A espada e a Lâmina



CAPÍTULO QUATRO
ESPADA E LÂMINA


Era sexta-feira da semana seguinte, Kain estava se preparando para fazer as compras para o novo ano em Hogwarts. Dessa vez, ia sozinho, deveria se lembrar de como ir até o Beco Diagonal.
Ele pegou todas as suas coisas que havia jogado no chão e colocou rapidamente no armário, eram oito da manhã, quase nove, não havia muito tempo para jogar fora antes de ir ao Beco Diagonal.
Kain tinha passado a semana inteira arrumando suas coisas para levar pra Hogwarts. Ele estava cansado de ver aquelas coisas todas entulhadas nas malas, estava preso faz uma semana em sua casa, não havia saído nem para jogar o lixo, sua mãe redobrara seu instinto coruja depois do ataque dos dementadores, sorte de Kain que ele teve um dia sem sua mãe o chateá-lo com seu instinto coruja, deixando-o ir ao Beco Diagonal.
Kain olhou a janela, contemplando as ruas, as pessoas passavam andando, correndo, de carro e assim vai. Porém o que mais intrigava Kain desde que entrou em Hogwarts era: por que não sabemos da existência mágica?
As pessoas vivem suas vidas sem preocupações desse tipo, mas, por que a sociedade trouxa nunca desconfiou da magia? Talvez eles fossem tão hipócritas a não acreditar, de fato, em magia?
Ele saiu da janela e colocou o casaco que estava pesado, a espada ainda estava no casaco do garoto. Ele não achou uma má idéia levá-la, qual seria o problema? Foi quando Eve bateu na porta.
- Kain. Vamos – disse a mãe – ou você vai se atrasar?
- estou indo – disse o garoto pegando sua pasta no chão que continha dinheiro o suficiente para fazer as compras e levar umas lembranças.
Eles desceram as escadas, Kain ainda estava com um pouco de sono, tinha trabalhado até tarde na noite passada, isso fez que criasse olheiras em seu rosto.
- Você sabe onde fica, Kain? – perguntou Eve.
- Sei... Na verdade, mais ou menos – disse Kain pegando um pão-de-queijo da mesa.
- Mais ou menos? Como assim, mais ou menos? – disse Eve um pouco irritada – você sabe ou não?
- Eu vou me lembrar – disse Kain – não se preocupe.
A campainha havia tocado nessa hora, era Miguel lá fora.
- Graças a Deus – disse Eve – Miguel pode me guiar.
- Lá se vão as minhas compras. – disse Kain para si mesmo – Sozinho.
Miguel entrou com Jack na casa, eles pareciam com muito sono também, Jack estava vestindo uma jaqueta do time de quadribol da Bulgária, que havia um pomo de ouro nas ombreiras da jaqueta, que Kain tinha ficado muito interessado.
- Jaqueta legal! – disse Kain.
- É, sabe como é, Copa Mundial – disse Jack – eles vendem essas jaquetas de quilo.
- Bem, eu vou ajudá-la a levar Kain – disse Miguel – eu também farei compras para o Jack. Podemos ir juntos.
- Acho que a mamãe não vai poder vir – disse Kain.
- Droga, é verdade – disse Miguel – mas muito bem, farei de tudo para o ministério tirar uma declaração de permissão, para que ela também faça contato com o mundo bruxo.
- Pode isso? – perguntou Jack.
- Pode – disse Miguel – o que faz os trouxas não verem nosso mundo é uma magia antiga que afasta os trouxas ou faz eles não verem. Mas podemos criar exceções à regra.
- que fará minha mãe interagir com o mundo bruxo – disse Kain – diretamente?
- Sim e não – disse Miguel – ela só terá que guardar para ela esse segredinho.
- Caso eu não guarde? – perguntou Eve.
- Bem, ou você pode ter suas memórias sobre o mundo mágico apagadas, ou ser presa, caso for uma declaração séria, você simplesmente irá para um hospício trouxa – disse Miguel.
Kain olhou para Eve com uma cara “era melhor você não ter perguntado”.
- Pois bem, vamos indo – disse Miguel – já são quase nove, vamos, vamos.
Eles saíram da casa, Kain sentiu o sol bater em sua face, não estava tão quente, ele estava morno, dando uma sensação de aconchego.
O carro de Eve, um Camaro antigo, saiu do estacionamento ali perto, Kain não entendia por que sua mãe gostava tanto de carros antigos, com tantos novos por aí, mas ele tinha que concordar que aquele Camaro era uma beleza.
- Vamos entrando – disse Eve dentro do carro.
- Um Camaro de 70? – disse Miguel – uma mulher que não gosta de carros novos? Você me impressiona Eve.
- Ela tinha um Chevette de 60 – disse Kain – mas não sei o que houve com ele.
- Ele quebrou – disse Eve – um dia antes da sua partida pra Hogwarts.
- Ah é – disse Kain – nem lembrava.
Eles começaram a percorrer pelas ruas de Londres novamente, os céus estavam tão claros que doía a vista de Kain.
Uns vinte minutos depois, Miguel havia dito para Eve parar numa ruazinha, a mesma ruazinha do Caldeirão Furado.
- aqui? – perguntou Eve.
- Isso – disse Miguel – aqui mesmo.
- Mas aqui não tem nada – disse Eve – não estou vendo nenhum mercado de bruxo.
Foi neste momento que um rosto conhecido estava andando na calçada, era Julia, estava novamente com seu pai, um homem alto, cabelos negros e grandes, olhos castanhos como o toco de uma árvore jovem.
- Olha Jack – disse Kain pela janela – é a Julia.
- Verdade – disse Jack.
Então eles entraram no bar, nesta hora, Eve havia ficado pasma com a cena.
- O que foi mãe? – perguntou Kain rindo.
- Aconteceu a mesma coisa que em King’s Cross – disse Eve – eles passaram pela parede.
- Você só pode entrar no vagão do expresso Hogwarts porque estava com uma licença, aqui é diferente, aqui é comunidade bruxa, são coisas perigosas para você ver – disse Miguel – Por mais mágico que seja a estação Nove e meio, ainda é uma estação de trem.
- Então, no Beco Diagonal há o que? – perguntou Eve.
- Criaturas que você nunca acreditou – disse Kain.
- Como o quê?- perguntou Eve novamente.
- Duendes – disse Jack.
- Dragões – Miguel disse.
- E entre outros – disse Kain – bem, vamos indo.
Eles saíram do carro, Eve ainda estava meio emburrada pelo fato de não poder ir ao Beco Diagonal.
- Passe por aqui lá pela uma hora da tarde – disse Kain a sua mãe – eu espero você aqui na frente.
- Tenha cuidado viu? – disse Eve.
Então os três entraram no Caldeirão Furado.
O lugar estava bem movimentado, parecia o restaurante da mãe de Kain, e no balcão havia uma figura enorme e barbuda que Kain já vira em algum lugar, era Hagrid.
- Hagrid! – disse Kain.
O meio gigante olhou para trás.
- Oh, Kain – disse Hagrid – olá Jack.
- Oi Hagrid – disse Jack.
- Então, como vão vocês? – perguntou Hagrid – vão fazer as compras desse ano?
- É – disse Kain – você viu a Julia?
- sim, eu a vi – disse Hagrid – estava com o pai dela, homem arrogante ele.
- isso se percebe de cara, Hagrid – disse Jack.
- Ah, Deolyn também está aqui – disse Hagrid – está logo ali.
O meio gigante apontou para o homem sentado perto da lareira, ele estava tomando uma garrafa de cerveja amanteigada, parecia um pouco apreensivo.
- Professor? – disse Kain chegando perto.
Ele olhou para Kain, parecia muito sério, não parecia o Deolyn que Kain conhecia: o homem gentil e juvenil que ele tinha aulas.
- Me desculpe pela seriedade, Kain – disse Deolyn – estou só um pouco preocupado.
- Não, tudo bem professor – disse Kain – todos temos nossos problemas.
- Deolyn Diggory – disse Miguel atrás de Kain – há quanto tempo!
- Miguel Willow! – disse Deolyn – seu safado! Faz quanto tempo? Dois anos desde a última reunião?
- É verdade, temos que marcar outra com mais urgência! – disse Deolyn.
Kain olhou para Jack com cara de “do que eles tão falando?”.
- Bem, Deolyn – disse Miguel – você pode me fazer um favor?
- Claro! – disse ele.
- Você pode levá-los para fazer as compras? – disse Miguel – tenho que falar com Auronel, ele acabou de me mandar uma correspondência.
- Mas é claro – disse Deolyn – vamos, garotos.
Eles se despediram de Miguel e entraram no beco diagonal.
O lugar estava lotado novamente, parecia muito lotado em comparação com a primeira vez que Kain veio no Beco.
- Bem, o que vocês vão comprar? – perguntou Deolyn - só os livros se não me engano, não é mesmo?
- isso – disse Kain.
- para Floreios e Borrões então – disse Deolyn.
Eles começaram a andar pelas abarrotadas ruas tortuosas, cheias de gente fazendo compras.
- Caramba! Não me lembro de ter tanta gente assim no meu primeiro dia em que vim aqui! – disse Jack.
- Muito menos eu! – disse Kain.
Então Kain topou na costa de um garoto, ele tinha seu tamanho, aparentava ter a mesma idade. Era o aluno da Corvinal que havia feito o último teste de Transfiguração no ano passado, Hildebrant.
- Desculpe – disse Kain – você é o aluno da Corvinal não é mesmo?
- Kain Rellen – disse ele – Herdeiro da Grifinória.
Então, uma legião de pessoas parou ao redor de Kain, eles olharam cochichando sobre o garoto, Kain não conseguia os escutar.
- Um mentiroso isso sim – disse Hildebrant.
Kain deu as costas para o garoto e seguiu o professor para a rua acima da ladeira.
- Kain! – disse Deolyn – para quem você contou o seu segredo?
- Ninguém! – disse Kain furioso.
- Rita Skeeter descobriu – disse Jack – algum xereta a contou, ele deve ser de Hogwarts também.
- E se for esse garoto? – perguntou Kain, que agora observava Hildebrant indo para Floreios e Borrões com um homem alto, ele usava óculos escuros e tinha cabelos negros como a noite.
- Agora a besteira já aconteceu – disse Deolyn depois de um suspiro – vamos indo.
Eles chegaram na Floreios e Borrões, havia uma certa quantidade de pessoas lá. A loja tinha livros empilhados em forma de uma torre tortuosa.
- Peguem os livros e traga-os para mim – disse Deolyn – eu pagarei para vocês.
- Não se preocupe professor! – disse Kain – nós temos dinheiro para pagá-los.
- Não se preocupe – disse o professor – eu consigo um desconto.
Jack foi até o ouvido de Kain e disse – quem disse que eu me importo? Mais grana pra viagem!
- Novidade – disse Kain saindo de perto dos dois.
Kain foi até a estante mais próxima, procurar pelos livros. Havia um homem, lá, ele tinha cabelos negros e olhos verdes, era branco e usava um tipo de monóculo em seu rosto.
- Senhor você pode pegar o livro aí em cima, o Enfrentando as Trevas, de Carlos Bartolomeu?
- ah, claro, por que não – disse o homem gentilmente – só não me chame de senhor, tenho idade para ser seu irmão mais velho.
O homem pegou o livro no alto da estante.
- Você deu sorte, esse era o último! – disse ele com um sorriso no rosto – ei, eu te conheço, você é Kain Rellen, o novo Herdeiro da Grifinória!
- É o que todos dizem – disse kain cabisbaixo – mas eu não acredito muito.
- Mas por que não? – perguntou o homem – não acreditar nisso, é não ser você!
- Como assim? – perguntou Kain.
- O que você sente quando está num momento difícil? – perguntou o homem.
- Algo para dar uma reviravolta – disse Kain – eu acho.
- Isso é uma característica de um Grifinória! – disse o homem – eu mesmo já fui um.
- Evans? – disse Deolyn atrás de Kain.
- Ah, professor Deolyn – disse o homem – recebi sua carta, e aceito a oferta.
- Muito bem – disse Deolyn – garotos, este é Robert James Evans, ele será seu professor substituto de Defesa Contra as Artes das Trevas (DCAT).
Os dois olharam para o professor Evans com cara de ‘ele?’.
- Muito bem, eu acho que vou indo – disse Evans – até Hogwarts, garotos!
Então o professor foi embora, deixando o livro nas mãos de Kain, que olhava fixamente para o professor indo embora.

Após alguns minutos, as pessoas estavam ocupadas pegando autógrafos com um escritor bem famoso (que provavelmente Kain não conhecia).
O garoto estava acabando de pegar o último livro da lista que lhe foi dada para Hogwarts, quando um estalo veio do fundo da loja, todos se assustaram com o barulho vindo de lá.
- O que foi isso? – perguntou Kain a Deolyn que estava ao seu lado.
- Boa pergunta – disse Deolyn – coisa boa não é!
Os seguranças da loja foram até os fundos da loja para saber o que havia acontecido.
- Fiquem aqui – disse Deolyn para Kain e Jack.
O professor fora junto com os guardas saber o que estava acontecendo.
- Vamos, Jack – disse Kain – vamos seguí-lo.
- Você ta doido? – perguntou Jack – e se for um bruxo das trevas? Que nem Zebul?
Kain fingiu que não tinha dado ouvidos e desceu a escada que levava aos fundos da loja. Era uma biblioteca grande, cheia de livros velhos e novos, parecia ali que guardavam as melhores edições de qualquer livro poderia ter.
- Área restrita – disse Kain lendo a plaqueta que fora obstruído por alguém que já esteve lá.
Os garotos adentraram nas estantes gigantes que lá havia, quando avistaram um homem de capuz em forma de cone pontudo e negro, estava usando o mesmo manto que Zebul usava quando atacou Hogwarts.
- Esconda-se Jack – disse Kain jogando o outro para trás do armário.
O homem estava falando algo.
- Você tem que acabar com o garoto entendeu? – disse o homem de capuz.
- Sim – disse alguém que Kain não conseguia reconhecer a voz.
Mas tudo ficou em silencio.
- Acho que estamos sendo vigiados – disse o homem do capuz – procure o livro e traga a mim, sem falhas! Quando obtê-lo, pode matar o garoto!
Kain ficou arrepiado, parecia que uma faca tinha só passado sobre seu pescoço, o deixando com êxtase de desespero. Então ele ouviu um ir embora, correndo.
- Saia quem estiver aí! – disse o homem.
Nenhum dos dois respondeu.
- muito bem, será do pior jeito – disse o homem, furioso.
Então, tudo ficara em silêncio, Kain não sabia o que o homem estava fazendo, Jack tinha empunhado a varinha, mas lembrara que não podia usar magia fora da escola.
- O que vamos fazer Kain? – perguntou Jack a Kain sussurrando.
- Vamos sair daqui! O mais rápido possível! – disse Kain também sussurrando.
Os dois começaram a se mover, quando uma névoa negra criou forma à frente deles, era o homem do capuz, ele usava uma máscara em forma de caveira.
- Ora, ora, vejam só – disse o homem sarcasticamente – Kain Rellen, o herdeiro de Godric Gryffindor, em minha frente, é uma honra.
- Quem é você? – perguntou Kain firmemente.
- O lorde da alquimia – disse o homem.
- Você é parceiro de Zebul? – perguntou Jack.
- Zebul está morto! – disse o homem – assim como vocês.
O homem fez um gesto com as mãos, ele bateu as palmas da mão e colocou as no chão. Um círculo apareceu debaixo dos garotos, no centro dele havia dois triângulos, um normal e outro de ponta cabeça, formando uma estrela, com escrituras estranhas ao redor do circulo.
- O que diabos é isso? – gritou Kain.
- É um círculo de transmutação – disse o homem – vou fazer vocês virarem picadinho, e quando digo isso, é literalmente.
Kain não pensara duas vezes, tirou sua espada do casaco e enfiou no chão, cancelando o círculo de transmutação.
- Como você fez isso? – perguntou o homem.
- Boa pergunta – disse ele – foi apenas intuição.
Então no braço do homem surgiu uma lâmina, Kain não sabia de onde viera, apenas sabia que o homem agora estava pronto para machucá-los.
O homem avançou com um golpe na horizontal, Kain defendeu-se com a espada, colocando toda sua força na espada para agüentar o golpe. Kain achou uma abertura e golpeou o homem na vertical, o corte passou raspado, o crânio sofrera arranhões, mas não quebrara.
O homem deu pulo para trás, Kain foi até ele, quando o garoto chegara nele, o homem pulou, dando um chute na estante, ele conseguiu alcançar um pulo mais alto ainda, e virou-se no ar, como se fosse mergulhar de cabeça numa piscina, mas com a lâmina apontada para a cabeça de Kain.
Kain conseguiu se esquivar do golpe se jogando para trás. Mas isso havia aberto sua guarda. Quando o homem ia aplicar o golpe final, Jack havia lhe golpeado na nuca, o deixando atordoado por um pouco de tempo, o bastante para Kain e Jack fugirem do homem.
- Vamos, Kain – disse Jack levantando o amigo.
Os dois saíram de perto do homem, estavam correndo numa velocidade incrível, eles se batiam nos armários, os espaços eram muito estreitos, Kain havia batido seu rosto umas quatro vezes, o deixando hematomas no rosto. Kain havia visto uma sombra passar por eles.
- Volte! – disse Kain freando o passo e seguindo pela contramão.
Eles voltaram, mas o homem continuava a perseguí-los, Kain estava cansando de correr tanto, assim como Jack.
E então, o homem pousou na frente deles.
- Vocês estão me tirando do sério – ele disse pegando uma varinha no seu bolso – adeus!
Uma voz veio de longe clamando “Estupore”!
Então o homem foi jogado para longe. Kain conseguia escutar os baques das estantes caindo lá atrás.
Quem havia salvado a vida deles era um homem, alto com cabelos grandes e lisos, seus olhos castanhos eram tão brilhantes quanto os de Julia.
- Eu os achei – disse o homem.
Então Deolyn e os seguranças da livraria apareceram com suas varinhas empunhadas.
- Muito bem senhor Heathdagger – disse Deolyn – como podemos agradecê-lo.
- Não deixando o homem escapar – disse o Sr. Heathdagger.
Então um estalo veio dos fundos.
- Droga, ele aparatou! Rastreiem – disse Deolyn aos guardas – comunique ao Ministro, ele deve saber disso.
Os homens saíram correndo do local, eles estavam nervosos, devia ser a primeira vez que ocorria isso na loja.
Deolyn foi até os garotos e os levantou, eles estavam feridos pelos baques das estantes enquanto corriam para fugir do homem.
- Vocês estão bem? – perguntou Deolyn.
- Estamos – responderam os dois ao mesmo tempo.
- Obrigado senhor Heathdagger – disse Jack ao homem.
- Tiveram muita sorte – disse o homem – da próxima vez pode ser que não tenham.
Então o homem virou-se e foi embora.
- Que cara arrogante! – disse Kain.
- Nem me fale – disse Jack.
- Isso que é falar mal pelas costas! – disse Deolyn.


No final do dia, havia vários Aurores na frente da loja, Kain estava sentado ao banco mais próximo de lá, estava cansado, parecia febril. Jack estava cochilando sentado, Kain pensou “quando Jack acordar vai ter torcicolo”.
Kain se ajeitou no banco mais confortavelmente, estava com muito sono, à sombra da lojinha que havia atrás deles tapava o sol do meio-dia. Kain estava sonolento, ele queria dormir, mas não podia, tinha que voltar para casa. Tinha de acordar, sua mãe ia ficar preocupada se fosse buscá-lo dormindo com hematomas em seu rosto.
Kain não agüentou e fechou os olhos.

Ele estava deitado de bruços num chão frio e úmido, era feito de pedras com limo, havia poeira para todo o lado.
- Luta difícil não foi, garoto? – disse uma voz rouca.
Kain levantou seu rosto para olhar quem era, era o homem que sempre entrava em seus sonhos para conversar com Kain.
- Ah, minha cabeça – disse Kain se levantando – ta doendo...
O homem se levantou e foi até Kain.
- Você deve tomar mais cuidado, Kain – disse o homem.
- Eu não sei o que esses caras querem comigo – disse Kain – parece que eles vieram só para me matar, ou algo assim!
- Deve ser porque querem – disse o homem – o pacote está a salvo?
- Sim – disse o garoto – no meu casaco.
- Muito bem – disse o homem – você deve cuidar muito bem deste pacote, se ele cair em mãos erradas, pode ser muito perigoso. Ninguém deve saber deste pacote entendeu, Kain?
O garoto concordou com a cabeça.
- Você tem nome? – perguntou o garoto.
- Lucian – disse o homem – este é meu nome. É estranho saber o seu nome e você não saber o meu não é?
- Sim – disse o garoto ficando de pé.
Kain não havia reparado, mas Lucian tinha tatuagens em todo o corpo, símbolos cabalísticos, talvez até símbolos Maias, desenhos que Kain nunca vira na sua vida.
- Onde estamos? – perguntou Kain.
- Eu também não faço a mínima idéia onde estamos – disse Lucian – estou aqui há tanto tempo, que não sei mais nem como ainda estou aqui.
- Você não tem esperança de sair daqui? – perguntou Kain.
- Esperança? – disse Lucian – pode ser que eu não me lembre onde eu estou, mas de uma coisa e certa: esperança não existe neste lugar!
O homem começou a andar pelo quarto, ainda muito inseguro.
- Por que você não vai embora daqui? – perguntou Kain.
- Este lugar pode ser um inferno – disse Lucian – mas para mim, é um santuário de concentração.
- Bem, acho que eu tenho que acordar – disse Kain.
- Lembre-se, não conte a ninguém sobre a minha existência ou sobre o pacote! – disse Lucian, firmemente.
- Pode deixar, não saberão.


Então o garoto acordou, ele ainda estava no banco, ele não entendeu, deviam ter passado mais de uma hora. Ele olhou em seu relógio, e viu que só havia passado apenas dez minutos.
- Vamos embora, garotos! – disse Miguel parado na frente de Kain.
Os dois se levantaram, ainda com muito sono, quase dormindo, se seguiram Miguel até a saída do Beco Diagonal.
As pessoas ainda estavam dentro das lojas, fazendo as compras, Kain não ligava muito para isso, mas sim pelo fato do homem encapuzado aparecer na Floreios e Borrões.
O céu começou a ficar coberto de nuvens, e o tempo pareceu esfriar, parecia que ia chover mais cedo ou mais tarde.
- Senhor Willow – disse Kain – você sabe quem era o homem que havia nos atacado?
- Sei – disse Miguel sem olhar para Kain – era um Comensal da Morte.
- Um o que? – perguntou Jack.
- Comensal da Morte. – disse Miguel – ex-seguidores de Voldemort.
- Mas Voldemort está morto não é? – perguntou Kain.
- Exato – disse Miguel.
- Então qual é a deles? – perguntou Jack logo em seguida.
- Boa pergunta, filho. Boa pergunta...

Os três chegaram n’O Caldeirão Furado, Hagrid ainda estava lá, estava conversando com Deolyn. Pareciam estar conversando algo sério.
- Como foi lá com Auronel, Miguel? – perguntou Hagrid.
- Bem, discutimos a próxima reunião – disse o homem – ele planejou para o próximo natal.
- Que reunião, pai? – perguntou Jack.
- Uma ultra-secreta! – disse Miguel – que vocês não podem saber.
- Cara, você tirou toda a liga dos moleques – disse uma voz jogada vindo de trás de Miguel. Era um homem, jovem, aparentava ter uns vinte e dois anos, ele usava um cabelo vermelho e uns óculos com suas lupas escurecidas, mas transparentes.
- John – disse Miguel – há quanto tempo chegou?
- agora – disse John – estava fazendo um serviço para a comunidade, sempre prestativo a todos...
- Soube da reunião? – perguntou Deolyn depois de tomar um copo de Hidromel.
- Só – disse John – recebi um correio de Auronel na semana passada.
Kain se afastou um pouco da mesa, lavando consigo Jack, e foram até perto da lareira.
- Que reunião é essa que eles tanto falam? – perguntou Kain.
- Boa pergunta – disse Jack – eu vi uma vez. Faz anos, mas eu me lembro. Meu pai chamou mais de quinze pessoas para fazer uma reunião em casa, acredito... – disse Jack indo até a lareira, já que a chuva começara a cair lá fora – que devia ser a tal reunião.
Kain deu as costas e ficou pensativo por um momento, ele tentou adivinhar que reunião era essa. Seria de negócios? De Hogwarts? Dos Comensais? O que poderia ser então?
- Vamos, garotos! – disse Miguel – Eve já está ai na frente.
- vamos, Kain – disse Jack dando um tapa nas costas dele – não se importe com isso, isso é coisa deles.
Jack tinha razão, tinha que se importar com quem era o homem que lhe atacou, e o mais importante de tudo: Por quê?

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