A Queda
CAPÍTULO CINCO
A QUEDA
Era a última sexta-feira do mês, Kain estava superocupado arrumando suas coisas para viajar na segunda-feira de manhã. Havia livros empilhados na sua cama, eles chegavam a fazer torres já que não eram apenas livros de Hogwarts, mas de seu antigo colégio também.
Eve entrou no quarto que estava cheio de poeira, já que Kain estava ‘desenterrando’ sua vassoura do armário. Ele travava uma forte batalha contra essa que se impôs de sair do armário.
- Credo – disse Eve – o seu quarto estava mais arrumado ontem.
- Pode me dar uma ajudinha aqui? – perguntou Kain entre os dentes, já que estava fazendo força para tirar a vassoura.
Os dois tiraram a vassoura do armário. Sua Firebolt Booster estava empoeirada, ele havia a deixada encostada por apenas um mês.
- Isso porque só foi um mês – disse Kain – imagine se fosse um ano.
A arrumação se prolongou até à tarde, o garoto havia dado uma pausa, suas costas gritavam de dor.
- Mãe – disse Kain – vou comprar uma lâmpada nova pro meu quarto, acabei de quebrar a minha.
- Vá com cuidado – disse ela – e não demore!
Na verdade, Kain não havia quebrado nenhuma lâmpada, ele tinha vontade de apenas dar uma volta, ele já se sentia sufocado ali no quarto dele.
Ele andava pelas ruas de seu bairro, havia crianças andando de bicicleta pela rua, Kain estava um pouco preocupado pelo fato que havia ocorrido no Beco Diagonal, mas uma coisa chamou o pouco de atenção que lhe havia naquela hora.
Ele parara na frente de uma loja de consertos de eletroeletrônicos que havia lá perto de onde ele morava. O noticiário da tarde estava falando sobre o novo Primeiro Ministro.
Depois de um curto mandato, o primeiro-ministro Tony Blair, ele passou para seu assessor de confiança, Trevor Cagnasso. O ex-ministro tivera problemas de coração, por isso passou o seu posto para Cagnasso, que provavelmente fará um bom mandato até o ex-ministro Blair melhorar de saúde.
Então a reportagem passou para uma outra cena, estavam entrevistando o novo Ministro no gabinete.
- Então Senhor Cagnasso, qual seu primeiro passo para seu mandato se tornar bom?
- Será uma batida militar por toda a Londres. O fato de 11 de setembro é tão histórico para nós quanto para os americanos. Por isso que não podemos deixar que estes terroristas façam mal algum com o nosso povo!
- e como será esta batida?
-Faremos uma inspeção em várias casas, dos subúrbios até as maiores casas de Londres, atrás de pistas. Pode ser que aqui estejam projetando algum ataque.
- Você se refere ao ataque de Julho? O mal sucedido pelo terrorista, num dos metrôs da cidade.
- Exatamente. Não podemos deixar de lado, fatos como esse, que mesmo frustrados, ainda são um perigo para o nosso povo.
- Muito obrigado Ministro, aqui terminamos com a entrevista.
Kain não entendia muito dos acontecimentos ou fatos ocorridos enquanto esteve em Hogwarts, o fato de 11 de setembro era algo que Kain não podia ter imaginado o que era.
Uma hora depois, Kain havia voltado para a sua casa, estava cansado, mas ainda tinha de arrumar o seu quarto.
Ele voltou ao seu quarto que estava mais ou menos arrumado e recomeçou a faxina que havia deixado pela metade.
Era noite, Kain estava sentado em seu quarto, estava guardando um controle de seu videogame que acabara de jogar. Ele foi até sua mala e procurou o pacote que havia recebido de Mundungus Fletcher.
Ele segurou o pacote em suas mãos, ele estava tão leve quanto antes, mas uma coisa ainda intrigava o garoto: o que havia no pacote?
Kain havia tentado de tudo, desde abridores de cartas até sua espada de Godric Gryffindor. O saco protetor ainda estava intacto, como se nada tivesse acontecido, Kain chegou à conclusão que o pacote estava protegido por um feitiço, provavelmente um feitiço muito avançado que Kain não poderia desfazer.
Foi quando um barulho veio da janela, era a coruja de Julia que estava dando bicos com uma carta em seu suporte nas costas (mas Kain nunca tinha visto um suporte assim antes, normalmente as corujas trazem as cartas nos bicos).
O garoto abriu a janela para a coruja, ela deu as costas para Kain pegar a carta.
Ele a pegou e abriu.
Olá Kain,
Desculpe por não ter falado com vocês no Beco, estava com meu pai, ele não gosta muito de atrasos, normalmente ele não gosta de nada.
Ele me contou sobre o acontecimento na Floreios. Fiquei preocupada, pensei que havia acontecido algo com vocês, normalmente nos metemos em muitas encrencas, mas parece que essa foi bem mais mortal (como se a quimera não tivesse sido tão mortal também [risos]).
Espero que esteja tudo bem com você.
Beijos e Abraços.
Julia.
Quando Kain olhou para a janela, a coruja havia ido embora. Provavelmente tinha outra carta para entregar, pensou Kain.
Sábado chegou com um sol luminoso e muito, muito forte, o que fez Kain acordar com os olhos totalmente ardentes pelo fato da janela estar do mesmo lado que o sol nasce.
O garoto acordou com muito sono, mais do que ele imaginava estar, talvez a preguiça estivesse no extremo. Ele levantou da cama e saiu do quarto, tudo com muita calma e cuidado, ele desceu as escadas e foi até o restaurante que estava totalmente deserto, só havia o som do rádio tocando uma musica antiga.
- Cadê a mamãe? – perguntou o garoto a si mesmo.
Ele subira as escadas e sentiu uma vibração no ar, um mau pressentimento, algo que veio desde seu estômago até sua cabeça, ele olhou para os lados do corredor, não havia nada lá, apenas a janela e do outro lado um quadro com uma paisagem que lembrava Hogwarts.
O garoto voltou para o quarto e se deitou na cama novamente, com uma pergunta na cabeça ele voltou a dormir.
Horas depois, Kain acordou insatisfeito com algo que ele não fazia idéia, sem sabia por que. Ele levantou da cama e olhou no relógio de parede: eram seis da tarde. Kain não entendeu como ele dormira tanto desde o começo do dia.
Ele desceu com cuidado nas escadas novamente, ele espiou o restaurante, havia mais gente que o usual, na verdade, havia muita gente.
Então Kain decidiu que ficar lá em cima não seria má idéia.
Então domingo passou como um relâmpago. E Kain se encontrara na segunda-feira, amarrando os cadarços do seu tênis, ele olhou em volta, tudo estava tão triste, seria loucura pensar assim, mas parecia que tudo ali no quarto sentiria a falta do garoto.
Ele desceu as escadas com sua mala nas costas, presa por cintos fazendo parecer uma mochila extremamente grande e a gaiola de Oblivion nos seus braços.
- Deixe-me pegar essa mala, Kain – disse Eve.
- Ah, ok – disse o garoto.
A mãe pegou a mala e levou para fora. O garoto a seguiu até o carro e entrou nele.
As ruas de Londres estavam começando a ficar movimentadas a cada rua que o carro passava.
Quando finalmente chegaram a King’s Cross, o garoto desceu do carro, olhou para os lados e finalmente achou o gigante que procurava: Hagrid.
- Olá, Kain – disse o gigante acenando.
Eve saiu do carro e se deparou com Hagrid, a reação dela não foi anormal, porém ficou intrigada com a altura do meio-gigante.
- Olá Hagrid! – disse Kain.
- Suponho que essa moça seja a sua mãe, não é? – perguntou Hagrid.
- Ah, sim – disse Kain – este é Hagrid, mãe.
- Olá – disse a mãe olhando a barba imensa de Hagrid.
- Olá, senhora... – Hagrid olhou para Kain.
- Oh, Eve – disse a mãe apertando as mãos que eram no mínimo quatro vezes maiores que a dela.
- Bem, temos que ir andando, Kain – disse Hagrid – onde estão as coisas?
- No porta-malas – disse o garoto.
Eve se abaixou para falar de olho a olho com Kain.
- Filho, eu não poderei ir com você hoje – disse Eve triste – tenho que trabalhar, mas juro que logo quando eu chegar mandarei uma carta pra você. Enviarei pela coruja de Miguel, combinado?
- Ta – disse Kain.
- Por favor – pediu Eve, quase suplicando – não entre em confusão!
- Farei de tudo – disse Kain sorrindo.
Eve deu um beijo na bochecha de Kain e se despediu com um adeus do filho. Kain estava sozinho novamente, mas ao menos estava junto com Hagrid.
- Vamos indo garoto – disse Hagrid.
Os dois começaram a andar pela estação lotada, pessoas iam vindo de todos os lados, todas apressadas fazendo Kain se bater na maioria das pilastras.
- Aqui estamos – disse Hagrid.
Eles haviam chego ao portão nove, entre o dez.
Kain novamente fez o ritual de passar pela parede, só que desta vez estava mais confiante.
Quando chegaram ao outro lado, havia novamente muitos estudantes se movimentando no local, inclusive havia novos estudantes que Kain não tinha notado, deveria ser os alunos novos desse ano.
- Levarei as malas para o vagão – disse Hagrid – vá logo procurar um lugar, nós nos encontramos em Hogwarts.
- Ok – respondeu Kain.
O garoto subiu no trem e procurou um local vago para descansar.
Kain olhou seu relógio que avisava que já eram 10:30. A viagem logo começaria.
Então o garoto tirou um cochilo.
Minutos, momentos, ou devia ser até uma hora depois, Kain fora acordado por vozes familiares, parecia que Jack e Julia já estavam no vagão, e por curiosidade, estavam discutindo.
- Não Julia! – disse Jack irritado – ele foi um arrogante sim!
- Me desculpa Jack – disse Julia com um tom sarcástico – não costumo a dar ordens ao meu pai, normalmente, É ELE QUE ME DÁ ORDENS!
- Dá pra vocês calarem um pouco a boca? – disse Kain irritado – vocês estão discutindo á uns dez minutos sobre uma pessoa que vocês não vão ver até o natal, e olhe lá!
Os dois baixaram a cabeça.
- Ok galera – disse Kain – desculpa, não queria me intrometer, mas poxa, vamos para Hogwarts, pra que se preocupar com o pai de Julia?
Nesse momento, o trem começara a andar.
- Finalmente – disse Kain tentando cortar o assunto – esse trem começou a andar!
- Kain – disse Julia – você trouxe a espada?
- Sim – disse Kain.
Julia foi até uma bolsa que estava ao seu lado. Era uma bolsa de cor bege, tinha vários bolsos na parte da frente.
Ela tirou de lá um pacote horizontal, parecia uma espada também.
- Tome – disse Julia – fiz para você, espero que goste, porque papai não gostou.
- Novidade – disse Jack.
- Obrigado – agradeceu Kain sem jeito.
Ele desembrulhou, e viu que era uma bainha de couro, dava para perceber que foi feita a mão, havia escrituras que Kain não entendia.
- O que diz estas escrituras? – perguntou Kain a Julia.
- Foi por isso que meu pai não gostou. Além do couro – disse ela – ai está escrito: “A alma deste herói será protegida por esse material, que de longe será o seu coração, e de perto será sua maior proteção”.
Jack foi perto da bainha e leu, logo estava com uma cara de espanto.
- Isso, isso... Isso é a língua arcaica dos bruxos! – disse Jack – como você sabe?
- Foi por isso que meu pai não gostou – disse Julia – ele acha que não devemos ficar escrevendo esta língua em qualquer lugar.
- Você tem linhagem tão pura quanto à água, Julia! – disse Jack – você é uma bruxa arcana!
- Bruxa o que? – perguntou Kain confuso.
- Eu não sei explicar – disse Jack.
- Quando chegarmos a Hogwarts eu te explico – disse Julia.
A tarde se passou com um clima estranho. Os três conversavam, porém havia um ar estranho sobrevoando a cabine.
- Eu estava pensando nessas férias, se vamos encontrar com mais uma criatura das trevas, ou coisa pior? – perguntou Jack.
Kain levantou uma sobrancelha para ele com um ar de: como é?
- É, sabe, eu estou com esse receio desde que eu saí deste mesmo trem no fim do período letivo do ano passado – disse Jack num tom preocupado – vou ser sincero, estou com muito medo.
- Não se preocupe Jack – disse Kain mostrando um sorriso – não vai ter nada de estranho esse ano, posso sentir!
Na verdade, Kain estava tão incerto e receoso quanto Jack. Isso vem desde o acontecimento com os dementadores, além do fato dele estar com a posse da espada da Grifnória.
- Você não tem medo, Kain? – perguntou Julia.
Nenhuma pergunta até agora teve tanto impacto em Kain, até essa ter saído, que fez o garoto olhar para o lado de Julia com uma cara estranha.
- Bem, eu tenho medo – disse Kain.
Na verdade, Kain não tinha medo algum sobre essas coisas, ele não estava preocupado em encontrar problemas, muito pelo contrário, ele estava entusiasmado para voltar a Hogwarts e encontrar novos desafios. A única coisa que mantinha ele preocupado, era o fato de colocar as pessoas que ele se importa em perigo fatal.
- Pois não parece – disse Julia – parece que você está apenas preocupado.
- pode ser – disse Kain – mas o que isso importa? O importante é que estamos aqui.
O sol finalmente estava se pondo no horizonte, atrás das colinas e árvores das florestas nas proximidades.
- eu vou me vestir – disse Julia – até depois.
- OK – respondeu Jack – eu também irei me trocar no banheiro.
Julia saiu da cabine. Logo em seguida Jack fora, mas pelo outro lado.
Kain estava incerto sobre a pergunta de Julia, se ele sentia medo ou não, ele realmente não tinha certeza, e isso o deixava mais angustiado pensando que pelo fato dele ser um herdeiro de Godric, o fazia tão diferente dos outros, mas de uma forma tão avassaladora como essa.
Estes pensamentos foram interrompidos com barulhos vindos do corredor.
-mas que droga está acontecendo? – perguntou a si mesmo.
Kain saiu da cabine já arrumado. Logo quando ele colocou os pés pra fora da porta, algo acertou a sua cara, parecia uma pedra, era sentido como uma pedra, mas não era.
Kain foi jogado a alguns metros, e caiu de lado com a cara doída pelo baque.
- Mas que droga foi isso? – gritou Kain.
- Me desculpe senhor Grifinória! – disse uma voz rude e grave – não tinha visto você ai!
- Hildebrant! – disse Kain, que lembrava dele do beco diagonal e do período letivo passado, das suas andanças por Hogwarts.
- sinceramente nunca fui com a sua cara, Rellen – disse Hildebrant – arrogante demais, um almofadinha, pessoas como você eram para estar na Sonserina.
- Por que? – perguntou Kain – queria estar na Grifinória, Hildebrant? A Corvinal não é boa o suficiente para você?
Nesse momento, Kain deu uma investida contra Hildebrant, que o jogou para trás.
- EI, É BRIGA! – gritou um aluno da Lufa-Lufa numa cabine ao lado – COMECEM AS APOSTAS!
Kain se levantou da investida que acabara de dar em Hildebrant, quando este o acertou com um murro na cara. Kain também atacou com um soco, fazendo Hildebrant se segurar na porta próxima, destrancando-a.
- Por que me acertou, Hildebrant? – perguntou Kain – o que eu fiz pra você?
- Eu já disse, não vou com a sua cara! – respondeu.
Logo, uma grande aglomeração de pessoas os fechou em um círculo, apenas as paredes estavam livres, mas as duas passagens estavam fechadas.
Hildebrant correu para cima de Kain. Ele se defendeu de um soco do garoto da Corvinal, logo depois, atacou com uma cotovelada na costa deste. Hildebrant segurou Kain pela cintura e o levantou, levando ele até a parede, quando isso aconteceu, Kain começou a esmurrar o mais rápido que pode a cabeça de Hildebrant. Mal eles sabiam, que a parede que estavam indo em direção era a porta.
Isso lembrou Kain que, antes de chegarem à parte final, há uma ponte com os trilhos , e embaixo uma parte da Floresta Negra e ele sabia que a porta estava destrancada.
Hildebrant jogou o corpo de Kain próximo á porta, mas ainda segurando ele.
- HILDEBRANT, ME ESCUTA, A PORTA ESTÁ ABERTA! – gritou Kain – NÓS VAMOS CAIR SE CONTINUARMOS COM ISSO.
Logo alguém se aproximou da porta e a abriu.
- NÃO, HILDEBRANT! – gritou novamente, junto com várias vozes ali perto.
Hildebrant não havia percebido, ninguém havia, foi tudo muito rápido, era como se uma força havia puxado Kain pra longe de Hildebrant, o jogando para fora do trem, em movimento, e a dez metros acima do chão.
- KAIN – gritou Julia saindo da aglomeração tentando segurar Hildebrant da mesma forma que este segurava Kain.
Logo apenas ouviram o grito, logo deixado para trás pelo vento e a velocidade do trem. Enquanto Kain caía sobre as árvores de uma forma bem doída.
Todos pararam, com os olhos abertos, alguns espantados, outros surpresos, havia até uma garota, além de Julia, com lágrimas nos olhos. Hildebrant estava lá, imóvel, espantado com o que fez.
- Eu, eu, não queria fazer isso – disse Hildebrant com uma cara de assustado.
Jack correu até a porta e soltou algo que todos sabiam: É ele caiu.
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