Capítulo Doze: Professores
Bem, espero que gostem deste capítulo. Ele explica algumas coisas da fic e levanta outras dúvidas, mas ao meu ver, tinha ter esse clima mesmo. Descontraí em alguns momentos e deixei o ar mais leve para alguns personagens. Comentem e deixem sugestões (sim, eu estou quase implorando).
Sei que descaracterizei completamente o Rony, mas tinha que ser assim, senão não tinha história. E antes que pensem nisso, vou logo avisando: o harry não é fraco em minha fic, ele apenas não está tendo sorte. E mensagem para Deusa Potter: quem disse que o rony é mais poderoso que o harry nesta fic? Você terá uma supresa nos capítulos futuros.
Obrigado por continuar a ler a minha fic, fiel leitor(a).
Capitulo Doze: Professores.
A primeira semana de aulas passou rápido. Harry nem teve tempo de armazenar todas as informações novas. Hermione como sempre já tinha lido todos os livros e sempre levantava seu braço se algum professor perguntava algo. Rony passou os dias como fazia antes. Sentado esperando impaciente que cada um dos tempos das matérias terminasse. Sempre que podia, Harry esperava por Gina antes de alguma aula. Depois que tinha reatado a relação, não queria mais perder sua musa inspiradora de vista. E claro que a garota não achava nada disso ruim. Afinal, que garota em juízo perfeito recusaria as atenções e Harry Potter. Hermione Granger seria esse tipo de garota em seu juízo perfeito, pois tinha olhos apenas para três coisas importantes: estudos, horcruxes e claro, Rony Weasley.
Hermione, Gina, Harry e Rony estavam conversando no salão comunal. Rony não parecia muito à vontade e logos os outros perceberam a razão. Alguns estudantes ainda comentavam sobre a decisão de Dumbledore ao escolher Rony para ser professor substituto. A escolha normal seria outro professor licenciado, nunca um aluno, muito menos um que jamais teve uma vida acadêmica invejável. Para a quase totalidade dos alunos de Hogwarts, Rony nada mais era que mais um dos Weasley. Ser amigo de Harry Potter era talvez sua maior qualidade. Uns poucos ainda pensaram que o normal seria Harry ser o professor substituto, por ser o mais experiente contra as forças das trevas.
– Não se importe com eles Rony – falou Gina tentando alegar o irmão.
– Não me importo – ele respondeu – mas acho que posso ser um pouco severo com eles enquanto estiver dando aula.
– Falando nisso – começou Harry – Dumbledore escolheu você para ser professor substituto. Ele sabia que as coisas acabariam mudando?
– Saber mesmo não sabia, mas desconfiava. Sabe como era Dumbledore, sempre com muitas coisas na cabeça.
– Igual a você – disse Hermione.
– Volte a estudar Hermione – Rony estava corado.
A garota riu do embaraço dele, mas não podia deixar de falar aquilo. Depois de vários dias analisando a verdadeira personalidade de Rony, ela descobriu que ele realmente tinha diversos trejeitos que o assemelhavam a Dumbledore. Se bem que isso não era de fato surpreendente, já que os dois foram mestre e discípulo.
– Como anda o assunto Armada de Dumbledore? – falou o ruivo tentado mudar o rumo da conversa – Recebendo muitas cartas pedindo pra entrar?
Harry encolheu os ombros e fez uma careta de dor.
– Sim. Na verdade estou recebendo cartas demais. E o ministério designou um Auror para me acompanhar nas reuniões que agora vão ser em um salão próprio para esse tipo de uso.
– Que tipo de uso? – perguntou Hermione – Duelos e feitiços?
– Sim. Acredito que agora tenhamos a chance de fazer o melhor por este lugar no tempo que nos resta aqui. Mas eu espero que vocês não tenham imaginado que eu vou relaxar apenas por estar atrás dos muros da escola.
– Somos seus amigos há anos Harry – Hermione tentou parecer indignada- Isso nunca nos passou pela cabeça.
– Mas passou pela dele – falou Rony rindo – Não sinta vergonha Harry, todas as pessoas tem medo de confiar cegamente.
– Eu já pedi para parar de ler mina mente. – Harry estava começando a se irritar.
– E eu acatei seu pedido. Mas não tenho culpa se você não esconde suas típicas atitudes. É quase como se eu estivesse diante de um grande livro, cheio de histórias que conheço de trás pra gente.
– Eu não sou assim Rony. Sou? – ele olhava de Gina para Hermione, pedindo apoio.
– Na verdade, é sim – Hermione respondeu sem o menor constrangimento e hesitação.
Remo Lupim adentrou a sala dando passos firmes e decididos. Olhou para os alunos do sétimo ano. Todos jovens e cheios de vida. Detestaria que algo pudesse acontecer com eles. Por isso decidiu voltar a ensinar na escola. S poderia ser útil de alguma forma, não seria sua maldição que o impediria.
A aula de hoje seria com as casa Grifinória e Corvinal. Rony e Harry estavam sentados num ponto central, exatamente onde ele poderia olhar apenas levantando a cabeça se estivesse sentado em sua mesa. Lupim sorriu ao constatar que várias garotas, de ambas as casas olhavam cheias de interesse para os dois rapazes.
– Bem jovens – ele começou – hoje vamos estudar feitiços de ataque e defesa avançados e não-vervais. Quero que façam duplas e aguardem minhas instruções.
Os estudantes pareciam mais animados ao perceber que teriam aulas praticas. Depois de afastar as mesas e cadeiras começaram a formar as duplas. Harry ficou indeciso entre Rony e Hermione, mas depois que a amiga sorriu e se afastou para ajudar uma garota da Corvinal ele agradeceu por não ter que tomar uma decisão.
– Eu não vou me conter – falou Rony, provocando.
– Espero que não – respondeu Harry mesmo sabendo que o amigo iria se conter.
Lupim andou entre os estudantes segurando uma caixa de madeira com tranca mágica. Muitos estranham o fato da caixa dar leves tremeliques vez por outra.
– Um dos grandes problemas em um duelo mágico, são os reflexos. Se um dos bruxos estiver em melhor forma que o outro, isso pode ser um grande problema. Mas existem formas de ignorar as deficiências e restrições físicas. Estou dizendo que se vocês treinarem sua mente de forma adequada não terão que se preocupar com esse tipo de coisa. Usem sempre estratégia. Treinem suas mentes até que os planos surjam como água na cachoeira.
– Não entendi perfeitamente professor – falou uma garota da Corvinal.
Lupim sorriu.
– Vou explicar de outra forma então. Senhor Potter, poderia vir aqui?
Harry estranhou, mas se aproximou do professor.
– Como vocês sabem o senhor Potter é o apanhador da Grifinória e tem experiência em duelos. Podem perfeitamente perceber que em termos de condicionamento físico ele está muito melhor que eu, um homem velho e doente – todos deram pequenas risadas, menos Harry que não estava muito à vontade em servir como esse tipo de exemplo para os outros alunos – Agora se duelar de verdade com o senhor Potter, eu terei sérios problemas para derrotá-lo. Mas acredito que possa fazê-lo. Vamos Harry?
Lupim se posicionou na posição clássica de duelo, com a varinha na frente do rosto em postura ereta e formal. Harry não sabia se devia fazer aquilo, mas depois de hesitar percebeu que deveria estava lá pra aprender e ter mais chances de vencer no futuro. Imitou o professor e esperou.
Lupim olhou para Hermione e com a cabeça pediu para ela dar o sinal para o duelo começar. A garota apontou a varinha para o meio-ponto entre eles e fez uma pequena centelha brilhante surgir ali. A luz descia lentamente ao chão se desvanecendo aos poucos. Sob os olhares apreensivos dos outros estudantes a luz sumiu ao tocar no chão. O duelo tinha começado.
Assim que a luz desapareceu, Harry usou um feitiço para desarmar. Aquela era sua especialidade e ele achava melhor não estender o duelo por muito tempo. Não ficou de fato surpreso quando seu feitiço foi rebatido com relativa facilidade. Isso vinha ocorrendo com certa frequência nos últimos tempos.
– Como expliquei antes classe, os reflexos ajudam bastante, mas existem outros meios de duelar – Lupim falava enquanto movia a varinha e fazia um novo feitiço.
O chão onde Harry estava ficou escorregadio e gelado. Quando ele olhou para baixo percebeu que pisava em um fino bloco de gelo. Estava difícil se manter em pé. Antes mesmo que pudesse pensar em um modo de sair dali, sentiu que suas pernas e braços ficavam rígidos e presos ao corpo. Lupim o acertaram com um feitiço paralisante.
Harry suspirou. Fazer planos elaborados e instantâneos era a especialidade de Rony, não dele. Mas se quisesse viver teria que aprender e evoluir.
– A saída obvia nem sempre vai dar o melhor resultado. Bastou um breve momento de distração do senhor Potter, para que eu o derrotasse. Mas não pensem sequer por um segundo que isso é uma regra. Lembrem-se que estamos em tempos sombrios e os agentes de Voldemort – gritinhos de susto por parte de algumas garotas e exclamações de alguns rapazes – vão ser tão condescendentes quanto eu. Eles lutarão para matar e não usarão métodos honestos. Agora duelem com seus parceiros e tentem usar os métodos que falei.
Durante toda a hora seguinte, Harry tentou atingir Rony pelo menos uma vez, mas seus esforços estavam se provando infrutíferos. Pelo menos ele estava feliz em fazer o amigo se mover para enfrentá-lo. Durante o fim do verão, nos treinos, Rony sequer se movia do lugar onde ficava, e isso era frustrante. Harry sabia que o amigo estava pegando leve agora, mas entendia o motivo. Se eles queriam que a armada de Dumbledore tivesse o mínimo de credito, o líder não poderia ser derrotado por outro estudante.
No fim da aula, Lupim chamou Rony, a fim de preparar o conteúdo das aulas enquanto ele estivesse fora na próxima semana. Harry caminhou pelos corredores do castelo indo para a sala onde Gina estava tendo aula. Alguns estudantes o pararam no caminho para pedir autógrafos e fazer as perguntas de sempre, mas agora Harry entendia que isso era o modo deles mostrarem que se importavam. Quando chegou à sala de runas antigas, ela estava vazia. Ele deu de ombros e se virou pra ir embora quando algo ou alguém o puxou para dentro da sala. Tirando a varinha do bolso, ele procurou pelo autor daquele ato. Então ouviu a risada agradável de Gina ecoando pelo lugar. A porta fechou e pouco depois a cabeleira brilhante da garota que amava surgiu pairando acima do solo, apenas com a cabeça, sem um corpo que a sustentasse.
– Com medo Potter? – ela perguntou, sorrindo marota.
– Não mesmo Weasley, embora tenha que admitir: você é a pessoa mais perigosa que já enfrentei. E a mais bonita também.
Os dois se beijaram como se não se vissem há muito tempo. Harry descobriu que o perfume de Gina estava se tornando um vicio. Ele precisava de doses cada vez maiores toda vez que se encontravam. E aparentemente o mesmo podia ser dito sobre ela.
– Essa é a minha capa de invisibilidade? – Harry perguntou depois de recuperar o fôlego.
– É sim. Pedi para o Rony pegar pra mim. Queria fazer uma surpresa. Você não gostou?
– Gostei muito. Só estranhei a atitude do Rony. Deixar a irmãzinha usar uma capa de invisibilidade para se encontrar com o namorado? Ele não pode ser inocente a esse ponto.
– Ele na tinha muita opção. Eu pegaria a capa de qualquer forma. Então, vamos almoçar? Eu estou morrendo de fome.
– Claro ruiva. Preciso recuperar minhas energias depois dos seus beijos. Desse jeito você vai acabar me matando.
– Harry! – Gina deu um tapinha no ombro do namorado, fingindo estar ofendida. Os dois riram e foram para o salão principal.
– Precisamos dar um jeito da Hermione e do meu irmão se acertarem – ela falou em um dos corredores.
Harry franziu o cenho, mas depois concordou. Nem ele aguentava mais a situação dos dois amigos. E Rony precisava de Hermione mais do que admitia. Durante essa primeira semana, Harry ouviu o amigo falar o nome dela durante o sono em pelo menos três noites distintas. Tinha comentado isso com Gina, mas achava que a garota não pensaria sobre o assunto.
– Hermione gosta dele – Harry percebeu que isso era uma simples afirmação. Como dizer que o céu era azul. Hermione e Rony eram perfeitos um para o outro, apenas não tomavam nenhuma atitude que os levasse a um próximo nível por pura timidez, ou no caso de Rony, simplesmente pela falta de traquejo – Eu gostaria que meu irmão não fosse tão nobre e protetor. Ele acha que não deve se envolver com a Hermione. Diz que isso não seria bom pra ela. Ridículo. Ele nem está dando a chance dela escolher se quer se envolver no perigo ou não.
– Exatamente como eu fiz...
– Exatamente como você fez. O Rony é brilhante, mas parece uma criança com medo de monstros se está diante de assuntos que envolvem o coração.
– Dê um tempo pra ele...
– Dar um tempo? A Hermione não vai esperar pra sempre. Harry, se eu der mais tempo, ele vai ficar velho e será pra sempre virgem.
Harry foi acometido por uma súbita crise de tosse. Gina deu leves tapas nas costas dele esperando que se acalmasse.
– Vocês homens são todos iguais. Ficam nervosos quando esse assunto vem à tona.
– E com vocês mulheres é diferente? – Harry parecia assustado.
– Um pouco. Bem, minha mãe conversou comigo sobre essas coisas. Ela disse que papai ficou encarregado dos rapazes, mas eu desconfio que ele nunca teve essa conversa com o Rony.
– Mas como você pode saber se o Rony é ou não... Bem você sabe. Ele namorou a Lilá e ela não parecia ser das mais retraídas.
– Acredite em mim Harry, eu saberia se tivesse acontecido.
– A ligação entre vocês?
– Também. Mas eu tenho mais certeza baseado na minha intuição. O Rony sempre amou a Hermione, mas era bobo demais para perceber isso. Ingênuo demais nos assuntos do amor talvez. Será que os guardiões do passado não amaram? Só assim pro meu irmão ser tão tapado.
Harry riu. Ainda estava sem graça pelo tópico da conversa, mas adorava estar com Gina em todos os momentos.
– Vamos dar um jeito de eles ficarem juntos. Não se preocupe com isso ruiva.
– É claro que vamos dar um jeito nisso Harry – beijou mais uma vez o rapaz. Depois continuou a andar, com um sorriso ainda mais maroto no rosto.
Harry não sabia bem o que pensar a respeito daquele sorriso, mas tinha certeza que Rony não gostaria muito dos planos que a irmã estava traçando.
A primeira aula de transfigurações deu-se logo no inicio da segunda semana de aula. O professor Matthew Stonehard estava confortavelmente sentado em sua cadeira esperando os alunos. Sempre chegava antes da turma, assim tinha tempo para preparar a sala com antecedência. Gostava que tudo saísse conforme seus planos. Enquanto todos se sentavam, ele escrevia pequenos trechos e citações além de paginas de livros no quadro negro. Apesar de jovem, Stonehard era um prodígio das transfigurações. E um animago cadastrado pelo ministério.
Harry não sentiu muita simpatia pelo professor. Talvez pelo fato dele olhar para Hermione como se ela estivesse com uma mancha violeta no rosto. Rony era da mesma opinião.
– bom dia classe – falou o professor – Como todos vocês bem sabem, meu nome é professor Stonehard e minha matéria é transfigurações. Estou aqui para ensinar-lhes como mudar a forma de objetos e pessoas. E para aqueles que tiverem talento, durante o decorrer deste ano teremos uma atividade paralela para aqueles que desejarem se tornar animagos. Não é algo fácil, mas com grande esforço, será perfeitamente possível para todos conseguirem.
Uma aluna da Lufa-Lufa levantou a mão freneticamente. O professor a olhou intrigado.
– Pode falar senhorita...?
– Mia. Mia Strangehold – ele parecia muito orgulhosa em poder falar o próprio nome. Rony não teve bons pressentimentos.
– Pois bem. Pode falar senhorita Strangehold.
– O Ronald Weasley, que também está nesta sala agora e é amigo de Harry Potter se transformou em mais de um animal na luta que ocorreu no beco diagonal. Animagos se transformam em somente um animal. O senhor poderia explicar como ele pôde se transformar em dois diferentes.
Stonehard sorriu de uma forma que muitas garotas poderiam achar sedutora. Vários garotos fizeram caretas discretas para o professor.
– Veja bem senhorita, esta pergunta não entra de fato no tópico de minha aula, mas responderei com prazer. O que ocorreu naquele incidente foi um fato importante na história bruxa moderna. A aparição do primeiro multianimago em séculos. Antes que perguntem: um multianimago é um bruxo que nasce com o dom raro de não se prender a uma única forma animal. Na verdade pelos meus estudos, pode ser que ele nem mesmo seja preso aos limites das formas animais não-mágicas.
– O que isso quer dizer exatamente professor? – perguntou a mesma garota.
– Quer dizer que se desejasse, o multianimago poderia se transformar em dragão, cérbero, explosivim, hipogrifo, quimera, pégaso, trestálio, fênix, basilisco ou qualquer outra besta mágica existente. Diga-nos senhor Weasley, isso realmente é possível, ou são somente boatos?
Rony estava se sentindo exposto. Estavam falando dele como se não estivesse ali e logo em seguida o professor resolvia tratá-lo diferente de um enfeite de parede? Aquilo era demais. Não poderia suportar por muito tempo. Enquanto decidia se saía dali correndo ou enfrentava a fera de frente, Hermione levantou seu braço pedindo permissão para falar. Stonehard fez um meneio e concedeu.
– O Rony é de fato um multianimago, mas isso não o torna diferente da pessoa que sempre foi. Professor, o senhor não acha que deveríamos esquecer esse assunto e partir para o tópico da aula? O Rony está desconfortável com esta situação.
Rony olhava para a amiga como se pudesse pular de sua cadeira e beijá-la naquele momento. Sempre compreensiva com todos sem exceção. Ela era perfeita e ele, indigno de desejá-la. Ela era de fato a aluna mais brilhante da escola e ele um mentiroso traiçoeiro.
– Hermione Granger – falou Stonehard – Falaram-me muito bem de você. Disseram que era brilhante. Desculpe minha indiscrição, neste caso senhorita, mas tente entender: assim como todos eu também estou curioso e não pude segurar minha emoção. O Senhor Weasley é algo raro, único nos dias atuais. Um objeto de estudo inigualável...
– Poderia parar de falar de mim como se eu não estivesse aqui? – interrompeu Rony. O rosto ruborizado de raiva e vergonha.
– Desculpe se o deixei constrangido senhor Weasley...
– Constrangido é o mínimo! – e sem mais nenhuma palavra, ele saiu da sala.
Todos ficaram olhando espantados para a porta aberta. Rony nunca tinha feito nada assim antes. Praticamente gritar com um professor. Hermione estava com os olhos úmidos. Entendia grande parte da dor do amigo e gostaria de possuir os meios para ajudá-lo.
Harry respirava pesadamente. Tinha tanta raiva neste momento que poderia explodir as paredes. Literalmente. Tinha agora a certeza que as aulas de transfiguração não seriam nada agradáveis naquele último ano.
– Aquele cretino fez o quê? – Gina estava transtornada. Horas depois do incidente como professor Stonehard, Rony ainda estava sumido. Ninguém tinha qualquer noticia a respeito dele. Harry e Hermione contaram para Gina toda a verdade quando constataram que nem mesmo ela sabia onde estava o irmão.
– Ele ainda está com a mente fechada. Mas isso não importa agora. Eu quero saber onde está esse professor babaca. Quero azará-lo e deixá-lo irreconhecível.
– Como assim isso não é importante agora Gina? – Hermione estava quase histérica – Seu irmão está desaparecido a pelo menos três horas e não temos idéia de onde ele possa estar.
Gina sorriu de seu modo único para a amiga.
– Sabe Hermione, às vezes eu estranho esse seu comportamento.
– Como assim? – Hermione não estava entendendo nada.
– Como você pode ser a aluna mais brilhante de Hogwarts e esquecer que o seu amigo do peito, Harry Potter possui um mapa encantado que localiza qualquer pessoa dentro deste castelo?
A outra bateu com a palma da mão na própria testa, em sinal de entendimento. Harry nem mesmo esperou por um pedido formal. Saiu correndo para seu dormitório e voltou logo em seguida com um pergaminho velho e muito mais amarelado que o normal. Juntou-se à Gina e Hermione e coma varinha em punho conjurou as palavras secretas.
– Juro solenemente não fazer nada de bom.
As abas dobradas do pergaminho se enriqueceram e as partes dobradas se abriram. Logo depois da mensagem conhecida, um perfeito mapa dos corredores do castelo aparecia impresso em tinta mágica. Os nomes de todos os alunos e funcionários estavam lá. Alguns em movimento, outros parados, uns poucos muito juntos em corredores obscuros.
– Não sabia que a Clarisse Genevieve da Lufa-lufa estava ficando com o Marcus Graham da Corvinal – falou Gina.
– E eu não acho que ISSO importa agora – Hermione estava cada vez mais nervosa.
– Interessante – falou Harry.
– O quê? O quê é interessante? As unhas de Hermione precisariam ser encantadas com um feitiço restaurador quando a situação voltasse ao normal.
– Não vejo o nome do Rony em lugar algum. Isso só pode significar duas coisas.
– Ele não está no castelo... – Falou Gina.
– Ou ele está na Sala Precisa – falou Hermione.
No sétimo andar da ala leste, em um largo corredor, existe uma parede estranha. Todos que por lá passam juram ter visto os tijolos se moverem como se estivessem acompanhando os passantes. Mas geralmente as pessoas não dão muita atenção a esses relatos. Coisas que se movem sozinhas não são exatamente novidades em Hogwarts.
Nesse corredor se encontra a mais fascinante das salas do castelo. A Sala Precisa. Também conhecida como SalaVem-e-vai. Esse lugar é dotado de uma propriedade única: pode criar um ambiente que seja uma perfeita mentalização dos desejos imediatos de uma pessoa. Ou seja, se um bruxo desejar muito um lugar para ficar sozinho e colocar em prática suas habilidades mágicas, a sala vai prover tudo de que ele precisar.
Era exatamente isso que Rony Weasley estava fazendo neste exato momento.
A varinha em punho, lançando raios vermelhos para diversas direções. Cada um dos feitiços atingindo um alvo diferente. Cada alvo rápido como um cervo e com reflexos mais precisos. Rony estava ofegante, mas não gostaria de parar naquele momento. Estava treinando a pelo menos duas horas e jamais admitiria para ninguém, nem mesmo para si mesmo, mas estava cansado e chegando ao limite. Tinha coisas demais na cabeça naquele instante e precisava espairecer. Olhou em volta e viu restos dos bonecos de treino modificados para se mover como pessoas, mas com melhor condicionamento físico. Estavam destruídos. Sem nenhuma serventia agora. Ainda bem que a sala poderia prover novos quando fossem desejados, senão Rony teria sérios problemas com Harry quando o dia da primeira reunião oficial da Armada de Dumbledore chegasse.
Então veio novamente a sensação de solidão. Ele estava sozinho. Não importava se sempre estivesse entre seus irmãos e amigos, ele estava sozinho. Gina tinha Harry, e se Rony fizesse seu trabalho corretamente, os dois poderiam viver suas vidas felizes quando tudo acabasse. Mas ele mesmo não tinha esse direito. Hermione merecia mais. Merecia o melhor. E esse definitivamente não era ele.
Sabemos onde você está.
A voz de Gina veio novamente à sua mente. Mas desta vez a mensagem era bastante clara. Rony suspirou. Não estava preocupado de verdade. Queria ficar sozinho e a Sala Precisa era o lugar perfeito para isso. Ninguém poderia encontrá-lo a menos que soubesse exatamente o que ele pensou quando desejou entrar. Por isso ficou tão surpreso quando a porta abriu repentinamente e sua irmã, acompanhada de Harry e Hermione entraram apressados.
Ninguém o conhecia melhor que Gina. Seria tolice pensar que ela não descobriria os rumos de seus pensamentos recentes. Mesmo com a mente fechada, era impossível escapar da inteligência de sua irmã. Ela era uma bruxa talentosa e poderosa, mas ainda tinha muito que aprender. No decorrer deste ultimo ano Rony pretendia deixar não apenas Harry pronto, mas também Gina. Era essencial que ambos estivessem plenamente conscientes de todas as habilidades que possuíam. E claro não poderia ser diferente com Hermione. Ela não precisava de auxílio tão severo e constante quanto os outros dois. Era simplesmente brilhante.
– O que estava fazendo? – perguntou Gina, com uma pontada de irritação.
– Você pode perfeitamente responder por mim essa pergunta.
Gina o encarou por uns instantes e bufou frustrada.
– Estava treinando. Descontando sua raiva.
Rony se virou de costas e pegou um livro que estava em cima de uma pequena escrivaninha. “Os mistérios da mente e o domínio da oclumência”. Hermione não pode deixar de olhar para Harry.
Rony jogou o livro para o amigo, sem muita empolgação.
– Você está melhorando. Então acho que pode usar esse livro para pular mais um nível. São técnicas avançadas para fortalecer a mente. Garanto que em pouco tempo você será um oclumente inigualável – e saiu, passando pelos amigos. Quando chegou na porta, voltou-se e tornou a falar – Eu não estou muito amigável neste momento, então vamos deixar para conversar amanhã está bem?
Horácio Slughorn podia ser chamado de várias coisas, mas nunca era chamado de idiota. Na verdade, todos os que o conheciam mais profundamente sabiam de sua indubitável inteligência e talento para conseguir favores e conexões. E nos últimos dias ele vinha observando atentamente três dos estudantes da escola que poderiam entrar para sua lista de favoritos.
Harry Potter era um alvo obvio. Afinal quem não gostaria de manter contato com o menino-que-sobreviveu? Hermione Granger era brilhante. Talvez a melhor aluna que tenha passado pela escola nos últimos cinquenta anos. E por ultimo a surpresa: Ronald Weasley. O rapaz antes aparentava ser simplório e apagado. Agora, além de ser nomeado monitor-chefe, tinha sido encarregado de substituir um professor quando o mesmo se ausentasse. Fora o fato de ser o melhor amigo de Potter e sempre estar com ele quanto o perigo rondava. Alguém assim não poderia ser comum. Três jovens que poderiam ser os diamantes de sua coleção. Slughorn só tinha que saber como domá-los.
Harry estava nervoso. Já tina dado aulas para os outros alunos antes e se saído muito bem. Mas desta vez era diferente. Tudo era oficial. E maior.
Alunos de todas as casas, até mesmo Sonserina tinha se juntado à Armada de Dumbledore, dispostos a aprender com ele. Rony e Hermione estavam ao seu lado, bem como Tonks, que fora designada pelo ministério para auxiliá-lo quando precisasse. Gina também. Um pouco mais afastada conversando com Luna e Neville. Harry não gostou muito de ver alguns jovens olhando para a namorada, mas decidiu que não adiantaria muito ficar de cara fechada e frustrar as expectativas das pessoas por uma boa aula.
Ele apresentou os alunos novos e os separou por anos. Decidiu que tinha também que usar um novo método de ensino. Decidiu que um aluno mais experiente deveria fazer dupla com outro novato do mesmo ano, para assim deixar as coisas equilibradas. Rony foi auxiliar alguns garotos do primeiro ano, que pareciam muito felizes em tê-lo por perto. Harry viu Mary entre eles. As aulas ocorreram de forma satisfatória. Perto do fim Tonks decidiu sair, sob a desculpa de ver seu muito querido “homem de probleminha peludo”.
Alguns alunos demoraram mais para sair que outros. Rony estava sentado, displicentemente em uma poltrona velha e Hermione arrumava os livros. Vez por outra, olhava para o ruivo e depois virava o rosto, como se estivesse arrependida de olhar. Harry não sabia se algum dia eles admitiriam que eram perfeitos um para o outro e começariam a namorar. Gina apenas abraçava o namorado e nada dizia. Conhecia o irmão e a amiga. Sabia que seria inútil uma abordagem direta. Teria que usar de técnicas mais sutis se quisesse juntar os dois.
Os quatro saíram da sala depois de repassar o cronograma para a semana seguinte. Caminhavam pelo corredor despreocupadamente e conversando amenidades. Alguns outros alunos ainda caminhavam pelos corredores. Apressados para voltar às suas casas. Em pouco tempo o toque de recolher entraria em vigor e nenhum deles gostaria de ter problemas com a diretoria no primeiro mês de aulas. Pequenos grupos ainda estavam parados conversando, para decepção de Hermione, que resistiu ao impulso de mandar todos correndo para seus devidos salões comunais.
O retrato da mulher gorda não parecia muito feliz em dar passagem naquele começo de noite. Harry se perguntava como ela tinha tantas variações de humor sendo apenas um quadro, mas decidiu que essa resposta não seria muito útil no momento. Dentro do salão, vários estudantes barulhentos conversavam. Alguns pararam ao ver os quatro, outros, os mais antigos, não deram mais importância que o necessário. Harry agradeceu intimamente por isso.
Um piado agudo e estridente foi ouvido. Harry e Hermione por impulso procuraram as varinhas nos bolsos. Rony apenas suspirou e estendeu o braço com a mão aberta. Uma pequena ave veio voando alegremente, dando piruetas e mais piruetas no ar, sempre piando. Depois de algumas batidas de asas e manobras duvidosas, a pequena coruja pousou nos longos dedos de Rony que imediatamente começou a fazer-lhe carinho de modo delicado com as pontas dos dedos da outra mão.
– Posso perceber claramente que você está com saudades. Mas nos vimos a poucas horas, então não precisa fazer tanto barulho Pichi.
Algumas garotas deram suspiros ao ver esta cena. Harry conseguiu ouvir comentários como: “que bonitinha essa corujinha”, “eu quero uma coruja assim”, “ele é tão alto, mas a coruja é tão pequenina e fofa”. Ele balançou a cabeça, revirando os olhos. Rony tinha que tomar cuidado este ano se desejasse acertar sua relação com Hermione.
Dali a dois dias seria o começo do período de lua cheia. Durante uma semana Rony seria o professor de Defesa Contra as Artes das Trevas. Harry não podia imaginar as coisas que poderiam acontecer nesse tempo. E isso se repetiria uma vez por mês durante todo o ano letivo.
Sentiu as mãos delicadas e quentes de Gina segurando as suas. Olhou para a namorada e sorriu ao ver o brilho maroto e decidido de seus olhos castanhos. Ela era perfeita e ele não deixaria que nada a machucasse. Não importava se existia uma profecia que ditava o destino da garota, ele, Harry, não desistiria e tentar por um fim nisso tudo com as próprias forças. Além do mais, ainda podia contar com a existência de Rony. Isso lhe dava alivio.
– Diga de novo – falou a ruiva sussurrando ao ouvido dele.
– Dizer o quê? – Harry não era muito bom com essas situações. Ainda ficava ruborizado pelo nível de intimidade que havia atingido com Gina.
– Diga como não resistiu ao meu charme e ao meu amor.
– Aqui?
– Apenas para nós dois ouvirmos. Não precisa anunciar aos quatro ventos – ela estava se divertindo à custa dele. Harry decidiu que também tiraria algum proveito da situação.
– E se eu não disser nada?
Gina o olhou com interesse maior.
– Se não disser nada, então eu também não direi nada.
– Não dirá nada sobre o quê?
– Você primeiro, Harry Potter.
Derrotado. Era assim que ele se encontrava naquele momento. E ainda assim, estava feliz. Harry não sabia que podia ser tão gratificante estar com a pessoa que mais amava no mundo. Respirou fundo e também sussurrando, começou:
– Eu não sabia o que estava fazendo na época. Gina. E mesmo agora, tenho duvidas. Mas em relação ao que sinto por você, duvida é uma palavra que não entra em contexto. Durante o tempo que estive separado de você, eu me senti incompleto. E quando te reencontrei, eu me senti como a lua.
Gina franziu o cenho.
– Não entendi Harry. Como assim a lua?
– Você era a terra e meu destino seria orbitar à sua volta. Você é uma força que eu não posso ignorar. Nem mesmo quero ignorar. Eu simplesmente não tenho forças para ficar longe de você. É isso. Eu não tenho mais forças. Você me tem totalmente à sua mercê. Sou seu, agora e sempre.
Sem se importar se alguém os observava, Gina beijou Harry com paixão. E a sensação de que fazia isso pela primeira vez continuava. Cada beijo que dava em seu verdadeiro amor era novo e único. E sempre era melhor. Ela passou os braços em volta do pescoço de Harry e ficou nas pontas dos pés. Queria aproveitar cada momento, cada segundo daquele beijo e de todos os outros que ainda viriam.
– Hem Hem! - a voz de Rony chegou aos ouvidos dos dois como um banho de água fria.
– O que foi Rony? – Gina se esforçava para o tom de voz sair normal.
– Em público não, por favor.
– E o que isso importa a você Rony?
Ele sorriu torto, um pouco acanhado, mas ainda assim falou.
– Quer mesmo que eu diga como isso importa e de que maneiras?
– Não tente brincar comigo Rony. Nesse jogo eu sempre ganho de você.
Rony bufou, mas se afastou. Gina reparou que ele deu um olhar com certo desejo para Hermione, mas a garota estava de costas, falando com alunos do primeiro ano.
– Bobo – resmungou a ruiva.
Dois dias depois, Harry e Hermione estavam ansiosos para ter sua primeira aula de DCAT com o novo professor. Afinal não era sempre que seu melhor amigo recebia um cargo desses. E os dois não pareciam ser os únicos nesse estado. Desde o dia anterior quando o professor Lupim anunciou seu afastamento periódico, todos passaram a ver a declaração de McGonagall como verdadeira. No fundo, muitos ainda achavam que tudo não passava de uma brincadeira.
Harry abriu a porta e deu passagem para Hermione. Ambos se sentaram na mesma fileira, com a garota na frente. Aquela era uma aula de dois horários em conjunto com a Corvinal. Pelas expressões de todos, Rony teria que mostrar um excelente serviço. Ou poderia pôr tudo a perder, logo no inicio.
Estavam sentados a menos de dois minutos quando a porta abriu e Rony entrou. Estava vestido de forma diferente. Um manto azul escuro e roupas negras de corte simples, mas elegantes. Mas era perfeitamente visível em seu rosto o quanto estava nervoso. Ele colocou os livros que trazia em cima da mesa e sacou a varinha. Apontou para o quadro e fez um floreio.
Símbolos estranhos começaram a surgir, desenhados com tinta mágica.
– Alguém poderia me dizer o que significam estes símbolos? – perguntou Rony em tom neutro, tentando disfarçar o nervosismo.
Não foi surpresa para ninguém quando Hermione levantou o braço. Rony sorriu.
– Muito bem senhorita Granger. Diga-nos então.
Hermione estranhou o tratamento formal, mas pensou que ele estava agindo assim para provar que estava na posição de professor e não de amigo. Ela não pôde deixar de notar o quanto ele estava diferente vestido daquele jeito. Não lembrava em quase nada o Rony atrapalhado de anos antes. E os músculos que tinha desenvolvido com os treinos de quadribol, não estavam ajudando a concentração da garota.
– São os símbolos universais da magia suprema. Tão antigos quanto o uso da própria magia. Muitos estudiosos dizem que através do estudo desses símbolos é possível se proteger de qualquer feitiço maligno, incluindo maldições imperdoáveis.
Rony abriu ainda mais seu sorriso. Parecia muito satisfeito.
– Excelente senhorita Granger. Dez pontos para a Grifinória. E poderia nos dizer exatamente o que esse dois símbolos podem representar?
– Bem... O primeiro, em forma de circulo com a figura que lembra levemente um homem dentro, representa o poder da aura mágica pura. A forma mais bruta e simples de magia. Se um bruxo dominar sua aura mágica primordial, será capaz de aumentar sua capacidade mágica. Será capaz de fazer feitiços mais potentes e duradouros, além de torná-los mais difíceis de desfazer.
Ela respirou profundamente, antes de continuar.
– O segundo, onde aparece algo como um homem de braços abertos, com um círculo se expandindo de seu centro, representa o espírito livre. O controle de sua própria mente e seus pensamentos, além de seus desejos. Isso também aumenta o controle da magia permitindo mais precisão e eficácia de feitiços. Se um bruxo dominar tanto sua aura mágica primordial, quanto o espírito livre, pode realizar qualquer magia imaginável com efeitos devastadores, e talvez até mesmo parar o mais poderoso feitiço das trevas...
Hermione não conseguiu segurar mais. Levou as mãos à boca, como se tivesse dito um palavrão. A luz da compreensão, iluminando seus olhos arregalados. Hermione estava finamente entendendo. Rony abaixou a cabeça e suspirou. Virou-se para o quadro e levantou a varinha. Foi quando Hermione tornou a falar interrompendo-o.
– Isso é verdade?
– Perdão – Rony se virou mais uma vez.
– Isso realmente é verdade. Todas as lendas, relatos fantasiosos... Estudos modernos foram feitos e ninguém conseguiu provar nada. Não existe nenhum bruxo registrado que tenha feito algo assim. Eu pelo menos não conheço nenhum.
– Na verdade você conhece alguns.
Hermione arregalou mais ainda os olhos surpresa. Ela conhecia alguns? Como assim. Vendo a confusão que a garota estava criando na própria mente, Rony se apressou em responder.
– Merlin. Ele dominou esses dois caminhos. E também Gagliostro. E nos tempos mais modernos, dois grandes bruxos conseguiram tal façanha: Alvo Dumbledore e Lord Voldemort.
Todos os alunos soltaram exclamações de surpresa, até mesmo Harry que não era dado a esse tipo de mania.
Simas Finnigan levantou a mão, ansioso.
– Sim, senhor Finnigan?
– E você vai nos ensinar essas coisas Rony?
O ruivo abaixou os olhos.
– Menos dez pontos para Grifinória. Enquanto eu estiver nesta posição, o senhor se dirigirá a mim como professor, senhor Finnigan. O mesmo vale para todos vocês. E respondendo a pergunta: seria muita arrogância de minha parte achar que alguém como eu poderia ensinar vocês como dominar a verdadeira magia. O que eu vou fazer, apenas nas aulas administradas para o sétimo ano, é ensinar-lhes o caminho. Guiar suas mentes. E mesmo que no fim nenhum de vocês consiga o domínio pleno desses poderes, eu garanto que se tornarão mais fortes. Isso sem sombra de dúvida. Apenas o estudo desse caminho, já é o suficiente para expandir os limites da magia de um bruxo, mesmo que em níveis moderados. Isto, claro se a mente do bruxo for aberta o suficiente para conseguir. Mas acima de tudo, eu desejo dar-lhes algo muito precioso: informação correta. Os senhores e as senhoritas têm o direito de saber a verdade sobre o que está lá fora. E ao mostrar-lhes uma das verdades por trás do poder do inimigo dos bruxos livres, vocês estarão de certa forma, mais seguros.
Uma garota da Corvinal levantou a mão timidamente.
– Pode falar senhorita Dashwood.
– Er... Bom... Professor, o senhor dominou esses caminhos?
Rony não demonstrou nenhuma surpresa com a pergunta.
– Não afirmo nem nego isso. Posicionem-se em pares. E esperem pelas minhas instruções.
Se os alunos tinham alguma duvida sobre a capacidade de ensino de Rony, isso foi corrigido nos quinze primeiros minutos de aula. Harry estava fazendo dupla com Hermione, mas não conseguia deixar de prestar atenção nos outros estudantes. Olhares admirados, olhares de surpresa. Olhares de inveja. Olhares indecifráveis.
Rony caminhava entre eles agora muito mais confiante que no inicio. Tinha dominado a situação por completo. Durante a hora que se seguiu fez os alunos pensarem em seus maiores medos. Em suas maiores frustrações. Mandou que focassem seus pensamentos somente nisso.
– Agora usem esse sentimento negativo. Transformem-no em algo bom. Aprendam a conviver com isso e o convertam em força em vez de fraqueza. Um grande pensador trouxa disse uma vez: “Aquilo que não me mata, apenas me fortalece”. E bem, a meu ver, ele estava certo.
Harry pensou nessas palavras e guardou-as na memória.
– Medo é importante. Sem ele não saberíamos até onde devemos ir. Mas suplantar o medo em nome de algo mais importante, é essencial.
Depois de muito tempo explicando e fazendo todos lembrarem situações ruins, Rony parou no centro da sala.
– Muito bem, hora de mostrar o real propósito de tudo isso. Senhorita Dashwood? Poderia vir aqui?
A garota caminhou sem muita motivação até Rony. Perto dele parecia mais uma criança pálida.
– Não perca sua confiança. Diga-me, Dashwood, seu Protego não é muito eficaz, correto?
Ela olhou para Rony surpresa.
– Como o senhor sabe disso?
– Sou professor agora. Meu dever é conhecer meus alunos. Então, eu estou correto em minha afirmativa?
– Está.
– E por qual razão seu feitiço de proteção não é tão eficaz?
– Eu... Bem, não consigo mantê-lo por muito tempo. E a barreira que eu crio não resiste bem a ofensivas diretas.
Rony concordou com a cabeça.
– Bem senhorita, posicione-se a alguns passos de mim. E prepare-se para conjurar o melhor Protego de sua vida, pois eu não vou ter pena de sua pessoa.
A garota não sabia o que fazer enquanto Rony se afastava sem olhar para mais ninguém a não ser para ela. Harry ficou preocupado se aquilo acabaria bem. Não conhecia bem aquela garota, mas sentiu pena dela. Carmela Dashwood. Era tímida e pouco confiante. Calada na maior parte do tempo. Era bonita, mas de um modo singelo e convencional. Cabelos pretos e lisos, presos por uma trança grossa. Os olhos grandes da garota estavam lacrimosos neste momento.
Carmela nunca gostava de ser o centro das atenções. Preferia ficar observando e aprendendo. Tinha muita curiosidade, mas nada que a fizesse correr riscos e durante seus anos escolares, sentiu uma pontada de inveja de Harry Potter e seus amigos. Eles sempre recebiam toda a atenção por serem pessoas incríveis, enquanto ela se contentava em receber notas excelentes em suas matérias. Tinha uma paixonite platônica por Rony Weasley, por causa de seus cabelos brilhantes e sua estatura avantajada. Acompanhou os jogos de quadribol que ele participava, mesmo sem gostar do esporte. Sempre ficava feliz quando a Grifinória ganhava graças ao goleiro. Mas sabia que ele jamais olharia para ela. Ainda mais com Hermione Granger sempre por perto para arrancar suspiros do ruivo. Já tinha se conformado com sua situação e superado o sentimento. Não estava gostando de nenhum garoto no memento, mas esperava que algum dia voltasse a se apaixonar e encontrasse alguém certo para partilhar seus melhores sentimentos.
Agora ela estava em uma sala de aula escura, com todos olhando em sua direção e o professor mais jovem da história estava lhe pedindo para conjurar o feitiço que jamais tinha conseguido fazer com perfeição.
Rony Weasley estava parado na sua frente. Postura relaxada e confiante. A varinha em sua mão parecia inofensiva. Carmela suspirou. Ia dizer que não era capaz. Que aquilo tinha sido um erro e pediria para ele chamar outro aluno, quando um raio brilhante saiu da ponta da varinha do ruivo.
O raio não atingiu nada nem ninguém, mas deixou todos assustados. Então Rony levantou o braço. E alguns raios, menos intensos que o anterior, começaram a percorrer a extensão da varinha e do antebraço do bruxo. As pedras do chão, perto dos pés de Rony tremeram levemente, e isso foi percebido por todos os presentes.
Carmela começou a chorar. Estava com medo. O olhar que Rony lhe lançava não era de forma alguma amigável. Ela podia jurar que ele tinha a intenção de machucá-la. Então ouviu a voz em sua mente. “Lembre-se do medo. Lembre-se do medo. Aquilo que não nos mata, apenas nos fortalece”
Estranhamente, ela sentiu-se mais confiante ao lembrar-se disso. Seu maior medo era jamais ser capaz de se tornar uma bruxa à altura de sua família. Todos eles bruxos respeitados e importantes dentro da comunidade. Ela teve que segurar em silencio suas frustrações durante anos, sempre vivendo encoberta pela sombra dos irmãos mais velhos e pelo pai, um grande político. Mas agora nenhum deles estava ali. Ela não tinha que impressionar ninguém. Durante anos sentiu-se humilhada, mas aquilo não a tinha matado, pelo contrario, agora estava fortalecida. Como havia afirmado Rony Weasley.
Segurando a varinha com determinação, Carmela se preparou. Antes mesmo que Rony tivesse lançado seu feitiço dos raios, ela já tinha gritado a plenos pulmões: Protego.
Rony sorria. Estava orgulhoso da garota. Tudo de que ela precisava era de um forte incentivo. Medo e depois superação. Elevação de espírito. Não era um caminho fácil, mas aparentemente Carmela poderia trilhá-lo nos anos seguintes se assim desejasse.
Agora os dois estavam em uma disputa acirrada. Por um lado Rony direcionava relâmpagos azulados e brilhantes contra a garota. E Carmela se protegia de forma invejável com um escudo mágico esverdeado. A disputa não era fácil.
Então para surpresa de Rony, ela expandiu o escudo fazendo os relâmpagos se dispersarem para logo em seguida contra-atacar com um feitiço de desarme. Rony nem mesmo teve o que pensar. Bloqueou e contra-atacou com o mesmo feitiço. E a garota conseguiu bloquear bem, mesmo dando vários passos para trás. Ela era formidável, pensou Rony. Que seu amigo não o ouvisse, mas ela poderia ser melhor que Harry em combate. Reflexos um pouco lentos e raciocínio não treinado, mas isso poderia ser arranjado. Tinha um potencial incrível, como visto em poucos.
Rony abaixou a varinha repentinamente. Tinha que tirar uma ultima dúvida.
– Conjure seu patrono senhorita Dashwood.
Ela piscou confusa pela súbita mudança de acontecimentos, mas obedeceu. Nunca tinha sido boa em conjurar um patrono. O máximo que havia conjurado era uma fumaça prateada sem forma definida. Tentou pensar em alguma lembrança feliz, mas nada vinha à sua mente. Apenas o momento em que havia levantado seu escudo. Então sorriu. E com essa lembrança, falou:
– Expecto Patronun!
Uma coruja de asas formidáveis surgiu da ponta de sua varinha. A cada bater de asas, pequenos pontos luminosos desprendiam das penas. Era como se flocos de neve ficassem fluorescentes. Muitos ali tinham que admitir: aquele era um dos patronos mais belos já vistos.
Carmela dava gritinhos de alegria. Correu e abraçou Rony, cheia de felicidade. Um pouco tarde demais, percebeu que aquela não era uma atitude que um aluno deveria ter em relação a um professor.
– Desculpe senhor.
Rony sorriu divertido.
– Não se desculpe. Não fez nada que mereça desculpas. Na verdade merece congratulações pelo seu excelente patrono. Foi a primeira vez que conseguiu conjurá-lo de forma corpórea correto?
– Sim professor.
– Meus parabéns – e olhando para o restante dos alunos – Encerrarei por aqui. Para a próxima aula quero trinta centímetros de pergaminho, detalhando como o estado de espírito pode influenciar a magia. Dispensados.
Alguns alunos começaram a pegar os livros. Outros ainda permaneceram parados, e alguns outros ficaram em pequenos grupinhos, cochichando sobre a aula. Carmela ficou parada, meio sem saber o que fazer. Rony a olhou e perguntou:
– Pois não?
A garota demorou a falar, mas reuniu um pouco de confiança.
– Eu queria saber... Hum... Qual é o seu patrono professor?
De onde estava Harry olhou interessado para a situação. Imaginou a expressão de Hermione, que estava parada um pouco atrás dele. Será que a amiga estava demonstrando ciúmes? Resolveu olhar e conferir. Arrependeu-se no mesmo instante.
Hermione detestava aquela sensação. Era a mesma sensação que tivera quando Rony namorou Lilá Brown. O aperto no peito era o sinal inicial. Agora ela estava ofegante. Ela tinha que dar um jeito naquela situação. Não podia ficar se remoendo sempre que alguma garota interessante chegasse perto de Rony. Carmela Dashwood não era o ápice da beleza, mas era interessante e bonita, além de muito inteligente. E parecia interessada. Hermione se aproximou, sem saber ao certo o que fazer. Ali, naquele momento ele era um professor. Ela não podia simplesmente impedi-lo de falar com uma aluna.
Os outros alunos pararam e ficaram olhando para Rony. Estavam curiosos depois da pergunta feita pela garota.
O rapaz deu de ombros e levantou a varinha. Incontinenti, o valente filhote irrompeu do fetiche. Ficou parado no chão, balançando a calda com a língua de fora parecendo muito feliz em mostrar-se para as pessoas. Carmela ficou olhando para o patrono como se duvidasse de sua seriedade.
– Eu... Eu imaginei que seu patrono fosse um leão ou um dragão... Ele é um filhote de terrier?
– Sim.
– Mas qual a razão de ser um filhote de terrier?
– Antes de responder essa pergunta, como seu professor eu tenho que dizer: não é a forma do patrono que o faz mais poderoso. O que importa é o quanto ele brilha mais intensamente conforme a força da lembrança que o gerou. Meu patrono pode ser pequeno e pouco imponente, mas cumpre sua função muito bem.
A garota pareceu não saber o que dizer. Abaixou a cabeça e disse entre soluços:
– Não queria desrespeitá-lo. Nunca foi minha intenção. Eu apenas imaginei que seu patrono fosse maior e representasse algo poderoso. Uma criatura mágica impressionante.
– Mas ele representa algo poderoso. Um cão de guarda. Um protetor dos homens. Um guardião. Ele representa meu desejo de proteger as pessoas que me são mais preciosas. Agora, se ele é filhote... Bem, acho que isso é culpa da minha imaturidade.
Horas depois, próximo ao crepúsculo, Harry Gina e Hermione estava sentados perto do lago observando o movimento da escola. Grupos de amigos riam e se divertiam juntos. Casais de namorados em recantos que julgavam escondidos e alguns que como eles, apenas sentavam e conversavam em calma. Rony ainda não tinha saído do castelo. Provavelmente preso em uma aula mais demorada com os alunos do quinto ano.
– Ele se saiu bem. – falou Hermione, depois de olhar mais uma vez para o castelo e não ver Rony se aproximando.
– Não me fale do Rony – disse Gina estreitando os olhos – Ele foi um chato, isso sim. Acredita que ele nos mandou escrever uma redação de sessenta centímetros sobre os benefícios da magia não verbal? E tudo isso pra sexta. Ainda bem que o professor Lupim volta logo.
Harry riu. Gina era divertida mesmo quando ficava com raiva.
– Do que está rindo Potter? Por acaso está discordando de mim?
– Longe de mim Gina – ele falou ainda rindo – Mas você tem que admitir: ele sabe o que está fazendo. E depois da aula de hoje, eu tenho certeza que posso aprender coisas úteis na escola este ano.
– Está falando dos símbolos da magia? – Hermione perguntou um pouco receosa.
– Sim – e olhou para amiga muito seriamente - Poxa Mione, você sabia disso há tanto tempo e não me disse nada.
– Era apenas uma lenda Harry. Eu jamais imaginei que realmente existisse alguém que pudesse fazer isso.
– Vocês estão falando do controle do espírito e da aura primordial? – Gina falou.
Harry e Hermione olharam para ela com interesse.
– Como sabe disso? Pensei que o Rony só falaria sobre esse assunto com o sétimo ano. Eu não acho que seja apropriado para alunos menores de idade esse tipo de treinamento. Vou falar com esse irresponsável assim que ele aparecer...
– Calma Hermione – Gina falou com uma pontada de divertimento na voz – o Rony não comentou nada sobre isso no sexto ano. Eu sei sobre esses símbolos e que eles representam há anos.
– Como assim? – Harry não pôde esconder o interesse crescente. Já tinha uma idéia da resposta da namorada, mas queria ter certeza.
– Bem, o Rony comentou sobre eles quando tinha doze anos. Foi nessa época que ele despertou a maior parte de seu poder mágico verdadeiro. Acho que foi quando Dumbledore o treinou para despertar sua verdadeira capacidade. Bom, tudo que eu sei é que depois disso o Rony ficou mais poderoso e não parou mais de evoluir. Agora nos últimos tempos é que ele estabilizou seu desenvolvimento.
Hermione e Harry estavam começando a se acostumar com as surpresas de Rony. Depois de descobrir que Voldemort e Dumbledore tinham despertado e dominado um poder tão antigo que sua origem se confundia com a própria história da bruxaria, não era de se admirar que o Guardião também dominasse tais habilidades. E se as lendas fossem verdade, Harry teria que temer ainda mais seu inimigo. Além de imortal, Voldemort ainda estava a séculos de distancia em termos de poder mágico. Tinha que falar com Rony o quanto antes. Precisava despertar esse poder antigo, se fosse capaz.
Perto dos portões, Rony vinha caminhando lentamente. A gola da roupa não mais apertada em volta do pescoço. Ele estava mais relaxado em termos de visual, para não dizer, levemente em desalinho. A respiração de Hermione falhou por um instante. Ela tinha que concordar que ele era bonito. E naquele momento, com a luz avermelhada do pôr-do-sol, Rony parecia uma pintura clássica.
Hermione já tinha lido vários romances que falavam do amor e de seus efeitos avassaladores. Mas vivenciar esse tipo de emoção não era utópico como na literatura. Ela não era de forma alguma o par perfeito para Rony. Antes sabia que ele era preguiçoso e desleixado, além de pouco dado a esforços mentais. Agora sabia que ele na verdade era brilhante e esforçado. Rony estava caminhando para longe dela e Hermione não sabia o que fazer.
Pela primeira vez em muito tempo, a garota estudiosa e inteligente, que sempre tinha a resposta na ponta da língua, não sabia o que fazer. Não se sentia segura para tomar uma atitude e dar o passo seguinte. E se ele não gostasse dela? E se aquilo estragasse a amizade deles? E se não fosse tão perfeito quanto ela imaginava todos os dias? Definitivamente ela não estava se comportando como uma legítima representante da Grifinória.
Rony se aproximou e sentou sem dizer nada. Encostou-se a uma arvore e fechou os olhos, dando um suspiro. Estava claramente cansado.
– Não acho que você vá ter problemas se usar a penseira de Dumbledore – falou Harry repentinamente.
O ruivo levantou a cabeça e ficou um tempo encarando o amigo. Depois olhou para Hermione e voltou a abaixar os olhos.
– Suas aulas começam esta noite, Harry – ele falou.
Harry arqueou as sobrancelhas, não sabendo bem como interpretar aquelas palavras.
– Vinte e uma horas, Sala Precisa – ele tornou a falar sem dar muita importância ao rosto interrogativo do amigo – Use a capa de invisibilidade. E você pode vir também se quiser Hermione. Mas não você Gina.
– A ruiva fez cara de zangada, mas antes que pudesse falar alguma coisa, Rony tornou a antecipar.
– Você sabe muito bem a razão de eu não querer sua presença. Por favor, ao menos uma única vez em toda a nossa vida, não me questione e não discuta comigo.
Gina deve ter visto algo nos olhos azuis de Rony que ninguém mais viu, pois depois das palavras do ruivo, ficou calada. Harry estava espantado e desconfiado. Em nenhum momento desde que os conhecia, Rony fazia Gina ficar calada. Aquilo só podia significar algo muito serio.
– Pode me dizer o que está acontecendo? – Harry perguntou a Rony.
O outro apenas fechou os olhos e se recostou mais uma vez na árvore.
– Esta noite você vai começar a treinar aquilo que deseja tanto.
– Rony, eu...
– Esta noite Harry- ele encerrou o assunto com um tom imperativo de voz.
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