what fucking is this ?

: Lily Evans narrando.
: Aeroporto Interncional de NY. 

Eu não tinha visto, mas tinha sobrado uma única roupa no meu closet. Uma calça jeans, uma blusa e um sapato de salto. Fiquei meio sem graça com essa roupa, mas era o que tinha. Saí do quarto e meu motorista já me esperava, minhas malas haviam sumido.

- Quando você chegar, me ligue – minha mãe disse e me abraçou.

Meu pai não estava em casa, tinha ido trabalhar. Saí de casa e entrei no carro. Uma sensação de nostalgia passou por mim enquanto passava em frente ao Central Park. Minha mãe não havia dito quanto tempo ficaria na Inglaterra, mas por ela ter esvaziado meu closet todo seria um longo tempo.

Chegamos ao aeroporto com poucos minutos de folga e logo corri para o portão de embarque. Não consegui nem comprar alguma coisinha no Free Shop. Sentei na minha confortável poltrona da... Classe econômica?

- Com licença – segurei o braço de uma aeromoça que passava. – Acho que estou na classe errada.

- Qual seu nome?

- Lily Evans – disse e ela arregalou os olhos. Sim, ela havia lido o New York Times.

- Só um momento, vou checar – ela deu um sorriso sem graça e saiu. Pouco depois ela voltou. – Desculpe senhorita Evans, mas a primeira classe está lotada, por isso colocamos a senhora aqui.

- Como assim lotada?

- Parece que a companhia vendeu passagens a mais – ela deu outro sorriso sem graça. – Com licença – e saiu.

Ser expulsa de casa e voar na classe econômica. Nunca é um bom sinal. Um vôo na econômica não deve ser tão ruim . De repente é até legal. Abri minha bolsa e peguei meu notebook, abrindo-o na bandeja de comida.

- Ei, que maneiro! – Uma vozinha disse ao meu lado. Um garotinho de uns seis anos de idade se jogava em cima de mim para ver o computador.

- Com licença, meu bem. Mas estou tentando mexer – eu odeio crianças, admito.

- Eu sei, moça. Mas é que seu computador é muito maneiro mesmo.

- Cadê sua mãe, hein? – Perguntei, olhando em volta.

- Caramba, dá pra entrar na Internet aqui em cima!

- Menino, cadê sua mãe? – A proximidade dele me dava nervoso.

- Vim sozinho.

- Você entrou em um avião sozinho?

- Tem uma moça de azul que ‘tá tomando conta de mim. Eu vou encontrar minha mãe em Londres – ele disse, mexendo no meu computador.

- Garoto! Pará de mexer! É feio mexer nas coisas dos outros sem permissão! – Ralhei, sentando-o na poltrona.

- Mas eu quero mexer! – Ele teimou.

- Mas não vai! – Retruquei.

- Vou sim – ele se esticou para mexer no computador.

- Se eu te der 100 dólares você pára? 

xxxx 

Essa foi a pior viagem da minha vida. Fui obrigada a viajar na econômica e perdi 100 dólares pra um moleque de seis anos. Desembarquei e vi um homem todo de preto, segurando uma placa escrita meu nome. Isso foi um pouco cafona, mas fazer o quê.

- Olá, sou a Lily – sorri.

- Olá senhorita Evans – ele pegou minha bagagem de mão e saiu do aeroporto. Eu o seguia.

- Ai, ai. Londres – suspirei.

- É um lugar realmente bonito. Mas onde a senhorita ficará é mais bonito ainda – ele disse, abrindo a porta do carro.

- Como assim? – Perguntei quando ele entrou no carro.

- A senhorita acha que vai ficar em Londres?

- E não vou?

- É claro que não – ele riu. – Chegaremos lá em duas horas.

Como assim não vou ficar em Londres? Eu vim para Inglaterra, isso significa: ficar em Londres. Duas horas? Como assim teria que ficar duas horas até chegar onde ficaria? Ah, mas alguma coisa estava errada. E iria resolver assim que chegasse a esse tal lugar.

O motorista cortava tranqüilamente pelo trânsito louco de Londres – que só não era mais louco que o de NY. Algum tempo depois, a paisagem começou a mudar visivelmente. Os arranha-céus deram espaço para casas do subúrbio londrino e logo as casas começaram a ficar cada vez mais distante, tendo uma ou duas por quarteirão. Dava para ver cada vez mais colinas tomando conta da paisagem. Para onde eu estava indo? Entramos numa estrada e seguimos no meio das colinas. Estava começando a ficar preocupada. E se esse motorista estava me seqüestrando? Então paramos.

O carro havia parado em frente a um casarão todo branco com alguns detalhes em cores claras. Uma mulher vestida toda de preto estava parada do lado de fora do casarão, próxima a um grande portão de ferro. Em cima do portão, dava para ver escrito com o mesmo ferro do portão: St. James High School.

- Mas que porra é essa? – Perguntei e o motorista riu.

- Seu novo lar – ele saiu e abriu a porta pra mim. O carro estava quente, mas do lado de fora ventava um pouco. Me abracei para me esquentar.

O motorista pegou minha bagagem e andou comigo em direção a mulher de preto. Ela me avaliava de cima a baixo e sorria. O motorista parou ao lado dela e parei também, sem saber o que fazer.

- Olá – cumprimentei a mulher.

- Olá, senhorita – ela sorriu mais ainda. – Pode deixar as coisas aqui – ela disse ao motorista.

- Espero que fique bem – o motorista saiu e deixou as malas.

- Vamos – a mulher começou a abrir o portão.

- E quem vai levar isso? – Apontei para as malas.

- Você – ela sorriu.

- Já viu a quantidade de malas que tem aqui? – Apontei para as dez malas enormes ao meu lado.

- Pegue-as – ela ordenou.

Fui toda destrambelhada, tentando levar as malas. Que droga de lugar é esse que não tem uma viva alma para levar as malas? No meu colégio em NY sempre tinha alguém disposto a levar sua mochila – que nem era tão pesada quanto essa mala.

- Será que você não pode me ajudar?

- Duas coisas. Não gosto que me chamem de você. É senhora ou Madre Superiora. E não sou eu que trouxe todas essas coisas, então quem irá levá-las é você.

- Só um momento – parei de andar e ela também, virando-se para mim. – Madre Superiora?

- A St. James High School é uma escola que foi fundada em 1925, pelo Padre Richard II com o objetivo de dar disciplina e ensinar a religião cristã aos jovens ingleses – ela disse com adoração.

- Padre? Cristã? Estou num internato de freiras?

- Pensei que a senhora já tinha percebido isso. Agora continue – ela continuou andando.

Ah não! Ah não! AH NÃO! EU NÃO ACREDITO QUE MEUS PAIS FIZERAM ISSO! Um internato de freiras? Como eu vou sobreviver a esse lugar? Como vou continuar aqui sem ter um surto? Eu vou enlouquecer!

Eu e a Madre fomos andando por um jardim enorme que tinha na frente da escola. A casa era enorme pelo que pude ver. Daria uma bela casa de campo ou ainda um shopping com um estilo colonial. Eu não sentia meus braços quando paramos em frente a um anexo da casa.

- Aqui fica o dormitório das meninas e ali dos meninos – ela apontou para um anexo do outro lado da casa. - Seu quarto é o oito – ela me entregou uma chave que consegui segurar a muito custo. – Você o dividirá com mais duas meninas. Deixe suas malas lá e coloque a roupa que está em cima da sua cama. Quero vê-la em meu escritório daqui à uma hora – ela sorriu e saiu.

Eu me sentia um burro de carga enquanto ia para o meu quarto. Estava sentindo tanta raiva e ainda por cima minha cabeça estava explodindo. Entrei no quarto, que era um tanto sem graça. tres camas com lençol branco e três guarda-roupas também brancos. Tinha uma mesa de madeira de cor de clara e a parede estava pintada de bege bem claro. Era tudo claro demais. Larguei minhas malas no chão, perto de uma cama que parecia não estar sendo usada e peguei a roupa em cima dela para vestir.

- Que merda – murmurei, me olhando no espelho com a roupa.

Era vestido preto que ia até abaixo do meu joelho, um blusão branco ridículo por baixo, com uma meia ¾ e um sapato preto que parecia de um homem. Eu não acredito que estou assim! EU NÃO ACREDITO! Oh, shit! Peguei o telefone e disquei o número da minha mãe. 

- Mãe, estou voltando para NY – disse quando ela atendeu e desliguei em seguida.

Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.