saíssem porque não quero que a Srta Black ou o Sr Bertran tenham algum envolvimento nisso. Esperava realmente que isso não fosse necessário, não pretendia envolver os alunos deste castelo nisso. _ele deu um suspiro cansado _Mas receio que alguns de vocês já estejam demasiadamente envolvidos. _ele sentou-se a sua frente e tirou os óculos _Existe muita coisa que a srta Black não quer nos revelar. Ela acredita, fielmente, que Rodolfo Lestrange está espionando Sírius Black por causa de seu recente envolvimento com ele, mas não creio que isso seja verdade. Minha teoria é a de que vocês se envolveram demais com algo que não deviam e despertaram o interesse de Voldemort. Ele não está espionando apenas Sírius, mas também Thiago, Remo, Alice, Frank... E você.


            Lily franziu as sobrancelhas. _Acha que... Acha que ele quer informações nossas? Para quê?


             _Não posso afirmar com precisão o que se passa pela cabeça dele... _ele se levantou novamente e coçou a barba, pensativo _Pode ser para tentar uma aliança com vocês, ou para tirá-los do caminho. O professor Slughorn disse que vocês, especialmente você, surpreenderam muito quando o enfrentaram em Hogsmeade.


             _Professor, eu nunca... Nós nunca... _ela tentou contestar com ímpeto, mas ele a interrompeu.


             _Lílian, não duvido, nem por um segundo, da integridade de vocês. Meu medo não é de que vocês se unam ao lado das trevas. Mas talvez seja isso o que ele quer, e quando ele quer alguma coisa que não pode ter, ele simplesmente a elimina. E, por isso, eu quero propor algo a vocês. _ele curvou-se sobre a mesa. Lílian viu seus olhos brilharem novamente _Vocês são jovens, mas já provaram que estão prontos. Quero treiná-los pessoalmente. Quero prepará-los para quando a guerra chegar, porque, eu sei, vocês vão precisar. Quero convidá-los a participar da Ordem da Fênix.


             _Ordem... Ordem da Fênix? _Lílian balbuciou, confusa.


             _Preciso que você chame Thiago, Remo, Sírius, Alice e Frank aqui, o quanto antes. Explico melhor quando estiverem reunidos.


 ***


             Bella ainda mordia o lábio depois de terem deixado Aubrey na enfermaria, o que Sírius acabou fazendo sem mais delongas apenas para poder ficar a sós com Bella mais rapidamente.


             _O que foi, Bells? _ele perguntou, sem entender o motivo do nervosismo _Achei que ficaria contente. Aubrey não estava me espionando, afinal. Eles não tinham mandado ninguém me espionar.


             Bella sacudiu a cabeça. _Não, Sírius, você não está entendendo. Ele viu alguma coisa. Se eles o enfeitiçaram, é porque ele viu alguma coisa. Eles estão tramando alguma coisa.


             _Bom, podem estar... _ele deu de ombros _Mas isso não quer dizer que seja algo relacionado a nós.


             _É. _ela retrucou decidida _É, sim. Eu ouvi coisas, Sírius. Eu ouvi sobre seus hábitos, seus horários, até sobre suas escapadas da escola. Eles sabem a regularidade que vocês saem da escola. Eles estão acompanhando seus movimentos. Estão rastreando você.


             _Bella, não diga bobagens. Eles não podem saber disso. Porque ninguém sabe disso, a não ser os Marotos.


             Bella parou repentinamente e a mão de Sírius soltou-se da sua, quando ele avançou mais dois passos antes de notar. Ele virou-se intrigado e se deparou com seu rosto desconfiado e hesitante.


             _Sírius...


             _Bella, não. _Ele sabia. Sabia o que ela ia dizer, antes mesmo que ela começasse.


             _Mas, Sírius, essa é a única explicação... _ela argumento, decidida.


             _Bella, não se atreva...


             _Tem que ser um dos Marotos!


             O rosto dele se fechou. Se fosse qualquer outra garota no lugar de Bella, ela já teria se encolhido e retirado o que dissera. Mas ela era Belatriz Black, afinal de contas. Não ia sair correndo só porque o Sírius resolvia fazer cara feia. Ao contrário, ela empinou o peito, visivelmente desafiando-o a provar que ela estava errada.


             _Nunca mais acuse um dos Marotos, ok? _ele sibilou com os olhos estreitos _Nunca. Eles são meus melhores amigos e eu confio cegamente neles. Eu colocaria minha vida nas mãos deles, colocaria a mão em um jarro de ácido por eles. E eu sei _ele se aproximou dela _que é recíproco.


             Bella estreitou os olhos. Engoliu lentamente o que queria dizer, e que estava bem perto de “você é um cretino, que confia cegamente neles, mas não tem a capacidade de acreditar em mim”. Mas isso beirava a pirraça e o ciúme, e não lhe dava credibilidade. No lugar disso respirou bem fundo antes de dizer:


             _Você não pode confiar em qualquer pessoa ao seu redor em tempos como estes, Sírius.


             _Eles não são qualquer pessoa! _ele trovejou _Eles são minha família. _então, pareceu perceber que estava gritando e se afastou um passo, respirando fundo _Qual é o seu problema, afinal, Bella? Se está tão preocupada com tudo isso, porque ficou calada na sala do Dumbledore? Porque disse que não ia contar tudo o que sabia ao conselho da escola?


             Os olhos de Bella faiscaram.


             _Porque eu resolvo as coisas do meu modo.


             E saiu batendo os saltos da bota de cano alto pelo piso de pedra do corredor.


 ***


             Lílian já tinha conseguido falar com Alice, Frank, Remo e Sírius, que ela encontrara com uma expressão estarrecida, parado no meio de um corredor, e que ficara extremamente irritado quando ela tentara descobrir o porquê.


             Agora faltava Thiago Potter.


             Não se sentia exatamente temerosa. Sabia que tudo ia ficar bem. Sabia que tinha cometido um erro enorme ao acusá-lo sem provas. De novo, talvez ela devesse se lembrar.


             Mas um errinho ali, um errinho aqui... Todo mundo comete errinhos, não é mesmo?


             Ela não achava que Thiago estaria bravo. Thiago nunca ficava exatamente bravo com ela. O normal era que ela ficasse brava com ele. Então, tudo se resolveria. Ele entenderia que ela estava nervosa, se precipitara e tudo ficaria bem novamente.


             Não podia estar mais enganada.


             Percebeu isso logo que o viu no campo de quadribol, onde foi imediatamente procura-lo. Ele estava sentado em um dos bancos da arquibancada, fazendo manutenção em sua vassoura de corrida, ergueu os olhos, viu que ela se aproximava e, ao contrário do que fazia habitualmente, e que se resumia em parar o que estivesse fazendo para recebê-la com um caloroso beijo que a deixava sem ar e com tontura, ele apenas baixou os olhos novamente e voltou ao manual de polir vassouras.


             Lílian mordeu os lábios. Isso ia ser mais difícil do que pensava.


             _Hei! _ela cumprimentou animada, e sentou-se ao lado dele _Posso sentar aqui?


             _Pergunta para o Ministro da Educação Mágica. O banquinho é dele, não meu. _ele respondeu de maus modos.


             Seu ânimo e seu otimismo baixaram vertiginosamente, mas mesmo assim ela se sentou.


            _Dumbledore quer ver você. _ela falou com uma voz suave.


            _É? _ele perguntou desinteressado.


             _Descobrimos o que aconteceu com o Aubrey. _ela sorriu para ele. Somente então ele ergueu os olhos. _Foi só um mal entendido. Ele não foi... Enfeitiçado por você, afinal de contas.


             _É mesmo? _ele perguntou com visível ironia _Não me diga.


             _É... _ela se arrastou no banco para sentar mais perto dele _Desculpa, você tinha razão. Eu estava errada, não devia ter desconfiado de você. Não vou fazer isso novamente e... Tudo vai ficar bem. _ e fechou os olhos e curvou o rosto, a fim de sentir novamente seu beijo e seus braços envolvendo seu corpo. Porque ela já estava simplesmente viciada nas sensações que isso causava.


             Mas não foi isso que ela sentiu. A única coisa que sentiu foi Thiago pulando do banco para o chão.


             _Não, Lílian, não vai ficar tudo bem! _ele protestou, com uma expressão zangada, várias linhas de expressão vincando sua testa. Ela voltou a se sentar ereta, os olhos arregalados de susto e o rosto pálido _Porque eu estou cheio disso! Você acha que é só dizer que sente muito e que não vai fazer novamente, e eu vou voltar, e aceitar tudo, como se nada tivesse acontecido? Não vai ficar tudo bem! Não vai ficar tudo bem, porque assim que tiver a oportunidade, assim que outra coisa estranha acontecer no castelo, você vai desconfiar de mim novamente! Eu NÃO quero isso para mim, Lílian! Eu NÃO quero passar minha vida com alguém assim, por que alguém assim não me ama! Uma pessoa assim é insegura, neurótica e vai me estressar todos. Os Dias. Da minha vida! Então, fim da linha, Lílian. Acabou para nós.


             E saiu marchando pelos degraus da arquibancada.


             Se Lílian tivesse um espelho, naquele momento, veria a mesma expressão de bobo que vira em Sírius Black.


 ***


             Dumbledore encarava cada rosto a sua frente com um crescente interesse. Repetira ao grupo a mesma explicação que dera mais cedo a Lílian Evans, e a completara com uma breve apresentação da Ordem da Fênix. E agora aguardava a reação deles, ansiosamente.


             Mas tinha que admitir que elas estavam demorando um pouquinho para chegar.


             Não podia culpá-los. Sírius ainda estava aborrecido com Bella. Lílian, chocada com Thiago. Thiago, indignado com o fato de Lílian achar que tudo ficaria bem, só porque ela disse que ficaria. Remo estava imaginando se eles saberiam sobre a forma que os Marotos saíam da escola, isso era muito preocupante. Eles usavam passagens secretas que só eles conheciam. Se alguém de fora descobrisse, poderia entrar a qualquer momento.


             Não. Isso não ia acontecer. Porque eles tomavam cuidado. Usavam a capa. Saíam sob a forma de animagos. Somente eles poderiam falar algo sobre isso. E Remo também confiaria a vida aos Marotos.


             E Frank ficava apenas repetindo embasbacado: “Mesmo? Hagrid é dessa associação secreta?”, “Mesmo? McGonagal é dessa associação secreta? Não imagino McGonagal em uma associação secreta.”. “Mesmo? Slughorn é dessa associação secreta? Ele não pareceu muito útil da última vez que o vimos em combate.”


             A única que, de alguma forma, estava concentrada, era Alice.


             _Vocês não são obrigados a fazer isso. _Dumbledore continuou, sério.


             _Eu topo. _Alice interrompeu-o. Todos se viraram para ela, intrigados com o ímpeto que ela usou para proferir a frase _Não quero que ninguém tenha que passar por isso novamente. Não quero que, um dia, meus filhos tenham que presenciar o ataque que eu presenciei.


             Isso pareceu despertar os demais para o quê, exatamente, eles estavam fazendo ali.


             _Estamos nessa. _Os olhos se Sírius também reluziram. Ele não ia deixar sair barato o fato de que aquelas pessoas quase tinham lhe roubado Bella.


           _Definitivamente. _Thiago apertou os braços da cadeira, com força. Ainda não tinha deixado passar o dia que eles tentaram mata-la. Não interessava que já tinha entendido que eles não poderiam ficar juntos e que ela nunca confiaria nele, o fato de que eles haviam pensado em matar a garota mais incrível que ele conhecia, era imperdoável. Não importava que ele não a teria, ela estar segura e bem era o que lhe parecia mais vital garantir, nem que para isso precisasse passar por cima de um dezena de Voldemorts.


             Podia se somar a isso o fato de que eles haviam tentando alistar Remo e já podiam incluí-lo na lista de inimigos mortais de Voldemort.


             Remo também tinha excelentes motivos para querer estar preparado para uma outra batalha contra os bruxos das trevas. E Lily já havia declarado vezes anteriores que estava disposta a lutar contra o mal, ao lado do diretor. Estava disposta a lutar pelo que achava certo, ao lado de pessoas que, ela sabia, valiam a pena.


             Repentinamente, todos começaram a falar ao mesmo tempo, discutindo o que fariam com bruxos das trevas se tivessem a oportunidade. Sírius e Thiago já contavam vantagem antes de a terem.


             _Bom, precisamos combinar com o Pedro. Ele vai precisar mais da nossa ajuda, já que... _Thiago começou, mas Dumbledore interrompeu-o.


             _Infelizmente, eu vou pedir que a conversa que tivemos aqui não seja transmitida a outras pessoas.


             Todos pararam de falar e encararam o diretor com os olhos bem abertos e chocados.


             _Como assim? Pedro não vai poder participar? _Sírius perguntou, sem entender _Por que Pedro não vai participar?


             _Receio, Sírius, que o Sr Pettigrew não esteja no nível necessário para o treinamento que eu planejo para vocês.


             _Mas nós podemos ajudá-lo. _Thiago protestou _Ele tem dificuldades para aprender, mas... Esse é o papel da escola. _ele franziu a testa _Que tipo de diretor é o senhor, que está excluindo alunos por suas dificuldades?


             _Thiago! _Lílian exclamou.


             _Bom, então, eu acho que devíamos chamar a Bella, também. _Sírius emendou rapidamente _Ela vai precisar saber se defender, já que...


             _Basta! _Dumbledore cortou-os, antes que mais alguém quisesse acrescentar convidados em sua lista restrita. Só porque Remo já estava pensando em Tonks. _Aqui estão reunidos os alunos que têm mais potencial, fibra, caráter e minha total confiança. O treinamento que vou propor a vocês não tem nenhuma relação com a escola, é totalmente por minha conta.


             _Bom, nós não temos segredos entre os Marotos. _Thiago empinou o peito _Se o Pedro não entra, eu também não entro.


             _Isto não é uma votação, Thiago. _Dumbledore foi severo _Se não quer ficar, pode se retirar, vocês não são obrigados a passar por isso, é apenas uma proposta. Não vai ser um treinamento fácil e eu deixo claro que vocês podem abandoná-lo quando não acharem que agüentam mais. Mas, eu posso garantir, _ele baixou a voz e seus olhos brilharam _eu lhes ensinarei magias de ataque e defesa que bruxos mais velhos e mais experientes jamais pensariam em praticar.


             Thiago piscou duas vezes. E então bagunçou o cabelo. _É, acho que eu vou ficar, afinal.


             Sírius riu.


 ***


             Dumbledore não demorou a mostrar o que ele queria dizer com treinamento pesado. Se não fosse a promessa de todos aqueles feitiços de ataque e defesa que o diretor prometera, Sírius e Thiago já teriam pulado fora antes do fim da primeira semana.


             O fato é que Dumbledore era a favor de que antes de ter treinamento prático, eles precisavam de treinamento teórico.


            Some isso ao fato de que eles estavam em anos de NIEMs e o resultado são horas e horas enterrados entre livros na biblioteca.


             Não que Thiago ou Sírius se importassem com seus deveres de NIEMs. Mas Dumbledore era um pouquinho mais exigente do que os demais professores. Ele levava aquilo tudo a sério, e um passo fora da linha e eles estariam fora do treinamento também.


             E era por isso que eles estavam enfiados ali, com os narizes nos livros, em um sábados, depois de semanas de estudos e mais estudos. Eles não agüentavam mais.


             Nem Lílian.


            Lílian Evans não agüentava mais.


             Não que ela tivesse algo contra os livros, ou contra a biblioteca, ou contra o sábado que ela estava perdendo lá fora.


            Mas ela não agüentava mais aquela proximidade distante de Thiago Potter.


             Ela estava ficando enlouquecida.


             Eram horas fechada com ele em um ambiente silencioso. Horas sentada na cadeira ao lado dele, vendo-o apoiar a cabeça na mão, cansado. Horas aspirando o cheiro que ele emanava, um misto da colônia que ele ganhara da avó dele no Natal passado, de grama, do tempo que ele passava jogando quadribol, e de sabonete. Horas ouvindo o barulho da sua respiração distraída, do seu riso despreocupado. Horas olhando-o bagunçar o cabeço só para se distrair.


             Ela estava perdendo o controle.


             Aquelas coisas nunca aconteciam com ela. Não com Lílian Evans. Qualquer garota da escola podia ficar ensandecida por causa de um garoto, mas não Lílian Evans. E por isso ela se forçava a fingir que a reviravolta no estômago e que a queda de pressão que ela sentia todas as vezes que olhava para ele era meramente... Calor.


             Porque aquela biblioteca era muito quente. Definitivamente muito quente;


             E era por isso que naquele dia ela estava tão corada e se abanando com um pedaço solto de pergaminho. Isso não tinha nada a ver, é claro, com as porcarias dos dois primeiros botões que Thiago deixara abertos por baixo da gravata frouxa e que deixavam uma bela amostra dos músculos que ele cultivara durante todos aqueles anos de quadribol.


             Não era proposital. Thiago, concentrado demais em diagramas que deveria decorar para Dumbledore até aquela tarde estava efetivamente com calor. Viera direto do treino. Estava morto de cansaço. Seu corpo ainda estava recheado de adrenalina. Sua temperatura corporal ainda não tinha baixado. Ele nem reparara que não tinha fechado direito os botões e que puxara a gravata para respirar melhor.


            Mas Lílian reparara muitíssimo bem, obrigada.


             O que estava acontecendo com ela? Para onde tinha ido aquela garota firme, concentrada que ela sempre fora? Ela tentava entender, tentava achar uma explicação para tudo aquilo, mas tudo que ela tinha na cabeça, naquele momento, era pular no colo de Thiago, derrubá-lo daquela cadeira, se envolver naqueles braços fortes e... E...


             De repente, ninguém soube explicar muito bem o que tinha acontecido, Lílian pulou de sua cadeira e bateu com o pergaminho que segurava na mesa.


             _Já chega!


             Remo, Sírius, Alice, Frank e Thiago ergueram os olhos, surpresos, sem entender. A biblioteca estava em um silêncio palpável e o único ruído que eles podiam ouvir era a respiração ofegante da monitora chefe.


             _Detenção, Potter. _ela falou, fracassando totalmente na tentativa de manter a voz calma.


             Todos se encaram, chocados. Thiago fez uma careta _Como é que é? Detenção pelo quê?


             _Você me ouviu! _ela exclamou, zangada. _Você acha que isso é jeito de se apresentar em uma biblioteca? _ela apontou com desprezo para o uniforme desalinhado do garoto _Como é que você acha que pode andar pela escola com a camisa aberta, desse jeito? É um abuso, um atentado ao puder, é... É... Exibicionismo.


             Todos ficaram mudos por alguns segundos. E então começaram a rir. _Lílian, _Alice, tentou segurar o riso. Todos ali entendiam o que estava acontecendo. _ são só dois botões.


             Todos riram mais ainda. Todos, menos Thiago e Lily.


             _Você quer me punir, porque eu não estou mais sob seu controle, só por isso. _ele retrucou, com os olhos estreitos.


             Lílian entreabriu a boca, com uma expressão ofendida _Como é? Acha que eu estou usando minha autoridade para punir você por motivos impróprios?


             _Acho. _ele se levantou também _Mas sabe o que você não está enxergando, Lily? Que você está tentando me punir por um erro que foi seu. _todos pararam de rir _Exclusivamente seu. Nós não estamos juntos hoje, por sua culpa. Mas ao invés de aceitar isso, você quer me punir, fazer com que eu esteja errado, de uma forma, ou de outra. Você quer fingir que está brava, por algo que eu fiz. Quando eu não fiz nada. Você não vai superar isso enquanto não for franca consigo mesma, Lílian. Mas, a verdade, é que você me perdeu. E não o contrário. _e, deixando todos os diagramas e pergaminhos que estivera usando em cima da mesa, saiu caminhando da biblioteca.


             Lílian ficou paralisada. Todos na mesa a encaravam sem saber o que fazer.


             Franca.


             Ele tinha razão.


             Ela não estava sendo franca. Quantas coisas ela queria ter dito no lugar daquilo? Quanto ela podia falar, quantas chances ela tinha de consertar tudo aquilo, e ao invés disso, o que saíra fora uma detenção?


             Algumas lágrimas brotaram em seus olhos e ela levou a mão à boca. Alice mordeu o lábio, aflita.


             Ela o perdera.


             Ela o perdera e não estava brava. Ela estava quebrada, partida, magoada. Porque ela o amava.


             Ela o perdera, e era culpa dela mesma.


             Ela não... Não queria aceitar isso... Thiago tinha sido feito para ela, ela sabia disso. Ele era a pessoa perfeita para ela. Era ele quem ela queria segurando sua mão em momentos difíceis, era nos braços dele que ela queria estar, comemorando momentos felizes.


             E, de repente, lhe pareceu claro que talvez ele não soubesse disso.


             Talvez ela precisasse... Mostrar.


 ***


            Remo não vira Tonks sentada, sozinha, em uma mesa próxima a porta antes de passar por ela a caminho da saída.


             _Hei! _ela cumprimentou, colocando uma das pernas sobre a cadeira e sentando-se sobre um cotovelo _Devo me considerar órfã de orientador novamente, ou em algum momento deste ano serei agraciada com sua companhia? _ela sorriu de modo inocente para ele.


             Remo fez uma careta culpada _Ah, Tonks, me desculpe. _ele puxou uma cadeira e sentou-se a sua frente _É que... Juntando os Niens... As aulas... E... Mais umas coisas que apareceram agora... Eu fiquei meio sobrecarregado.


             Tonks arqueou as sobrancelhas. _Algumas coisas? Isso tem a ver com esse grupo de estudos repentino? Vocês têm andado muito tempo juntos...


             _Tonks. _ele censurou _Conheço você. Está se mordendo de curiosidade para saber o que estamos estudando de tão diferente, não está, não?


             _Eu? Não! _ela fez uma careta ofendida. Ele ergueu uma sobrancelha, desconfiado. Ela soltou um suspiro desistente _Bom, ok... Mas não achei que nós íamos ter segredos entre nós agora... Não depois de eu descobrir sobre sua transformação e...


             _Tonks! _ele exclamou, olhando para os lados _Não fique falando disso como se fosse algo comum. _ele desviou os olhos para o tampo da mesa _Não é algo que eu me orgulhe, a ponto de sair espalhando.


             Tonks ficou em silêncio alguns segundos, o rosto inclinado. _Remo, não foi você quem escolheu isso...


             _Isso não torna a situação mais agradável, sabe? _ele deu um sorriso triste.


             _Bom, se serve de consolo, _ela retribui o sorriso ternamente _eu admiro o modo como você lida com isso. Como você não desiste e como você suporta e supera a transformação todos os meses. Todas essas coisas só fizeram com que eu o amasse mais.


             Remo encarou-a procurando qualquer indício de tristeza ou melancolia. Mas tudo que encontrou foi uma serenidade controlada, de quem aceita um fato que, já sabe, não pode vencer.


             E, no caso dela, nem quer vencer.


             _Tonks... _ele começou, como se fosse contestá-la.


             _E... _ela emendou rapidamente, tentando mudar de assunto _Semana que vem é lua cheia, certo? _Remo fez que sim, desanimado _Há alguma coisa que eu... _ela deu de ombros _Possa fazer? Companhia? _ele encarou-a incrédulo. Ela deu de ombros _Durante o dia, ao menos, ué. Qual é o problema?


             _Não quero você envolvida nessas coisas, Tonks. _ele respondeu, levantando-se _Minhas transformações são sempre muito perigosas e meu humor fica meio instável nesse período. _ele curvou-se e beijou carinhosamente sua testa _Então, mantenha-se longe de mim, e se comporte. _e saiu caminhando.


             Tonks voltou à lição, contrariada.


             Remo saia da biblioteca com o coração apertado. Por que isso tinha que acontecer com ele? Por que ele tinha que ouvir que era amado e não dizer que era recíproco?


             Quando simplesmente... Era.


 ***


            Todos seus companheiros já estavam adormecidos há muito tempo, a julgar pelos ressonados e roncos nada baixos que Thiago escutava das camas vizinhas. Mas ele ainda estava obstinadamente desperto, encarando os dosséis da própria cama.


           Ele não podia ter se apaixonada por uma pessoa normal, para variar? Uma que não fosse uma desequilibrada mental que não sabia admitir quando estava errada, nem que seu erro aparecesse nu, em público, com luzes néon.


             É, pois é, essa era Lílian Evans.


             Ele não queria abrir mão dela. Não queria ter que se afastar dela, como estava fazendo. Isso acabava com ele. Era como lutar a vida toda por algo e se dar por vencido quando se está a um passo da vitória.


             Ela era sua luta, sua glória, sua recompensa final.


             Mas estava acabando com ele da mesma forma continuar do modo como estavam.


             Lílian estava sempre alerta, atenta a seus possíveis deslizes. Ela agia como um radar para encrencas, como se fosse sua própria mãe. Aliás, nem mesmo sua mãe tentava controlar tanto o que ele fazia.


             Qual era o problema? Era ela ser monitora chefe? Porque ele não a via controlando dessa forma o que Sírius, Pedro ou Remo faziam. Pelo contrário, ele achava que desde que eles reataram, Lílian vinha sendo até menos rigorosa com os demais.


             Ele não ia dizer que era santo, porque realmente não era. Mas ele estava se esforçando. Há muito tempo não se envolvia em uma encrenca séria que fosse. O problema era que ela sempre esperaria isso dele. Ela andava constantemente esperando o dia em que ele se cansaria dela e voltasse a sua vida de transgressor juvenil.


             Uma idéia absurda, se alguém perguntasse a ele. Porque mesmo quando ele era um transgressor juvenil, ele nunca pensara em se cansar de Lílian Evans.


             E, quando ele já estava se acostumando a sinfonia composta de roncos e resmungos sonolentos dentro do quarto, um som diferente o desconcentrou, vindo da direção da janela.


             Toc... Thiago apurou os ouvidos, mas achou que tinha escutado coisas.


              Toc... Novamente. Ele levantou a cabeça, deixando os dois ouvidos desimpedidos. Toc. Mais uma vez. Ele franziu a testa, sem imaginar o que poderia ser. Desceu da cama, foi até a janela e abriu-a.


             Um galho acertou-o no meio da testa.


             _Ai! _ele exclamou, erguendo a mãe e esfregando a área dolorida _Mas o quê...


             Mas, quando olhou para baixo, não conseguiu concluir o pensamento. No gramado, bem a frente de sua janela, uma extensa área estava coberta por uma luz amarelo brilhante. Na escuridão da noite, a luz formava três palavras que faziam seu rosto se abrir em um sorriso e seu coração saltar.


             “Perdão.


            Eu Amo Você.”


             Thiago ficou paralisado, com as mãos no parapeito da janela, sem acreditar naquilo. Apertando os olhos, conseguiu ver uma pequena figura sentada lá embaixo no gramado. Sob a luz amarela, seu cabelo brilhava. Acaju e resplandecente.


 ***


             Lílian não soube o que pensar quando viu a janela se fechando lá em cima. Na verdade, ela não sabia o que de fato ela esperava que ele fizesse. Que gritasse que a amava de volta, acordando todo o castelo, para que todos descobrissem que a monitora chefe enchera o gramado de velas com chamas que não queimavam?


             O razoável, era que ela esperasse que ele viesse falar com ela no café da manhã, para que pudessem discutir os prós e contras daquela relação. Isso era o sensato e o inteligente a ser feito.


             Mas, mesmo assim, ela se deixou ficar sentada na grama, em meio àquele mar de luz ofuscante, com os cantos dos olhos se enchendo de água.


            Foi quando a luz iluminou alguém que se aproximava caminhando sem pressa pelo gramado.


             Lily não conseguiu refrear um soluço. Ela tentou engolir o choro e passou as mãos pela bochecha, tentando se livrar das lágrimas que, sem que ela percebesse, deslizavam fugidias por seu rosto.


             Levantou-se, tropeçando, e alcançou-o, quando ele chegou perto de onde as luzes começavam.


             Nenhum dos dois falou nada por um segundo. Apenas se olhavam, tentando entender o que se passava por trás do rosto do outro. Lílian ainda soluçava baixinho, e Thiago continha, com uma expressão calma, uma vontade imensa de consolá-la.


             _Eu errei, Thiago. _Lílian falou primeiro. Seus braços estavam estendidos ao longo do corpo, e sua expressão corporal denotava cansaço _E eu sinto tanto. _ela voltou a chorar _Sinto tanto, por ter perdido você, que... A única coisa que eu posso fazer é esperar que você possa me perdoar. Porque eu o amo. Eu amo tanto você, Thiago. _então, ela enterrou o rosto na mão e se pôs a chorar com ainda mais desespero.


             Thiago venceu com um passo a distância que os separava e puxou para si, passando seus braços ao redor de seus ombros. Lílian sentiu o abraço que já conhecia tão bem e escondeu o rosto em seu peito, apertando sua blusa com força.


             _Me... Perdoa. _ela continuou, ainda soluçando _Eu não quis magoar você. Eu não quis perder você. Eu só... _ela se forçou a afastar o rosto dele, para olhar em seus olhos. Eles ainda estavam tranqüilos e contidos _Eu só não estou acostumada com isso... Eu sempre fui tão segura, sempre fui tão certa de tudo... Que... Me sentir instável... É assustador. Eu nunca tive nada que eu não pudesse controlar, e eu sempre me senti segura assim. Mas... Mas de repente você me descontrolou. Você faz com que eu me sinta tão bem ao seu lado, que eu não sei como seria voltar a viver sem isso. Eu tenho medo, Thiago... Tenho medo de perder você...


             _Lílian, eu não vou a lugar nenhum. _ele segurou seu rosto com as duas mãos _Você não entendeu isso em sete anos?


             _É que você não é uma poção que eu posso decorar os ingredientes, um feitiço que eu posso entender, você é complexo, Thiago. E... Eu estou acostumada a controlar tudo... Eu achei que me sentiria mais segura se... Se pudesse controlar você... _sua voz morreu novamente, coberta pelo choro _Mas foi inconsciente... Eu não queria... Eu sinto tanto...


             _Ah, Lílian... _ele puxou seu rosto para seu peito novamente, passando uma mão em seu cabelos e apertando-a com mais força.


             _Eu amo você, Thiago. Eu não vou fazer isso novamente, porque eu não quero perder você.


            _Shhh... _ele falou em seu ouvido _Sabe de uma coisa? _ela afastou o rosto novamente, lavado de lágrimas e fungou _Eu estou morrendo de vontade de saber o que você ia fazer se, ao invés de ter sido eu, Filch ou a McGonagal abrissem uma janela. _Lílian deu uma risada fraca e ele sorriu para ela _Você não precisava fazer isso, Lírio, bastava ter dito... Todas essas coisas...


             _Eu... _ela fungou mais uma vez, aparentemente começando a se controlar _Quis que você visse... _ela soltou de seus braços e apontou para as letras desenhadas no gramados. _Olha... Bem criativo, não acha?


             _Eu acho que nós ainda corremos o risco do Filch colocar a cara feia dele para fora e ver a sua obra de arte gravada aí no gramado.


             Ela franziu o nariz. _Tem razão. _e, estalando os dedos, fez as luzes ao seu redor se apagarem, deixando-os na total escuridão _Você... Acha que pode me perdoar, então?


             Ele tateou, até encontrar seu braço e puxou-a de volta para si.


             _Eu preciso saber que você me ama como eu sou, Lílian, e que pare de tentar mudar o que eu sou. E que você confie em mim. E acredite que eu estou fazendo o melhor que posso para ser digno de você, e que me dê espaço para fazer isso. Eu preciso que você pare de controlar tudo que eu faço, Lírio. Preciso que você me deixe cometer meus erros, para que eu tenha a oportunidade de corrigi-los. Como você fez hoje. _ele pôs a mão em seu queixo, ergueu seu rosto e deu-lhe um leve beijo nos lábios. _Pode fazer isso?


             _Posso. _ela respondeu em voz baixa, fazendo que sim com a cabeça. Então, levou as mãos a sua nuca e puxou para um beijo mais profundo.


             Enquanto as mãos dele envolviam sua cintura e as mãos dela bagunçavam seus cabelos, ele não se preocupavam com o vento frio que soprava, nem com a possibilidade de que alguém viesse atrás deles, nem com qualquer animal que poderia atacá-los, favorecido pela escuridão impenetrável que os envolvia.


             Eles não se preocupavam, de fato, com nada. Porque saber que ele estava ao seu lado era sua garantia particular de que tudo daria certo no final. E tê-la era viver a felicidade plena e acreditar no futuro.


             As mãos dele deslizaram por suas costas, até encontrarem a barra da blusa do baby doll que ela usava e passarem por baixo dela. Lílian sentiu o toque de suas mãos quentes em sua pele e apertou seu cabelo. Thiago puxou-a mais contra si e apertou-a mais em seus braços. O beijo tornava-se mais profundo, enquanto as mãos dela vagavam por seus braços e seu pescoço, as dele passeavam por suas costas e a apertavam cada vez mais com mais força, e a temperatura deles subia vertiginosamente.


             _Eu amo você... _ele sussurrou em seus lábios, abandonando-os, e beijando a curva de pescoço.


             Foi então que Lílian notou que sua animação estava indo um pouco mais longe do que ela esperava.


             _Thiago! _ela espalmou a mão em seu peito e o empurrou _O que é isso?


             Ele parecia surpreso. Levou meio minuto para pensar em algo lógico. _Lílian, _sua voz estava levemente ofegante _foi um beijo bem profundo... E... Seu baby doll... É muito... Fino. _ela não respondeu, e ele não conseguia ver seu rosto na penumbra _Lílian, desculpe, eu não... Não estava tentando nada, juro por Merlin que não era minha intenção. Eu nunca... Tentaria induzir você a algo. Eu...


             _Tudo bem, Thiago. _ela cortou-o, parecendo constrangida _É só que... Eu não estou pronta para isso.


             Thiago suspirou, aliviado. Ela não estava pensando mal dele.


             Ufa.


             _É que... _ela continuou, lentamente, procurando as palavras certas _Eu... Nunca fiz isso antes.


             Thiago deu um mínimo sorriso. Mesmo com a escuridão, podia ter certeza de que seu rosto estava mais vermelho que o habitual.


             _Tudo bem, Lily, sério. _ele puxou seus braços novamente e beijou a palma de sua mão _Não há pressa. Eu esperei você sete anos, não esperei?


             _E eu esperei você minha vida toda. _ela riu de leve.


             _Isso é uma ultrajante mentira, mocinha. _ele fingiu um tom sério _Porque eu estive bem ali, o tempo todo, ao alcance de sua mão.


             _É que eu era muito cega para ver. _ela respondeu, e tentou lançou seus braços ao redor de seu pescoço novamente. Mas ele os afastou delicadamente.


             _Lírio, é melhor não me abraçar agora. _ela se afastou rapidamente, constrangida mais uma vez _Vamos lá... É melhor voltarmos ao castelo, antes que alguém apareça. _eles começou a caminhar pelo gramado, rebocando-a pela mão _Deixo você no seu quarto, estou com minha capa da invisibilidade.


             Lílian não protestou. Deixou-se ser puxada pelos corredores, calada e pensativa. Thiago caminhava ao seu lado, atento a barulhos e, ao mesmo tempo, preocupado com sua mudança repentina. Em um momento, ela estava em seus braços, feliz, e, no outro, quieta e séria.


             Ele tinha receio do que ela estava pensando.


             _Prontinho, entregue. _ele falou, ao parar na porta de seu quarto. Então curvou-se e deu-lhe um leve beijo _Durma bem, meu amor.


             Mas quando ele virou-se para ir embora, sentiu que ela segurava sua camisa.


             Ele olhou para ela interrogativo. Seus olhos verdes estavam firmes e decididos.


             _Fica. _ela pediu com uma voz clara.


             _Lílian... _ele respirou fundo, sentindo sua temperatura subir novamente e algo no estômago se contraindo _Você não tem que fazer isso.


             _Thiago, você não questionou quando eu disse que não. Vai questionar agora?


             _Mas Lílian, _ele não queria que isso fosse um impulso. Não queria que ela acordasse de manhã arrependida _por que mudar de idéia tão rápido?


             _Por você ter se afastado e dito que tudo bem... _ela ficou nas pontas dos pés e beijou sua bochecha _Por você ter esperado sete anos, mesmo eu não lhe dando chance nenhuma de esperança... _ela desceu o rosto e beijou seu pescoço _Por você ser uma pessoa incrível, sempre disposta a fazer tudo pelos amigos... _ela inclinou o rosto e beijou o outro lado do seu pescoço _Por você fazer tudo por mim, mesmo quando eu não mereço... _ela endireitou-se novamente e beijou seus lábios _Por eu amar você mais que a mim mesma.


             Eles se encararam mudos por alguns instantes. Então, subitamente, ele tomou-a novamente em seus braços beijou-a. Beijou-a como se sua vida dependesse daquilo e como se nunca mais fosse ter outra oportunidade de fazer isso.


             Lílian deu alguns passos vacilantes para trás, puxando-o consigo. Quando achou que estavam longe o bastante do corredor, chutou a porta.


             E ela fechou-se com um estalido, trancando-os dentro do quarto.





NAs:

Vanessa, sim Thiago jah tava tomando vergonha na cara, merecia um voto de confiança da srta Lílian, bem que vc previu, neh? Bella desconfiando de um maroto, cheira a encrenca :P rsrsrsrs Desculpaaa, demorei... Mas veio maiorzinho :P rsrsrsrsrs Espero q tenha gostado ^^ Bjoo, teh maissss

Jack, vc tah me abandonado???!!!! Gente, naum faz isso naum, amiga... Como eh q eu vou escrever sem vc? (altas declarações hein) Minha companheira desde a minha primogênita *-*
Tudo bem, eu assumo q eu demorei um pokinhuuuu... ok, um pokinhuu mais q o normal.... Mas ele veio maiorzinho tbm oh... quase 16 pgs no word...
Aaaahhh, Jack, naum se vah!!! eu canto tbm, se vc kiser... vou lah no seu orkut td semana cantar as músicas da garrafa no muro. Jah ouviu a música das garrafas no muro? rsrsrsrs
Vc tah brava Jack? Naum fica, naum fica naum fica vaaaaai.... rsrsrsrs Tem lily arrependida nesse cap, oh q lezgar :P rsrsrsrs.... Espero q tenha gostado, msm com a demora :S Bjooo teh maissss

Lari, Lily escurou o q quis e o q naum quis nesse cap, neh? rsrsrsrsrs Hmmmmm serah q suas desconfiaças estaum certas? tcham tcham tcham... rsrsrsrsrs Aaaahhh, segredinho, soh conto depois.... rsrsrsrsrs Espero q tenha gostado ^^ Bjoo teh maissss

Camila, q bom!! fico mto feliz por vc achar isso :D Espero q tenha gostado desse tb... Pode deixar, naum vou abandonar a fic naum... Eu demoro um pokinhu, mas eu volto :P rsrsrsrs Me fala o q achou, tah? Bjoo teh maisss

Lori, espero q vc ache q esse valeu a pena tbm :P rsrsrsrs Ixi, Snape ainda faz pior :P rsrsrsrrs... E Bella coitada, magina, agora além de aturar o Snape, vai ter q desmascar o espião secreto da grifinória... trabalho de ninja :S rsrsrsrsrs Espero q tenha gostado ^^ Bjoo teh maissss

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