Amor de Tinta
24/03/86
"Cara professora,
Anos se passam... e com ele, as tristezas.
Ambos sabemos como o mundo bruxo está reagindo contra as Trevas. Alguns, infelizmente se encontram envolvidos pelo temor e medo que eles transmitem... Mas outros, felizmente, não se deixam abalar. Estão envolvidos por coragem, determinação, fidelidade e lealdade. E entre essas pessoas encontra-se, ninguém menos, que você - senti-me corar levemente - Sempre tão leal, determinada e com a vontade que o mundo precisava para derrotar Lord Voldemort" - franzi a testa e fechei os olhos fortemente por um momento, ao ler aquele nome.
"Então, como poderia deixar de admirar tal sentimentos? Não poderia. E é justamente por isso que lhe escrevo.
Anos se passaram e você permanece fiel a mim. Não posso dizer que não sou grato por isso, mas acho que nao é apenas o que eu sinto agora - o coração, até pouco fraco, parou na garganta em batimentos nervosos, ao mesmo tempo que estava confusa - Agora não sinto-me somente grato por tudo que demonstrara até agora.
Coragem, lealdade, habilidade...
Não e só isso. Sinto algo mais... Algo além dos muitos agradecimentos que poderia de dar... Sinto-me apaixonado por você, minha querida" - desabei como rocha em sua cadeira, lendo ainda mais atentamente.
"Toda vez que dirige sua fala a mim, toda vez que direciona seu rosto a mim, tenho de forçar-me para não corar em sua presença. A princípio, não sabia o que sentia; qual era o nome daquele sentimento que dominava meu coração. Somente agora, so agora, pude notar que o que realmente sentia pela senhora não se resumia a gratidão, mas ao meu amor intenso.
Meu Deus, onde arrangei coragem para escrever tais palavras? Onde? Não sei... Só sei que é a verdade... Eu a amo.
Quantas vezes tive de segurar-me para não falar a verdade... Quantas vezes tive de segurar-me para não segurar-lhe a mão, falar o que sinto, o que penso. Quantas vezes tive de me segurar para não dar-lhe a rosa mais cheirosa ou algo mais...?
Incontáveis vezes.
Quantas vezes tive que aguentar apenas olhar a distância para você e apenas consolar seu tão raro choro...?
Incontáveis vezes.
Mas, apesar de tudo isso, apesar de conseguir encostar ao papel minha melhor pena, cujas as palavras de meu amor estão na tinta que seca, não posso-lhe enviar essa carta. Simplesmente não posso."
"Como?" interroguei.
"Além da situação na qual estamos vivendo, é com pesar que sei que receberei um "Não" de sua parte. Um não de sua parte para a pergunta que vou-lhe fazer neste momento: Casa comigo?" - minha boca boquiabriu-se ligeiramente.
"Não. Por mais que eu queira, por mais que eu deseje, por mais que eu peca aos céus e as estrelas, infelizmente sou incapaz de fazer isto e receber uma resposta negativa, a qual tenho certeza que receberei. Afinal, por mais que eu sinta, voce não demonstra sentimento algum, além de amizade. Não. Esta carta, escrita com minha melhor pena com os sentimentos de meu coração de tinta, irá ser particular até o dia de minha morte. Mas se você, por um raro acontecimento, estiver lendo isso, saiba que essa rosa, a melhor da estufa número 8, perpétua, e a mais cheirosa, é especialmente para voce. Só para você...
Com amor,
O Diretor"
Deus, não acreditava... Como poderia...? Seria mesmo possível aquilo ser verdade? Aqueles sentimentos... Aquelas palavras?
"Mas é claro!" pensei emburrada. Para que era aquela carta afinal? Para quem?!
Peguei o envelope o mais rápido possivel e virei-o para ver o remetente.
"Não pode ser..."
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