Naquela sua gaveta



Uma lágrima silenciosa escorreu em meu rosto.

Encontrava-me na sua sala, olhando para a janela e a noite sombria. Tristeza. E junto com ela, uma chuva depressiva... O céu chorava por você...

"Traição maldita" pensava.

Pus a mão em meu peito fraco. Meu coração... nem parecia existir.

Chorava. Chorava silenciosa, mas chorava. Anos sem tomar essa atitude, agora jorrava de meus olhos... e eu sofria. Sofria tanto... Mas quem não poderia sofrer pela perda de um homem tão bom quanto você? Não sei...

Droga, por que estava chorando? Você deveria estar em um lugar melhor agora... Um lugar tão bom quanto você, mas...

"Maldito seja! Por que o matou, Severo?"

Mais lágrimas escorreram pelo meu rosto. Um nó imenso em minha garganta. Por um minutos fiquei assim, chorando; mas depois de um tempo, parei por um instante e enxuguei as lágrimas nas vestes negras. Logo após, comecei a caminhar levemente por sua sala. Sim, era sua... Não poderia ser minha. Não daquele jeito...

Andei por trás de sua escrivaninha, lenta, deixando minha mão escorregar pela sua cadeira. Olhei ao redor. Tudo estava igual. Seus objetos, suas cartas, suas penas, suas lembranças. Não teria coragem de mudar nenhum detalhe... Não poderia. Queria deixar como você teria deixado... exatamente igual...

Meus passos eram lentos, tão lentos quanto as batidas que meu coração dava... tão fraco... Baixei minha cabeça, triste e depressiva, decididamente pensando do que seria daquela escola sem você, mas algo me chamara a atenção a meio caminho do gesto. Fora algo que notei numa gaveta mal fechada... onde algo brilhava.

Não sei por que, nem mesmo como, mas curvei-me diante a mesa e abri aquela mesma gaveta em movimentos vagarosos, retirando o que brilhava. Era uma carta. Uma carta cor de creme, selada com o mais reluzente prata e com uma rosa branca, tao branca, bem ao seu lado. O que era aquilo? Nao pude deixar de abrir. Passando a mao pelo prata e depois abrindo-o, coloquei minha mao no envelope. Tirei de dentro um papel simples, desenhado com fios dourados.Uma letra puxada, escrita com pena e tinta... Palavras com... A sua caligrafia.

"Mas o quê...?"

Comecei a ler.

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