Capítulo Dez: Beco Diagonal
Mais um capítulo. Estou começando torná-los maiores. Esquero que gostem deste. Comentem e deixem suas críticas. E obrigado a todos por acompanharem minha fic.
Capítulo Dez: Beco Diagonal.
Harry acordou cedo naquela manhã. Mesmo com todo o cansaço do casamento ele não conseguiu conciliar bem o sono. Duas vezes acordou devido a pesadelos. O sol entrava pela janela do quarto em finos fachos que conseguiam passar pela cortina velha e surrada. Pegando os óculos no criado mudo Harry abriu as cortinas impaciente para iluminar totalmente o lugar. Detestava a escuridão. As imediações da Toca eram belíssimas. Verde vivo e vibrante que dominava toda a extensão e se perdia no horizonte. Perto da entrada do bosque, Harry identificou a figura alta de Rony parado segurando sua varinha. Intrigado ele resolveu observar. Rony parecia estar meditando. A cabeça estava abaixada fazendo os cabelos cobrirem o rosto. Mesmo a distancia era possível notar que ele segurava varinha com suavidade, diferente de muitos bruxos que, ao lançar feitiços, enrijeciam os músculos, tencionando assim imprimir maior potencia a magia. Harry lembrou que era exatamente da mesma forma que Dumbledore segurava a varinha, não como uma arma, mas como uma extensão do próprio corpo. O mesmo podia ser dito de Voldemort. Quando viu os dois bruxos batalhando no ministério, anos antes, Harry não pôde deixar de comparar os movimentos dos dois com uma dança. Sempre ritmados e precisos, assim eram aqueles dois bruxos.
Rony se moveu de onde estava fazendo Harry voltar de seus devaneios. O braço do ruivo subiu rapidamente e depois o pulso descreveu um circulo perfeito com a ponta da varinha. Incontinenti, quatro pedras enormes, que estavam a dezenas de metros dele ergueram do chão. Cada uma das pedras era quase do tamanho de um cão adulto. Harry ficou impressionado, ao constatar que o amigo não parecia estar se esforçando.
Com um novo gesto singelo, as pedras subiram mais ainda, cada uma em velocidade e altura independentes. Rony, com movimentos rápidos, lançou feitiços de rajadas brancas contras os minerais maciços. Antes mesmo das pedras tocaram novamente o chão, haviam se tornado pó.
Harry desceu as escadas apressado, tentando ao máximo não fazer barulho, temendo acordar a casa inteira. Tinha que tirar urgentemente sua licença de aparatação. Assim tais manobras não seriam mais problema. Para sua surpresa, a Sra. Weasley já estava de pé e preparava o café-da-manhã.
– Bom dia, Harry querido. Sente-se e coma alguma coisa. Rony acordou mais cedo e já comeu – disse a gentil senhora sorrindo para ele.
Com um gesto de cabeça ele assentiu, teria tempo para perguntar a Rony mais tarde. Muitas coisas precisavam ser esclarecidas. E a curiosidade de Harry em relação ao feitiço de raio branco também precisava ser saciada.
Enquanto comia ele viu Gina e Hermione descerem as escadas com grandes olheiras nos rostos.
– Bom dia Harry, bom dia Sra. Weasley – disse Hermione com voz pastosa – O Rony ainda está dormindo?
– Não. Na verdade ele acordou primeiro que todo mundo e saiu para o bosque. Não deve demorar muito para voltar. Sentem-se comam logo. Não quero ver comida sobrando nos pratos de vocês. Você e Harry estão tão magros que qualquer um poderia pensar que não são alimentados onde vivem.
Hermione sorriu e Gina apenas fez uma pequena careta. Harry terminava suas torradas com geléia e tentava não olhar para Gina. Mesmo com os cabelos em desalinho e o rosto marcado pelo recente despertar, ela continuava linda. E agora ele percebia que a garota parecia ter um apetite que rivalizava com o de Rony. Harry olhou espantado, Gina devorar em poucos minutos seis torradas, uma grande tigela de aveia, cinco bolinhos de chocolate e um grande copo de suco. Hermione nada falava, parecendo estar acostumada com aquele tipo de visão.
– Você também fingiu como seu irmão? – disse a garota para a amiga – Se bem que no seu caso foi o contrário completo. Você fingiu boas maneiras e o Rony fingiu má educação.
– Mas você tem que concordar que isso fazia parte do meu charme Hermione – disse uma voz em tom zombeteiro.
Rony entrava na cozinha naquele instante. Os cabelos em desalinho e grudados na testa e nuca. Hermione percebeu que o corpo de Rony estava mais desenvolvido que antes. Ele usava bermudas, chinelos de dedo e uma camiseta azul com uma engraçada caricatura de Dumbledore disparando um raio no traseiro de uma figura vestida de manto negro com grandes e esbugalhados olhos vermelhos. Voldemort com certeza. Embaixo a frase: “Você-sabe-quem-sentiu-a-dor”. Hermione imaginou que deveria ser um dos novos artigos das “Gemialidades Weasley”.
– Ronyquinho meu querido irmão, vamos deixar uma coisa bem clara: você não tem nenhum charme – falou Gina.
Rony olhou emburrado para a irmã, mas não disse nada. Parecia indeciso se deveria ou não retrucar. Diante da hesitação dele, Gina resolveu provocar um pouco mais.
– Acho que Lilá Brown discorda de mim nesse aspecto, mas ela nunca foi conhecida pelo bom gosto.
Harry riu, mas se arrependeu quando recebeu um olhar assassino de Rony. Hermione revirou os olhos, um gesto típico seu, depois entendeu o braço e pegou o jornal. Segundos depois, deu um resmungo carregado.
– O que houve – perguntou Harry preocupado.
– Nada que envolva Você-sabe-quem, não se preocupe Harry. Apenas não gostei da nova coluna de Rita Skeeter.
Ela estendeu o jornal para que os outros três pudessem ler. Em um quarto de página, a cobertura do casamento de Gui e Fleur ganhava destaque.
“Realizou-se ontem a cerimônia de casamento entre Guilherme Weasley (25) e Fleur Delacour (19). O jovem casal conheceu-se durante a realização do último torneio tribruxo, do qual a bela Srta. Delacour (agora Sra. Weasley) participou com uma campeã. Nesse mesmo evento foi constatada a volta Daquele-que-não-deve-ser-nomeado e a morte de um aluno de Hogwarts, também campeão tribruxo. Mas esta coluna deve tratar de assuntos mais leves.
A cerimônia foi realizada na casa dos pais do noivo e apenas amigos e familiares compareceram. Harry Potter (17), amigo íntimo dos Weasley compareceu a cerimônia, assim como o famoso jogador de quadribol e um dos campeões tribruxos, Vítor Krum(19). Durante o evento, Krum foi visto em investidas ardorosas para com uma antiga paixão. Hermione Granger(17), amiga de Potter e dos Weasley, há muito tempo balança o coração do famoso apanhador. Depois de um rápido romance, a relação parece ter esfriado. Uma grande surpresa, foi o irmão mais novo do noivo, Ronald Weasley (17), melhor amigo de Potter e que muitos chamam de seu escudeiro. O jovem Ronald chamou muita atenção para si. Esta repórter ouviu de fonte segura que foi o próprio quem terminou a decoração da cerimônia. Além de derreter inúmeros corações (rivalizando nisso com o próprio Harry), ele parece ter levado a melhor sobre Vítor Krum, pois durante boa parte da festa, dançou com a Srta. Granger. Boatos dizem que o mais novo dos homens da família ajudou Potter durante um repentino ataque das forças de Você-sabe-quem semanas atrás. Pessoas dizem ter visto os dois chegando juntos na residência da família, horas após o ataque.
É de conhecimento geral que Potter foi levado à força por Comensais para um local desconhecido. O jovem Sr. Weasley, aparentemente de alguma forma o ajudou a escapar. Será que o mundo bruxo está presenciando o nascimento de um novo herói. Vale lembrar que Ronald Weasley sempre esteve ao lado de Harry Potter. Durantes os eventos da Pedra Filosofal, a batalha na Câmara Secreta, a batalha contra O próprio Você-sabe-quem no Ministério da Magia, e claro o ataque de Comensais da Morte ao castelo de Hogwarts que resultou na trágica morte de Alvo Dumbledore.
São de fato muito interessantes, os Weasley. Sempre envolvidos nos fatos importantes da história moderna bruxa. Assim como Harry Potter. Seria isso coincidência ou talvez algo mais?”
Harry amassou o jornal com raiva. Olhou em volta e percebeu o mesmo sentimento em Gina. Rita Skeeter era desprezível em vários aspectos, mas era incrível como obtinha informações que nenhum outro repórter conseguia.
– Ela deve estar usando sua forma animal ilegal novamente – disse Hermione.
Um pouco afastado deles, Rony olhava o vazio, pensando seriamente em algo. Gina esperou por uma reação explosiva a qualquer momento, mas para surpresa geral, ele riu. Como se tivesse visto algo muito engraçado.
– O que houve Rony – perguntou Hermione com uma das sobrancelhas levantada.
– Ela errou – ele disse simplesmente.
– Como assim? – desta vez Harry falou.
– Ela errou quando disse que eu era o “Escudeiro”. Na verdade eu sou o “Guardião”.
Os Harry e Hermione para ele como se nunca o tivessem visto na vida. Gina sorria, pois estava acostumada com essas brincadeiras. Mas a senhora Weasley, que se manteve calada durante toda a conversa o olhava diferente. Quase espantada.
– Ronald Abílio Weasley! – ela berrou depois de alguns segundos – Isso não é brincadeira. Não ouse fazer piadas sobre essa maldita profecia nesta casa.
Rony parecia ter encolhido até ficar menor que Gina. Seu rosto estava rubro de medo.
– Desculpe mãe – foi tudo o que ele conseguiu dizer e mesmo assim em um fio de voz.
Segundo depois, Arthur Weasley descia as escadas vestindo somente um pijama listrado e chinelos. Segurava sua varinha e estava ofegante como se tivesse corrido uma grande maratona. Os gêmeos e Carlinhos vieram logo atrás.
– O que houve Molly? Disse o Sr. Weasley. Preocupado. – Quem se feriu?
– Ninguém se feriu pai – disse Gina bastante calma – O Rony falou algo que a mamãe não gostou, mas já se desculpou.
Minutos depois, os quatro caminhavam pelos jardins da toca, escapando de um ou outro gnomo enfurecido querendo vingança pelos arremessos passados. Harry estava pensativo, querendo organizar as perguntas que permeavam sua mente. Hermione olhava de esguelha para Rony, esperando notar alguma coisa que lembrasse o antigo rapaz desengonçado, mas nada havia ali que fosse dessa forma. Ela olhou para Gina, a melhor amiga que possuía no mundo inteiro, e que não era a única apenas pela existência de uma garota que vivia em seu bairro trouxa, e com quem conservava estreitos laços de amizade desde a infância. Gina sorria e caminhava despreocupada. Hermione pensou em falar alguma coisa, mas foi Harry quem quebrou o silencio.
– Posso saber a razão de tanta calma Gina? – era raro ele se dirigir a elas nos últimos tempos, mas pelo tom que usou Gina não conseguiu se sentir alegre. Envergonhada, a garota respondeu vacilante.
– Bem... Eu não vejo motivos para me preocupar... Entende... Hum... Harry?
– Não, eu não entendo Gina. Uma guerra está acontecendo à nossa volta. E ela pode envolver toda a sua família. Pessoas queridas podem morrer e você está calma? Por favor, explique melhor pra mim para que eu entenda.
Gina levantou a cabeça e o encarou. Harry percebeu que os olhos dela estavam com um brilho diferente. Um tom que denotava determinação. E essa era uma característica de Gina: determinação.
– Não estou preocupada porque estou com você Harry. Eu confio em você. Todas as vezes que alguém da minha família esteve em perigo, você o salvou. Salvou a mim, salvou meu pai, salvou o Rony. E, além disso, agora meu irmão não tem mais que mentir e fingir ser algo que não é. Não quero ser prepotente, ou algo assim, mas... Por Merlin! O Rony é talvez o bruxo mais poderoso que já existiu desde o próprio Merlin e Dumbledore e claro... Você-sabe-quem. E não me olhe com essa cara Rony, você sabe que é verdade. E ainda temos a Hermione, que possui uma vasta gama de conhecimento e talento. Com as apropriadas lições ela vai ser capaz de fazer coisas que muitos bruxos apenas sonham. Eu confio em vocês, e ainda posso ajudar de alguma maneira, devido a minha condição, digamos, única. Afinal ser a Herdeira deve servir para alguma coisa.
Harry não tinha argumentos. Diante dessa explicação veemente de Gina ele apenas ficou calado. Jamais imaginou que pudesse ter alguém em sua vida que confiasse tanto nele. Pensando melhor, Harry percebeu que também confiava em Gina cegamente. Se sua vida estivesse dependendo dela, ele se entregaria sem reservas. E nesse momento ele percebeu que amava aquela garota de cabelos vermelhos de uma forma que não sabia ser possível. Harry sabia que sentia amor, mas agora tinha a certeza de ter achado a mulher se sua vida. Ele só queria que ao menos pudesse ter uma vida longa o bastante para desfrutar desse amor. A descoberta o deixou sem reação por alguns instantes. Ainda estava calado quando sentiu uma mão em seu ombro. Era Hermione.
– Desista Harry – ela disse – todos nós sabemos que a Gina tem razão, embora exagere um pouco.
Ele assentiu, revirando os olhos de leve.
– Eu sei, mas não creio que ela tenha exagerado.
Hermione o olhou intrigada.
– Veja bem, você é de fato talentosa. Pode rivalizar sem problemas com Dumbledore em termos de conhecimento. E também com o Rony (nunca pensei que fosse dizer isso). Mas existem coisas que me intrigam ainda e se possível, Rony, eu gostaria que você respondesse algumas perguntas.
Rony assentiu, mas parecia preocupado.
– No nosso primeiro ano...
Com um suspiro de entendimento, Rony interrompeu Harry.
– Sim, eu sabia sobre a pedra e sim Harry, eu fui sincero sobre o que eu vi no espelho de Ojesed.
– Oclumência? – perguntou Harry receoso.
– Na verdade você é meio que transparente demais.
– E nos demais anos? – perguntou Hermione deixando seu lado curioso tomar conta. Afinal, por seus próprios motivos, ela precisava conhecê-lo.
– No segundo ano eu deixei o Harry enfrentar o basilisco sozinho. Precisava testar se ele era digno do amor da Gina.
Harry arregalou os olhos. Gina deu um sonoro bofetão no ombro do irmão.
– Como assim me deixou enfrentar o basilisco? Você por acaso podia ter lutado ao meu lado daquela vez? A sua varinha não estava quebrada?
– A ordem do dia é sinceridade, então lá vai: sim, eu podia ter lutado, pois naquela época eu tinha uma varinha reserva que me foi dada por Dumbledore. Eu não fiz nada por causa da profecia, como você bem sabe. As vozes na minha cabeça me disseram que você tinha que ser digno. Precisava ser testado. Sei que vai ficar com raiva de mim agora, mas deixe-me explicar. A Gina disse que amava você. Eu imaginei que era paixonite infantil, mas acabei me enganando. No fim eu tive que cumprir meu papel. Não pense que eu não tentei. Eu realmente queria ajudar, mas meu corpo ficou parado. Era como se dezenas de pessoas me impedissem os movimentos.
– Como é ter dezenas de mentes bruxas dentro de você, cheias de conhecimento e poder? – falou Hermione.
Rony olhou para ela de forma estranha, como se estivesse muito cansado.
– eu não usaria essas palavras para descrever a minha situação. Não é como se eles estivessem dentro de mim, mas sim fazendo parte de mim. Enfim, respondendo sua pergunta, para resumir em uma palavra: assustador. E eu não quero falar sobre isso. Pelo menos não agora. Em algum momento do futuro próximo eu conversarei com vocês sobre isso. Agora voltando ao assunto. No terceiro ano, eu não precisei interferir muito. Vocês usaram o vira-tempo e eu fiquei na enfermaria. Gostaria de ter ajudado de alguma forma. No quarto ano, eu fiquei frustrado e enciumado em relação ao Harry. Eu poderia vencer o torneio tribruxo sem nenhum problema, mas depois Dumbledore me mostrou que era exatamente por isso que eu não poderia participar. Não seria justo com os outros. No quinto ano, durante a batalha do ministério, eu fiquei incapacitado depois do ataque daquele maldito cérebro-polvo. Quando voltei a mim, Sirius já tinha partido. Nunca me perdoei por um descuido tão tolo. Se isso não tivesse acontecido, muitas coisas seriam diferentes agora. Desculpe Harry.
– Eu não culpo você pelo que aconteceu Rony – Harry pousou uma mão no ombro do amigo – Tudo isso é culpa de Voldemort. E nós vamos nos esforçar para derrotá-lo. Assim ninguém mais sofrerá o que nós sofremos. E então, sua proposta de treinamento ainda está de pé?
Rony sorriu e assentiu. Eles estavam começando a se distanciar quando Hermione falou.
– Esperem. E quanto ao sexto ano?
O sorriso de Rony foi morrendo aos poucos. Gina segurava a vontade de gargalhar do crescente embaraço do irmão.
– Vamos deixar os acontecimentos desse ano no limbo do esquecimento, certo Hermione?
Duas horas já haviam se passado e Harry estava frustrado. Nenhum de seus feitiços tinha funcionado. E Rony usara somente um Protego não-verbal em pose desleixada. Com os cabelos caídos displicentemente sobre a testa, ele aparentava agora o mesmo desmazelo de antes.
Deve ser brincadeira, pensou Harry. Imaginava que Rony, Dumbledore e Voldemort eram poderosos, mas nem em seus sonhos poderia cogitar uma distancia tão grande entre esses três bruxos e ele mesmo. Rony praticamente o estava humilhando com seus movimentos simples e preciso e seu silencio calmo e constrangedor. Harry havia pedido para o amigo não se controlar e duelar com todas as suas forças. Obviamente Rony não estava levando a serio o pedido de Harry, e com razões de sobra. Hermione e Gina observavam a alguns metros de distancia. Por ser menor de idade, Gina apenas acompanhava a parte teórica do treinamento. Quando voltassem para a escola, Rony havia prometido um treinamento especial e intensivo apenas para ela.
Hermione pegara os conceitos básicos dos feitiços avançados que Rony passara e em poucos minutos estava dominando perfeitamente as novas técnicas para aumentar a potencia e velocidade da magia. O que de fato não surpreendeu ninguém. A garota agora olhava estarrecida, o modo como Harry tinha sido facilmente derrotado, não uma, mas pelo menos meia-dúzia de vezes.
Com o braço estendido, em clara atitude amigável, Rony tentava ajudar Harry a levantar. Os amigos se encararam por alguns instantes e o ruivo não precisava de oclumência para saber o que o outro estava pensando.
– Não se menospreze Harry – começou Rony.
– Não tente ser condescendente comigo – cortou Harry – Nós dois sabemos muito bem que se fosse um duelo real, eu estaria morto em segundos.
– Acredito que você não está sendo justo Harry. Não se trata de condescendência. De fato você não pode se menosprezar. Eu mesmo não tinha muita habilidade em duelo antes. Só depois de muito treino que consegui a experiência e os reflexos necessários.
– Pare de tentar ser legal Rony. Você me contou antes que sempre teve a experiência das vozes ajudando e que seu corpo acompanhava o seu crescimento mental. Seus reflexos são formidáveis por natureza.
Rony praguejou mentalmente. Tinha esquecido completamente que alguns detalhes de seu segredo, agora eram quase de conhecimento público.
– Tudo bem Harry, você está certo. Mas você tem que concordar que jamais aprenderá de forma satisfatória se não for deste modo.
– Eu sei disso Rony. Não precisa me tratar como se eu fosse uma criança. Mas é frustrante ver que eu...
– Ver que você não tem nenhuma chance de vencer Voldemort no nível em que se encontra.
– Pare de ler minha mente! – Harry berrou. Hermione e Gina se aproximaram preocupadas.
– Vamos para com o treino de feitiços defensivos por aqui. – falou Rony em um tom de voz muto calmo, como se nem tivesse prestado atenção ao grito do amigo – Amanhã nós continuamos. Eu tenho que tentar fazer o Harry aprender oclumência o mais rápido possível. Isso pode ser crucial para o curso da guerra que se aproxima.
Harry mirava Rony com um misto de raiva e admiração no olhar. Ele sabia que aquele treinamento era necessário, mas ainda assim se sentia péssimo. Suas esperanças de vencer Voldemort eram tantas quanto às de um mini-pufe se eleger Ministro da Magia. Como alguém que nem mesmo tinha um nome verdadeiro podia causar tantos problemas? Um nome. Só então Harry notou o que tinha acontecido.
– Você falou o nome dele.
Rony o encarou sem se alterar.
– Ah, isso?
– Ele sempre falou – disse Gina se intrometendo – Apenas não falava perto de vocês para manter a farsa.
– Isso não é importante agora Gina – cortou Rony impaciente – Se aproxime Harry. Não sei se conseguirei explicar isso de maneira satisfatória.
– Snape me explicou de maneira satisfatória. Foi na parte da prática que as cosias começaram a dar errado. Bom, pelo menos agora eu sei por que eu me sentia mal depois de todas as aulas. Snape realmente queria abrir minha mente para Voldemort. Ele em nenhum momento tentou me ajudar de fato.
– Nisso eu tenho que discordar de você Harry.
Ele olhou para Rony espantado.
– Calma cara. Não me olhe desse jeito. Eu posso explicar.
Gina apenas suspirou impaciente. Detestava quando alguma coisa ia devagar. Hermione encostou-se ao tronco de uma arvore e esperou. Possivelmente uma boa lição viria dali.
– Veja bem Harry – começou Rony – Diferente do que você pensa o Snape realmente te ensinou os princípios da oclumência de forma correta. Ele apenas não era delicado ou sutil na aplicação da técnica. Por isso era tão doloroso para você.
– Como você sabe disso? – perguntou Harry cético.
– Dumbledore me contou e mostrou através da penseira.
– Certo Rony. Se o Snape me ensinou de maneira correta como você está dizendo, então pode me explicar o motivo de eu não saber proteger a minha mente de nenhuma influencia externa?
Colocando as pontas dos dedos na testa e massageando, Rony deu de ombros. Parecia não ter a mínima vontade de responder aquela pergunta.
– E então? – insistiu Harry.
–Você não vai gostar de ouvir isso, mas eu tenho que dizer de qualquer maneira. O real motivo é que você nunca se empenhou realmente em aprender.
– Como é? – Harry o olhava incrédulo – Agora você está dizendo que a culpa é minha?
Sem se abalar Rony continuou.
– A culpa é em parte sua, Harry. Na verdade não quero ser chato, mas tenho que deixar bem claro que se o professor não fosse Snape, tenho certeza que seu empenho seria no mínimo admirável. E nisso, você não pode discordar de mim.
E realmente não podia.
Os dias passaram devagar, Harry e Rony fizeram seus testes de aparatação e desta vez passaram sem grandes problemas, o que não surpreendeu ninguém. E numa ensolarada manhã, as cartas de Hogwarts chegaram. As notas dos NONs de Gina foram excelentes. Dez no total, deixando a senhora Weasley muito orgulhosa da filha. Hermione e Rony foram escolhidos monitores-chefes, o que não foi surpresa para ninguém. Harry continuava capitão do time de quadribol, mas isso não o deixou empolgado como de costume. Chegava então o momento de visitar o beco diagonal.
Gina estava empolgada como sempre. Apesar do clima estranho em sua família depois da descoberta de sua condição especial, ela não se deixava abalar. Rony por outro lado, mantinha-se um pouco mais afastado dos parentes. Conversava apenas o necessário e passava a maior parte do tempo com Harry, Hermione e Gina nos arredores da casa. Harry achava que ele tinha tantas preocupações, tantas questões fervilhando em sua mente, que não conseguia se expressar direito, exatamente como seu mestre. Ele imaginou que Rony devia estar precisando de uma penseira urgentemente.
Aurores do ministério foram designados para escoltar os Weasleys e Harry nas compras. O Beco Diagonal não era o mesmo lugar seguro de antes. Os jovens foram em um carro e a senhora Weasley junto com o marido, em outro. O clima estava pesado mesmo diante da perspectiva de compras divertidas.
O Beco estava um pouco menos cheio que de costume naquela época do ano, mas ainda assim a massa de bruxos passando era respeitável. Alguns, ao avistarem Harry, se aproximavam, mas diante dos olhares pouco amistosos dos aurores, mudavam de idéia rapidamente. As compras de caldeirões e ingredientes ocorreram sem grandes transtornos. Quando estavam na Floreios e Borrões, o senhor Weasley pediu gentilmente que os oficiais bruxos esperassem do lado de fora. Seria incomodo para algumas pessoas que tantos deles estivessem nos corredores da livraria.
Com passos vagarosos, Harry passava de estante em estante. Não estava muito certo sobre voltar para Hogwarts. A missão que recebera, de acordo com seu ponto de vista era mais importante que completar os estudos, embora os argumentos dos amigos fossem muito contundentes. E depois dos treinos com Rony, ele agora tinha certeza: não estava pronto. Tinha que aprender o máximo que pudesse, mesmo não dispondo de muito tempo. Harry imaginou a ironia da situação. Ele era sempre taxado de heróico e corajoso, mas sempre eram outras pessoas que realizavam grandes façanhas e sacrifícios. Sua mãe quando era bebê. Cedrico ao escolher o caminho da bondade. Dumbledore para que ele tivesse sucesso. Rony que sacrificou parte da própria vida. Todos eles eram pessoas extraordinárias, mas era somente Harry que levava o crédito. Isso era injusto. Ele não queria a fama. Se pudesse escolher, optaria por uma vida normal, sem grandes problemas, com dias repetitivos e calmos.
Em seus devaneios demorou em perceber que uma garotinha o olhava do fim do corredor. Devia ter no máximo onze anos. Provavelmente estava comprando livros para seu primeiro ano em Hogwarts. Harry sorriu para ela e encorajada por essa atitude, a garota se aproximou. Tinha cabelos negros e lisos, cortados até a altura dos ombros. Olhos castanhos e pele muito branca. Era de fato muito bonita e Harry imaginou que arrasaria os corações de muitos rapazes quando fosse mais velha.
– Olá... Hum... Senhor Potter – disse ela em tom tímido, a voz quase um sussurro. Harry teve que se esforçar para entender.
– Olá – ele não estava muito motivado para uma conversa. Ainda mais com alguma fã. Olhou em volta procurado alguém que pudesse ser o pai ou mãe da garota, mas não obteve sucesso.
– Eu... Eu me chamo Mary Souther. E gostaria de dizer que sempre acreditei no senhor. Mesmo quando o ministro o chamava de mentiroso.
– Ãhn.... Obrigado – ele falou, incerto se deveria completar com alguma coisa.
– Minha mãe era auror do Ministério. Ela morreu dois meses atrás em um ataque de Comensais perto de Manchester.
Harry a encarou surpreso. A timidez inicial havia se esvaído do rosto da garota. E o modo como ela falava da morte da mãe, quase com orgulho, o deixou sem reação. Era estranho demais para ele aquele tipo de comportamento.
– Ela morreu protegendo pessoas que não podiam se defender. E ela sempre me ensinou que não devemos nos curvar às vontades de ninguém se isso for contra o que acreditamos. Eu tenho muito orgulho de minha mãe, pois ela era uma mulher muito digna e corajosa. Alguém que daria a própria vida pelo que acreditava e por quem amava. Eu gosto de pensar que ela era como a sua mãe, que não se submeteu nem mesmo diante do bruxo das trevas mais apavorante e poderoso da atualidade.
Harry não sabia o que dizer. Tinha um nó na garganta que o impedia de raciocinar apropriadamente. A garota apenas o encarava e depois de alguns instantes de silencio, continuou:
– Eu quero ser uma pessoa que orgulhe a memória da minha mãe, senhor Potter. Quero ser alguém como o senhor, que luta constantemente para que outros não sofram o mesmo que sofreu.
– Eu... Eu não sou tudo isso – Harry disse com voz vacilante.
Mary sorriu de forma meiga e reconfortante.
– Acho que o senhor não se dá o devido valor.
Como de costume, Hermione passou mais tempo que qualquer pessoa normal escolhendo livros. Gina, que estava ao seu lado o tempo todo, não conseguia disfarçar a impaciência. Rony estava alguns metros mais afastado, fingindo olhar livros sobre poções. Estava se divertindo muito vendo a irmã agüentar Hermione nas compras. Ser criada junto de outros seis homens não fez muito bem para uma parte do lado feminino de Gina. Ela em muitas ocasiões era briguenta e pouco delicada. Por vezes incontáveis era ela quem apressava os irmãos nas compras.
Folheando um livro distraidamente Rony percebeu a entrada de uma pessoa que lhe deu calafrios. Parada na porta, junto de outras duas garotas estava Lilá Brown. Ela estava mais bonita que no ano anterior e não tinha mais as olheiras de choro. Rony imaginou que ela tinha enfim superado o fim da relação deles, mas seria ingenuidade pensar que os dois poderiam conviver normalmente. Ele próprio não estava se sentindo pronto para um contato direto. Antes mesmo que percebesse o que estava fazendo, Rony estava abaixado andando quase rente ao chão na maior velocidade que a incômoda posição lhe permitia. Como se estivesse fugindo de um dragão, ele foi de corredor em corredor tentando sair e esperar os amigos em um lugar mais seguro.
Sentada em um pufe verde, Gina revirava os olhos de impaciência. Hermione era exigente com a própria leitura, isso ela sabia. O que não sabia, era que ela demorava a escolher qualquer livro que viesse a ler, sendo criteriosa e critica nos mínimos detalhes. Deste o tema, passando pela qualidade da encadernação e obviamente o autor e finalizando pelo modo como o titulo estava disposto na capa. Gina suspirou. Pelo menos Rony era mais pratico, mesmo sendo tão voraz no hábito da leitura. Durante anos, Rony escondeu seus livros de estudo, para que ninguém desconfiasse, mas agora que não precisava mais guardar segredos de sua família ou amigos, ele lia com certa freqüência.
Ela procurou pelo irmão e o encontrou esgueirando-se por entre as estantes de livros, tentando ser furtivo, mesmo com seus quase dois metros de altura. O resultado, para quem olhava era realmente engraçado. Gina se perguntou o motivo daquele comportamento ridículo do irmão. Não teve que se perguntar por muito tempo. Afinal, os olhares de vários rapazes do local se dirigiam para a mesma direção. Os mesmos olhares que antes se voltavam para Gina e Hermione.
Gina não podia dizer que aquilo era anormal. Afinal Lilá Brown era uma garota muito bonita. E por estar acompanhada das gêmeas Patil, também donas de grande e exótica beleza, atrair atenções era fácil. Mas ainda feria seu orgulho não ser mais o alvo dos olhares cobiçosos dos garotos. Não que ela estivesse procurando um novo namorado. Na verdade a ruiva estava interessada em retomar o antigo namorado. Entretanto a sensação de ser bonita e desejada era sempre bem vinda.
Gina olhou para Hermione durante alguns segundos. Estava receosa da reação da amiga, mas tinha que contar. Quando abriu a boca para falar, Hermione levantou uma mão em gesto imperativo.
– Eu sei que ela está aqui Gina – falou a garota – não precisa se preocupar comigo. Preocupe-se com o Rony, pois acho que ele precisa urgentemente de aulas sobre como lidar com garotas. Como alguém tão habilidoso pode ser tão ridículo nessas situações?
– Não me pergunte. Tem vezes que eu acho uma sorte que Voldemort não seja uma mulher bonita. Se fosse nós nunca teríamos chance.
As duas riram da situação.
Rony tentava não ser visto, mas isso era muito difícil. Dobrando uma estante de livros deu um forte encontrão com um passante. Caiu no chão em cima do próprio traseiro gemendo. Olhou para a pessoa disposto a pedir desculpas, mas quando viu quem era seu sangue gelou. Diante dele estava Lilá, que o olhava de forma indecifrável. Ele se levantou apressado e por puro reflexo a ajudou estendendo a mão.
Lilá olhou para ele por alguns instantes antes de aceitar a ajuda, mas não largou a mão mesmo depois de já estar em pé e perfeitamente equilibrada. Rony se sentiu constrangido com esse contado. Ele não planejara nada daquilo, na verdade foi justamente o contrario. Não queria se aproximar de Lilá e muito menos daquela forma.
– Você está mais alto – disse a garota com o olhar baixo – E está diferente também. Mais maduro, eu acho.
Rony tossiu, perdendo o ar. Sua mudança estava tão evidente assim que sua ex-namorada, a quem não dispensava muitas atenções, percebia com um simples relance de olhar? Ele detestou ter que admitir que sim. Agora que muitas coisas não eram mais segredo, Rony deixara de atuar o tempo todo e isso era uma alivio tão grande que deixava tudo evidente.
– Não precisa fugir de mim Rony – tornou a falar Lilá – Mesmo nós não sendo mais namorados, ainda estudamos na mesma escola. Seria ridículo ver você correndo sempre que eu passar pelos corredores.
– Lilá, eu... – Rony não sabia exatamente o que dizer. O nervosismo turvava sua linha de raciocínio. Respirou fundo e decidiu que se pensasse demais, ocorreria o mesmo que com Hermione. Perderia muito tempo e jamais avançaria – Eu peço desculpas se magoei você. Meus atos não fora condizentes com os de um bom bruxo, eu vejo isso agora. Mas nosso relacionamento estava fadado a terminar de qualquer forma. Serei sincero Lilá: por mais que nossos momentos juntos tenham sido maravilhosos, nós não fomos feitos um para o outro. Jamais vou me perdoar por teria feito você sofrer, mas teria sido pior se eu houvesse continuado com as mentiras.
Lilá o olhava como se nunca o tivesse visto antes.
– Você realmente mudou Rony. E se quer ser perdoado por mim, então prometa fazer de tudo para a Hermione ser feliz – e deu um sorriso sapeca, logo em seguida se afastando com as amigas.
Rony ficou parado por alguns instantes sem entender bem o que tinha acontecido. Ele sabia que Lilá era mais que uma garota bonita sem muitos interesses não fúteis. Mesmo sem precisar recorrer a oclumência ele podia ver isso, mas não esperava que de fato ela fosse tão nobre.
– Preciso aprender a dar mais credito para as outras pessoas – pensou consigo mesmo.
Quando pensou em retornar para juntos de Gina e Hermione, ele sentiu o ar ficando frio e pesado. Sentiu também um aperto no coração, como se nunca mais pudesse ser feliz novamente.
– Dementadores – Rony gritou para as pessoas na livraria. Olhou para o lado de fora e viu os aurores puxando as varinhas. Harry parou segundos depois ao seu lado, já com varinha em punho. Gina e Hermione chegaram logo depois.
– Temos que tirar as crianças daqui – falou Harry. Todos concordaram.
Com passos apressados os quatros ajudaram todos que não podiam se defender a sair pela porta dos fundos. Lá fora, na avenida principal, os gritos de feitiços lançados tomavam conta do ar.
Harry segurava na mão de Mary e a conduzia quase correndo. O pai da garota os seguia com um olhar de puro medo. Outras pessoas também estavam com eles, pois assim que viram que era Harry Potter que estava à frente da evacuação, decidiram que era a melhor atitude. Harry não parou muito pra refletir sobre isso. Sempre na vanguarda, ele passava por becos e ruelas cinzentas. O céu estava nublado e tenebroso. O vento que corria era frio a ponto de causar calafrios. Quando achou que todos já estavam em um ponto onde todos poderiam fugir sem sofrer nenhum tipo de ataque ele respirou mais aliviado.
– Vão e, por favor, não parem de se afastar por nada neste mundo – ele falou quase em tom de súplica.
As pessoas nem mesmo pestanejaram. Harry se voltou para os amigos e viu que Gina estava parada olhando para ele.
– Pode esquecer essa idéia. Você não vai lutar.
Gina apenas o ignorou e voltou pelo caminha a passos apressados. Rony não esperou por nenhuma palavra vida do amigo, também voltou. Hermione e Harry se encararam e seguiram os dois irmãos.
– Você concorda com isso? – perguntou para Rony.
– Não – disse o outro com uma calma anormal – mas discutir com ela será inútil, então eu vou lutar com todas as minhas forças para que ela não sofra nem mesmo um arranhão. Afinal é isso o que eu sou não é mesmo? O Guardião. Agora vamos Eleito, temos monstros de vários tipos pra estuporar. E se me permite dizer, Senhorita-sabe-tudo, tome cuidado.
Hermione olhou para ele e sorriu. Sempre o tom de brincadeira. Algumas coisas eram tão reais entre o mar de mentiras que ela se permitia esperanças. Isso se eles sobrevivessem aos inimigos tão próximos.
O cenário geral não era muito animador. Dezenas de dementadores sobrevoavam o Beco Diagonal, por vezes dando rasantes, esperando agarrar uma vitima descuidada e aplicar-lhe o Beijo. Os aurores lançavam patronos por todos os lados, mas os dementadores pareciam famintos por emoções e apenas se afastavam da luz prateada. Enquanto isso um grupo formado por vinte e cinco Comensais da Morte emergia do fim da rua. Isso não era em nada animador. Os Aurores eram nove, somando a esse número Hermione e Gina, além do próprio Harry. A única esperança era de que Rony pudesse derrotar sozinho, os treze Comensais que restavam.
– Acha que pode dar conta? – perguntou ao outro.
Com um sorrisinho de deboche, Rony respondeu.
– Bom, pra alguma coisa eu tenho que servir certo? Vamos fazer o seguinte: Hermione cuida dos feitiços anti-aparatação. Gina e Harry vão ajudar os aurores enquanto a Ordem da Fênix não chega. Quanto a mim...
–Você vai colocar seu cãozinho pra latir – cortou Harry sorrindo.
– Depois me junto a vocês. Agora vamos rápido.
Muitos bruxos ainda estavam perdidos no meio do conflito. Alguns estudantes, poucos comerciantes e duas crianças. Entre os estudantes, Harry reconheceu Neville Longbotton junto com as gêmeas Patil, Parvati e Padma, além de Lilá Brown, Simas Finnigan e Dino Thomas. Ótimo, pensou ele. Todos eram membros da Armada de Dumbledore e Neville já tinha lutado ao lado de Harry antes. A situação estava começando a ficar menos feia.
Os seis bruxos, tão logo avistaram Harry acompanhado de Gina correram para junto deles. Simas foi o primeiro a falar.
– O que devemos fazer Harry?
– Bom, eu não sei quanto vocês, mas eu vou lutar. Tem pessoas demais aqui que podem se ferir seriamente se ninguém fizer nada. Muitos não têm meios para se proteger e eu não vou ficar parado enquanto os bichinhos de Voldemort matam gente indefesa. E quanto a vocês?
– Eu vou com você – disse Neville sem pestanejar, o que deixou Harry cheio de orgulho – Eu pratiquei muito durante esse ultimo ano e chegou a hora de lutar.
– Muito Bom Neville – falou Gina – E quanto a vocês?
Lilá e as Patil assentiram com a cabeça. Simas e Dino disseram ao mesmo tempo:
– Vamos nessa.
Harry reconheceu o Comensal que liderava o grupo pelo modo de andar assim que pôs os olhos nele. Mesmo por detrás da mascara ele sabia que ali estava Lucio Malfoy. Aqueles passos arrogantes e cheios de pompa, as mãos ligeiramente relaxadas. O queixo levantado atrevido e empinado. Tão logo estava próximos, o grupo de Harry, além dos Aurores se posicionou em maior alerta. Os Comensais não esperaram ordens, partiram para o ataque, aproveitando a vantagem numérica e os dementadores.
Do alto do telhado, Rony observava enquanto Hermione, escondida, lançava os feitiços. Impedindo os inimigos de aparatar, poderiam capturar todos sem exceção. Isso supondo que vencessem a luta. Ele suspirou e relaxou os braços. Era o momento de mostrar seu verdadeiro poder. Rony desejou que não houvesse ninguém olhando para o telhado naquele momento e desejou mais ainda que, se no caso de existir alguém o olhando, que não fosse um repórter. Já era chato ser alvo de atenções por ser amigo de Harry Potter. Imaginar como seria sua vida se agora fosse ele o centro dos olhares da mídia, não era muito agradável.
– Tudo bem, hora de fazer uma luz tão forte que as pessoas pensem se tratar de um novo sol prateado.
Escondida atrás de uma grande pilha de caixotes de madeira, Rita Sketter observava tudo impressionada. Ela havia decidido ir ao Beco Diagonal no intuito de conseguir uma boa matéria sobre Potter, mas em vez disso havia tirado a sorte grande. Isso se conseguisse sair de lá com vida.
As coisas se desenrolavam com em um grande filme de ação trouxa. De um lado, os inimigos. Do outro, os heróis lutando armados apenas de esperança e coragem. Rita riu de sua analogia. Fez uma nota mental para usá-la na matéria que escreveria para o dia seguinte. Harry Potter como sempre estava envolvido. Além claro de alguns outros alunos de Hogwarts. A garota ruiva, irmã do rapaz alto e atraente que era o melhor amigo de Potter. Alguns garotos e garotas que ela não sobe reconhecer a s fisionomias e claro Neville Longbotton, filho de Aurores famosos, recentemente envolvido da crescente onda de heroísmo de Potter. E mais atrás, fazendo complexos gestos mágicos estava Hermione Granger. Garota perfeição e dona de uma inteligência terrivelmente perigosa. Pelo menos para Rita Sketter. Mas onde estava o garoto ruivo? Os três nunca andavam separados.
Olhando em volta ele não encontrou mais que algumas pessoas correndo e se escondendo. Todas as que ficavam, olhavam para a luta entre os estudantes e os Aurores contra os Comensais Daquele-que-não-deve-ser-nomeado. Mas Rita era uma repórter. E das mais brilhantes tinha que admitir sem modéstia. Ela não era pessoa de ficar olhando para uma única direção. As boas matérias eram escritas olhando a situação de diversos ângulos. Prendendo o leitor em todos os detalhes. Buscando captar tudo o que podia, ela olhou para cima. Uma figura estava parada lá.
Apurando a visão ela percebeu que era Ronald Weasley. Mas qual a razão dele estar parado em cima dos telhados enquanto seus amigos lutavam? O som das prensas fazendo o jornal da manhã invadiu a mente da repórter. Ali havia uma matéria. E era das grandes. Olhou atentamente disposta a não perder nenhum detalhe. No alto, dementadores voavam e atacavam como moscas no lixo. Eram dezenas, famintos e perigosos. O telhado não era de forma alguma o melhor lugar para se estar naquele momento.
Com um gesto da varinha, o jovem Weasley conjurou um patrono na forma de um cão terrier, que aos olhos de Rita pareceu muito fofo. Ela imaginou que o rapaz, que sempre mostrara ser um tanto tolo, tentaria espantar todos os dementadores com seu patrono infantil. Com um comando, o alegre cãozinho correu por entre os telhados abanando seu rabo alegremente. Ninguém mais estava naquela área, apenas ela, portanto era impossível para qualquer outro saber a procedência daquele patrono. Qual a razão de Ronald Weasley resolver fazer esse feitiço longe de olhares curiosos? Repentinamente o patrono ficou mais brilhante, ofuscando a visão. Antes de se encolher por causa da luz, ela viu que os dementadores não apenas estavam fugindo. Muitos deles eram inteiramente consumidos pelo patrono e desapareciam. Sem poder olhar para o resto da cena, ela tentou relembrar suas lições do tempo de Hogwarts.
Patronos não destruíam as emanações das trevas. Isso era impossível para eles a menos que o mestre do patrono fosse um bruxo de grande poder. Poucas vezes na história existiu um bruxo assim. O ultimo registrado foi o próprio Dumbledore. Ela riu, mesmo sabendo que estava numa situação perigosa. Ali estava a história do século depois da queda de Você-sabe-quem. Um bruxo que podia destruir dementadores e que lutava ao lado do possível salvador do mundo bruxo. Aqueles garotos valiam seu peso em ouro para a imprensa. Rita apenas teria que ser cuidadosa nas suas investidas, pois a garota Granger era esperta demais e seria fonte de complicações.
Com grande habilidade, Harry lutava contra os Comensais da Morte. Os duros treinamentos a que se submetia estavam dando resultado. Ele e Gina conseguiram derrubar juntos cinco oponentes. Neville Também estava se saindo muito bem assim como os outros estudantes. Harry estava consciente de que grande parte de sua vantagem nos combates se devia a surpresa dos Comensais ao perceber que era impossível aparatar. Os garotos não perdiam tempo e lançavam feitiços estuporantes com grande velocidade. Hermione havia se juntado a eles há poucos instantes, mas ainda era difícil lutar devido ao grande número de dementadores.
– Precisamos ser rápidos Harry – gritou Hermione – Não sabemos quanto tempo podemos resistir assim.
– Eu sei – gritou ele em resposta – Inferno! O Rony está demorando demais.
Depois de um floreio com a varinha que derrubou mais um Comensal Gina se aproximou de Harry. Os Aurores se esforçavam e conseguiam lutar contra os oponentes com alguma vantagem. O que realmente estava atrapalhando a vitoria eram os dementadores. Isso fez Harry pensar que aqueles Comensais não eram experientes. Estavam caindo com certa facilidade. Depois pediria informações com Kingsley sobre isso quanto o homem interrogasse os prisioneiros, mas agora tinha que se concentrar no combate.
E foi então que veio a luz. Forte como o próprio sol. Todos sem exceção tiveram que tapar os olhos. Os dementadores não podiam se proteger com esse simples movimento. A luz era dotada de tanta pureza que muitos deles simplesmente se desfaziam em suas próprias formas como fumaça negra se esvaindo. E a luz continuava avançando sempre destruindo os dementadores. Harry e Hermione, tão logo se recuperaram, começaram a lançar feitiços nos Comensais. Neville e os outros seguiram esse exemplo.
Estamos vencendo, pensou Harry. Foi quando um feitiço derrubou Parvati Patil. Logo atrás dela, Lucio Malfoy surgia totalmente coberto por uma indumentária negra.
– Temos contas a acertar não é mesmo Potter? – falou com sua voz sempre em tom de superioridade.
– Eu duvido muito Malfoy.
– Sempre corajoso quando está acompanhado por amigos não garoto? E onde está o jovem Weasley? Contaram-me que ele foi de grande ajuda para a sua fuga da ultima vez.
– O que espera conseguir com este ataque Malfoy? Sabe muito bem que não tem chance de vencer. Logo a Ordem da Fênix vai chegar e você será preso.
– Potter, Potter, Potter... Você não sabe que se eu levá-lo para o meu mestre, não existirá prisão no mundo que possa me segurar? Afinal o que é para o Lorde das Trevas, libertar um de seus servos mais fiéis?
E antes que pudesse preparar qualquer defesa, Harry estava preso em um feitiço. Cordas prendiam seus membros impedindo-o de fazer qualquer magia. Lucio Malfoy ria enquanto todos lutavam. Harry ouviu Gina gritar seu nome. Ela estava mais perto que todos. Ele não conseguiu nem mesmo gritar quando a garota se posicionou entre ele e seu inimigo.
Gina não permitiria que ninguém machucasse Harry. Lutaria mesmo que não pudesse vencer. Malfoy a encarou com desdém. Quase como se a presença da garota não fizesse a menor diferença.
– Truque interessante com o patrono Potter. Onde aprendeu? Foi o velho caduco que ensinou?
Gina apontou a varinha para o rosto do homem. Ele levantou uma das sobrancelhas em claro sinal de surpresa contida.
– Senhorita Weasley. Eu me lembro de você. Anos atrás quase se mostrou útil ao meu senhor. Uma pena que no fim apenas provou ser como todos de sua família: um desperdício de sangue bruxo puro.
– Não ouse falar de minha família Malfoy.
– Correção: senhor Malfoy garotinha. Suponho que seus pais tenham lhe dado ao menos uma educação básica.
Harry olhou em volta procurando ajuda. Hermione estava engajada no combate com um Comensal. Simas estava caído e sangue escorria de seu braço. Lilá tentava ajudar Parvati e Padma estava fora do campo de visão. Neville e Dino lutavam contra outros Comensais e dois dos Aurores estavam caídos. Segundos antes eles tinham a vantagem. O que poderia ter dado errado? Foi então que Harry viu. Acima deles. Posicionados entre chaminés e reentrâncias de telhados, outros três Comensais estavam escondidos. Atacando pelas costas covardemente, eles tinham derrubado alguns dos bruxos e agora viravam a balança. Harry tentou se soltar, mas as cordas eram muito resistentes.
– Rony, onde está você?
Assim que destruiu os dementadores Rony se pôs a correr. Tinha que ser rápido. Passou por cima de dois telhados q estava se preparando para pular o terceiro quando um raio vermelho quase o atingiu. Ele desviou quase por instinto. Olhou em volta e viu um bruxo montado em uma vassoura o encarando. Rony conhecia aquele bruxo, mas não conseguia se lembrar de onde.
– O que houve Weasley? – O bruxo falou – Ficou paralisado de medo quando me viu?
Aquela trouxe lembranças dolorosas a Rony. Diante dele estava Goyle. Um dos estudantes da Sonserina e eterno guarda-costas de Draco Malfoy. Rony ficou triste ao constatar que mais um aluno havia se tornado um servo de Voldemort. Mas ele não podia perder tempo. Moveu a varinha e disparou.
Goyle desviou, mas pela agilidade da vassoura que por mérito próprio. Mas não era muito inteligente a ponto de perceber isso. Achou que tinha grandes reflexos e resolver brincar com Rony. Ficou dando piruetas no ar e disparando feitiços sem fazer nenhuma mira. Rony desviava quando um desses feitiços passava perto, mas no geral apenas pedaços de construção eram danificados.
Ele praguejou. Estava realmente perdendo tempo.
Então se recriminou por isso. Depois de tanto anos se controlando ele inconscientemente não se esforçava ao limite. Destruir os dementadores havia sido uma demonstração de poder, mas fazer isso em sequência ainda era novidade e sem perceber, quando algum desconhecido, ou pessoa de pouca confiança estava perto ele se reprimia. E Rony não precisava mostrar todo o seu poder mágico. Bastava usar sua inteligência.
Sorrindo ele murmurou uma única palavra e deu fim ao combate.
– Accio.
Incontinenti a vassoura mudou de direção e veio para onde Rony estava. Goyle, pego de supresa, perdeu o equilíbrio e caiu. A vassoura parou na mão de Rony como se aquele fosse seu legitimo lugar. Para a sorte do outro o telhado era resistente o suficiente para agüentar seu peso. Ele ainda estava meio zonzo quando viu Rony se aproximando. E antes de perder a consciência de vez ainda ouviu o ruivo dizer: Estupefaça.
Lá embaixo escondida ente seus caixotes, Rita Skeeter acompanhou enquanto o jovem Weasley montava a vassoura e partia para o foco do ataque. Ela, mais que depressa mudou para sua forma de animago e o seguiu. Não perderia isso por nada no mundo
Hermione derrubou se oponente e correu para ajudar Gina. Lucio Malfoy podia não ser um bruxo das trevas muito poderoso, mas ainda assim era habilidoso. Conhecia segredos que nenhum deles tinha coragem para buscar. Raios vermelhos foram disparados na direção da garota. Viu dois Aurores caírem enquanto passava. Bruxos escondidos nos telhados, ela pensou. Conjurou um Protego e seguiu correndo. Harry estava no chão preso por um feitiço.
Um comensal parou na frente dela e sem dizer nenhuma palavra atacou. O feitiço protetor agüentou bem, mas ela deu um passo para trás.
– Levicorpus! – gritou.
O outro se defendeu e contra-atacou. Ela viu que esse não seria tão fácil quanto os outros. Então lembrou das lições das ultimas semanas. “Explore o ambiente. Use o que estiver em volta como arma.” Rony ficou repetindo isso durante horas para eles.
Com um conjunto de gestos rápidos, Hermione moveu as placas das lojas todas para a mesma direção. O Comensal se atrapalhou desviando dos objetos pesados e por um segundo perdeu o foco. Foi o suficiente para definir o resultado do combate. A garota o desacordou assim que viu oportunidade.
Gina suava, mas sua mão estava firme. Atrás dela Harry falava coisas sobre fugir e buscar ajuda, entretanto ela não dava ouvidos. Seu lugar era ali, ao lado dele.
– Garotinha, – começou Malfoy – acredito que seja melhor ouvir o seu namorado e fugir. Ninguém virá ajudá-la.
– Tem certeza disso? – disse a voz de Rony. Ele vinha voando na vassoura que pegou de Goyle e não tinha uma expressão muito amigável.
– Jovem Weasley, eu pensei que não se juntaria a nós hoje.
– Não banque o superior comigo Malfoy. Nós dois sabemos que você não está tão confiante assim.
Lucio Malfoy parou de sorrir. Olhou para o bruxo na sua frente, o mesmo que o tinha derrubado antes. E sentiu muita raiva. Levaria Potter para seu mestre e acabaria com aquele jovem como recompensa pessoal. Não perderia tempo com feitiços simples. Atacaria com tudo.
– Avada Kedrava! – Gritou repentinamente.
Mas Rony já estava preparado. Diante do olhar atônito de todos, mudou sua forma para a de um porquinho-da-índia laranja. Por causa da repentina mudança de tamanho, o feitiço mortal passou com grande folga de distância. O pequeno animal correu alguns passos para frente e mudou novamente de forma. Antes que entendesse o que tinha acontecido, Malfoy foi jogado no chão com grande violência, e em menos de um segundo estava preso pelas possantes patas de um enorme leão. Sua varinha jazia inútil a quase meio metro da sua mão.
Gina não perdeu tempo e se aproximou. Desacordou o bruxo das trevas e voltou para onde estava Harry. Hermione estava lá antes murmurando o contra-feitiço. Assim que se viu livre, Harry pôs-se de pé avaliando a situação. Havia muitos comensais livres e lutando. Ele pegou sua varinha e correu para a luta. Nem mesmo olhou para os amigos.
Suspirando Gina o acompanhou.
Depois da queda de Lucio Malfoy, os outros foram mais fáceis. Rony derrubou quatro Comensais distraídos na velocidade de um piscar de olhos. A Ordem da Fênix chegou logo que os quatro amigos tinham se reunido. Lupim estava no comando, junto de outros cinco membros que Harry não conhecia. Rapidamente a situação estava sobre controle. Por causa dos feitiços de Hermione ninguém conseguiu fugir, em borá isso também tenha atrasado a chegada dos reforços.
Harry agora olhava para o Beco diagonal e parecia muito cansado. O senhor a senhora Weasley estavam feridos, assim como alguns de seus amigos. Ele viu Gina parada dando auxilio a um casal de bruxos. Não agüentando mais Harry se aproximou. A garota se virou como se sentisse a aproximação dele. Os dois ficaram se encarando por algum tempo. Então Harry deu mais um passo e depois outro e antes mesmo que percebesse, estavam tão próximos que ele podia sentir o calor do corpo dela.
– Nunca mais faça isso – Harry disse com um tom triste.
– O quê? – Gina estava confusa. A proximidade deles a fazia ficar assim. Queria abraçá-lo, beijá-lo e dizer que tudo ficaria bem.
– Nunca mais se meta na frente de um bruxo inimigo pra me proteger.
Ela o olhou surpresa. E a raiva subiu pelo seu corpo.
– Escute aqui Harry Potter... – ela começou.
– Você tem idéia da angustia que eu passei ao ver você na frente dele? – os olhos de Harry estavam lacrimejantes – eu pensei que você morreria ali. Eu não posso viver sabendo que você deu sua vida por mim Gina. Tem idéia do quanto eu me importo com você? Tem idéia do quanto você é importante na minha vida? Sem você eu não respiro. Sem você eu simplesmente não tenho propósito.
Ela cruzou a pequena distancia que havia entre eles e o beijou. Não importava se seus pais estivessem ali. Não era importe o fato de dezenas de pessoas estarem vendo. Tudo o que ela queria era demonstrar que também se importava. Queria mostrar, usando mais que palavras o quanto sentia o mesmo que ele. Harry não tinha mais forças para reagir. Entregou-se ao beijo sem reservas e com total desejo. Os meses longe dela. Os dias sem poder tocá-la, mesmo estando a poucos metros um do outro apenas serviram para aumentar os sentimentos que tinha. Ele a puxava para si com desespero, como se o houvesse um inimigo voraz que consumiria sua amada se ela a soltasse. Pois era isso que Gina era: sua amada.
Depois que pareceram horas, elas se separaram. Estavam ofegantes.
– Isso não muda nada – disse Harry – Se houver mais um momento como esse que passou você vai fugir, vai se esconder. Não lute por minha causa. Não se arrisque por mim.
Gina olhou apaixonada para o rapaz.
– Não vou prometer nada disso Harry. Seria uma promessa falsa. Eu vou me arriscar sempre que achar que você está em perigo. E farei isso sabendo dos riscos. Assim como você disse que não pode viver sem mim, eu não posso viver sem você. Você é o meu ar.
Harry fez um muxoxo. Estava cansado. Abaixou a cabeça e a puxou para um abraço.
– Eu amo você, ruiva.
– Eu sei.
Rony olhava apara a irmã e o amigo, que aparentemente tinham se entendido. Sorriu e voltou a se concentrar nos ferimentos de Parvati, que não eram tão sérios. Mas ela precisaria de poções e repouso. Ela não era um Curandeiro graduado, mas tinha vastos conhecimentos sobre a profissão, então podia fazer um diagnostico simples. Deixaria o especialista cuidar da parte mais complicada. Lilá o olhava de forma estranha, como se fosse a primeira vez que o visse. Rony pensou se isso poderia ser um problema. Decidiu que não precisava se preocupar com isso no momento. Olhou para Hermione sentada entre duas crianças que choravam. Ela estava tentando consolá-las enquanto os Aurores não encontravam os pais. Naquele momento ele desejou que estivessem juntos. Queria dar apoio a ela. Abraçá-la e sentir a maciez de sua pele. Mas sua vida não era fácil e ele sabia que poderia morrer no fim disso tudo. Pois havia coisas que não tinha contado para ninguém, nem mesmo para Gina.
Muitas supresas no próximo capítulo. Até lá.
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